ACESSO VASCULAR PERIFÉRICO

 


 

 

 

O acesso vascular, tanto o central como o periférico, para infusão intravenosa, é uma das maiores modalidades de tratamento utilizados na assistência à saúde da maioria dos pacientes hospitalizados, chegando a representar um recurso vital para alguns.

A administração intravenosa de fluídos estabelece uma conexão do meio externo para a circulação do sangue, que ultrapassa o principal mecanismo de defesa corporal, a pele.  Desta forma, o acesso vascular através da inserção de um dispositivo intravenoso não é um procedimento inócuo.  Pelo contrário, está associado a um significativo risco de ocorrência de infecções, se manifestando, geralmente, nos locais de inserção dos dispositivos intravenosos, também podendo na pior das hipóteses, levar a manifestações sistêmicas.

Todos os procedimentos de acesso vascular, tanto o central como o periférico, são procedimentos invasivos e portanto requerem assepsia cirúrgica.  A infecção da corrente sangúínea relacionada a cateteres, é infecção hospitalar, devendo ser epidemiologicamente controlada (monitoramento da incidência).

As portas de entrada para os microrganismos, em ordem de importância, são :  colonização cutânea; mãos dos profissionais; colonização da conexão; solução infusional contaminada e contaminação do anti-séptico.

As falhas de infusão são consideradas sequelas iatrogênicas da terapia intravenosa e as mais observadas são a flebite e o extravasamento ou infiltração.  Se considerarmos que as falhas da infusão são aquelas que resultam na interrupção da mesma, enquanto ela ainda é necessária, a obstrução e a saída acidental do dispositivo intravenoso, também constituem falhas da infusão.

 

1.1 -  ACESSO VENOSO PERIFÉRICO

 

O material do dispositivo intravenoso escolhido, tem sido associado à ocorrência das duas principais falhas, a flebite e o extravasamento.

A falha do tipo extravasamento ou infiltração no subcutâneo está significativamente associada ao dispositivo intravenoso do tipo agulha de aço (butterfly / scalp). Desta forma, estes dispositivos, de fácil inserção, como regra, devem ser usados apenas para infusões de curta duração e em crianças e idosos, cujas veias são de difícil acesso.

O extravasamento ou infiltração é caracterizado  por dor ou ligeiro desconforto no local da inserção, edema e diminuição ou parada no gotejamento da solução infundida. Estão relacionadas ao deslocamento do catéter ou da agulha, perfurando a veia, decorrente de fixações inadequadas ou ainda de movimentos efetuados pelo próprio paciente ou da equipe de saúde que lhe presta assistência.

O dispositivo intravenoso  do tipo catéter plástico sobre agulha (abocath), está mais associado a uma maior incidência de flebite, que é a mais importante complicação destes dispositivos, devendo-se ao fato destes dispositivos permanecerem por maior tempo em uma inserção e ser a flebite, uma complicação ligada ao tempo de permanência de um catéter numa inserção.

A flebite também está relacionada com a contaminação do local de inserção, contaminação das linhas de infusão, manipulação inadequada dos materiais e soluções a serem infundidos e, ainda, uso de drogas tóxicas, hipertônicas ou muito ácidas que levam a uma irritação química da veia.

A escolha do dispositivo de acesso periférico, a ser utilizado, dependerá principalmente da indicação e da veia a ser puncionada.

 

O dispositivo intravenoso do tipo agulha de aço (butterfly / scalp) é indicado nas terapias intravenosas periféricas, para infusões de curta duração, com permanência de até 24 horas na veia

e procedimentos de coleta de sangue. Seu calibre segue a seguinte  numeração :   G19 –  G21 – G23  - G25  e G27.

 

 

O dispositivo intravenoso do tipo catéter plástico sobre agulha (abocath) é indicado nas terapias intravenosas periféricas, para infusões de média duração, com permanência de até 72 horas na veia. Seu calibre segue a seguinte numeração :  G14  -  G16  -  G18  -  G20  -  G22  e  G24.

 

 

 

 

 

 

Os locais de inserção,  preferencialmente devem seguir a linha de uma veia tronco do antebraço (veias mediana do antebraço e cotovelo, basílica e cefálica), sendo que, quanto mais distal a fossa cubital melhor.As veias basílica e cefálica são formadas no arco venoso superficial do dorso da mão, e se prolongam nas bordas medial e lateral do antebraço, respectivamente. Ao nível da fossa antecubital recebem a drenagem das veias medianas do cotovelo. A veia cefálica continua na borda lateral do braço, atingindo o sulco deltopeitoral, indo desembocar na veia axilar. A veia basílica continua na face medial do braço, indo desembocar através do sulco braquial, ao nível do terço médio na veia braquial.                                                                                                          

  As veias das extremidades inferiores, sómente são usadas em casos de extrema necessidade, devido aos riscos de tromboembolismo.

 

1.1.1 - TÉCNICA DE ACESSO VENOSO PERIFÉRICO POR PUNÇÃO

 

·        Informe prévio ao cliente, sobre o procedimento a ser realizado.

·        Escolha do vaso a ser puncionado e do dispositivo intravenoso a ser utlizado.

·        Lavagem das mãos e calçamento de luvas de procedimento.

·        Colocação do torniquete (garrote) a 15 ou 20 cm acima do local a ser puncionado, evitando pressão excessiva que possa interromper o pulso radial.

·        Promover dilatação das veias, incentivando o cliente a abrir e fechar a mão.

·        Providenciar a anti-sepsia rigorosa do situ de punção. Controvérsias existem em relação aos anti-sépticos, no entanto, os mais utilizados ainda são alcool iodado e clorexidine 2%.

·        Com o catéter angulado perpendicular a pele e paralelo a veia, efetua-se a punção. Dirigi-se a ponta do catéter à veia, com o bisel voltado para cima, desta forma minimizando a mobilidade desta, favorecendo-se a sua cateterização.

·        Liberação do torniquete, logo após a punção.

·        Observar o refluxo do sangue pela conexão, vindo a seguir a oclusão proximal da veia puncionada afim de evitar um refluxo contínuo.

·        Efetuar a conexão do equipo de soro, previamente montado, observando o fluxo, com o livre escoamento do volume infundido, e refluxo, com o retorno de sangue pelo equipo.

·        Estabilizar e fixar o catéter à pele, obedecendo ao mesmo rigor da punção.

·        Registrar o procedimento que deverá constar os seguintes dados : data e horário, local de inserção e tipo do dispositivo, solução de infusão e reações do cliente.

 

Se enveredarmos na discussão da importância dos procedimentos de acesso vascular, em particular o periférico, adentraremos no campo da ética profissional, tendo que reconhecer que é preciso dar a esse procedimento um caráter de excelência e rigor que o

mesmo requer e, que em última análise, é um direito de todo cliente e uma questão de cidadania.

 

Referências Bibliográficas:

1-     Johnson CL, Hiatt JR Vascular Access for Trauma, Emergency Surgery, and Critical Care. In; Wilson SE. Vascular access – Principles and Practice. Third edition. Chicago: Year Book,Inc.,1996.

2-     Pitta GBB, Castro AA, Burihan E, editores. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado. Maceió,FCMAI  2003.

3-     Scott WL. Complications associated with central venous catheters. A survey. Chest 1998; 94:1221-4.

 

 

 

 

 

 

Enf. Maria Helena Pompeu – Medicina UNAERP.  HCFMRP.

Hosted by www.Geocities.ws

1