Dossi� da revista Let's Rock sobre Zeca do Rock


Entrevista
Zeca do Rock hoje. O primeiro roqueiro de Portugal, quem diria, vive h� mais de duas d�cadas no Brasil! Jos� das Dores, o Zeca do Rock, foi o primeiro cidad�o a gravar um Rock'n'Roll na terra de Vasco da Gama. O disco em quest�o � um compacto duplo lan�ado em 1961 (antes dos Beatles!), que continha "Sans�o Foi Enganado", a primeira a ser gravada entre as quatro lan�adas. Zeca tinha 17 anos. Sua carreira foi curta, interrompida por, entre outros fatores, sua apresenta��o ao servi�o militar.

Zeca do Rock nos anos 60. Este nosso r�pido bate-papo, al�m de revelar muito da vida art�stica dessa verdadeira lenda viva do Rock, tamb�m nos deixa a par de revela��es surpreendentemente fascinantes, que dizem respeito � espiritualidade e � evolu��o do Brasil. Ali�s, Zeca se diz um verdadeiro apaixonado pelo nosso pa�s: "A grande raz�o de ser do reino de Portugal foi ter tido a ventura de fundar esta Terra Prometida", declara ele em um momento de maior emo��o. De quebra, Zeca ainda nos cedeu grava��es raras e fotos in�ditas, retiradas do seu arquivo particular. Al�m de talentoso m�sico e escritor, principalmente Zeca do Rock � um ser humano da melhor esp�cie: sincero, bondoso, atencioso, um amor de pessoa. Mas isso voc� ir� concluir por si pr�prio, na entrevista que se segue. (JC)


Sua carreira de roqueiro, apesar de intensa, foi bastante curta. Por qu�?
Minha carreira de roqueiro, na realidade, durou 7 anos (dos 15 aos 22). Praticamente todos os ciclos na minha vida s�o set�nios, e esse n�o constitui exce��o. Todavia, durante o per�odo de servi�o militar de 21 meses na antiga col�nia portuguesa da Guin� Bissau, fui Oficial respons�vel pela programa��o das atividades recreativas para militares, tendo formado uma banda e atuado em todas as regi�es do pa�s. Essa fase foi dos 22 aos 24 anos e n�o a considero como parte integrante da minha carreira, mas sim como uma atividade humanit�ria, uma vez que n�o envolvia qualquer tipo de remunera��o. Foi a minha oferta aos jovens combatentes, que se encontravam em prec�rias condi��es f�sicas e ps�quicas, combatendo uma guerra injusta e cruel.

A carreira foi curta porque eu me cansei de tantas contrariedades. N�o � f�cil ser pioneiro num regime pol�tico como t�nhamos ent�o em Portugal. As minhas m�sicas eram proibidas em todas as emissoras de r�dio e TV estatais � que eram as maiores, as melhores e as mais poderosas. Em certa altura, tamb�m as proibiram nas emissoras cat�licas. Restavam-me somente as pequenas emissoras privadas locais e, � claro, os shows. Do p�blico n�o tive nunca a menor raz�o de queixa. Numa ocasi�o, cantei para uma audi�ncia de 20.000 pessoas no Pal�cio de Cristal, na cidade do Porto, e sa� nos ombros da multid�o que me �seq�estrou� do palco... Aos olhos do governo fascista, de quem eu era um opositor declarado, o Zeca do Rock era uma figura perigosa, inc�moda, rebelde, capaz de liderar a juventude, o que representava um perigo para o sistema.

Tentaram me comprar, ah isso tentaram. Perto do momento em que decidi dar a minha carreira por terminada, choveram tentadores convites para que eu integrasse o elenco das diversas companhias de teatro de revista, ent�o muito em voga em Lisboa. Isto significa que o Zeca do Rock teria certamente que ser renomeado de Zeca do Fado, pois era esse tipo de m�sica que propunham que eu cantasse. Algo de semelhante aconteceu com as gravadoras. Se eu aceitasse mudar de g�nero musical, podia gravar quantos discos quisesse. Agora �americanices�? Porta fechada! Recusei, como � �bvio, com a firmeza de quem n�o se deixa prostituir.

Seu primeiro disco foi gravado em 1960. O que voc� ouvia nessa �poca?
Elvis Presley, Chuck Berry, Little Richard, Ricky Nelson, Neil Sedaka, Roy Orbison, Cliff Richard, Pat Boone... e continuo a ouvi-los at� hoje!

Segundo consta, a grava��o desse primeiro disco foi feita em apenas duas horas e em condi��es adversas. Pode nos falar mais a respeito?
capa do primeiro disco de Rock gravado em Portugal Primeiro, a grava��o foi feita �s 9 horas da manh�, que � um hor�rio completamente impr�prio para cantar, mas que era tamb�m o hor�rio mais barato para o aluguel do est�dio. Segundo, eu acordei com uma forte amidalite nessa manh�, e uma temperatura de mais de 39 graus. Terceiro, o �est�dio� ficava numa casa milenar da parte antiga de Lisboa, n�o tinha as m�nimas condi��es ac�sticas nem qualquer tipo de isolamento sonoro. Os ru�dos dos carros na rua, dos avi�es que passavam, etc, obrigavam a que se parasse a grava��o porque o ru�do entrava pelos microfones. Quarto, somente eram permitidos 2 �takes� de cada m�sica, porque o est�dio tinha sido alugado somente por 2 horas. Quinto, a banda e eu gravamos todos em conjunto, na mesma sala, com um simples biombo a separar-nos. Sexto, eu nunca tinha ensaiado com a banda completa, somente com o pianista. S�timo, foi a primeira vez que ouvi os arranjos orquestrais.

Aqui tem as 7 principais condi��es adversas que acompanharam a grava��o do meu primeiro disco. Precisa mais?

No auge da sua carreira musical, voc� a interrompeu para prestar servi�o militar. C� entre n�s... isso foi inspirado no seu �dolo Elvis?
De maneira nenhuma. Vou dar-lhe duas boas raz�es:
1. Nunca considerei nenhum ser do mundo f�sico como meu �dolo. Considero o Elvis como o melhor int�rprete de m�sica ligeira de todos os tempos mas nem ele, nem ningu�m foi, � ou ser� meu �dolo. Meus �dolos, os seres perfeitos a quem tento seguir os passos, encontram-se em outros planos de manifesta��o.
2. O Elvis ofereceu-se voluntariamente para prestar servi�o militar na Alemanha. Eu fui incorporado contra a minha vontade e contra as minhas convic��es, pois sou pacifista, anti-militarista e anti-colonialista. Fui �prisioneiro� do ex�rcito portugu�s durante tr�s longos anos.

Voc� acompanhou a Beatlemania nos anos 60, in loco. O que voc� se lembra dessa �poca? J� esteve em algum show dos Beatles?
Efetivamente eu estava em Londres durante boa parte dessa �poca. No in�cio n�o aderi muito aos Beatles. Achava-os dissonantes e n�o me agradava toda a montagem de marketing que foi feita ao redor deles. As m�sicas que me converteram foram �All my loving� e �PS I love you�. Da� para a frente passei a ser f�, mesmo das m�sicas que anteriormente me tinham desagradado. Assisti a um �nico show dos Beatles no Est�dio de Wembley Park. Confesso que n�o consegui ouvir uma nota de m�sica, tal ela a gritaria da meninada hist�rica...

Assisti a muitos shows de diversos outros artistas e grupos, como o Del Shannon, o Ray Charles, o Brian Poole & The Tremeloes, o Gerry & The Pacemakers, etc. Foi uma �poca maravilhosa na qual o mundo se transformou.

Quais os seus artistas preferidos nos anos 60? E atualmente?
Nos anos 60 os preferidos eram aqueles que lhe disse que ouvia muito. Hoje, o meu gosto � muito mais alargado e prefiro n�o citar nomes de artistas. O que me conquista � esta ou aquela can��o, n�o este ou aquele artista.

E entre os artistas mais atuais, quem voc� ouve?
Vou-lhe mencionar alguns nomes que me agradaram nos �ltimos 20 anos: A-Ha, Pet Shop Boys, REO Speedwagon, Bruce Springsteen, Electric Light Orchestra, Roxy Music, Abba, Dire Straits, entre outros. O atual e leg�timo Rei do rock and roll � ingl�s e chama-se Shakin' Stevens. � o m�ximo!

Um dos seus passatempos prediletos � a sua imensa cole��o de discos de vinil, bem como digitaliz�-los e salv�-los em mp3. Como voc� trabalha e que recursos utiliza?
Tenho um poderoso computador que somente utilizo para trabalhar com m�sica. Vamos l�: Primeiramente, atrav�s de um toca-discos profissional ligado a um misturador (mixer), ligado ao computador, eu toco a m�sica do disco de vinil e gravo-a em formato wav com um software apropriado. Depois, com outro software, eu conserto o in�cio e o fim da banda sonora, que como sabe, apresenta bastantes distor��es no vinil. Depois, com outro software, corrijo a equaliza��o para o meu padr�o preferido para que todas as m�sicas fiquem com o mesmo volume sonoro. Com outro software ainda, elimino riscos e defeitos importados do vinil. Finalmente, converto para mp3. Quando tenho mais ou menos 240 m�sicas preparadas, passo os mp3 para CD-ROM.

Voc� prefere ouvir m�sica em discos de vinil ou em CD?
Todo mundo sabe que a grava��o anal�gica cont�m uma banda de freq��ncias muito mais vasta do que a digital, que � altamente comprimida. Todavia, como o meu ouvido � estupidamente sens�vel a ru�dos indesej�veis, eu prefiro as vers�es digitalizadas, isentas de barulhos causados pela fric��o da agulha no disco.

De acordo com sua biografia, voc� se decidiu por viver no Brasil �por raz�es filos�ficas e espirituais�. Qual (ou quais) foi exatamente o motivo para sua vinda? Gosta de viver no Brasil?
� uma pergunta dif�cil de ser respondida com poucas palavras, mas vou tentar. Come�o por fazer uma afirma��o bomb�stica: �Segundo o plano evolutivo para o planeta Terra, o Brasil ser� o pa�s l�der do mundo no 3� Mil�nio�. Isto para mim � um axioma mas poderei um dia contar-lhe em detalhe os �comos� e os �porqu�s� desta realidade. S� que essa ser� uma looooooooonga conversa.

No in�cio dos anos 80, os meus mentores espirituais convidaram-me para fazer parte de um grupo de 12 servidores (2 brasileiros e 10 �importados�) que iriam estabelecer uma infraestrutura energ�tica e espiritual no Brasil, a fim de impulsionar as mudan�as pol�ticas, econ�micas e sociais de que o pa�s necessita para cumprir a sua miss�o. Vim pela primeira vez a este pa�s em 1981 para �sentir� o ambiente. Fiquei apaixonado e acedi ao convite dos Mestres.

Enquanto preparava a minha vida profissional e familiar para a grande mudan�a, vim c� por diversas vezes, j� em cumprimento dos tais trabalhos energ�ticos de Magia Branca. Mudei-me definitivamente para c� 7 anos ap�s a primeira visita. Ou seja, acabo de completar tr�s ciclos de 7 anos de servi�o espiritual ao Brasil. Durante o primeiro ciclo, caiu o regime militar, lutou-se pelas �diretas j� e elegeu-se o Tancredo. Durante o segundo, consolidou-se a democracia, abriu-se o mercado e modernizou-se a ind�stria. Durante o terceiro, controlou-se a infla��o, incrementou-se a pesquisa e a tecnologia e caminhou-se para a implanta��o definitiva de um estado de direito.

Parece pouco? Digo-lhe em verdade que, em termos reais, se avan�ou mais durante o per�odo a que me refiro do que em toda a anterior hist�ria do Brasil. No(s) ciclo(s) que come�a(m) agora em 2003 � preciso fazer-se a parte final do plano, essencialmente focalizada no social.

Se gosto de viver no Brasil? Adoro o Brasil do fundo do meu cora��o!

Sabe-se que h� uma grande rela��o da m�sica com a espiritualidade. Voc� pode falar mais a respeito?
A arte, em geral, tem tudo a ver com a espiritualidade, pois a inspira��o n�o deixa de ser um contacto com a Fonte de toda a beleza, um tipo de comunica��o com realidades supra-f�sicas. Quanto a mim, a m�sica � a ess�ncia, a s�mula de todas as artes, logo � a mais espiritual de todas elas. Todas as religi�es do mundo usam a m�sica para induzir estados de contempla��o, de �xtase m�stico, de homenagem, de apelo ao mundo espiritual.

Nos meus trabalhos espirituais, eu fa�o uso constante de m�sica apropriada aos prop�sitos que tenho em vista. Embora a maioria dos temas seja de m�sica cl�ssica, new-age, indiana ou gregoriana, tamb�m uso (veja s�!) alguns temas de m�sica profana. Uma m�sica dos Beatles, �Across the Universe�, � uma das que utilizo com freq��ncia.

Apesar da m�sica brasileira ser muito conhecida em Portugal, n�o acontece o mesmo com a m�sica portuguesa no Brasil. Na sua opini�o, por que isso acontece?
J� fiz essa pergunta a mim mesmo in�meras vezes. E n�o � s� a m�sica. � o teatro, a literatura, as telenovelas, etc. Mist�rios insond�veis...

Do que voc� mais gosta (e o que n�o gosta) na m�sica brasileira e na portuguesa?
A m�sica brasileira � talvez a mais variada e inspirada do mundo. Gosto de quase tudo: samba, bossa-nova, MPB, chorinho, samba-can��o, sertanejo (mas do leg�timo), forr�, etc. Em crian�a eu n�o perdia um show com os artistas brasileiros que visitavam Portugal: Agostinho dos Santos, Maysa, Ivon Curi, Cauby Peixoto, o grande Luiz Gonzaga! Mais tarde (ainda em Portugal), vi Vinicius de Moraes, Nara Le�o, Chico Buarque, Jo�o Gilberto, Toquinho, Miltinho, Simone, Joanna, etc.

Na m�sica portuguesa os meus favoritos s�o os temas folcl�ricos regionais e o fado, que � tipicamente lisboeta, minha cidade natal. Dentro da m�sica ligeira Madredeus � uma unanimidade. Mafalda Veiga, Dulce Pontes e Rui Veloso destacam-se como cantores a solo. Entre as bandas de rock prefiro os Excesso, os Delfins, os Santos e Pecadores e os Silence 4. Detesto tudo o que seja brega nos dois lados do Atl�ntico. Mas isso � independente do g�nero musical.

Fale-nos sobre suas atuais atividades profissionais no Brasil.
Sou tradutor (portugu�s � ingl�s � franc�s � espanhol), professor de ingl�s e s�cio de uma escola de idiomas, juntamente com minha esposa (que � inglesa) e uma s�cia brasileira. Fa�o tamb�m revis�es ortogr�ficas e gramaticais de trabalhos acad�micos na l�ngua portuguesa.

Voc� ainda faz apresenta��es ao vivo, ou ainda grava?
Somente gravo em casa, por gra�a. Sempre cantei entre amigos, nas festas em minha casa ou na de outros, por puro prazer e divers�o.

H� algo mais que voc� queira falar para os brasileiros?
Que n�o desanimem com as agruras moment�neas. Muito em breve o Brasil ser� um pa�s de que todos nos vamos orgulhar muito! Eu somente senti orgulho de ser portugu�s depois de viver no Brasil e observar como um rato pariu uma montanha. A grande raz�o de ser do reino de Portugal foi ter tido a ventura de fundar esta Terra Prometida, a Terra de Vera Cruz, o Brasil!

Quem � Zeca do Rock?
De seu nome verdadeiro Jos� das Dores, Zeca do Rock foi um dos primeiros rockeiros portugueses com uma carreira feita basicamente a partir de participa��es em programas de r�dio e espect�culos pelo pa�s, pois discos apenas gravou um. Segundo Ant�nio Duarte, autor do livro 25 Anos de Rock 'N Portugal, � da boca de Zeca do Rock que sai o primeiro �yeah� gravado em disco da hist�ria do rock em Portugal. O tema chama-se �Sans�o Foi Enganado� e Zeca do Rock, ent�o com 17 anos, solta um t�mido yeah na sua voz grave e viril. Nascido em Lisboa a 28 de Dezembro de 1943, Jos� das Dores sofreu primeiro a influ�ncia de Chuck Berry, Littie Richard, Buddy Holly e outros, antes de conhecer Elvis Presley, que passou a ser o seu �dolo. Ricky Nelson, Pat Boone, Paul Anka, Roy Orbison e Del Shannon estavam tamb�m entre os int�rpretes de que mais gostava.

Aprendeu a tocar viola com Fernando Alvim, professor que, em finais da d�cada de 50, o acompanhava a alguns locais onde Jos� das Dores cantava rock e baladas, como o Bel�m Clube e o Clube Sportivo de Pedrou�os. Mas a grande oportunidade surgiu em 1959, quando foi convidado a participar no programa �Bom Dia�, de Jos� de Oliveira Cosme, na R�dio Renascen�a, em que havia uma rubrica de procura de novos talentos. Aqui nasceu o nome de Zeca do Rock: A apresenta��o era do locutor Carlos Moutinho. O programa ia para o ar ao vivo, pelo que houve apenas tempo para algumas breves palavras antes das entrevistas e can��es. Durante essa r�pida conversa, Carlos Moutinho achou que o nome de baptismo de Jos� das Dores n�o era muito apropriado como nome art�stico e perguntou se n�o havia um pseud�nimo que pudesse usar. Jos� das Dores disse que o seu diminutivo familiar era Zeca, pelo que Carlos Moutinho retorquiu: �OK, ent�o vais ser o Zeca, o Rei do Rock!�, rabiscando algumas notas no papel. Quando chegou o momento de a rubrica entrar no ar, e depois das palavras iniciais, Carlos Moutinho olhou para os rabiscos e anunciou: �Conosco, Zeca ('o Rei do' n�o estava leg�vel nos gatafunhos, pelo que ele, saltando por cima, continuou) do Rock!�.

Foi neste programa da R�dio Renascen�a que come�aram, entre outros, Daniel Bacelar, Os Conchas e Lu�s C�lia, que na �poca tamb�m se dedicava ao rock. A partir da� participou em v�rios programas de r�dio, tanto na Renascen�a, como nos Emissores Associados de Lisboa e no R�dio Clube Portugu�s. Como n�o tinha discos editados, fez grava��es em banda magn�tica, para que os pedidos dos ouvintes pudessem ser atendidos. A popularidade continuou a crescer, a qual era medida em espet�culos e em mais programas como o �Passatempo para Jovens�, que Aur�lio Carlos Moreira realizava e que inclu�a espet�culos ao vivo aos s�bados no desaparecido Cinema Restelo, em Lisboa. Nos concursos de popularidade, que as v�rias revistas anualmente realizavam, o nome de Zeca do Rock aparecia entre os primeiros classificados, ao lado de nomes como Ant�nio Calv�rio, Madalena Igl�sias, Simone de Oliveira e Artur Garcia. Finalmente, em 1961, grava o primeiro disco, um EP da Alvorada, depois de ter recusado fazer um disco 'a meias' com Tonicha, pois era costume na �poca os EP serem editados com dois int�rpretes, cada qual com duas can��es. No disco, aceitou cantar em portugu�s e ser acompanhado pelo conjunto de Manuel Viegas, que tocava � noite no Terra�o das Estrelas do Hotel Embaixador. No lado A gravou �Nazar� Rock� e �Dezassete�, da sua autoria, e no lado B �Menina� e �O Sans�o Foi Enganado�, de Manuel Viegas.

A grava��o do disco foi cheia de perip�cias, como relatou, via Internet, Jos� das Dores, hoje radicado no Brasil: �O est�dio era uma sala centen�ria na Costa do Castelo. Quando passava uma camioneta na rua ou um avi�o no ar, tinha que se interromper a grava��o. "Play-back?" Nem v�-lo. Cantor e m�sicos separados por um inofensivo biombo gravando tudo em directo. Repeti��es? Uma para cada m�sica. O est�dio e os m�sicos tinham sido contratados unicamente por duas horas. Eu, que estava com amigdalite e fervendo com 39.� de febre, vi o meu primeiro disco surgir de uma sess�o de duas horas iniciada �s 10 horas da manh� num est�dio-mansarda. Atendendo a esses pormenores, fico hoje surpreso de n�o ter ficado, ainda assim, nada mau. Nunca cheguei a saber oficialmente que quantidade foi vendida, embora tivesse recebido direitos de autor das duas composi��es minhas nele inclu�das, durante anos�. No ano seguinte, 1962, participou como atrac��o no filme �P�o, Amor e Totobola�, de Henrique de Campos, em cuja vers�o final � cortada mais de metade da sua actua��o, em que cantava �Twist para Dois�, de An�bal Nazar� e H�lder Martins. Do filme � editado um EP na Parlophone (representada em Portugal pela Valentim de Carvalho), que inclui �Twist para Dois�. Ap�s mais uma s�rie de shows, Zeca do Rock decide p�r termo � carreira musical e parte para Inglaterra para concluir os estudos. Regressa em 1965, recusando convites para o teatro de revista, mas continuando com os espect�culos. Contudo, nesse mesmo ano, a convoca��o para o servi�o militar p�e um final definitivo na sua carreira como int�rprete do rock.

Durante o servi�o militar na ent�o Guin� funda um grupo de m�sica pop, com outros militares, para actua��es junto das unidades aquarteladas no territ�rio. O regresso, em 1968, foi para se dedicar � vida comercial, deixando de lado a carreira art�stica. Em 1970, S�rgio Borges e o Conjunto Acad�mico de Jo�o Paulo gravou algumas can��es de Zeca do Rock, lan�ando um EP que inclu�a �Lavrador�, adapta��o de uma can��o original de Zeca do Rock intitulada �Aguarela Portuguesa�. Mais tarde, grava �God of Negroes�, can��o que escrevera na Guin�. Apesar de ter sido o lado B de um single, acabou por ser mais tocada do que o lado A. J� depois de terminada e arrumada a sua carreira, Zeca do Rock foi convidado a participar no programa da RTP2 �Roques da Casa�, no dia 5 de Setembro de 1982, em que cantou �Ready Teddy�, e duas can��es originais em portugu�s. Anos depois decide, �por motivos de ordem espiritual e filos�fica�, mudar-se para o Brasil, onde ainda vive, dedicando-se ao ensino de Ingl�s e � tradu��o. Continua a compor e a tocar, mas agora s� em c�rculos mais restritos, como festas particulares, bo�tes e clubes. Mas, como diz hoje, se houver oportunidade est� pronto a agarr�-la.

(Extra�do do verbete dedicado a Zeca do Rock na 'Enciclop�dia da M�sica Ligeira Portuguesa', de Lu�s Pinheiro de Almeida e Jo�o Pinheiro de Almeida. Ed. C�rculo de Leitores)



Jos� das Dores
Jos� das Dores nasceu em Lisboa, aos 28 de Dezembro de 1943, cidade onde fez os seus estudos prim�rios e secund�rios. Passou por diversas Faculdades e Institutos Superiores em Portugal e na Inglaterra preferindo, todavia, considerar-se um autodidata. Desde nascen�a que os familiares e amigos o tratam por Zeca.

Prestou servi�o como Oficial Miliciano do Ex�rcito Portugu�s (Servi�o de Administra��o Militar) tendo cumprido comiss�o militar na Guin�-Bissau de 1966 a 1968.

Sempre intimamente ligado �s Letras e �s Artes, publicou artigos, ensaios, contos e poemas em diversos jornais e revistas. Foi tamb�m autor (e int�rprete) de in�meros rocks e baladas nas d�cadas de 50 e 60. Nessa �poca, sob um pseud�nimo art�stico (Zeca do Rock), percorreu Portugal inteiro em digress�es, gravou discos e participou de um filme (P�o, Amor e Totobola), tendo atingido bastante popularidade. Figurou, durante anos a fio, na lista dos "dez mais populares" da m�sica ligeira em Portugal.

Estudioso, desde muito jovem, da Sabedoria Arcana (Tradi��o Esot�rica que est� na origem de todas as grandes religi�es), foi co-fundador em Lisboa, no ano de 1987, do Centro Lusitano de Unifica��o Cultural. No ano seguinte, transferiu a sua resid�ncia permanente para o Brasil. Neste Pa�s, para al�m da atividade profissional de professor de l�nguas e de tradutor, dedica-se � divulga��o dos ensinamentos dos Mestres Ascensionados da Grande Fraternidade Branca. Maiores informa��es sobre este tema podem ser colhidas no site Amerl�ntis/Centro Lusitano (clique para visitar).

Fundou em Campinas, SP, em 1991, o Centro Lusitano de Unifica��o Cultural (Brasil) tendo sido, desde ent�o, Presidente desta ONG.

� autor (em parceria com mais tr�s poetas) do livro "Poemas M�sticos", antologia de poesia publicada em Lisboa (1993), bem como de diversos outros livros como canal psicogr�fico.

Publicou, em 1995, simultaneamente em Portugal e no Brasil, a obra "Miss�o Espiritual - A Trajet�ria de Um Buscador".



Contactos
Zeca do Rock vive na cidade de Campinas - SP. Caso voc� queira entrar em contato com o Zeca do Rock, passe um e-mail para [email protected]. Conhe�a tamb�m o site da escola de Ingl�s de propriedade do Zeca, a Global Team (www.globalteam.com.br).












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