HISTÓRIA

Descrição sobre a Ordem dos Cavaleiros Templários
Por Fr+ Horacio Amadeo Della Torre
 

A ORDEM do TEMPLO, como se a conhece agora, ou dos POBRES CAVALEIROS DE CRISTO, é devida ao insigne cisterciense (São) Bernardo de Clairvaux (Claraval). Diremos que foi também Bernardo quem impulsionou o culto à Virgem Maria no Cristianismo, e a expressão "Nossa Senhora", à imagem da Cavalaria. A genialidade ou "iniciação" de São Bernardo foi explicada desde ângulos muito diversos, desde que era fruto de uma formação druida até que havia bebido três gotas de leite da própria Virgem, imagem representada pelo pintor Alonso Cano, hoje no Prado de Madrid [1]. 
Os noves cavaleiros iniciais, de origem francesa, se trasladaram a Jerusalém (1118) com a missão de cuidar dos caminhos para os peregrinos e protegê-los de assaltantes. O Rei Balduíno II pouco depois lhes entregou como alojamento uma parte do que fora o Templo de Salomão, dai que se os conhecera como CAVALEIROS TEMPLÁRIOS. Frente ao Patriarca Teocleto 66° sucessor da linha de São João cumpriram com os três votos monacais: obediência, pobreza e castidade. É possível que de forma oculta hajam tratado de encontrar tesouros sagrados no Templo em que se alojavam. 

Nove anos depois (continuavam sendo nove), Bernardo consegue que se convoque um Concílio (Troyes) no qual a Ordem é reconhecida a toda administração da Igreja. Se a exime de toda dependência, com exceção da Papal. 

O próprio Bernardo elabora suas regras. Adquirem o manto branco de Císter e uns anos depois se lhes autoriza a exibir a cruz vermelha de oito pontas sobre o lado esquerdo de seu manto, que logo os caracterizará. Transformados em monges guerreiros, a partir desse instante se lhes incluem na guerra contra os muçulmanos tanto em Terra Santa como na Espanha. Suas campanhas militares são heróicas. Sete de seus vinte e dois Grandes Mestres (32%) morrem no campo de batalha. Ademais sua presença no Oriente Médio lhes permite porem-se em contacto com outras culturas especialmente a islâmica e a judia, que sem dúvida incorporam. Na Espanha também lutam contra o Islã.

Paralelamente, seu crescimento econômico resulta impressionante, generalizam a letra de cambio transformando-se nos grandes banqueiros da Idade Média. Ao final do século XIII seu capital era equivalente a uns dois milhões e meio de libras esterlinas atuais, superior ao de qualquer estado europeu desses dias [2] o que mais tarde contribuirá para a sua ruína. 

Transformam a construção românica em gótica, intervêm direta ou indiretamente na edificação de aproximadamente 70 catedrais para o que protegem artesãos, armam sua própria frota de mar e possibilitam e abrem todo tipo de rotas ao comercio.

Depois da queda de São João de Acre (1291), se retiram a Chipre e dali, por chamado de Felipe "O Belo", seu (último) Grão Mestre se desloca com todas as riquezas a Paris. 

Na madruga da sexta feira, 13 de outubro de 1307, os templários da França são detidos por ordem de Felipe "O Belo", que encontra em Nogaret o personagem ideal para impulsionar uma trama bastarda e acusá-los dos crimes mais infames. Os templários são encarcerados e as mentirosas confissões arrancadas mediante compra ou tortura. O objetivo é claro: ficar com seus bens. O Papa, Clemente Vº, um homem de débil caráter, faz frágil resistência, finalmente cede. Jaques de Molay é queimado em 18 de março de 1314. Em 1314 o Papa dissolve a Ordem por disposição pessoal ante a impossibilidade de que um Concílio o respalde.

O lema da Ordem que chegou a nos é o primeiro versículo do Salmo 115:

Non Nobis Domine, Non Nobis, Sed Nomine Tuo Da Gloriam
(Não a nos Senhor, não a nos, Seja toda a gloria em Teu Nome)

Apesar de sua aparente desaparição muitos templários foram recebidos por outras ordens monástico-militares (algumas delas expressamente criadas a tal fim), alguns se ocultaram e outros provavelmente fugiram por mar, pois, não há notícias alguma que naquela madrugada fatídica de sexta feira 13, Felipe tenha podido apossar-se de barco algum da tremenda frota que pertenceria ao Templo. 

Durante sua prisão, Fr+ Jaques de Molay entregou o Grão Mestrado a Johannes Marcus Larmenius, quem ocultará a Ordem. Sucederão-se 24 Grandes Mestres, até que Fr+ Frabré Cardoal (também chamado Palaprat) obterá de Napoleão Bonaparte o reconhecimento da Ordem, renomeando-a como Ordem Soberana e Militar do Templo de Jerusalém, em 1804. 

Durante a segunda grande guerra, os arquivos da Ordem são entregues a Fr+ Sousa Fontes, que não os devolve e se auto coroa Grão Mestre, nomeando herdeiro a seu filho, o qual não é aceito internacionalmente. 

Desde metade do S. XX se vive um largo período de acefalia, onde cada Priorado se dirige de forma autônoma. Em 1988 se funda a Aliança Federativa Internacional de Priorados (A.F.I.), com o objetivo de conseguir a Unidade templária. Em 1997 se providenciam as eleições de um Mestre e 8 membros do Conselho Magistral. Uma auditoria externa à Ordem se encarrega do assunto. Em 1999 foi eleito Fr+ Fernando de Toro-Garland.

Em 13 de Setembro de 2001 se encontra no Arquivo Secreto do Vaticano, Ata Original do Processo dos Templários, firmada de punho e letra do Papa Clemente V°, na qual absolve de toda heresia e apostasia a Ordem, a Molay e aos Altos dignitários do Templo. Tal documento permaneceu em segredo durante o processo pelas ameaças de Felipe "O Belo", que a França se separaria da Igreja Católica.

Em 22 de Março de 2002 A Ordem do Templo, (O.S.M.T.J.) foi oficialmente recebida pelo Vaticano, pela primeira vez desde os tristes acontecimentos de 1307, quer dizer, desde nada menos que 695 anos. À cerimônia compareceram o Mestre Fr+ Fernando de Toro-Garland, acompanhado de nove irmãos templários.

De uma ou outra forma, que são motivos de profundos estudos, os templários perduram ate hoje em dia.
Pela Graça de Deus. 

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[1] . Esta tradição pode ser tomada assim literalmente, ou ser interpretada desde um ponto de vista alquímico. No vocabulário hermético dos alquimistas, o "leite da Virgem" designa a água mercurial, base indispensável para a obtenção e fabricação da pedra filosofal. Assim o famoso alquimista Basile Valentín, dirá "Quando a pedra está feita e preparada com o verdadeiro leite da Virgem, toma uma parte dela e se obtém puro e excelente ouro. Sob esta nova óptica podemos interpretar que o grande Santo havia feito ao menos a excelsa preparação interior do alquimista que lhe havia permitido lograr transformar sua essência no mais nobre dos metais, o ouro, entendendo-se tudo isto em um sentido espiritual.

[2] C.W. Leadbeater. Antiguos ritos místicos. Abraxas, 1999, Barcelona, pág. 253. 

 

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