Gentle Giant

Formados em 1969, em pleno auge do Rock Progressivo, os Gentle Giant estavam muito pr�ximos de bandas como os Yes e os King Crimson, mas n�o tanto de outras bandas como os Emerson, Lake And Palmer ou os Nice.

Nascidos das cinzas da banda de Rithm'n'Blues Simon Dupree & The Big Sound, os Gentle Giant tiveram na sua origem tr�s irm�os Shulman: Derek, Ray e Phil. Da forma��o da banda faziam tamb�m parte Kerry Minnear, Gary Green e Martin Smith.

Ap�s abandonarem o estilo R&B, passaram a dedicar-se ao psicadelismo e a sons mais sinf�nicos, mudando o nome para Gentle Giant.

Em 1970 assinam contrato discogr�fico com a editora Vertigo e gravam o LP "Gentle Giant" que mistura algum Hard-Rock com elementos de m�sica cl�ssica.

No ano seguinte lan�am "Acquaring The Taste" que continha temas mais acess�veis a outro tipo de p�blico.

O seu terceiro LP "Three Friends", com um novo baterista (Malcom Mortimore) foi o primeiro da banda a conseguir ser editado nos EUA.

Ap�s a sa�da de Mortimore, os GG contratam como membro permanente John Weathers ( ex-Graham Bond Organization" e gravam "Octupus". Phil Shulman abandona a forma��o e torna-se professor .

Com a forma��o reduzida a um quinteto gravam um novo LP, em 1973. Este disco intitulado "In A Glass House" foi o mais pesado que a banda gravaria, o que levou a que a editora recusasse a sua edi��o na Am�rica do Norte, alegando que n�o seria comercial.

"The Power And The Glory", o novo LP sairia em 1974, atrav�s de um novo contrato discogr�fico, desta feita com a Capitol Records.

Em 1975 gravam e editam "Free Hand", o seu registo mais comercial, a que se seguiu um mais experimental "Interview". Ainda gravariam "The Missing Piece" (77) e "Giant For A Day"(78), at� se decidirem p�r termo � carreira, em 1980, n�o sem que tenham tentado, sem sucesso, uma aproxima��o ao "mainstream" e , inclusive, ao Disco-Sound.

Ap�s o fim da carreira Ray Shulman passou a produtor de nomes como os Sugarcubes e The Sundays e Derek Shulman tornou-se um executivo de uma companhia discogr�fica norte-americana.

Para a hist�ria fica um punhado de bons discos e alguma da boa m�sica produzida pelos "progressivos", nos anos 70 e 80 do s�culo XX.

Aristides Duarte


Os Gentle Giant foram uma das grandes bandas de rock progressivo da d�cada de 70. Criaram 12 �lbuns num per�odo de 10 anos, cheios de m�sica complexa e maravilhosa que ainda cativam novos admiradores at� hoje.


Membros da banda

Todos os membros da banda tocavam m�ltiplos instrumentos, apenas se referem os principais.

Derek Shulman - vocais principais, saxofone. Nascido em 11/02/1947, em Glasgow.
Ray Shulman - baixo, violino. Nascido em 08/12/1949 em Portsmouth.
Kerry Minnear - teclados, vocais principais. Nascido em 02/01/1947, em Dorset.
Gary Green - guitarras, vocais. Nascido em 20/11/1950, em Londres.
Phil Shulman - instrumentos de sopro e metais, vocais principais (em "Gentle Giant", "Acquiring the Taste", "Three Friends" e "Octopus").
Martin Smith - bateria, percuss�o (em "Gentle Giant" e "Acquiring the Taste").
Malcolm Mortimore - bateria, percuss�o (em "Three Friends).
John Weathers - bateria, percuss�o (em todos os �lbuns remanescentes). Nascido em 02/02/1947 em Carmarthen.



Cr�dito: Sinfonia Sideral

Quando se fala dos Gentle Giant � bom ter presente que se trata de um grupo que sempre cuidou do Rock com a mesma devo��o que o Jazz, a M�sica Sinf�nica, a M�sica Barroca e a M�sica Eletr�nica. Esta controvertida banda criou um dos estilos mais peculiares da M�sica Progressiva, pois englobaram e fundiram, na sua obra, elementos de M�sica Medieval, Renascentista, Barroca, Jazz, Rock e Eletr�nica de forma jamais vista, e tudo isso apoiado em sofisticadas e complexas t�cnicas de contraponto e harmonia, al�m de dissonantes arranjos vocais.

Thierry Chatain, na sua Pequena Hist�ria do Rock'n'Roll (na Hist�ria da M�sica Ocidental, de Jean & Brigitte Massin, editora Nova Fronteira), escreveu que os Gentle Giant s�o uma "esp�cie de orquestra de c�mara el�ctrica". Foram respons�veis por uma m�sica de mais dif�cil digest�o e de mais dif�cil consumo, que exige algumas atentas audi��es para habituar o ouvido e para que se "adquira o gosto" pela mesma, ou ent�o, para que se forme uma opini�o quanto a gostar ou n�o gostar; o contr�rio do que fizeram os Yes, os Genesis e os Emerson, Lake & Palmer, grupos mais sinf�nicos e autores de obras "um tanto mais 'acess�veis'" dentro do universo progressivo (principalmente os Yes). Por tudo isso os Gentle Giant s�o um dos mais perfeitos exemplos da m�xima: "ou voc� o ama ou voc� o odeia".

A hist�ria deste ecl�tico grupo � basicamente a hist�ria dos irm�os Shulman e seus amigos, tendo o seu in�cio em Portsmouth, Inglaterra, local esse que veio a ser a resid�ncia da fam�lia Shulman quando se mudou de Glasgow. Os dois irm�os mais velhos, Phil e Derek Shulman, nasceram nos Gorbals de Glasgow, Esc�cia. O pai era um trompetista de Jazz que tocava � noite e actuava como representante de vendas durante o dia para sustentar a fam�lia.

Os brothers Shulman contavam que a vida nos Gorbals era horr�vel, o que fez com que eles se mudassem para Portsmouth. Moravam em Eastney Road, Southsea, local onde o pai come�ou a dar aulas de m�sica. Devido ao magist�rio musical do Sr. Shulman, a casa vivia repleta de m�sicos. Foi nesse ambiente que nasceu o terceiro ter�o da semente do Gentle Giant, Ray Shulman.

Com a idade de cinco anos Ray come�ou a aprender a tocar trompete, passando ao violino aos sete. Quando tinha uns dez anos, ele e Derek j� tinham uma dupla caseira (Derek � cerca de tr�s anos mais velho que Ray). Nessa dupla, Ray era o violinista e Derek o guitarrista.

O primeiro contato de Derek com o Rock aconteceu em 1963, quando os Beatles tocaram em Portsmouth. Derek faltou �s aulas no dia do espect�culo, escrevendo um bilhete falso em nome da sua m�e, dizendo que precisava de sair mais cedo porque estava doente. Ele teve tanta falta de sorte que a reportagem da TV apresentou-o em primeiro plano no notici�rio noturno daquele dia...

A primeira experi�ncia musical semi-profissional dos dois ocorreu em 1965, com um grupo chamado "The Howling Wolves", que tentava tocar Rhythm & Blues, como os Stones. Como eles n�o tinham empres�rio, convidaram o irm�o Phil (cerca de dez anos mais velho que Derek) para a tarefa. Nessa �poca ele estava na escola preparando-se para o Magist�rio. O primeiro show que conseguiu para o grupo foi na sua pr�pria escola, pela cifra de dezoito libras. O grupo mudou ent�o seu nome para "Road Runners Rhythm And Blues" e conseguiu realizar uma s�rie de espect�culos.

Phil entrou em cena como m�sico quando perceberam que, para ser um grande grupo de Rhythm & Blues, precisavam de um saxofonista. Phil concordou e comprou um sax e come�ou a aprender a tocar. Com o desenvolvimento de Phil como m�sico, decidiram arranjar outro empres�rio. Procuraram um sujeito em Portsmouth que tinha a fama de ser o "tal". O sujeito prometeu que os transformaria em super-estrelas se mudassem o nome do conjunto para "Simon Dupree & The Big Sound". Para assegurar as suas promessas, arranjou espect�culos em Southampton e Bournemouth.

Mas os Shulmans come�aram a sentir que o melhor caminho a seguir era o Pop. Nessa altura tinham como empres�rio um produtor da BBC, John King. John levou-os para Bristol afim de realizarem uma modesta grava��o, uma fita "demo" de demonstra��o. John mostrou essa "demo" � EMI. Continha a m�sica I See The Light, dos Five Americans. A EMI por sua vez convidou o grupo para um espect�culo ao vivo. Derek conta que eles tocaram em frente de tr�s produtores, sentindo-se muito embara�ados. Mesmo assim a EMI assinou com eles um contrato de cinco anos. Com o contrato nas m�os, uma verdadeira fa�anha, procuraram uma ag�ncia de neg�cios. Arthur Howes os empresariou e conseguiu uma tourn� com Helen Shapiro e os Beach Boys. Nessa altura, I See The Light j� era um single tocando nas r�dios. Dois outros se seguiram: Reservations e Daytime Nightime.

Como essas m�sicas, de sua autoria, pareciam n�o resulta, pediram ao John King que arranjasse uma boa can��o. John conseguiu numa denominada Robbins Music uma m�sica chamada Kites. Derek conta que a m�sica era t�o ruim que quase anularam o neg�cio por causa do "grava/n�o grava". Conclus�o: fizeram um espect�culo no programa "Top Of The Pops" (da BBC), partiram para a Su�cia e quando voltaram Kites fazia sucesso. Chegou at� ao quinto lugar das tabelas inglesas. Com o sucesso, fizeram muitas outros espect�culos pela Inglaterra e para surpresa de muitos, numa dessas viagens o teclista foi temporariamente substitu�do por Elton John. Embora estivessem relativamente bem, j� nessa �poca come�aram a receber opini�es desfavor�veis a respeito do seu estilo musical.

Tentando fugir dessa situa��o, Derek e Ray gravaram secretamente um compacto com a m�sica We Are The Moles. Embora a inten��o da dupla Moles fosse atingir o sucesso, n�o conseguiram passar do 20� lugar nas tbelas inglesas. Isso fez com que continuassem tentando com o "Big Sound" at� ao fim do ano de 1969.

Mesmo depois de conseguirem um relativo �xito numa temporada realizada no clube Stockton Fiesta, resolveram dissolver a banda e fizeram um espect�culo de despedida, totalmente maluca, na Universidade de Bath. Esse espect�culo foi coroada com um bouqu� de rosas entregue por Adrian Henri, um poeta badalado no cen�rio de Liverpool.

De acordo com Derek, eles dissolveram a banda porque n�o estavam satisfeitos com os m�sicos que os acompanhavam e tamb�m porque se aborreceram com o nome "Simon Dupree". Por outras palavras, j� estava na hora de passar a limpo essa situa��o. E para passar a limpo alguma coisa em termos de vida, nada melhor do que um per�odo de reflex�o.

Embora o "Big Sound" n�o trouxesse satisfa��o musical e pessoal aos Shulmans, quando a banda acabou eles tinham dinheiro suficiente para descansarem um ano e formarem uma nova banda. Essa banda seria nada mais, nada menos que os Gentle Giant.

O "Simon Dupree" era um grupo pop, sem gra�a, e os Shulmans logo perceberam que com ele estavam insistindo numa tecla desafinada, principalmente quando analisavam o contexto ingl�s da �poca e sentiam o crescimento dos grupos progressistas. E assim decidiram criar os Gentle Giant.

Iniciaram os seus ensaios durante o ano de 1970 e segundo eles pr�prios, tiveram a sorte de serem apresentados por um amigo de Phil a um teclista de nome Kerry Minear. Kerry tinha uma excelente forma��o, recebida na Academia Real de M�sica, por onde tamb�m passou outro tecldista, Rick Wakeman (Strawbs, Yes).

Kerry acabara de voltar de uma malfadada viagem � Alemanha. Tinha ido l� com uma banda chamada Rust, cujo insucesso foi total e fez com que ficasse na mis�ria, ao ponto de precisar ser repatriado pelos pais. Essa brincadeira de mau gosto angustiou Minear durante cerca de quatro meses (em territ�rio alem�o) e quando os Shulmans o encontraram parecia um refugiado.

Kerry Minear, um dos m�sicos mais eruditos que o rock j� conheceu, come�ou a tocar piano aos sete anos de idade e antes de chegar � Academia Real teve algumas experi�ncias musicais em conjuntos. No primeiro deles tocava bateria, passando pouco depois � guitarra. Em casa gostava muito de cantar em dueto com seu pai. Na adolesc�ncia, achou que devia estudar m�sica cl�ssica, escrever, compor. Essa aspira��o fez com que ele chegasse a obter o grau em composi��o e reg�ncia na Academia, um t�tulo pouco comum e tamb�m dif�cil de ser conquistado, com conhecimento suficiente para comandar uma orquestra sinf�nica.

Com a forma��o jazz�stica que os Shulmans tinham recebido do seu pai, aliada � forma��o barroca e cl�ssica de Kerry Minear, nascia o n�cleo dos Giant. Quando Kerry veio a Portsmouth pela primeira vez, para ensaiar, trouxe consigo um guitarrista. Os Shulmans gostaram muito de Kerry, mas n�o sabiam como lhe dizer que o guitarrista n�o servia. Quando se encheram de coragem, Minear confessou que tamb�m n�o gostara dele. Atrav�s de an�ncios no jornal Melody Maker contrataram o guitarrista Gary Green e o baterista Martin Smith. Gary vinha de Stroud Green e foi um dos vinte e tantos guitarristas que eles ouviram atrav�s do an�ncio.

Com os tr�s Shulmans - Derek (guitarra, baixo, sax, violino e vocais), Phil (sax, trompete e vocais principais) e Ray (baixo, guitarra, violino e vocais) mais Gary Green (guitarras, sopros, percuss�o e vocais), Kerry Minnear (teclados, violoncelo, sopros, percuss�o e vocais) e Martin Smith (bateria), os Gentle Giant gravaram o seu primeiro LP, pela Vertigo. O produtor era o c�lebre Toni Visconti. O LP n�o fez o merecido sucesso na �poca, mas serviu para o grupo estabelecer um certo padr�o musical. Esse padr�o afirmar-se-ia ainda mais no segundo LP.

Um detalhe � que todos os membros cantavam, com os solos vocais a cargo principalmente de Derek (a voz hard-rock, de rock mais pesado, voz mais grave), Kerry (a voz suave, et�rea) e Phil (cuja voz se situa a meio das duas anteriores).

Quase todos os m�sicos que passaram pelos Gentle Giant eram virtuosos e grandes compositores. Kerry Minear, o teclista, � um dos melhores do mundo (tamb�m como melodista), apesar de subestimado, assim como acontece com Tony Banks, dos Genesis.



Discografia:





Gentle Giant, o primeiro disco, de 1970, foi um caso raro de forte �lbum de estreia na hist�ria do rock progressivo, encontrando-se seguramente ao lado dos primeiros trabalhos dos ELP (Emerson, Lake & Palmer) e King Crimson.

Este primeiro trabalho demonstrou claramente que o grupo valia tudo. Embora tingido com elementos de blues e soul brit�nico dos anos 1960, a m�sica � surpreendentemente original, oscilando entre o conjunto de rock e o conjunto de cordas. A faixa de abertura, Giant, j� fala de um gigante (que est� na capa do �lbum), mas ainda n�o h� o nome deste personagem, defini��o esta que s� ocorre na primeira faixa do disco seguinte. O ouvinte atento perceber� uma cita��o de 'Liebestraum n� 3' de Franz Liszt (pianista e compositor h�ngaro do per�odo rom�ntico, que viveu entre 1811 e 1886) no meio de Nothing At All, e notar� que o efeito de reverbera��o, de tr�s para a frente, em Alucard, combina com o t�tulo da can��o ("Dracula" escrito de tr�s para a frente).

Logo nesta obra inicial o grupo registou um dos maiores hinos do Rock Progressivo: Funny Ways, que conta com um quarteto de cordas. N�o existe show do Gentle Giant sem Funny Ways, assim como n�o existe show do Jethro Tull sem Aqualung.

The Queen � o hino ingl�s executado com ironia, evidenciando a tremenda conota��o pol�tica (recorde-se que dois deles s�o escoceses, os irm�os Ray e Phil Shulman). Este lan�amento trouxe ao grupo um certo reconhecimento, principalmente nos pa�ses do continente europeu.

 Faixas: 1. Giant
2. Funny Ways
3. Alucard
4. Isn't It Quiet And Cold?
5. Nothing At All
6. Why Not?
7. The Queen (Instrumental)


Os Gentle Giant apresentam algumas caracter�sticas que os diferenciam, e muito, de Yes, Genesis, ELP, Floyd, Tull e Crimson, bandas que, com o Giant, formam o G-7 do prog-rock, ou seja, os sete grandes grupos, ou monstros sagrados, do rock progressivo. Essas caracter�sticas s�o:

  • O grupo nunca gravou, em �lbuns de est�dio, uma su�te (ou sinfonia, como preferirem) que ocupasse o vinil inteiro, ou a metade do vinil (o lado A/1 ou o lado B/2 inteiro). A sua maior composi��o � Nothing At All, de apenas 9:08;

  • Outro fator que o difere dos outros grupos citados, � que a influ�ncia da m�sica barroca, cl�ssica e rom�ntica (ou seja, feita entre 1600 e 1908) � de 50%. Os outros 50% s�o jazz. S�o mais jazzistas do que esses outros grupos;

  • Nos outros seis grupos, n�o h� la�os familiares entre os membros, enquanto que nos Giant, temos os tr�s irm�os Shulman: Phil, Derek e Ray (isso at� o disco Octopus);

  • O facto mais surpreendente � que nenhum membro (ou ex-membro) lan�ou �lbum a solo a seguir ao fim do grupo;

  • O grupo tem um s�mbolo, uma mascote: Pantagruel, o gigante gentil que � protagonista de algumas das suas letras;

  • Por �ltimo, a pior diferen�a: eles n�o gostam de v�deo, shows filmados ou v�deo-clips. N�o h� nenhum v�deo oficial do grupo e, quanto a v�deos-pirata, apenas dois.

Acquiring The Taste (2� disco, 1971) foi talvez o mais experimental �lbum dos Gentle Giant. As notas originais do disco declaravam que oobjectivo da banda era o de "expandir as fronteiras da m�sica popular contempor�nea" e n�o recorrer ao "comercialismo descarado". Tinham, realmente, adquirido o gosto, como diz o t�tulo, pela m�sica de alto n�vel, sofisticada, e queriam transmitir isso ao p�blico. Tamb�m escreveram na parte interna da capa: "mesmo que corramos o risco de nos tornamos muito impopulares". Dos sintetizadores na abertura de Pantagruel's Nativity ao estrondoso encerramento de Plain Truth, est� claro que este �lbum foi o resultado de um longo esfor�o composicional. Neste trabalho eles contam a lenda de um am�vel gigante rabelaisiano, chamado Pantagruel. Por exemplo, na m�sica Pantagruel's Nativity eles descrevem a chegada do gigante a um mundo �rido e insensato, vis�o essa que se aplicaria aos dias de hoje, ou ainda no futuro. Segundo fonte, este gigante surgiu misteriosamente atra�do pelo som do conjunto, passando ent�o a representar a personalidade e a sensibilidade do grupo.

 Faixas: 1. Pantagruel's Nativity
2. Edge Of Twilight
3. The House, The Street, The Room
4. Acquiring The Taste (Instrumental)
5. Wreck (can��o de marinheiros)
6. The Moon Is Down
7. Black Cat
8. Plain Truth


Entretanto, foi nessa mesma �poca (ou seja, quando lan�aram o segundo trabalho) que o relacionamento entre Phil e Martin secomplicou, fazendo com que o baterista deixasse o grupo, cedendo o lugar a Malcolm Mortimore. J� com Malcolm gravaram o terceiro LP e viajaram pela It�lia, Alemanha e Sui�a, como banda de suporte dos Jethro Tull. Durante um espect�culo em It�lia os Giant conseguiram deixar o Ian Anderson (l�der do Jethro) irritado, quando o p�blico come�ou a pedir bis para suas m�sicas, praticamente esquecendo que os Jethro viriam a seguir.

Three Friends (3� disco, 1972) encerra muitos estilos, al�m de acompanhar as vidas de tr�s colegas de escola. Neste que � o seu primeiro �lbum conceptual, lidam com as dores desses amigos de inf�ncia que crescem separadamente, movendo-se "de classe para classe". A faixa t�tulo, para alguns, representa a mais bela obra do Gentle Giant. Uma audi��o atenta revela que a majestosa parte do baixo �, nota-por-nota, id�ntica ao aleat�rio som de baixo que abre Mister Class and Quality? (os Giant adoravam arquitectar este tipo de consist�ncia interna nos seus �lbuns). Este �lbum teve duas capas diferentes.

 Faixas: 1. Prologue
2. Schooldays (nesta faixa parecem ouvir-se vozes de crian�as)
3. Working All Day
4. Peel The Paint
5. Mister Class And Quality?
6. Three Friends


De volta a Inglaterra, e quando se preparavam para excursionar pelo Reino Unido, Malcolm sofreu um acidente de moto e tiveram de contratar o baterista John Weathers, veterano dos Yes of blue, Graham Bond e Pete Brown do Piblokto. John, um m�sico de estilo pesado, ficaria com eles at� ao fim. Malcolm, por outro lado, perdera a oportunidade de uma brilhante carreira num grupo. S� voltaria a acontecer em Novembro de 1975, com a banda "Kilburns", de Ian Dury.

Octopus (o quarto no curr�culo da banda, de 1973) foi o primeiro LP gravado com Weathers. Na primeira faixa acontece o encontro entre Pantagruel e um gigante das profundesas do mar, o polvo Panurge. O di�logo entre os dois gigantes lembra muito a vis�o descrita em Pantagruel's Nativity. Esta m�sica que abre OCTOPUS � The Advent of Panurge, uma seq��ncia de Pantagruel's Nativity, de ACQUIRING THE TASTE. Panurge e Pantagruel, os dois mitol�gicos gigantes franceses que se encontram numa ponte, onde Panurge responde �s quest�es de Pantagruel falando em todas as l�nguas sob o sol... excepto franc�s. (Hence, as s�labas nonsense no meio da can��o.) Este � um �lbum de hard rock, mais pesado. As muitas excelentes faixas neste �lbum tornam-no num favorito de numerosos f�s.

Este �lbum, assim como o anterior, tamb�m possui duas capas diferentes, sendo uma delas da autoria de Roger Dean, conhecido pelas capas que fez para os Yes.

 Faixas: 1. The Advent of Panurge
2. Raconteur Troubadour
3. A Cry for Everyone
4. Knots (feita a partir da obra de algum poeta, n�o sei qual)
5. The Boys in the Band (Instrumental)
6. Dog's Life
7. Think of Me With Kindness
8. River


Apesar de toda a fantasia, OCTOPUS traz consigo um fcato real bastante lament�vel na carreira do Giant; trata-se do �ltimo LP que teve a participa��o do irm�o mais velho, Phil. Segundo entrevistas dadas pelos outros membros, Phil aborrecia o grupo e foi convidado a sair pelos pr�prios irm�os. Isso fez com que retornasse ao Magist�rio.

Com a sa�da de Phil o grupo estabilizou-se como quinteto (Derek Shulman, Ray Shulman, Gary Green, Kerry Minnear - presentes em toda a discografia da banda - e John Weathers), n�o sofrendo mais modifica��es. Este foi um facto na trajet�ria de onze anos do grupo: a incomum estabilidade em termos de manuten��o de membros, pois s� houve a sa�da de Phil, em 1973 (ap�s OCTOPUS), e as duas trocas de baterista (Martin Smith - presente nos discos de 1970 e 1971 -, que foi substitu�do por Malcolm Mortimore - presente no disco de 1972 -, e este, por John Weathers).

At� aqui os Gentle Giant tinham andado em contram�o, enfrentando algumas ambiguidades. Por um lado, sucesso absoluto de cr�tica e in�meros espect�culos pela Europa. Por outro lado, falta de dinheiro e aus�ncia do cen�rio norte-americano.


In a Glass House (5� disco, 1973): neste disco a figura central � o prisioneiro, seja ele da natureza que for. Criminoso, psicopata e outros t�m seus anseios e ang�stias sabiamente vividos pelos membros do conjunto.

 Faixas: 1. The Runaway
2. An Inmates Lullaby
3. Way of Life
4. Experience
5. A Reunion
6. In a Glass House


The Power and the Glory (6� disco, 1974): � o disco pol�tico dos Giant. Foi o segundo �lbum conceptual do grupo. Erroneamente difundido como um disco sobre Richard Nixon e o esc�ndalo de Watergate nos EUA, conta, segundo uma fonte, a hist�ria de um l�der que ascende ao poder e acaba corrompido por esse mesmo poder. Note-se como as promessas pol�ticas da faixa de abertura, Proclamation ("It can change"), s�o revogadas na faixa final, Valedictory ("Things must stay, there can be no change"). O �lbum tamb�m cont�m uma das mais complexas obras do Gentle Giant, So Sincere; os seus ritmos extravagantes deixam as pessoas a co�ar as cabe�as at� terem ouvido a pe�a v�rias vezes. Segundo uma outra fonte, retrata-se um tema bastante peculiar: a explora��o institu�da pelo Imp�rio Brit�nico (talvez isso se deva em parte ao fato de alguns deles serem escoceses). Cr�ticas ao Imp�rio Brit�nico tamb�m foram tema para Selling England By The Pound, dos Genesis, e The Wall, dos Pink Floyd, embora neste caso de maneira mais t�mida e indireta, referindo-se ao sistema educacional. N�o nos esque�amos tamb�m do Jethro Tull, em Aqualung e Thick As A Brick, que por sua vez, reprovam os dogmas da Igreja Anglicana. Em CD, THE POWER AND THE GLORY conta com um b�nus, exatamente a faixa-t�tulo, The Power and The Glory.

 Faixas: 1. Proclamation
2. So Sincere
3. Aspirations
4. Playing the Game
5. Cogs in Cogs
6. No God's a Man
7. The Face
8. Valedictory

Free Hand (7� disco, 1975): � primeira vista, parecia outro disco pol�tico. Entretanto, o disco tem temas variados que v�o desde conflitos de amor, desocupados que jogam aos flipers todo o dia e a comovente hist�ria de um pescador que morre no mar. Com este �lbum, tem in�cio a fase hard pop progressiva da banda, que lhe abriu o caminho da Am�rica do Norte. Seguiram-se tourn�s gigantescas, um �lbum duplo ao vivo (LIVE - PLAYING THE FOOL, de 1977) e muito dinheiro. Na opini�o de Jeferson Ara�jo Pereira, autor do livro As Obras-Primas do Rock Progressivo, o arranjo vocal da faixa On Reflection � indiscutivelmente o mais complexo e mais belo de toda a hist�ria do rock em geral.

 Faixas: 1. Just the Same
2. On Reflection
3. Free Hand
4. Time to Kill
5. His Last Voyage
6. Talybont (Instrumental)
7. Mobile


Interview (8� disco, 1976): parece que os grupos brit�nicos t�m um certo trauma contra a imprensa. Neste LP eles conseguem criar uma ironia total a respeito do assunto.

 Faixas: 1. (The interview, part 1)
2. Interview
3. Give It Back
4. (The interview, part 2)
5. Design
6. Another Show
7. Empty City
8. (The interview, part 3)
9. Timing
10. I Lost My Head
11. (The interview, part 4)


Live Playing The Fool (9� disco, 1977): com as frequentes tourn�s pela Am�rica, come�aram a surgir edi��es piratas, o que fez com que o grupo se apressasse a lan�ar o seu disco ao vivo. O �lbum duplo � um verdadeiro documento para demonstrar para a posteridade a versatilidade do gigante no palco. Nele est�o registadas algumas das suas obras mais representativas. Prova, acima de tudo, o quanto estes multi-instrumentistas de m�o cheia e excelentes vocalistas eram capazes tecnicamente. Temas barrocos misturados com naipes percussivos, contrapontos vocais, duetos com guitarras ac�sticas (bem antes de Coryell e Catherine, MacLaughlin e Paco de Lucia com Al Di Meola) e muito swing. Vale observar que, em v�rios casos, as letras deste disco diferem das m�sicas dos �lbuns de est�dio.

Ap�s essa fase �urea, marcada por excelentes discos, seguem-se tr�s �lbuns fraqu�ssimos, verdadeiros fiascos, onde faltam inspira��o e criatividade e com misturas infelizes:

The Missing Piece (10� disco, 1977): um disco com m�sicas simples, comparadas com os outros lan�amentos anteriores. Isso leva a crer que o "peda�o perdido" seria a simplicidade (para muitos o pr�prio Rock). Na opini�o de Cl�udio Fonzi, este � um disco bastante irregular, mas que possui bons momentos.

Giant For A Day (11� disco, 1978/9): o t�dio desse disco faz crer que o Giant est� doente e num beco sem sa�da. Existe at� uma frase "save me from my misery", que parece ser uma confiss�o inconsciente

Civilian (12� disco, 1980): foi gravado na Am�rica e foi o �ltimo trunfo dos Giant. Um disco com muito Heavy Metal e com quase nada do passado. Certamente foi uma tentativa de se manter em alta nos EUA. Para Cl�udio Fonzi, foi um disco t�o ruim, que acarretou o fim do grupo, no mesmo ano.

Ap�s a grava��o de Civilian, o grupo acabou, em 1980, desaparecendo para sempre do cen�rio musical. Em meados de 1981, not�cias davam conta que Derek Shulman se tinha tornado produtor de discos numa editora norte-americana. Produziu inclusive o grupo island�s Sugar Cubes, de onde saiu Bj�rk.

Com o revivalismo provocado pela nova era do CD, foram lan�ados v�rios t�tulos interessantes com material in�dito da �poca. Alguns �lbuns p�stumos:

(1996) Out of the Woods - BBC Sessions: colect�nea com 14 faixas, mas apenas uma in�dita: City Hermit.

(1996) Edge of Twilight (nome da segunda faixa do "Acquiring the Taste"): outra colect�nea, mas neste caso, � um CD duplo.

(1996) The Last Steps: regista o �ltimo show dos Gentle Giant, nos EUA, no Roxy Theatre de Los Angeles, em 14 de Junho de 1980.

(1997) Under Construction: um "mini box set". CD duplo e livreto de 14 p�ginas. CD 1: somente material in�dito. CD 2: demos e outros takes.

(1998) (?) (�lbum ao vivo lan�ado pela editora King Biscuit): registo de um show em Nova York. Data: 18 de Janeiro de 1975.

O grupo tinha lan�ado duas colect�neas ainda em vida, em plena d�cada de 70:

(1975) Giant Steps... The First Five Years

(1977) Pretentious - For the Sake of It



Cr�dito:
Sinfonia Sideral


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