O Símbolo dos Watchers

(Texto de Adrianna Siepierski, originalmente publicado no fanzine "O Quickening")

Muito já foi discutido sobre o significado do símbolo dos Watchers, mas até agora ninguém obteve uma explicação oficial e é provável que na verdade ela nem exista. Basicamente, o símbolo consiste de um círculo com treze pontos, tendo no centro uma figura em forma de "Y" com as pontas curvadas para baixo. Tal símbolo pode ter interpretações variadas, dependendo da mitologia ou religião que se queira analisar, e o campo de pesquisas é enorme.

Entre antigas religiões indo-européias, o círculo representaria as 13 lunações, ou ciclos lunares, ocorridas durante um ano. O círculo, por si só, é um dos mais antigos desenhos usados pela humanidade, aparecendo desde os tempos das cavernas para indicar algo que não tem fim. Na cabala judaica o número 13 significa transformação renovadora, e no tarô a 13ª carta é a Morte, que indica o término de um ciclo que em seguida se reiniciará, para melhor ou pior, de acordo com o mérito de cada um. Também chamada de Velha Ceifeira, em alguns tarôs a Morte é assinalada pela 13ª letra hebraica, Mem, remetendo a seu sentido cabalístico, e em outros ela surge com uma foice ou espada, cercada de cabeças caídas ao chão: cabeças de reis misturam-se às de velhos e camponeses para indicar que a Morte não poupa ninguém, sendo assim vista como a Suprema Justiça - a Imortalidade de Highlander também engloba Imortais de todas as raças e culturas, velhos ou jovens, ricos ou pobres. Portanto, esta parte do símbolo dos Watchers provavelmente está ligada à Imortalidade, ou aos Imortais, que eles observam.

Já a figura no centro do círculo é vista por esotéricos como o símbolo de Áries, o primeiro signo do Zodíaco, regido pelo elemento fogo e pelo planeta Marte. Na mitologia greco-romana Marte, ou Ares, era o temperamental deus da guerra, que lembraria o Jogo dos Imortais, e o fogo de Áries poderia ser associado ao Quickening. Porém, tal teoria costuma ser descartada porque, na mitologia grego-romana, o fogo era na verdade regido pelo deus Vulcano, o metalúrgico que vivia dentro de um vulcão. Vulcano era quem forjava os raios com que o deus supremo Zeus, ou Júpiter, fulminava seus inimigos. Zeus era pai tanto de Marte quanto de Vulcano e teria alvejado o desobediente Marte em mais de uma ocasião, acabando enfim por matá-lo. Como as histórias deles são bem distintas, é pouco provável que os três possam ter sido confundidos como uma única personalidade ligada aos Imortais.

O curioso é que Marte costuma ser identificado com o deus nórdico Odin, em cujo reino heróis mortos em batalha lutariam diariamente entre si, mas teriam seus ferimentos cicatrizados ao anoitecer - uma ligação com a regeneração dos Imortais de Highlander. Odin é pai de Thor, deus do raio e do trovão, o que também o liga ao Quickening dos Imortais. Outra coincidência é que a figura central do símbolo dos Watchers lembra um pássaro, e Odin era acompanhado por dois corvos que voavam pelo mundo para informá-lo sobre tudo o que acontecia - uma analogia com a vigilância dos Watchers. Porém, a religião viking tem origens muito recentes para ser considerada como fonte do símbolo dos Watchers.

Ainda assim, a figura do pássaro com asas abertas é a mais aceita para a imagem que aparece no centro do símbolo dos Watchers, pois os pássaros são vistos pela maioria das religiões e mitologias do mundo como mensageiros entre a terra e o além, ou entre o mortal e o imortal. Pela mitologia do Egito Antigo, o deus Osíris ressuscitou dos mortos e teve um filho, Hórus, representado como um falcão. Vários pássaros foram associados a divindades da mitologia greco-romana, e a deusa-guerreira Palas Atena (Minerva), considerada justa e sábia, possuía uma coruja, símbolo da vigilância silenciosa. No Antigo Testamento bíblico um pombo branco é o mensageiro de Deus junto aos homens, e para os cristãos ele é o Espírito Santo que forma a Santíssima Trindade ao lado de Deus-Pai e de Jesus Cristo - que redimiu os pecados da humanidade ao ressuscitar dos mortos. Entre tribos americanas do norte e do sul, cujas origens são recentes em relação às eurasianas ou africanas, os pássaros também são vistos como divindades, encarnações de espíritos vigilantes ou até "espiões" divinos que ajudam a proteger o mundo.

Outra possibilidade, de acordo com o cânon de Highlander, é que a figura que lembra um pássaro esteja ligada ao próprio demônio persa Ahriman, que há milênios atormenta os Imortais. Segundo mencionado por Joe Dawson no episódio "As Escravas" ("Indiscretions"), um dos últimos da sexta temporada, os Watchers surgiram quando Amalatto, o Acadiano, viu o mitológico herói hindu Gilgamesh voltar à vida, há cerca de 4.000 anos - Gilgamesh teria sido, portanto, um Imortal. Os acadianos, ou acádios, são da região da Babilônia e Pérsia, mesma terra de origem do mito de Ahriman, representado como um demônio alado. Segundo o Zoroastrismo, o malvado Ahriman vive em combate eterno contra seu irmão gêmeo, Ormuz ou Ahura Mazda, que conta com a ajuda de sete Arcanjos alados, que seriam Imortais do bem.

E os anjos, seres alados da mitologia judaico-cristã que foram criados por Deus antes dos homens, teriam sido os primeiros a receber a tarefa de vir ao mundo para "observar sem interferir". Até hoje eles são chamados de Vigilantes, Sentinelas ou Guardiães - como os Watchers!
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