O Primo Basílio
Publicado
em 1878, o romance O Primo Basílio é uma análise muito bem
realizada acerca do casamento e do comportamento burguês.
Bastante influenciado por Madame Bovary, de Gustave Fiaubert,
Eça de Queirós tem em Emma Bovary o modelo para a construção
de Luísa, personagem frágil, sonhadora, romântica. Luísa
casara-se com o engenheiro Jorge, apesar de não amá-lo.
Tendo que viajar para o Alentejo, Jorge deixa a esposa em
Lisboa, sozinha, entregue a uma vida de tédio, pois Luísa
não tem nenhuma ocupação. Um dia, recebe a visita de seu
primo Basílio, antigo namorado, recém-chegado do Brasil.
Tornam-se amantes em pouco
tempo, encontrando-se frequentemente em um quarto alugado
especialmente para
esse fim amoroso. Logo a criada Juliana descobre o
relacionamento e intercepta a correspondência da patroa,
escondendo as cartas comprometedoras de Luísa a Basílio. A
criada passa a fazer chantagem com a patroa, e Luísa,
desesperada, propõe a Basílio que fujam. Este não aceita a
proposta da amante e parte sozinho para Paris. À mercê da
empregada, Luísa torna-se pouco a pouco uma verdadeira presa
nas mãos de Juliana: é obrigada a fazer o serviço doméstico
em lugar da criada e sua situação fica insustentável. Jorge
retorna do Alentejo e estranha bastante a situação da
esposa.
Luísa,
desesperada, procura o amigo Sebastião e pede-lhe ajuda.
Sebastião pressiona Juliana e recupera as cartas
comprometedoras. A criada morre. Luísa fica doente em
seguida. Um dia recebe uma carta de Basílio, que Jorge lê e
toma conhecimento das relações entre a esposa e o primo.
Quase convalescente, a moça tem uma recaída, delirando e
entrando em estado irrecuperável. Termina por falecer.
Breves Comentários: Em
O Primo Basílio, encontramos uma análise dos mecanismos do
casamento e do comportamento da pequena burguesia lisboeta.
Eça deixa transparecer que
escreve com o objectivo social, ao atacar a família
lisboeta, que para ele é produto do namoro, reunião
desagradável de egoísmos que se
contradizem e, ao atacar a pequena burguesia, através de um
grupo social alicerçado em falsas bases no meio da
transformação moderna.
No decorrer da história o
narrador nos mostra como se deu o casamento de Luísa e Jorge
: – Quanto a Jorge : "Ele, nunca fora sentimental (...)
Quando a sua mãe morreu, porém, começou a achar-se só (...)
Decidiu casar. Conheceu Luísa, no verão (...) Apaixonou-se
pelos seus cabelos louros, pela sua maneira de andar, pelos
seus olhos castanhos muito grandes. No Inverno seguinte foi
despachado, e casou."
E assim esse casamento sem maiores raízes, naufraga no
adultério com a aproximação de um vulgar sedutor, o primo
Basílio; o primeiro namoro de Luísa.