José Atalaya
Quando, em 22 de Maio de 1969, o maestro José Atalaya, dirigindo a Orquestra Clássica IMAVE ("Instituto de Meios Audiovisuais do Ensino"), apresentou a Sinfonia nº 2 de Bethoven no ginásio da Emídio, pareceu-me uma pessoa idosa. Isso devia-se talvez à sua ampla cabeleira e barbas, ou ao estilo didático com que foi explicando aquela obra musical a uma plateia rendida ao seu poder de comunicação; tratava-se de um autêntico Mestre, a quem a orquestra obedecia prontamente, tocando e repetindo os pequenos trechos musicais, pontuando as explicações do maestro. Tinha eu então 17 anos.
O certo é que se passaram 36 anos e, no passado dia 10 de Dezembro, quando fui falar com o maestro José Atalaya sobre este concerto, pareceu-me exactamente ter a mesma idade que tinha naquele distante ano de 1969. Com a ajuda da sua companheira, consultámos os seus minuciosos registos e lá encontrámos a data exacta do concerto dado na Emídio Navarro.
O que é igualmente impressionante, é que José Atalaya continua com o seu projecto de divulgar música de grande qualidade a toda a gente: nesse mesmo dia pude assistir, em Algés, a um concerto com jovens músicos - "Raízes Ibéricas 2005 - Música em Diálogo" (*) - organizado por José Atalaya, que, do mesmo modo e com a mesma energia e entusiasmo, ia explicando os temas e as composições à audiência. A certa altura chegou mesma a promover uma votação entre a assistência sobre qual o nível sonoro que preferiam! Esta pedagogia justificava-se devido ao facto das composições se integrarem na corrente da música electro-acústica, uma corrente que ainda é novidade para muitas pessoas, mesmo entre os amantes da música clássica - e o maestro apresentou mesmo uma composição da sua autoria, dentro da corrente que ele designa como "música poliédrica".
O maestro José Atalaya pretende propor ao Ministério da Educação uma iniciativa de homenagem à Orquestra Clássica IMAVE, eventualmente com a edição de um CD ou DVD sobre aquela magnífica aventura - uma iniciativa onde a Escola Emídio Navarro poderia participar de pleno direito.
O maestro José Atalaya continua ligado ao concelho de Almada, possuindo casa na Costa da Caparica, onde vive grande parte do ano.