Capitalismo e Globalização

Cynthia Guimarães Tostes Malta

Sumário:

Introdução

Capítulo 1 – Definições

Capítulo 2 – Um Pouco de História

Capítulo 3 – Os Blocos Econômicos

Capítulo 4 – As Multinacionais

Capítulo 5 – Nem Tudo Pode

Capítulo 6 – Algumas Conseqüências

Conclusões

Referências Bibliográficas

Introdução

             Quem é o dono da Coca-Cola?  Posso comer um Big Mac em Moscou?  Que idioma falaremos daqui a 100 anos? Ainda haverá diferentes moedas ou pagaremos tudo em dólares?  Por que o Bill Gates não pode incorporar novas tecnologias a seus programas?  Afinal, podemos mesmo tomar uma Brahma da Antárctica?  Por que o tênis Reebok que comprei em Miami é “made in Taiwan”?  Como é que da sala da minha casa posso conversar de verdade (imagem e som!) com um sujeito que está no Japão, pagando uma simples ligação telefônica local?

            Na tentativa de explicar um pouco dessa salada, em que o mundo se transformou, fizemos esse folhetim, falando sobre Capitalismo e Globalização.

  


Capítulo 1 – Definições

 

1.1.            Capitalismo:

            Regime econômico e social no qual os meios de produção são dominados por particulares que visam à acumulação de capital através da exploração do trabalho assalariado.

 

1.2.            Globalização:

            Processo de integração mundial, com diminuição crescente das barreiras tarifárias entre os Estados, agilização do comércio internacional e fluxo de informações entre os mais diversos e remotos pontos do planeta.  Os mais entusiasmados acham que a globalização define uma nova era da historia humana.

 

Capítulo 2 – Um Pouco de História

 

         "A notícia do assassinato do presidente norte-americano Abrahan Lincoln, em 1865, levou 13 dias para cruzar o Atlântico e chegar à Europa. A queda da bolsa de valores de Hong Kong (outubro de 1997) levou 13 segundos para cair como um raio sobre São Paulo, Nova York, Buenos Aires e Frankfurt. Eis, ao vivo e à cores, a Globalização."  (Clóvis Rossi - do Conselho Editorial - Folha de São Paulo)

            Na Europa, encontramos os primeiros sinais do capitalismo no período conhecido como Baixa Idade Média – séculos XI ao XV – com o início da decadência do feudalismo e a transferência do centro da vida econômica, social e política para as cidades.  Começam a aparecer os primeiros estabelecimentos bancários, com suas letras de câmbio, nas regiões mais desenvolvidas, como Itália e Flandres.  A atividade comercial é intensa e ocorre a divisão do trabalho, com cada trabalhador passando a executar apenas uma parte da produção.

            A partir do século XV até o XVIII, já na Idade Moderna, a economia é controlada pelo Estado, nos regimes absolutistas.  Os reis expandem o comércio por meio do mercantilismo e buscam colônias com o intuito de enriquecer as metrópoles.  A burguesia, favorecida, entra em conflito com o poder absoluto dos reis, o que leva à crise dos regimes absolutistas.

            A Revolução Industrial é um marco decisivo para o capitalismo.  A burguesia, que inicialmente desenvolvia atividade apenas comercial, a partir da segunda metade do século XVIII, na Europa Ocidental, com a industrialização, assume o controle econômico e político.  Os tradicionais privilégios da aristocracia hereditária são rejeitados.  Os donos do capital passam a ser os donos do poder.  Os bens de consumo são fabricados em grandes quantidades.

            As teorias econômicas da época defendem a idéia de que o Estado não deve se meter nas relações entre empregadores e empregados – fisiocracia, liberalismo – pois acreditam que o mercado se autoregulará com o tempo.  Marx acredita que o capitalismo não sobreviverá a longo prazo, devendo chegar a um ponto em que o lucro cairá a tal ponto que inviabilizará o sistema.

            A livre concorrência entre as empresas caracteriza esse período.  O mercado se amplia, atingindo todas as partes do mundo.  Ocorre um grande desenvolvimento das forças produtivas.

            Sem leis trabalhistas, a jornada de trabalho se extendia por 16, 18 horas.  Crianças de 3 anos de idade podiam ser encontradas nas linhas de produção.  Velhos, doentes e acidentados eram simplesmente colocados na rua sem qualquer assistência.  O índice de acidentes de trabalho era alarmante e inaceitável,  os salários, irrisórios.

            A idéia inicial que a industrialização traria benefícios para todos – ricos e pobres – e que melhoraria as condições de vida da população, com a autoregulação do mercado, mostrou-se inconsistente. 

            Associações de grandes empresas, que dividem o mercado entre si, levam ao aparecimento de monopólios e cartéis, a partir do final do século XIX.  As pequenas empresas tendem a desaparecer e surgem as Sociedades Anônimas, substituindo o capital individual pelo grupal.

            O século XX veio mostrar que era preciso haver alguma interferência do Estado em certos setores da economia.  Na virada do século encontramos as primeiras leis de proteção ao trabalhador na Inglaterra, que pouco a pouco foram se estendendo a outros países.

            A crise de 1929 fez com que inúmeros países tomassem medidas no sentido de controlar a economia.  Na década de 60 começou a prevalecer a idéia da mínima atuação do Estado no campo social, ou seja, provendo saúde, educação e previdência social e não  interferindo nos processos econômicos, conforme preconizava o neoliberalismo. 

            O fim da Guerra Fria, nos anos 80, traz as nações comunistas para a economia de mercado, marcando uma nova fase da globalização.  A expansão do comércio supera o aumento da produção mundial.

            Nas décadas 80 e 90 os Estados abrem mão do controle dos meios de produção, privatizando grandes empresas estatais, como vem acontecendo no Brasil, inclusive.  Formam-se blocos econômicos, numa forte tendência à globalização da economia.  Os países se abrem a investimentos estrangeiros, levando à expansão dos fluxos de capital.

 

Capítulo 3 – Os Blocos Econômicos

             As tarifas de importação, instituídas para proteger a produção nacional da concorrência estrangeira, passaram a ser consideradas um entrave ao desenvolvimento, desde a II Guerra Mundial.  Em 1947, 23 países se reuniram em Genebra para firmar o Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT) – atual OMC (Organização Mundial do Comércio) – com o intuito de estimular o livre comércio.  Desde então, mais oito rodadas de negociações ocorreram.

            O mundo tende, cada vez mais, a se tornar uma aldeia global.  A necessidade de expansão do comércio fez com que os Estados buscassem parcerias com os países vizinhos, gerando um alargamento das fronteiras comerciais.  Desse modo são criados os blocos econômicos – associações de países que estabelecem relações econômicas privilegiadas entre si.  De 1957, com a criação da Comunidade Econômica Européia, que evoluiu para a atual União Européia, até os dias de hoje, surgiram blocos de diversos tipos: zona de livre comércio (redução ou eliminação das taxas alfandegárias), união aduaneira (além de abrir os mercados internos, regulamenta o comércio dos países-membros com nações externas ao bloco), mercado comum (livre circulação de pessoas, serviços e capitais) e união econômica e monetária.

            Vejamos a distribuição geográfica dos blocos (extraído do Almanaque Abril 2000):

 

 

 

            Em 2002 as notas do Euro começarão a circular em toda a Europa com poder legal para efetuar qualquer transação comercial e as moedas dos países membros serão extintas.  Atualmente, quando alguém viaja para a Europa, já pode levar travel-cheques em Euro e trocá-los, em qualquer país do bloco, sem pagar taxa de câmbio.

            Além do Mercosul, na Europa existe a Comunidade dos Estados Independentes (CEI).

 

 

            Na América, temos o Nafta, o Mercosul, o Pacto Andino e o Caricom.

 

 

 

 

 

            Na África há o Sadc.

 

 

            O bloco da Ásia chama-se Asean.

 

 

            Em fase de implantação temos o Apec, que reúne países da América e da Ásia e continuam as negociações para a formação do Alca, um bloco que envolveria todos os países da América.

 

Capítulo 4 – As Multinacionais

             As corporações transnacionais exercem papel decisivo na economia mundial.  Das 100 maiores riquezas do mundo, metade pertence a Estados e metade a megaempresas.  Somente as ações da Microsoft atingem em julho de 1999 valor de mercado equivalente a mais de 500 bilhões de dólares. Além de crescer em faturamento, as corporações tornam-se gigantescas também pelo processo de fusões, acelerado a partir de 1998.

            As transnacionais implementam mudanças significativas no processo de produção. Auxiliadas pelas facilidades na comunicação e nos transportes, instalam suas fábricas em qualquer lugar do mundo onde existam melhores vantagens fiscais, mão-de-obra e matéria-prima baratas. Os produtos não têm mais nacionalidade definida. Um carro de uma marca dos EUA pode conter peças fabricadas no Japão, ter sido projetado na França, montado no Brasil e ser vendido no mundo todo. Da mesma forma, o seu tênis Reebok, comprado em Miami, é “made in Taiwan”.

 

 

            Com assombrosa velocidade, essas empresas mudam de país, em busca de melhores condições para seus investimentos, colocam e retiram grandes somas de capital, podendo, por vezes, desestabilizar a economia de países em desenvolvimento.  O capital pulverizado em milhares de ações não pertence mais às pessoas, que, mesmo acionistas de grandes empresas, praticamente não vêem a cor do lucro.  O retorno do capital fica nas empresas, sendo usado para reinvestimentos que vão gerar novos investimentos.  É o capital gerando mais capital. 

            Essas megaempresas mudam de dono da noite para o dia, em um simples pregão da bolsa de valores de Tóquio, São Paulo ou Nova Iorque.  São empresas donas de empresas, mudando de mãos mais depressa do que conseguimos acompanhar, muitas vezes correndo o risco de formar um oligopólio ou mesmo um monopólio em determinado setor da economia.
 

Capítulo 5 – Nem Tudo Pode

 5.1.      AmBev:

            Tomar uma Brahma da Antárctica pode.  O casamento das duas maiores cervejarias brasileiras foi aprovado pelo CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), mesmo com o risco de ameaçar a concorrência interna. Esta nova megaempresa, que controlará 67% do mercado nacional de cervejas, terá porte para disputar a preferência de consumidores em outros países.  É preciso ser grande para poder disputar o mercado internacional e o CADE considerou de interesse para o Brasil.

 

 

 

5.2.      Volvo + Scania:

            A montadora sueca Volvo viu seu projeto de comprar a Scania vetado pela Comissão Européia, uma espécie de CADE da União Européia.  Se tivesse havido a fusão, 90% dos caminhões vendidos em muitos países da Europa teriam a nova marca.

 

5.3.      Microsoft:

           A Microsoft foi considerada culpada de violar a legislação antitruste americana. Em 1996 foi acusada de concorrência desleal pela Netscape por distribuir gratuitamente o navegador Internet Explorer.  Bill Gates alegava que o programa fazia parte do novo sistema operacional Windows 95.  Parece que o Governo entendeu diferente.

 

5.4.            Pode, mas não devia: O Crime Organizado e Os Paraísos Fiscais:

            A produção e o tráfico de drogas, o contrabando de mercadorias e o roubo de cargas de caminhões geralmente são praticados por quadrilhas especializadas, o que caracteriza o crime organizado. Com estrutura hierarquizada e responsabilidades bem definidas para seus integrantes, os grupos criminosos adotam procedimentos rígidos, têm conexões internacionais e de capitais. Como movimentam grande quantidade de dinheiro, as quadrilhas respeitam uma divisão territorial. Sua ação é facilitada pela globalização da economia, pelo aperfeiçoamento dos meios de comunicação e pela abertura de canais ágeis e sigilosos para a transferência e até conseguem, muitas vezes, subornar as forças policiais. Além disso, a lei do silêncio imposta a seus participantes dificulta o surgimento de denúncias. O crime costuma ser encoberto por uma atividade lícita, como o comércio.

            Em reportagem publicada na Revista Caros Amigos, de abril 2000, p. 10 e 11, o autor insinua que os políticos e os governos fazem vista grossa ao crime organizado e são coniventes com a lavagem do dinheiro gerado pelas quadrilhas, ou seja, sua legalização, nos paraísos fiscais, definindo-os como: “praças especializadas na gestão tolerada de uma criminalidade financeira”, “zonas francas que se multiplicam no mundo, inclusive na Europa e na França, zonas de não-direito, total ou parcialmente fora da lei comum, principalmente em matéria social, fiscal e financeira”.  Afirma que, nesses locais, “oferece-se, a preços competitivos, uma gama de serviços financeiros apropriados: sigilo bancário legalmente protegido, ausência de controle de câmbios, direito de realizar qualquer tipo de contrato, efetuar qualquer transação e constituir qualquer forma de sociedade, incluídas as fictícias, com o anonimato garantido aos portadores de ações, isenção fiscal ou taxação simbólica, e ainda livre acesso, em tempo real, a todos os mercados mundiais e correspondência com as grandes redes bancárias, geralmente representadas no local”, que “uma boa fórmula tem sido incentivada: fazer gerir por uma fiduciária suíça uma conta aberta em um banco luxemburguês por uma sociedade panamenha”, e ainda “nada de desmantelar o paraíso fiscal, o paraíso do crime e as bases indispensáveis da receptação da delinqüência financeira, mas somente incitá-los a adotar códigos de boa conduta”, referindo-se às pseudomedidas tomadas no sentido de desmantelar as redes criminosas internacionais.  Esta é a “face oculta da economia mundial”.

Capítulo 6 – Algumas Conseqüências

 6.1.      A distribuição da renda:

            Aproximadamente 1,5 bilhão de pessoas – um quarto da população do planeta – vive com menos de 1 dólar por dia. Em 1990, o número não passava de 1,3 bilhão. O grupo dos que se sustentam com até 2 dólares por dia reúne 3 bilhões de pessoas ou metade da população mundial. O crescimento da pobreza e do grau de desigualdade social é atribuído às crises econômicas e aos períodos de recessão por que passaram vários países nos últimos anos. Embora tenha como pressuposto a distribuição da riqueza mundial, a globalização também é associada ao aumento do número de pobres, conforme dados do Banco Mundial.

 

6.2.            O reflexo da economia de uns países em outros:

            A primeira grande crise desta década ocorre no México em 1994 e 1995, repercutindo principalmente na América Latina. A crise dos Tigres Asiáticos (países do Sudeste Asiático que apresentaram excepcional desempenho econômico entre as décadas de 60 e 80), iniciada em meados de 1997, é grave e se propaga pelos principais mercados mundiais com grande velocidade, repercutindo nas bolsas de valores de todo o mundo, que apresentam forte queda a partir de outubro de 1997. O movimento atinge em cheio o Japão, cujo sistema bancário se enfraquece bastante.

            Em setembro de 1998, a Federação Russa torna-se o centro da crise mundial.  As conseqüências da falência russa atingem o Brasil, que a partir de setembro de 1998 tem o nível de suas reservas internacionais sensivelmente reduzido, provocando a desvalorização da moeda. Os reflexos são ainda piores para a Argentina, maior parceiro comercial do Brasil. O Equador entra em profunda recessão.  Os efeitos das crises mundial e regional são sentidos na retração do PIB (produto Interno Bruto) dos latino-americanos entre 1998 e 1999: quedas de 7% no Equador, de 5,7% na Venezuela, de 3,2% na Argentina e de 1% no Brasil.

 

6.3.      O fim do português:

            Será? Steven Fischer, um lingüista americano prevê que uma das conseqüências do Mercosul e da globalização do comércio na América Latina é que, como o Brasil está cercado por países de língua espanhola, deverá nos próximos 100 anos haver a fusão do português com o espanhol.  Os brasileiros passarão a falar portunhol!?

            Diz também que ¾ dos idiomas falados atualmente no mundo desaparecerão e que inglês, mandarim e espanhol serão os mais usados.

 

6.4.      Globalização e Família:

            Uma das grandes conseqüências da globalização para a família é que as tendências passadas de pai para filho como chefe de família vêm acabando, com a mulher ocupando um espaço cada vez mais semelhante ao do homem na sociedade.

          A família, nos dias de hoje, acaba por ser deixada de lado, devido à necessidade dos pais de brigarem no mercado de trabalho, com cursos de reciclagem, o emprego da mulher, o fato de cada profissional ter de se especializar em várias áreas etc. Tudo isso dificulta a manutenção da unidade familiar nos moldes conhecidos por nossos avós.

            As famílias nucleares, muitas com uma mulher sendo o cabeça, são cada vez mais encontradas por todo o mundo moderno.  Os filhos, por sua vez, devem se preparar para esse mundo competitivo, somando, ao currículo escolar, cursos de inglês (obrigatoriamente) e outras línguas, informática, precisando saber mais que seus amigos a fim de atingir um lugar na faculdade, de preferência a melhor faculdade.

          Especialistas afirmam que quanto mais tecnologias existirem na vida do homem, de mais contato humano ele vai precisar. A tecnologia é compensada pelo toque especial, pelo aperto de mão. Outros dizem que a tecnologia é mais um meio de  isolar o homem, pois ele fica cada vez mais auto-suficiente, crescendo dia a dia o número de executivos e profissionais liberais que trabalham em casa e enviam sua produção via Internet. E a família, qual será a utilidade da família? Chegará o dia em que a família ficará também obsoleta?  Ou o fato de estarem levando o trabalho para casa os está reaproximando da família?

 

6.5.            Aspectos Culturais:

            As mudanças que a globalização causou nas sociedades nacionais são apreciáveis.  Hoje, não é mais uma coisa do outro mundo ter um carro importado. Isto mostra a diminuição da importância das fronteiras nacionais. A nossa cultura regional ficou esquecida diante da enxurrada de informações que temos acesso pelos mais variados meios de comunicação, como televisão, rádio, filmes, jornais, revistas e outros, como a Internet.  Na frente de um computador podemos visualizar culturas do mundo inteiro, obter informações de vários países e ter ao nosso alcance milhares de opções de assuntos diferentes. A nossa cultura, neste mar de informações, ficou à beira mar, esquecida, tornou-se algo distante, que só vemos nos livros.

          O "american way of life", por exemplo, pode ser visto em todo o mundo, devido à indústria do cinema.  Outro exemplo seria a Coca-Cola; quem, em momentos de sede, nunca desejou uma Coca-Cola gelada"?.

          Muitos especialistas dizem que antes da indústria de Hollywood e esses ideais americanos, boa parcela da população não sabia  que poderia desejar a felicidade e obter um bem estar. Glória da globalização.

 

6.6.            Xenofobia:

            O fenômeno da globalização do mercado é um dos fatores que acentuam o racismo e a xenofobia – aversão a pessoas e coisas estrangeiras.

            As políticas neoliberais, com sua fórmula de flexibilização relacionada à lógica do lucro, concorrem para acentuar a distância entre os mais pobres e os mais ricos.  O emprego é encarado como um bem de consumo, liberalizado e desregulamentado, o que gera sérios problemas como, por exemplo, o caso dos imigrantes que, devido à sua situação de clandestinidade, tornam-se mão-de-obra barata e precária, ou seja, um  ótimo fator de produção com baixo custo. Esses excluídos sociais não têm quaisquer direitos, pois, aos olhos dos governos, eles simplesmente não existem.

            Portugal por exemplo, que tem a menor taxa de imigração entre os países da União Européia, vem recebendo imigrantes desde 1970, nunca tendo se preocupado com os aspectos da habitação, da educação, do emprego, da isenção social, entre outros.  Após a utilização desta mão‑de‑obra barata e depois marginalizada, o governo se baseou no Acordo de Schengen, não permitindo que os estrangeiros legalizassem a sua condição.  Este mesmo acordo tenta dificultar a entrada e circulação da mão‑de‑obra não européia e nada faz para modificar as condições de exploração da que existe.

            O racismo é uma questão determinada pela ordem social e cultural. Para uma solução global da questão faz-se necessário resolver o problema econômico. Contudo, a legislação de cada pais não deve subestimar os direitos políticos e sociais, que são importantes fatores na integração dos imigrantes à comunidade. Teremos assim, uma comunidade mais justa e solidária.

 

6.7.            A parte boa:

            As novas tecnologias vêm permitindo, cada vez mais, a globalização da informação.  Nesse nosso século aconteceram coisas totalmente impensáveis para qualquer cidadão de juízo nascido há 100 anos.  O rádio, a televisão e agora a Internet revolucionaram os meios de comunicação.

            O Brasil inicia o ano 2000 com 2,5 milhões de assinantes da Internet – a rede mundial de computadores –, número que cresce a um ritmo de 50% ao ano.  Contribuiu para isso o aumento no número de linhas telefônicas após a privatização do sistema Telebrás.  O Brasil divide com a Coréia do Sul a oitava posição na lista das dez nações com mais pessoas conectadas à Internet.

            Entre os múltiplos recursos da WWW (World Wide Web), está o de permitir ao usuário acessar documentos de diversas partes do mundo, conhecer acervos de museus, ouvir música, transferir arquivos de um computador para outro, fazer compras (o comércio eletrônico, ou e-commerce cresce vertiginosamente), exibir filmes, participar de leilões, realizar transações bancárias, enviar a declaração do Imposto de Renda à Receita Federal, agendar a vistoria do DETRAN, acompanhar processos na Justiça (bom para os advogados!), conversar com outras pessoas em tempo real, com direito a som e imagem, trocar correspondência eletrônica etc.

            Infelizmente o acesso à grande rede ainda é inacessível à maioria da população, sendo 84 % dos usuários pertencentes às classes A e B; 13%, à classe C; e 3%, às classes D e E.

  

 

Conclusões

1.         Ao contrário do que Marx pensava, o capitalismo não acabou e, pelo que tudo indica, não vai acabar.  Ao contrário, está mais forte do que nunca.  Não é, entretanto, o mesmo modelo praticado na época da Revolução Industrial.  Modificou-se, evoluiu.  O mundo também não é mais aquele.

            Os sistemas econômicos e sociais que tentaram fugir ao capitalismo mostraram‑se ainda menos eficazes, não conseguindo igualmente resolver o problema da pobreza e da má distribuição de rendas, para não falar de outros problemas sociais causados pelo rígido controle do Estado sobre a vida particular das pessoas (como o infanticídio de meninas e o seqüestro de meninos na China).

            O capitalismo, praticado nos países mais desenvolvidos, tem demonstrado que é possível coexistir iniciativa privada com boa distribuição de riquezas; o Estado agindo como mediador e provendo as necessidades básicas da população: saúde, educação e previdência social.

            Quando a fusão de duas ou mais empresas, ou práticas desleais ameaçam o equilíbrio do mercado, o Estado entra como árbitro para impedir a formação de cartéis, oligopólios, monopólios e outras consideradas danosas à economia mundial.

 

2.         A pulverização do capital das megaempresas não nos permite saber com certeza quem é hoje o maior acionista da Coca-Cola, pois essas multinacionais mudam de dono com bastante freqüência, bastando que apenas alguns milhares de ações troquem de mãos em um simples pregão de alguma bolsa de valores pelo mundo afora.

            Sim, existe McDonald’s em Moscou.  Com o fim da União Soviética, todas as multinacionais puderam colocar um pé atrás da ex cortina de ferro. 

            A processo de globalização tende a padronizar os idiomas e as moedas.  Afinal, morando no Brasil, no Japão ou na Groenlândia, quem acessa a grande rede, faz compras em inglês e paga em dólares, com um cartão de crédito virtual.

            O Bill Gates não pode fazer o que bem entender, pois é necessário haver várias empresas em cada ramo de negócios.  Por outro lado, o governo brasileiro considerou saudável o nascimento da AmBev a fim de termos empresas de grande porte competindo no mercado internacional.

            As megaempresas se instalam onde o custo do produto é mais barato e se mudam de acordo com o que lhes for mais lucrativo, por isso os tênis Reebok vendidos em Miami são fabricados em Formosa.

            Embora o acesso às novas tecnologias ainda esteja restrito principalmente às classes mais abastadas, já se pode, com um computador ligado a uma linha telefônica, através da Internet, falar e ver qualquer pessoa no mais remoto cantão da Terra, pagando uma simples ligação telefônica local, pois até o serviço do provedor já é gratuito. 

Referências Bibliográficas

1.                  BRIE, Christian de, Máfia Global, tradução de Celeste Marcondes, in Revista Caros Amigos, ano IV, número 37, abril 2000, p. 10 e 11.

2.                  COELHO, Edilson, Agora pode, in Revista Veja, Editora Abril – edição 1643, ano 33 – no 14, 5 de abril de 2000, p. 137.

3.                  JR., Edison Evaristo Vieira, Globalização : Aspectos Econômicos e Culturais, http://www.members.xoom.com/libre/index.html

4.                  LOPEZ, Luiz Roberto, Globalização,     http://www.iis.com.br/~rbsoares/geo7.htm

5.                  SABBATINI, Renato M.E., Internet, Globalização e Cultura, http://www.epub.org.br/correio/corr9656.htm

6.                  SALGADO, Eduardo, O fim do português, in Revista Veja, Editora Abril – edição 1643, ano 33 – no 14, 5 de abril de 2000, p. 11 e seguintes.

7.                  SUREK, Cristina, Globalização, Trabalho da Disciplina Sociologia orientado pela prof.:, Turma do 1o periodo de Direito noturno das faculdades integradas Curitiba, http://lugar.de/familia

8.                  VARGAS, Nilson, Só para os maiores, in Revista Veja, Editora Abril – edição 1641, ano 33 – no 12, 22 de março de 2000, p. 135.

9.                  Almanaque Abril 2000, Editora Abril S.A., 7a edição, 2000, CD-ROM.

10.              Grande Enciclopédia Larousse Cultural, Círculo do Livro, 1988, vol. 6, p. 1151 e 1152.

11.              Jornal do Brasil, Caderno de Economia, 30/03/2000, p. 13; 04/04/2000, p. 13; 05/04/2000, p. 21; 06/04/2000, p. 15.

12.              Jornal do Brasil, Caderno Internet, 06/04/2000, p. 1; 13/04/2000, p. 1.

13.              Racismo, Xenofobia e Globalização, Documento da Frente Anti-Racista, Madrid, 16,17 e 18 de Abril de 1999, site da Internet:       
http://www.f-antiracista.pt/document/intervencoes/interv-madrid-1999-04-16.html

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