Há dois tipos de energia utilizada pelos consumidores, a energia ativa e a energia reativa. Esta última é usada pelos recetores chamados indutivos, ou seja, aqueles que têm enrolamentos, como os motores, as bobinas de todo o tipo, como, por exemplo, os reatores (balastros) existentes junto das lâmpadas fluorescentes. A energia ativa é usada por todos os aparelhos, principalmente os que aquecem.
A energia ativa consumida é normalmente medida por um contador de energia ativa de leitura direta.
As empresas distribuidoras de eletricidade apenas obrigam à instalação de contadores de energia reativa aos grandes consumidores, normalmente indústrias, que é onde se concentram os grandes consumidores de energia reativa.
Os consumidores domésticos não pagam, nem sabem qual o valor da energia reativa que consomem, porque os seus contadores apenas são sensíveis à energia ativa.
O contador de energia tem um disco que roda de acordo com a corrente que está a ser consumida em cada instante e que atua um mecanismo contador. É de notar que a corrente varia de instante para instante e mesmo a tensão também pode ter flutuações. O processo de cálculo da energia ativa é W = P t = U I cos fi t e a unidade prática é o kWh. W é a energia ativa, P é a potência ativa, U a tensão da rede, I a corrente, cos fi é o fator de potência e t o tempo. Se o consumo fosse só de energia ativa, cos fi era igual a 1. Se o consumo fosse só de energia reativa o cos fi era 0. Como existem sempre as duas energias, o valor do cos fi está compreendido entre 0 e 1. Isto quer dizer que a energia ativa medida pelo contador não é apenas o resultado do produto de U por I e por t, mas também por cos fi.
Uma alternativa mais económica a este tipo de contagem é usar o aparelho de que fala, um Medidor de Ampère-hora. Trata-se de um aparelho eletrônico que mede a corrente consumida ao longo do tempo, não havendo interferência do valor da tensão, o que é natural, pois o aparelho serve para medir a corrente. O condutor de fase é o primário dum transformador de corrente, cujo secundário é percorrido por uma corrente proporcional à corrente do primário e que é aplicada a um circuito eletrônico que faz a integração da corrente consumida ao longo do tempo, ou seja, corrente x tensão, ou seja Ampère-hora. Não há ligação elétrica entre a rede e o aparelho, apenas existe uma ligação eletromagnética.
Para obter o valor da energia consumida é necessário multiplicar o valor da corrente consumida (em Ah) pelo valor da tensão (em V). Obtém-se então o valor da energia em Wh. Para se obter o valor em kWh é necessário dividir por 1000, como diz. Como já deve ter percebido, a energia assim calculada não é bem a energia ativa, deve ser um valor maior, pois falta multiplicar pelo cos fi que é menor que 1. Existem aparelhos para medir o fator de potência, mas não se justifica numa instalação doméstica. Se usar um valor de 0,85, por exemplo, para o cos fi, não deve andar muito longe da realidade.
É claro que se a tensão tiver grandes oscilações durante o período de contagem é possível que o valor medido e o calculado sejam diferentes, no caso de o valor médio real ser diferente do valor usado no cálculo.
Se o aparelho está a funcionar, partindo do princípio que esteja bem calibrado, ou seja, que o valor indicado corresponda ao real consumo, não vejo motivo para não funcionar corretamente, para além das indicações anteriores.