Parte 2

A Carroça de Wicket

Parte 1

© 2006 - Delmar Nori - membro do Fórum de Discussão do Conselho Jedi Rio de Janeiro. Texto publicado inicialmente no Fórum.

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A vocação de um guerreiro

O 10º episódio da 1ª Temporada do cartoon dos Ewoks revelou mais evidentemente a vocação de Wicket em ser um grande guerreiro e o maior estrategista de seu povo.

O episódio revela também que tal vocação era também uma herança familiar. O falecido bisavô dele, Erpham Warrick, fôra também um grande guerreiro e herói da tribo.

Esta história dá também uma solução final para a amizade de Wicket com Malani, que fôra ameaçada no episódio A Invasão dos Phlogs. Como Wicket estava comprometido com a Princesa Kneesaa desde a tenra infância, sua amizade com Malani só poderia ser desenvolvida em torno de outros interesses. Neste caso, havia o interesse de ambos em usarem as mesmas táticas para defender a aldeia dos ataques dos Duloks.

Uma velha carroça de guerra abandonada

O episódio começa com os três irmãos Weechee, Willy e Wicket caminhando na floresta, levando um cesto com jabuticabas colhidas naquele dia. Um temporal começa, e eles têm que fugir da chuva torrencial.

A idéia de sair para colher jabuticabas fôra de Willy.

WEECHEE: "Belo dia para colher jabuticaba", você disse. Hunf!

WILLY: Ah, Weechee... Como eu podia adivinhar que ia chover?

WEECHEE: Agora a chuva apertou. É melhor buscarmos abrigo.



Wicket encontra o abrigo desejado.

WICKET: Por aqui, pessoal!



Os dois irmãos de Wicket vêem o que parece ser a entrada de uma caverna. O medroso Willy se assusta...

WILLY: Hum... Eu não sei não. Esse lugar... Assusta um pouco.



Um raio da tempestade provoca uma luminosidade sobre a caverna, e ela assusta Willy.





O corajoso Wicket pega sua lança e se prepara para atacar. Mas não precisou agir.

No susto, Willy atira o cesto de jabuticabas para o alto, que cai sobre Willy sem as frutas.

WEECHEE (dando bronca): Willy, você é um lurdo. É só um crânio!



Já tranqüilizado, Wicket entra na caverna, na frente dos irmãos.

WICKET: Arandy! Olhem aqui dentro! Que lugar é esse?

WEECHEE: Eu não sei. Mas pelo menos está seco.

Willy encontra uma lápide, espana-a para tirar a poeira e acaba espirrando.

WILLY: É empoeirado, também!

WICKET: Ei! Há inscrições nesta lápide.

WEECHEE: O que diz, Wicket?

Wicket começa a ler as inscrições.





WICKET: Diz algo sobre uma grande batalha travada há muitos anos entre os Ewoks e os Duloks.

O trecho seguinte das inscrições surpreende a todos.

WICKET: "...E a batalha foi vencida graças à bravura e esperteza de Erpham Warrick".

Warrick é o sobrenome da família deles.

WEECHEE: Warrick? Ele era nosso parente?

Uma voz num canto da caverna responde.

KAINK: Era o seu bisavô, para ser mais exato.

Dessa vez, os três se assustam, mas percebem que estavam diante da Srta. Kaink, sacerdotisa e guardadora de lendas da tribo. Ela atuava também como uma espécie de historiadora.



WICKET: Srta. Kaink! O que faz por aqui?

KAINK: Procuro um lugar seco, assim como vocês. Essa velha carroça de guerra pelo menos serve pra isso.

Wicket gostou da novidade.

WICKET: Então é isso que significa!



Uma guerra, há muito tempo atrás...

Srta. Kaink começa a contar a história para os três bisnetos de Erpham Warrick. Enquanto isso, são mostradas imagens escuras, com fundo rosado.

"Há centenas e centenas de anos, houve uma grande guerra entre os Ewoks e os Duloks. Os Duloks vieram destruir o que nossa tribo tem de mais precioso: as nossas Árvores Espíritas.





Mas Erpham Warrick inventou esta carroça, que levou os Ewoks à vitória! As Árvores Espíritas foram salvas e os Duloks foram espantados para o pântano".






WICKET (orgulhoso de Erpham): Eeecha-wawa! E foi nosso ancestral quem fez isso!

Wicket se surpreende, ao perceber que Kaink já estava fora da carroça.

WICKET: Onde ela foi?

Com o fim da chuva, Kaink tinha saído da carroça, enquanto Wicket imaginava o final da guerra, distraidamente.

KAINK: É uma lenda antiga, da qual poucos se lembram. Exceto eu, a velha guardadora de lendas da aldeia.

Os três irmãos saem da carroça, também. Wicket está animado com a carroça.

WICKET: Vamos, pessoal! A tempestade passou e quero ver melhor essa coisa.



Após uma breve pausa, Wicket tem uma idéia quase instantânea para os três executarem.

WICKET: Vamos consertá-la!

Só que os irmãos de Wicket não lhe dão apoio algum!

WEECHEE: O quê? Essa sucata? Nem pensar! Vamos, Willy!

E os dois começam a voltar para a aldeia.



Wicket fica obviamente zangado com os irmãos.

WICKET: Tudo bem, cérebros de Dulok! Vou fazer isso sem vocês. Mas sei que meus amigos vão me ajudar!



Falta de apoio

Wicket tem uma enorme dificuldade para arrumar ajuda para consertar a carroça de guerra. Quase todos eles duvidam que aquela máquina possa ser consertada, a ponto de tornar-se útil novamente.

Os primeiros a chegar para ajudar Wicket são Paploo, Malani, Teebo e duas crianças da aldeia, incluindo Wiley (irmão menor de Latara)... No quê duas crianças poderiam ajudar na reforma da carroça, isso é um mistério!

Enquanto o próprio Wicket não chega, os cinco ficam de brincadeira...

PAPLOO: Avante, ewoks! O inimigo está próximo!

WILEY (brincando de arqueiro): Tá! Já estamos a postos.

O outro garoto só fica rosnando na carroça...







PAPLOO: Ei, preste atenção aí no tambor!

MALANI: Acha, chefe Paploo!



PAPLOO: Eles estão atacando!

"Eles", na verdade, é na verdade apenas o Teebo, que chega pendurado num cipó, se choca com Paploo e, com isso, os dois saem rolando carroça abaixo... Chegam até a danificar o piso da carroça, com a queda deles.



Wicket chega em uma carroça (não a de guerra; é uma de carga) e não acha graça naquilo...

WICKET (zangado): Ei! Danvay! Parem vocês dois! Oh, kavark! Eu deixo vocês sozinhos um instante e logo começam a quebrar tudo.

PAPLOO (se desculpando): Ei! Calma aí, Wicket. Pra começar, essa carroça não estava lá essas coisas.

Paploo chega a arrancar outro toco da carroça, para mostrar a Wicket.



WICKET: É, mas eu estou tentando reformá-la. E vocês disseram que iriam me ajudar!

Historicamente, Wicket sempre se ressentiu dos amigos que quebram suas promessas de ajuda.

Paploo e Teebo param para ouvir Wicket.

PAPLOO: Está bem! Está bem! O quê nós temos que fazer?

WICKET (não mais zangado): A Srta. Kaink tinha os esboços antigos do meu bisavô. Seria fácil reconstruir a carroça com eles.



WICKET: Com um pouquinho de dedicação e um pouco...

Ele é interrompido pelas vozes das amigas, que chegam...

KNEESAA: Então essa é a grande carroça de guerra.

LATARA: Oi! Achamos que estivessem com fome e então trouxemos um lanchinho.

Latara se refere às jabuticabas que ela e Kneesaa carregam.



Como Paploo e Teebo também não estão muito interessados no trabalho, eles logo aceitam o convite e saem para comer as jabuticabas.

PAPLOO: Gunda! Trabalhar o dia todo abre o apetite.

Paploo é mesmo cínico! Ele e Teebo não fizeram nada relevante naquela carroça!

WICKET (contrariado): E quanto à carroça?

PAPLOO: Avise quando estiver pronta. Seremos os primeiros a andar nela.

As duas crianças menores também saem correndo para o piquenique...





Malani é a única que demonstra solidariedade com Wicket.

MALANI; Eu ajudo, Wicket. Não precisamos deles.



Wicket ainda está zangado com os amigos que foram embora.

WICKET: Tem razão, Malani! Podemos trabalhar sozinhos.

No alto de uma árvore, um Dulok espiona a conversa toda dos Ewoks. Problemas à vista...

DULOK: Hum! Muito interessante! Muito interessante, mesmo!



Gorneesh desconfiado

Na pântano dos Duloks, Rei Gorneesh está numa banheira, tomando banho. O tal Dulok espião está atrás da cortina, aguardando para entregar a toalha ao monarca.

O servo dulok conta a conversa dos Ewoks sobre a carroça de Wicket.

GORNEESH: Hum... Você disse uma "carroça de guerra"?

DULOK: Sim, senhor!

GORNEESH: Mas por quê os nojentos dos Ewoks construiriam alguma coisa assim?



Ele segura uma criatura que parece ser uma centopéia-esponja, que se expande quando inspira e prende a respiração.

GORNEESH (para a esponja): RESPIRE!

E ele continua desconfiado dos Ewoks.

GORNEESH: Estão tramando alguma coisa.

Então ele chama Umwak, aos berros.

GORNEESH: PAJÉ! PAJÉ! Venha aqui agora mesmo!

Umwak está dormindo ao lado dos baldes d´água, e acorda assustado com os berros do monarca.



UMWAK: Sim! Sim! Sim! Sim, senhor, claro. Eu já estou indo. Eu estou a caminho...

Ele leva dois baldes d´água para a banheira do monarca. Mas, desastrado que só, ele acaba tropeçando e arremessando um dos baldes direto para a cabeça de Gorneesh.

Umwak fica encabulado e Gorneesh mais raivoso ainda.

GORNEESH: Pajé! Suma daqui agora! E não volte até descobrir tudo sobre essa carroça de guerra!



Gorneesh taca um balde vazio sobre Umwak, que sai rolando sobre o mesmo, e vai cair na beira do pântano, quebrando o balde.



Lady Urgah, a esposa do Rei Gorneesh, chega diante do pajé, querendo ajudá-lo.

URGAH: E por quê está com tanta pressa?

UMWAK: "Sua Chateza" quer que eu descubra uma coisa sobre uma bobagem que os Ewoks estão montando.

URGAH: Então por quê não pergunta ao Oráculo?

UMWAK: Ah, eu detesto falar com o Oráculo!

URGAH: Eu vou com você! Eu nunca vi o Oráculo antes!

Ela sai na frente, enquanto Umwak se desfaz dos destroços do balde, que lhe prendem os tornozelos.



UMWAK: Ninguém jamais viu Murgoob, O Nervosinho!

O pajé acaba tropeçando outra vez e caindo numa poça d´água.

Murgoob, o Oráculo dos Duloks

Murgoob é o mais velho dos Duloks. Tem pelo menos uns 150 anos de idade, e no cartoon dos Ewoks, só é mais novo que dois dos líderes Ewoks (Mestre Logray e Chefe Chirpa). É chamado de "Oráculo" justamente por saber de muitas coisas que os demais Duloks não sabem, e por ser testemunha de vários fatos envolvendo eles. É inclusive veterano da guerra que Duloks e Ewoks travaram há alguns séculos atrás.

A casa de Murgoob fica ilhada num lago. Umwak e Urgah devem atravessar uma trilha de pedras sobre a água, para chegar diante do castelo onde Murgoob vive recluso.



Ao chegar à ilha, Umwak saúda o Oráculo.

UMWAK: Ó, grande e poderoso...

MURGOOB (gritando): Feche a matraca e suma daqui!

Umwak e Urgah se assustam um pouco.

UMWAK: Ah, qual é, tio Murgoob. Sou eu.

MURGOOB: É o pequeno Umwak?

Urgah caçoa do pobre pajé...

URGAH: Oh, "é o pequeno Umwak"?



UMWAK: Ah, dá um tempo, tio! Eu sou o pajé dos Duloks, agora.

MURGOOB: Você se tornou um pajé?

UMWAK (se gabando): É isso aí!

MURGOOB (gargalhando): Ah ah ah ah ah... Quem poderia imaginar?

UMWAK (contrariado): Ah, tio Murboob... Precisamos do seu conselho sobre a carroça de guerra que os Ewoks estão montando!

MURGOOB (assustado): Carroça de guerra??? Oh, não! E onde eu me escondo, hein?

UMWAK: Hã... O senhor está escondido.





MURGOOB: Você também se esconderia se visse aquele troço diabólico de perto! Nós Duloks estávamos prontos para tomar a floresta, quando trouxeram aquela maldita carroça e nos empurraram de volta ao pântano! Oh, eu adoraria pôr as mãos naquela coisa. Eu daria uma lição naqueles Ewoks!

Umwak começa a imaginar o próximo ato dos Duloks...

UMWAK: E se nós pudéssemos pôr as mãos nela?



MURGOOB (bem maligno): Então os Duloks reinariam na floresta para sempre!

Reconstruindo a carroça

Wicket começa a reconstruir a carroça sozinho. Malani chega depois. Sua aparição é hilária: montada em Baga, ela mal consegue se segurar, e sacoleja o tempo todo!

MALANI: Vai, Baga, vai!... Oi, Wicket! Viemos ajudar!

WICKET (satisfeito): Sempre posso contar com vocês. Yub nub.







Os dois fazem de tudo. Para os Ewoks, só é admissível derrubar uma árvore se for para utilizar sua madeira e folhas na fabricação de casas e objetos diversos. Wicket e Malani usam cordas para levantar as toras de madeira. Eles também fazem uma faxina na carroça, colocam as rodas, ajustam os tambores musicais e a tora central.











No final, eles dão um banho de piche em alguns pontos da carroça (Baga se sujou todo ao ajudar nessa tarefa), e Malani pôs uma flor, de enfeite.







Ali perto, um grupo de três Duloks acompanha tudo, às escondidas. Obviamente, nem um pouco bem intencionados.

UMWAK: Eles são três e nós também. Por quê nós não vamos lá e...

O pajé fala isso enquanto faz um gesto, insinuando querer decapitar os jovens Ewoks.

GORNEESH: Agora não, cabeça de bagre! Só depois que eles terminarem de arrumar a carroça.

UMWAK: Eh eh eh... Claro.





Fim do dia, fim do trabalho

O dia que marcou o fim da reforma da carroça de Wicket foi encerrado com um belo pôr do sol na floresta de Endor.



MALANI: Tchau, Wicket. Nos veremos lá no vilarejo!

WICKET: Tchau, Malani. E obrigado.

Malani vai embora, sacolejando sobre Baga, como sempre. Wicket ainda fica ali, admirando sua carroça.

WICKET: Depois de todas essas semanas, está pronta. Willy e Weechee ficarão surpresos. E o meu bisavô ficaria orgulhoso de mim.

Wicket não consegue ficar em pé, de tão cansado e sonolento que está. Senta no piso da carroça, e tão logo pensa na reação dos parentes, deita e começa a dormir ali mesmo.







E é exatamente quando Wicket dorme que os Duloks resolvem atacar. Problemas à vista...

GORNEESH: Muito bem, Duloks. Avançar!



O roubo da carroça

Wicket ainda dorme na carroça, e acorda com a movimentação dela. Ele estranha o fato, e ao levantar, dá de cara com o rosto de Umwak, que está levando a carroça junto com outros três Duloks! Os dois se espantam...

WICKET: Duloks!

UMWAK: Ewoks!

GORNEESH: Agarrem ele!



Só um dos Duloks sobe a carroça. Wicket vai para o 2º andar, e o Dulok vai atrás. Wicket tenta escapar, pulando num alçapão, mas acaba caindo fora da carroça!



Caído num arbusto, Wicket se desespera, ao ver que os quatro Duloks ficaram com a carroça.

WICKET: Não! Não podem levar a carroça! Voltem! Voltem!



Alerta geral

Wicket volta imediatamente para a aldeia, para dar o alerta geral. Isso consiste em bater um tambor que fica instalado num palco, numa das praças principais da vila.

WICKET: Dengar! Dengar, Ewoks!

O alerta acorda boa parte dos habitantes da vila.



Por ser tarde da noite, apenas alguns adultos da tribo (como Paploo, Lumat, Weechee, Willy, Chukha-Trok, Tia Bozzie, além de Chefe Chirpa e sua filha Kneesaa) se aglomeram diante do palco. Mas cabe à jovem princesa perguntar primeiro...



KNEESAA: Wicket! O que está acontecendo?

WICKET: São os Duloks! Eles roubaram a carroça de guerra!

Weechee, que não ajudou Wicket em nada, lamenta o alerta em si... E Willy chega a rir sozinho.

Chefe Chirpa, Bozzie e Chukha-Trok acham graça naquilo... Crêem que o alerta seja alguma coisa sem importância de Wicket.



CHIRPA (rindo): A carroça de guerra? Ah ah... Aquela coisa velha!

WICKET (encabulado): Mas, Chefe Chirpa, nós a reformamos.

Agora serenamente, Chirpa parece agora querer entender Wicket.

CHIRPA: Você e seus irmãos?

WICKET (encabulado): Bem... Não. Na verdade, foi a Malani, o Baga e eu.

Aqueles Ewoks teoricamente adultos começam a rir de Wicket.



Chirpa se limita a ir para o palco, consolar Wicket.

CHIRPA: Lamento que tenha perdido sua carroça, Wicket. Mas duvido que os Duloks sejam inteligentes ao ponto de entender como ela funciona.

Chirpa se vira para dispersar os adultos.

CHIRPA: Atenção, todos: voltem para suas cabanas.



WICKET (encabulado): Mas...

Princesa Kneesaa foi a única a não caçoar de Wicket e a reconhecer seu esforço.

KNEESAA (lamentando): Ah... Coitado do Wicket. Eu sei que ele trabalhou muito naquela carroça.






Parte 2

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