Duo Ouro Negro

(Cr�dito: Macua.com)

Raul Indipwo e Milo MacMahon formaram, em 1959, o Duo Ouro Negro. Raul e Milo conheciam-se desde a inf�ncia, em Benguela (Angola) e, quando se reencontraram, j� no in�cio da idade adulta, iniciam um projecto centrado no folclore angolano de v�rias etnias e l�nguas. O nome Ouro Negro foi escolhido porque, naquela regi�o de Angola, designava tudo o que fosse excepcional: o petr�leo, o caf�, um jogador de futebol fora de s�rie ou... um bom cantor. Quem os baptizou foi a locutora Maria Luc�lia Dias do R�dio Clube do Congo Portugu�s.

Um espect�culo que deram em Luanda inclu�a uma cl�usula que garantiu uma apresenta��o no cinema Roma, em Lisboa. E assim o grupo chega � Metr�pole, pela m�o do empres�rio Ribeiro Braga, onde alcan�a �xitos n�o apenas no referido cinema como tamb�m no Casino Estoril. Desta breve viagem resulta a grava��o de tr�s discos.

Ap�s o regresso a Angola, integram um terceiro elemento, Jos� Alves Monteiro que, em breve, deixaria o grupo. A carreira dos Ouro Negro tem, a partir de ent�o, uma express�o internacional. No espa�o de um ano, actuam na Su��a, em Fran�a, na Finl�ndia, na Su�cia, na Dinamarca e, naturalmente, em Espanha e Portugal. Em Lisboa, ao �xito quase instant�neo dos primeiros discos, sucedem-se actua��es em programas televisivos e radiof�nicos, a par de in�meras presta��es em casas de espect�culos.

Seguindo a "onda" dos ritmos de dan�a como o twist, o madison, o surf e muitos outros, o Duo Ouro Negro lan�a o kwela, que rapidamente se transformou numa moda, sendo considerado o ritmo do Ver�o em1965. Na realidade, o kwela mais n�o era que uma dan�a ritual da tradi��o africana, que em dialecto zulu quer dizer flauta. A nova moda pegou e, para a cena europeia, representava uma novidade encantadora. Paris rendeu-se ao kwela e a Europa tamb�m.

O Duo Ouro Negro conhece, em 1966, um dos pontos mais altos da sua ainda recente carreira, ao actuar no Olympia e no Alhambra, em Paris. E no ano seguinte, naquela que pode ser considerada uma das mais elevadas distin��es do grupo, actuam na Sala Garnier da �pera de Monte Carlo para os Pr�ncipes do M�naco, por ocasi�o das comemora��es do IV Centen�rio do principado. Ainda nesse mesmo ano, s�o galardoados em Portugal com o Trofeu da Imprensa.

O Olympia de Paris transforma-se numa sala talism� para o Duo Ouro Negro. Em 1967, a sala acolhe-os durante tr�s semanas em Maio e outras tr�s em Outubro. Repartem estas actua��es com espect�culos em diversas televis�es europeias. O Brasil � outro dos palcos da actua��o dos dois angolanos nesse mesmo ano de 1967, com recitais no teatro Cec�lia Meireles e no Canec�o. Neste ano de ouro para o Duo Ouro Negro acontece, ainda, no programa da RTP de coroa��o da Rainha da Televis�o de 1960. Flama,35-5-60 uma verdadeira consagra��o, ao actuarem no Rendez-Vous avec Danny Kaye, o espect�culo de comemora��o do 20� anivers�rio da UNICEF, transmitido de Paris para mais de 200 milh�es de telespectadores.

"Figuras fulgurantes do music-hall n�o apenas em Portugal mas por toda a Europa onde os escutam e enlouquecem", de acordo com uma revista da �poca, Raul e Milo conhecem a partir de 1968, uma segunda fase da sua carreira. Ao conquistarem o Canad� e, depois, os Estados Unidos, internacionalizam as suas m�sicas a uma escala mais larga. Em Chicago assinam um contrato com a Columbia Artists Management e, depois de um breve regresso a Portugal e a �frica, brilham no Waldorf Astor�a, em Nova Iorque. Tamb�m a Am�rica Latina foi palco de dois espect�culos do Duo Ouro Negro, no teatro Maipu, de Buenos Aires, a par de quatro espect�culos televisivos e do lan�amento do LP Ouro Negro Latino. O cosmopolitismo do grupo n�o p�ra e uma longa digress�o ao Jap�o consolida o seu prest�gio em terras do Oriente.

O duo contribu�u para a "descoberta" de uma das mais famosas bandas do pop/rock portugu�s: a Filarm�nica Fraude, em 1968, na est�ncia tur�stica da Torralta, no Alvor. Raul Indipwo foi creditado como co-autor da can��o "Menino", uma adapta��o de um tema popular; inclu�do no primeiro disco da Filarm�nica Fraude, de 1969.

Nos anos setenta com o espect�culo Blackground, o Duo Ouro Negro faz �xito em Lisboa e mais tarde na Alemanha. T�m, ent�o, a inten��o de abandonar as can��es mais ligeiras, como Maria Rita, para se dedicarem ao folclore angolano como eixo da sua carreira.

Em Agosto de 1971 participam no Festival de Vilar de Mouros, juntamente com Am�lia Rodrigues, no fim-de-semana seguinte ao dedicado ao rock.

Dois meses antes do 25 de Abril, Raul Indipwo desdenhava, de certa forma, da actua��o em Portugal, afirmando que "a verdade � que n�o h� um s�tio, uma casa de music-hall para cantarmos. A televis�o contrata como vedetas can�onetistas que l� fora ficam num plano inferior a n�s".

Com a revolu��o, o Duo Ouro Negro experimenta sons de car�cter mais vanguardista e, em breve, optam de vez pelo estrangeiro, com novas actua��es nos Estados Unidos, Austr�lia e Paris.

No final da d�cada de 70 chega um tempo de maior calma para a m�sica do duo que ainda volta a cintilar alto em Portugal com Imp�rio de lemanj�. Com a morte de Milo, no final dos anos 80, termina a carreira do Duo Ouro Negro. Raul Indipwo d� de certa forma continuidade ao projecto, actuando a solo e identificando-se como Raul Ouro Negro.

A can��o �� Ver�o� foi inclu�da na colect�nea �Os Reis do Ritmo�, publicada em 2003 pela editora Valentim de Carvalho


Discografia e audi��o: Anos 60

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