|
O Canto da Sereia
Singrava
com amor pelos mares
Qual
enfunado e célere veleiro,
Movido
por encantados ares
Nas
ondas deslizava altaneiro.
Mas
fez-se negro o horizonte,
Vagalhões
de ira se levantam,
Derrubam
o capitão da ponte,
O
riso dos grumetes espantam!
Uivam
palavras tempestuosas,
Rancores
desabam em procelas,
As
mágoas respingam amargosas,
Ferem
o casco, rasgam as velas!
Para
duras pedras de solidão
Arrastam
o navio vencido,
Desatam
as cordas do coração,
Afundam-no
sem um dó sentido!
Náufrago,
no escuro eu nadei
Sem
a tábua para me segurar,
Foi
quando bem ao longe escutei
O
som de única voz a cantar.
Sereia!,
pensei, é o triste fim!
O
corpo de lágrimas salgado
Da
dor terá o alívio, enfim,
No
alfanje do temido fado!
Qual
não foi minha surpresa, porém,
Vendo
que as nuvens se abriam,
Que
o mar se acalmava também,
Que
lua e estrelas me sorriam!
O
canto era doce mensagem
De
uma flor que na ilha eu vi,
Sedento
de tão longa viagem
Em
suas pétalas mel eu bebi!
Hoje
vivo em feliz paraíso,
Águas
calmas e branca areia.
De
manhã, acordo, um sorriso,
À
noite me canta a sereia!
Waspzzz �
Original
painting by Olivia deBerardinis
Pintura
original de Olivia deBerardinis
Midi by Bruce de Boer