Capítulo 1

Eu tinha 5 anos quando eu e minha família nos mudamos. Foi uma mudança e tanto pra todos nós... tá certo que eu era muito pequena e nem entendia as coisas direito mas senti a mudança mesmo assim. Naquela época minha irmã Jullia tinha 10 anos e ela não queria por nada nesse mundo deixar a nossa cidade. Nós éramos acostumados com Portland, nós duas nascemos lá, e como eu era pequena de qualquer jeito estava bom, mas pra Jullia não... até porque ela era grandinha e entendia as coisas.
Minha mãe também diz que não queria ter saído de Portland pra viver em Tulsa, mas nada a gente podia fazer já que a empresa do meu pai o transferiu para cá.
A única coisa que deixou minha mãe e Jullia mais felizes era o fato de que a irmã da minha mãe já morava em Tulsa com a família dela. E isso consolava Jullia e eu, pois tínhamos uma prima que morava lá, a Letícia. Na época ela tinha 7 anos.
A nossa casa ficava na mesma rua que a casa da Letícia. Era uma rua calma, não tinha movimento algum... era ótimo pra gente, nós passávamos o dia inteiro na rua brincando. Letícia morava no começo da rua e a minha casa ficava mais no fim da rua. Com o tempo minha mãe foi gostando de lá, a casa que meu pai comprou era muito bonita, de dois andares, e eu ganhei um quarto só pra mim. A janela do meu quarto dava para a casa ao lado, uma casa bem grande também... com um jardim enorme na frente. Eu pensei que lá pudesse ter crianças também, porque eu sempre ouvia uma barulheira vinda de lá... também era de dois andares.
Passado alguns dias que nos mudamos, uma mulher foi na nossa casa. Estavam Jullia, Letícia e eu brincando na sala quando a campainha tocou. Minha mãe foi ver quem era.
_Pois não? – minha mãe disse
_Oi! Eu moro aqui na casa ao lado e vi que vocês se mudaram a pouco tempo...
_Ah sim, é verdade, nos mudamos faz alguns dias!
_Bem, eu sou Diana Hanson, vim dar boas vindas a vocês
_Quanta gentileza, obrigada! Eu sou Lucia, prazer em conhecê-la! – as duas apertaram as mãos – entre, entre...
_Letícia, você por aqui? – Diana perguntou
_Oi tia Diana... – disse ela, sem dar muita atenção
_Letícia é minha sobrinha – disse minha mãe – e essas aqui são Jullia e Isabel, minhas filhas.
E assim as duas ficaram conversando enquanto nós três brincávamos, sentadas no chão da sala. Certa hora um garotinho loiro entrou correndo dentro da minha casa.
_Mãe! Mãe! Papai chegou e tá te chamando
_Já tô indo... – Diana falou abraçada nele – esse é Zac, meu filho
_Zac vem aqui brincar com a gente – disse Letícia
_Do quê vocês tão brincando?
_De casinha e você vai ser meu filho...
E assim o tempo passou. Eu já tinha 12 anos. Jullia tinha 17 e estava namorando o Isaac, nosso vizinho, irmão do Zac. Isaac também tinha 17 anos.
Já fazia 7 anos que nós morávamos em Tulsa. E eu cresci praticamente junto com o Zac, ele tinha a minha idade. Letícia e Jullia estavam com 14 e 17 respectivamente, e elas viviam juntas. Elas estavam crescendo e eu era uma moleca, eu vivia com os garotos e a gente aprontava todas. Mas ainda tinha o Taylor... ele tinha 15 anos. No fundo ele também era uma criança e vivia comigo e com o Zac.
Nós seis estudávamos na mesma escola. Eu e o Zac na mesma sala, então era rara a semana que a gente não ia parar na diretoria... a gente brigava muito... era sempre assim!

*    *          *

Era por volta de duas da madrugada quando eu ouvi um barulho na minha janela. Eu tava num sono muito do bom e por isso acordei toda revoltada.
_Isso só pode ser coisa do Zac!! – eu falei comigo mesma
Fui até a janela do meu quarto e abri.
_Porra até que enfim!!! – Zac falou sussurrando, com um punhado de pedras na mão, na janela do quarto dele que era de frente pra minha.
_Olha aqui Zac, se o motivo pelo qual você me chamou não for um caso de vida ou morte você pode se considerar MORTO!!!
_Cala a boca Isabel!! Quer acordar todo mundo é?
_Ai Zac, cala a boca você
_Quase que o meu estoque de pedras se esgotou... 'cê dorme hein garota??
_Dispenso os seus tão insignificantes comentários. Fala o que você quer, imbecil
_E eu dispenso esse seu vocabulário baixo!!! Eu preciso que você venha aqui.
_Tá maluco?!
_Eu tô falando sério, Bebel! Tô te esperando na casa da árvore – falando isso, Zac fechou a janela sem nem ouvir o que eu tinha pra dizer!
Talvez porque ele sabia que eu não ia concordar e de quebra iria esgotar o meu "vocabulário baixo" com ele. Mas na verdade eu adorava aprontar de tudo com o Zac e por isso eu fiquei morrendo de vontade de ir logo pra casa da árvore... Só que como eu e ele vivíamos brigando eu sempre discordava dele plenamente de tudo!
Fechei a janela, coloquei uma blusa de moletom por cima do pijama mesmo e saí, sem fazer muito barulho. Entrei no "território Hanson", passei pelo lado da casa e cheguei nos fundos. Lá estava a casa da árvore, mas eu vi que tava tudo escuro, parecia não ter ninguém.
"Será que ele não veio?" – eu pensei.
Resolvi ficar esperando ele. Esperei uns 10 minutos e nada de Zac... eu já tava ficando irritada com aquele pirralho metido a besta, ele sempre me aprontava alguma.
"Esse garoto só pode tá de esculhambação com a minha cara!!!"
Fui até a janela do quarto dele, peguei uma pedrinha e joguei na janela.
Nada.
Peguei outra pedrinha e joguei de novo.
Nada.
A terceira pedra também não adiantou.
Eu já tava mais do que irritada. Andei um pouco e achei uma pedra maior, quase do tamanho de um tijolo. Juntei a pedra e voltei pra onde ficava a janela do Zac, decidida a jogar aquela pedra na janela. Quando levantei meu braço e o direcionei pra trás, alguém me impediu.
_Tá ficando louca???
_Onde você tava, Zac?? – joguei a pedra no chão, mas sem que eu percebesse a pedra caiu no pé do Zac...
_Ai KCT!!!
_Cala a boca!! – tampei a boca dele com a minha mão, depois soltei, me matando de rir
_Pô Bebel... essa doeu! Caramba...
_Foi mal Zac... – eu ainda ria muito – dessa vez foi sem querer mesmo!
Aí o Zac olhou pra mim de cima em baixo, todo sério.
_Quê foi hein? – eu perguntei
_Por que você não lança uma moda?? – assim dizendo ele soltou uma gargalhada
_Ai cala a boca!!! Otário...
_Você tá muito fashion!! – ele falou, rindo muito ainda
_Ai meu santinho das causas perdidas, que foi que eu fiz pra merecer esse castigo?? – falei olhando pro céu, num gesto de desespero
_Vem cá, você viu a previsão do tempo? – Zac perguntou
_Por que?
_Porque eu vi e não deu nenhuma previsão pra neve... – gargalhou de novo
_Zac se você não calar essa sua boca eu vou voltar pra minha cama!! – dei um tapa na cabeça dele
_Ah, é mesmo, vem – ele pegou na minha mão e foi me puxando
_Ah, peraí! – eu parei de andar
_Que foi?
_Onde tu tava?
_Quê?
_Onde é que tu tava que eu olhei pra casa da árvore e tava tudo escuro, joguei umas trocentas pedras na tua janela e ninguém respondeu?
_Ah! – ele riu – eu tava na casa da árvore te esperando
_No escuro, anta?
_É, por que?
_hum-hum... vindo de você eu não me espanto com nada... – fui andando em direção a casa da árvore
_Eu tava no escuro porque eu queria te dar um susto só que aí você não foi e estragou tudo – ele veio vindo atrás de mim
_Ai Zac que sem graça!!!
_Ia ser muito engraçado...
_Claro né! 'Cê acha que eu ia entrar sozinha, a noite, naquela casa, ainda mais no escuro?!
_Ó que pecado! O neném tem medo do escuro!!! – ele riu
_Cala essa boca!!! Que droga... – falei isso e dei um tapaço nas costas dele que até doeu a minha mão.
_Ai Bebel, que mão pesada!! Otária
_Pensei que já tinha se acostumado a apanhar – eu ri
_há há há engraçadinha...
Zac subiu as escadinhas e eu fui logo atrás, aí entramos na casa da árvore.

 

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