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S�BRE O NOVO
O
novo � t�o pouco qu�o raro.
S�bre
o novo o velho rapidamente se acumula.
S�bre
o pouco o muito se equilibra a custo.
Mal
surge o novo e os coment�rios se tecem, trazidos pelos boatos.
Os
detalhes se esmiu�am, enfeites pesados para o que era simples.
Frases
de efeito chovem como flores. Hip�teses se estabelecem.
Cr�ticas
e apoios se esbarram. Contradi��es e nega��es
fincam o p�.
A
inveja e a difama��o sussurram: "Falso!"
Ci�mes
prosperam.
E,
apesar de novo, muitos afirmam j� t�-lo entrevisto.
E,
apesar de pequeno e pouco o novo tem um peso
que
muitos
n�o conseguem suportar.
Aos
poucos , por�m, as evid�ncias v�o levantando os panos,
um
a um. Os encobrimentos caem, o novo aparece nu.
Finalmente
os aplausos. Inevit�veis.
Ent�o
o velho se aproxima, cautelosamente.
Toca-lhe
as faces, elogia-lhe o brilho dos cabelos
e
a apar�ncia saud�vel.
Acariciando-lhe
o corpo para que n�o reclame.
Impudicamente
envolve o novo,
colando-se
boca a boca num beijo �vido e prolongado,
a
sugar-lhe a vida para perpetuar-se.
Pois
o velho vive do novo.
E
como um m�gico esperto gesticula e repete palavras hip�critas,
fazendo
crer aos olhos de todos que �le e o novo s�o um s�.
Ent�o
j� n�o se distingue quem � quem.
E
quando o novo sucumbe j� sem nenhum brilho nem ai,
esmagado
com tanto peso, completamente sufocado
por
n�o poder respirar nenhuma novidade,
envelhecido
precocemente, mofado,
salta
o velho, l�pido e fagueiro,
transformado
em novo clich�.
S�bre
o novo, nada de novo...
(LUA
NEGRA)
Pintura
original de Jusko