The Doors


  Will he Stink
Carried heavenward
Thru the halls
of music?
No chance

Ser� que ele vai cheirar mal
A caminho do para�so
Atrav�s das grandes
salas de m�sica?
Nem pensar.
 



Estes versos fazem parte do poema �Ode To L.A. While Thinking of Brian Jones, Deceased�, escrito por Jim Morrison em Novembro de 1969 em homenagem ao ex-guitarrista dos Stones, encontrado morto na piscina de sua pr�pria casa em Julho desse ano. Poderiam aplicar-se ao pr�prio autor: Jim sofreu uma ataque card�aco fatal na banheira de um apartamento de Paris na madrugada de 3 de Julho de 1971 - exactamente dois anos ap�s a morte de Brian Jones.

O esp�rito de sua obra, especialmente enquanto esteve � frente dos Doors, e o culto de sua imagem continuam vivos e cada vez mais influentes no rock contempor�neo. N�o s� os discos dos Doors continuam a vender � volta de 400 mil c�pias anuais em plena d�cada de 90, como existe grande interesse pelo material in�dito lan�ado postumamente. Dezenas de bandas referenciaram a sua concep��o musical � entre as quais os Echo & The Bunnymen seriam o exemplo mais caracter�stico - sucedendo � influ�ncia exercida pelo trabalho de Jim na po�tica e nas performances de Iggy Pop e Patti Smith, entre outros, nos anos 70.

Seria um equ�voco menosprezar a contribui��o das outras tr�s "portas" da banda - o teclista Ray Manzarek, o baterista John Densmore e o guitarrista Robby Krieger - na avan�ada concep��o musical do grupo, agressiva demais para a Calif�rnia em meados dos anos 60, que testemunhava o pleno florescimento do pscicadelismo de bandas como os Jefferson Airplane e os Grateful Dead e a consolida��o do country-rock por interm�dio dos Byrds e dos Buffalo Springfield.

Boa parte dessa alquimia sonora dos Doors deveria ser creditada aos tr�s instrumentistas do grupo, mas � ineg�vel que essa for�a catalisadora em estado bruto provinha das letras e dos vocais de Jim. Enquanto porta-voz da filosofia dos Doors, ele declarava "estar interessado em tudo que dissesse respeito � revolta, desordem, ao caos e especialmente a actividades que n�o fizessem sentido". Esse lema sintetizava a postura do grupo, em que Jim, tal qual um xam� alucinado, conduzia o p�blico ao frenesi atrav�s das suas performances, gerando uma esp�cie de catarse colectiva frequentemente associada por ele pr�prio � trag�dia cl�ssica grega e ao Carnaval do Rio. O seu extraordin�rio carisma, aliado a uma intelig�ncia agu�ada, e a uma grande carga de sensualidade, transformaram Jim num "sonho americano" durante a segunda metade da d�cada de 60 e, sob esse ep�teto, Jim conheceria o caminho da ascens�o e da gl�ria a que se seguiria, no tempo, a sua vertiginosa queda.


A Educa��o Sentimental

James Douglas Morrison nasceu em 8 de Dezembro de 1943, na cidade de Melbourne, na Florida. O seu pai, Steve Morrison, era um jovem oficial em in�cio de carreira na Marinha e escassos seis meses ap�s o nascimento de Jim foi convocado para servir nas for�as americanas em manobras pelo Pac�fico, de onde s� voltou em meados de 1946. Neste meio tempo, Jim viveu na casa dos seus av�s paternos em Clearwater, na companhia da sua m�e, Clara Clarke.

A r�gida educa��o metodista a que Jim foi submetido nos primeiros anos de inf�ncia foi acrescida da severa disciplina quase militar imposta pelo regresso do pai, o que contribuiu para gerar em Jim um �dio intr�nseco a qualquer esp�cie de autoridade. Al�m disso ele cultivava uma esp�cie de isolamento em rela��o �s outras crian�as da sua idade, em parte pela sua timidez, em parte pelas constantes mudan�as a que a sua fam�lia era submetida, de acordo com as bases para as quais o seu pai fosse destacado.

Depois de passar pela cidade de Washington e pelo Novo M�xico, em 1957, os Morrison fixaram-se em Alameda, no norte da Calif�rnia. Nessa altura a fam�lia j� contava com mais um casal de crian�as - Andrew e Ann - mas foi o filho primog�nito quem melhor aproveitou esse per�odo para ampliar os seus limites de liberdade, que j� se tornara consider�vel devido �s constantes aus�ncias do pai.

Foi nessa �poca que Jim conheceu Fud Ford, um colega gorducho com quem planeava partidas, como ir at� � casa de praia de uma colega para a observar a ela e � m�e mudando de roupa, pegar nas garrafas de gin do Sr. Morrison e substituir o conte�do por �gua, e as intermin�veis tardes que passava na casa de Fud Ford pregando partidas ao telefone e escrevendo textos radiof�nicos sobre temas como "as dificuldades do enrrabamento e da masturba��o". Foi ai que Jim descobriu o livro �On The Road�, de Jack Kerouac, que teve grande influ�ncia sobre ele, levando-o a adoptar uma atitude beatnik e a mergulhar em obras de escritores tais como Lawrence Ferlinghetti, Allen Ginsberg, Gregory Corso e outros.

Em fins de 1958 a fam�lia de Jim mudou-se novamente, desta vez para o estado da Virginia, na Costa Leste, pois os seu pai voltara a trabalhar no Pent�gono. Durante os tr�s anos seguintes, Jim moraria na cidade de Alexandria, onde conheceu Tandy Martin, a sua primeira namorada, com quem viveu um tempestuoso per�odo, quer pela crueldade das brincadeiras de Jim quer pela imprevisibilidade das suas atitudes, chegando certa vez a amea�ar fazer uma cicatriz no rosto dela com uma faca para que ningu�m mais a olhasse, excepto ele.

Paralelamente a esse comportamento intempestivo, Jim revelava-se brilhante no col�gio, destacando-se com excelentes notas, ao mesmo tempo que come�ou a frequentar a Biblioteca do Congresso e a devorar dezenas de livros. Entre as suas prefer�ncias estavam a filosofia grega antiga, o fil�sofo alem�o Friedrich Nietzsche, poetas americanos como Walt Whitman e Dylan Thomas e a vertente maldita da prosa e poesia francesas, descendente directa das obras de Charles Baudelaire, representada pelos livros de Guillaume Apollinaire, Paul Val�ry, Verlaine e, principalmente, Jean Arthur Rimbaud, com quem Jim mais se identificou nos seus primeiros escritos. Nesta �poca ele pensava em tornar-se escritor e poeta e come�ou a colaborar com pequenos ensaios para um jornal di�rio, alem de ocasionalmente tamb�m se dedicar � pintura. Outra forma de express�o que come�ou a despertar paix�o em Jim foram so Blues combinado com as t�cnicas vocais dos dois cantores que mais admirava: Elvis Presley e Frank Sinatra.

Com v�rias actividades, o interesse de Jim pelos estudos decaiu completamente e, quando anunciou sua decis�o de abandonar o col�gio antes de terminar o curso, o pai repreendeu-o furiosamente e decidiu mand�-lo regressar � Fl�rida, para que conclu�sse a� os seus estudos. Em Setembro de 1961 Jim voltou a morar com seus av�s paternos em Clearwater, enquanto o resto da fam�lia Morrison se mudou para San Diego, na Calif�rnia. � claro que os velhos aguentaram por pouco tempo as insol�ncias, a apar�ncia e os h�bitos pouco convencionais do seu neto, e Jim decidiu morar numa casa com mais cinco colegas.

Foi ent�o que come�ou a estudar a fundo Sociologia, Hist�ria e Literatura, al�m de ter se dedicado tamb�m ao teatro. Foi em Clearwater que conheceu tamb�m Mary Frances, uma recatada garota cat�lica conquistada pelo estilo diferente da vida de Jim, e que ocupou o lugar de Tande nas suas afei��es. O seu temperamento irasc�vel j� era ent�o regado com doses generosas de �lcool, o que fez com que os seus colegas de moradia o fossem abandonando um a um, at� ficar apenas ele, quando passou a viver numa pequena rulote. Um dos poucos amigos que tinha nessa �poca era Bryan Gates, com quem - a exemplo dos personagens dos escritores beat - fez in�meras vagens de boleia pelo Texas, Arizona e at� pelo M�xico. Numa dessas viagens Jim dirigu-se � casa de seus pais em San Diego.

Steave e Clara assustaram-se menos com os cabelos compridos e a apar�ncia desleixada de beatnik de seu filho do que com o facto de ele anunciar a inten��o de estudar cinema na UCLA, a universidade de Los Angeles. N�o era exactamente o futuro que tinham planeado para Jim, mas, dada a sua insist�ncia, concordaram e, em Janeiro de 1964, Jim conseguiu a sua transfer�ncia para o departamento de cinema da UCLA.

O corpo docente na �poca contava com nomes como os dos cineastas Josef Von Stamberg, Stanley Kramer e Jean Renoir, e entre os nomes figurava o nome do jovem Francis Ford Coppola, que posteriormente realizaria o cl�ssico Apocalypse Now, com a anatol�gia sequ�ncia de abertura ao som de "The End" dos Doors. Mas no restrito grupo de amigos de Jim destacavam-se Dennis Jakob - que mais tarde seria assistente de Coppola em Apocalypse Now - e John LaBella. O trio, al�m de cinema, tinha interesses em comum na literatura e na m�sica.

Foi com Dennis que Jim teve a ideia de formar um duo musical chamado �The Doors: Are Open and Closed". O nome referia-se aos versos de William Blake - "There are things are known and things that are unknown; in between are doors" (Existem coisas conhecidas e coisas desconhecidas; entre elas h� portas) e "If the doors of perception were cleansed, everything would appear to man as it truly is, infinite" ( Se as portas da percep��o fossem purificadas, tudo aparecia ao homem como � na verdade, infinito) - que por sua vez, inspiraram o nome do livro As Portas da Percep��o, no qual Adous Huxley aborda suas experi�ncias com mescalina.

Mas o interesse de Jim pela poesia n�o tinha sido abandonado e durante a sua temporada na UCLA rabiscava versos e anota��es sobre cinema, que depois integrariam o seu primeiro livro de poemas, The Lords: Not On Vision, ao mesmo tempo em que preparava uma curta-metragem a preto-e-branco e em 16mm para os seus exames finais, que seria o seu primeiro e �nico filme. Para isso contou com a colabora��o de John LaBella como cameraman. Foi atrav�s de LaBella que Jim veio a conhecer Ray Manzarek.



Este � o come�o...

Uma tragect�ria igualmente sinuosa, por�m bem diversa de Jim, era a que tinha levado Raymond Daniel Manzarek a estudar cinema em Los Angeles. Nascido em Chicago em 12 de Fevereiro de 1935, teve uma educa��o cl�ssica em piano, desde crian�a, mas s� se come�ou a interessar realmente pelo instrumento aos doze anos quando, por conta pr�pria, aprendeu a tocar boogie-woogie. Isto levou-o durante a adolesc�ncia a apaixonar-se pelos blues que fervilhavam nos guetos e clubes nocturnos da cidade, mas teve que deixar a m�sica de lado para se dedicar ao curso de Economia.

J� formado, veio para a UCLA para estudar Direito, mas depressa desistiu e, depois de trabalhar seis meses com banc�rio, voltou para a Universidade com o objectivo de estudar cinema. Por�m, em Dezembro de 1961, abatido por causa de uma desilus�o amorosa, Ray decidiu alistar-se no Ex�rcito, um gesto irreflectido que o levou a servir por longo tempo - do qual, para conseguir a dispensa com um ano de anteced�ncia, Ray teve que declarar-se homossexual perante um psiquiatra da corpora��o - antes de voltar �s aulas de cinema na UCLA.

Para sustentar os seus estudos, nas noites de sexta e s�bado, Ray transformava-se em Scresmin'Ray Daniels, o vocalista dos Rick & The Ravens, um grupo nitidamente influenciado pelo blues de Chicago e que contava com Rick e Jim Manzarek - irm�os de Ray - no piano e na guitarra, respectivamente. Eles animavam os fins-de-semana do bar Turkey Joint West, ponto de encontro dos estudantes da UCLA, que frequentemente terminavam a noite em cima do palco, b�bados, entoando velhas can��es com a banda. Um grupo no qual Morrison tinha presen�a sempre assegurada.

No Natal de 1964 Jim viu os seus pais pela �ltima vez, pois logo a seguir o ent�o Steave Morrison foi designado para ir a Londres servir nas for�as Americanas instaladas na Europa. Durante muitos anos Jim referia-se a eles com se estivessem mortos, n�o estabelecendo nenhuma esp�cie de contacto. Tamb�m a situa��o com sua companheira, Mary - que viera de Clearwater para L.A. com o intuito de se tornar dan�arina - se complicara devido �s constantes zargatas e ressacas de Jim.

A gota de �gua para chegou com a p�ssima repercuss�o que o seu filme sem t�tulo - uma colagem desconexa de ru�dos, sons e imagens, classificado por ele pr�prio como "um ensaio filmado" - obteve durante o seu primeiro espect�culo, em Maio de 1965. O desprezo com que o seu trabalho foi encarado tanto pela maioria dos seus colegas como pelos professores, que o classificaram como "o pior filme que j� tinham visto", fez com que o ressentido Jim desistisse do curso. Decidiu ent�o ir passar algum tempo na praia de Venice, perto de Santa Monica, antes de ir para Nova York tentar a sua sorte, mas foi chamado de urg�ncia por Ray com uma proposta: substituir o m�sico desistente dos Rick & The Ravens - pois o contrato estipulava que eles deviam apresentar-se com seis elementos - na abertura de um show para a dupla Sonny & Cher.

Jim acabou por tocar com eles, utilizando uma guitarra desligada. A seguir Jim mudou-se para Venice, morando a princ�pio com Dennis Jakob, e depois num s�t�o de um armaz�m. Nesse per�odo de aproximadamente tr�s meses, durante o qual tomou doses maci�as de LSD, dedicou-se a desenvolver o conceito de uma banda e de um espect�culo no qual pudesse cantar as can��es que estava a compor com afinco.

Numa bela tarde de Agosto Jim encontrou-se com Ray na praia e este pediu-lhe para que cantasse uma das suas m�sicas. Ele vocalizou os primeiros versos de "Monlight Drive" - (Vamos nadar para a lua/ Vamos subir atrav�s da mar�/ Penetrar na noite que a cidade dorme para esconder") - que maravilharam Ray tanto como a proposta de Jim formarem uma banda juntos. Recuperando o nome do projecto que tivera com Dennis, Jim e Ray formaram o embri�o dos Doors.

O ponto de partida desta nova banda seriam os tr�s irm�os de Manzarek, mas faltava-lhes um baterista e um baixista fixo. Ray, que por influ�ncia dos Beatles tinha aderido � filosofia de Maharish Yogi, encontrou no seu centro de medita��o John Paul Densmore, que aceitou o convite para integrar o grupo. Natural de Santa Monica, Calif�rnia, onde nasceu em no in�cio de 1944, John desde crian�a estivera envolvido com a m�sica, tocando percuss�o sinf�nica durante o tempo de escola e dedicando-se depois ao jazz.

A �nica experi�ncia de Densmore como baterista de rock tinha sido uma r�pida passagem por um obscuro grupo chamado The Psychedelic Rangers, mas mesmo assim decidiu juntar-se � nova banda, apesar de ter achado as can��es de Jim algo estranhas. Com esse grupo - a que se juntou uma baixista desconhecida - e ap�s duas semanas de ensaios, entraram num pequeno est�dio onde, ainda como Rick & The Ravens, os irm�os Manzarek tinham gravado um single que n�o chegara a ser lan�ado. Nas tr�s horas de tempo dispon�vel conseguiram gravar seis m�sicas que Jim tinha composto naquele Ver�o.

De posse das matrizes, Jim, John e Ray e a sua namorada, Dorothy Fujikawa, come�aram a percorrer as gravadoras, que n�o demonstraram o m�nimo interesse pelo trabalho. N�o demorou muito para que os irm�os de Ray e a misteriosa baixista desertassem. Foi nessa �poca que Jim encontrou Pamela Courson - uma mi�da ruiva de dezoito anos, natural da Calif�rnia, com quem ele desenvolveria um intenso relacionamento amoroso durante os anos seguintes.

A situa��o do grupo melhorou com a inclus�o de Robert Alan Krieger como guitarrista definitivo dos Doors. Robby, nascido em L.A. em 8 de Janeiro de 1946, tinha tentado aprender trompete e piano antes de se dedicar � guitarra de flamenco por volta dos dezessete anos. Depois trocara-a por uma el�ctrica em que, a partir do blues e do rock'n'roll, desenvolveu uma t�cnica apurada, especialmente no uso do battleneck. Robby fazia parte da mesma classe de medita��o de Ray e John no centro Maharish, al�m de j� ter tocado com o �ltimo no grupo The Psychedelic Rangers.

J� como quarteto, pensaram em incluir um baixista na banda e testaram v�rios m�sicos, mas sem resultados satisfat�rios. O problema foi resolvido quando Ray conseguiu um piano el�ctrico Fender baixo, com o qual fazia as vezes do baixista usando a m�o esquerda, enquanto tocava no seu �rg�o Vox com a m�o direita.


Mother, I want to...

Os Doors tinham assinado um malfadado contrato com a Columbia - a �nica que se interessara pelas grava��es do grupo - atrav�s do qual n�o receberam nenhum apoio. Estavam com dificuldades para arranjar lugar para tocar quando finalmente conseguiram arranjar uma temporada de quatro meses numa espelunca chamada London Fog, na Sunset Boulevard, a menos de cinquenta metros da Whiskey-a-Go-Go, um dos mais importantes clubes de rock de L.A.

Durante quatro meses o ritmo de trabalho da banda era tocar seis noites por semana com sete entradas de 45 minutos por noite, o que os obrigou a ampliar o report�rio com vers�es - das quais algumas como "Gloria", de Van Morrison; "Back Door Man" e "Little Red Rooster", de Willie Dixon; e "Who do You Love" - que foram posteriormente inclu�das nos espect�culos dos Doors. O escasso dinheiro que recebiam de nada valia, comparado com a experi�ncia de palco adquirida pela banda e, de forma singular, por Jim, que a cada novo espect�culo ia gradualmente abandonando a sua postura reservada para se libertar em performances cada vez mais incendi�rias.

Mas o melhor ainda estava para vir quando, na �ltima noite da sua temporada, a ag�nciadora de espect�culos do Whiskey-a-Go-Go, Ronnie Haran, veio ver os Doors ao London Fog e, fascinada por Jim, decide contratar o grupo como banda da casa, para abrir os espect�culos de grupos como os Love, The Byrds, Them e The Seeds, entre outros que tocassem no Whiskey. O contacto com os Doors foi dif�cil pois nenhum deles tinha telefone: nessa �poca Jim dormia na praia.

Finalmente em meados de Maio estrearam na nova casa uma conturbada temporada que duraria aproximadamente um m�s, porque grande parte de seus shows tinham de ser interrompidos pelos donos do local, ou por estarem a tocar a n�veis ensurdecedores, ou porque os m�sicos estivam b�bados ou drogados demais. Estes constrangimentos eram contornados por Ronnie e, entre os v�rios apoios que ela deu ao grupo, talvez o mais importante tenha sido o facto de ter levado o presidente da editora Elektra, Jack Holzman, a assistir ao seu espect�culo.

Holzamn come�ou por n�o gostar muito mas, pouco a pouco, foi descobrindo potencialidades nas estranhas can��es dos Doors e resolveu contrat�-los. Recomendou ao produtor Paul A. Rothschild que fosse v�-los e este ficou impressionado com a energia das m�sicas dos Doors e tamb�m com as delirantes improvisa��es a que se entregavam em temas mais longos como "Light My Fire", "When The Music's Over" e, especialmente, em "The End" . Mal sabia ele que ele, poucos dias depois, esta �ltima m�sica seria a causa da demiss�o sum�ria do grupo.

Talvez a mais intrigante composi��o dos Doors, "The End", tenha sido originalmente concebida para ser uma simples "can��o de adeus", apenas com o primeiro verso e o refr�o, mas a pouco e pouco foi crescendo ao sabor da guitarra et�rea de Robby e das novas imagens criadas por Jim na letra. Naquela �ltima noite no Whiskey-a-Go-Go, Jim, que n�o se tinha apresentado na primeira entrada por estar totalmente alucinado com �cido - decidiu entrar na segunda e encerrou-a com "The End".

Esta foi a primeira vez que ele deu � can��o o seu formato final, recitando o seu famigerado trecho edipano: �O assassino acordou antes do amanhecer/Cal�ou as botas/Tirou um rosto da antiga galeria/E caminhou pelo corredor/Foi at� o quarto onde sua irm� vivia/E depois visitou o seu irm�o/ E depois caminhou pelo corredor/ E chegou at� a porta/ E olhou para dentro/ Pai/ Sim, filho/ Quero (�)/ M�e quero (�)". A seguir a essa parte, Jim acrescentou um portentoso "(�)", ampliado com um cataclismo sonoro detonado pelos instrumentos que depois retornavam � melodia original at� � conclus�o do bar�tono cavernoso de Jim proclamando: "This is the end"

Ap�s a execu��o n�o houve qualquer reac��o do p�blico, que permaneceu estupefacto num longo sil�ncio, o qual s� foi quebrado gradualmente pelo movimento no bar e pelas conversas nas mesas. Pelo seu lado, os propriet�rios do Whiskey-a-Go-Go, aos berros, expulsaram os Doors do estabelecimento. Mas este n�o foi o fim, pois logo nos primeiros dias de Setembro de 1966 o grupo estaria no est�dio Sunset Sound, na companhia do produtor Paul e do engenheiro de som Bruce Botnick, para iniciar as sess�es de grava��o de seu disco de estreia. As portas da gl�ria come�ariam a abrir-se para Jim, Ray, Robby e John.


Queremos o mundo e queremos j�!

Nove m�sicas pr�prias e vers�es para "Back Door Man", do bluesman Willir Dixon, e "Alabama Song (Whiskey Bar)", da autoria da dupla Bertolt Brecht / Kurt Weill: foi este o report�rio escolhido pelos Doors para o seu primeiro �lbum. Outras can��es, como "Moonlight Drive"(a primeira can��o do grupo, que seria regravada para o LP posterior) chegaram a ser gravadas mas os Doors e o produtor Paul A. Roschild decidiram apostar nestas onze faixas, supra-sumo do material gravado.

Esta lista inclu�a tamb�m "Light my Fire", o maior sucesso comercial dos Doors, que apesar de ter sido creditada ao grupo � de autoria quase exclusiva do guitarrista Robby Kieger, e algumas composi��es mais antigas como "I Looked At You", "End Of The Night" e "Take As It Comes", al�m de m�sicas mais elaboradas, como "Break On Through", "Soul Kichen" e � claro, "The End".

Sem nenhuma experi�ncia de est�dio, os Doors encontraram na produ��o de Paul e no trabalho do engenheiro de som Bruce Botnick os t�cnicos adequados para transpor a sua sonoridade agressiva para o vinil. O �lbum foi gravado em quatro canais, pois apesar de j� existirem est�dios de oito desde os anos 50, eram raros e caros 1966.

Ainda assim o resultado obtido foi brilhante, na interac��o dos vocais de Jim com os instrumentos, conseguida com o m�nimo de recursos e que logrou contornar s�rias dificuldades, como o facto de o grupo n�o usar baixo, atrav�s de overdubs dos teclados de Ray. Por�m, apesar dos Doors terem feito as bases instrumentais de quase todas as faixas em dois ou tr�s takes, o problema maior residia na participa��o de Jim, quase sempre flipado demais.

Ainda que n�o consumisse drogas em doses enormes, como faria pouco depois, Jim estava quase sempre b�bado e cheio de �cido. Isso fez com que v�rias das sess�es de grava��o tivessem que ser interrompidas. A m�sica de mais angustiante finaliza��o acabaria por ser "The End". Jim lutava para encontrar a forma ideal de enquadrar os versos da can��o; numa madrugada chegou ao est�dio obcecado por esse problema, p�s-se nu e come�ou a atirar areia de um cinzeiro e a espuma de um extintor de inc�ndio sobre os instrumentos e equipamentos, sendo retirado dali pelo produtor, Paul.

Foi Paul quem depois descreveu como um "momento m�gico" o registo final de "The End", com todas as luzes apagadas, excepto pelos indicadores de V.U. da mesa de som e uma vela na cabine onde se encontrava Jim Morrison. Apesar de todos os contratempos o �lbum foi gravado em apenas duas semanas, tendo sido necess�rias mais de cinco para a mistura. Depois disso, os Doors seguiram para Nova Iorque onde fizeram alguns espect�culos muito bem recebidos, incluindo uma no famoso clube Ondine's, frequentado por Andy Warhol e pelo pessoal de seu super-ateli�, a "Factory", antes de retornarem a L.A. para o lan�amento do LP.

"The Doors" foi editado em Janeiro de 1967 e, juntamente com o "The Velvet Undergound With Nico Produced By Andy Warhol", que saiu dois meses depois, talvez sejam os dois mais impressionantes �lbuns de estreia concebidos durante os anos 60. Apesar das concep��es sonoras diferentes - enquanto os Doors se pautavam num instrumental com ra�zes no jazz e no blues, os Velvet Underground desenvolviam uma sonoridade mais ca�tica, a cargo das guitarras mais "primitivas" de Lou Red e Sterling Morrison e da viola de John Cale - a abordagem dos temas e o clima das suas can��es (especialmente as mais longas) uniam os dois grupos numa "irmandade" que se opunha frontalmente ao estilo "paz e amor" reinante. Eram como dois corpos alien�genas, mesmo dentro da profus�o de freaks do famigerado "Ver�o do amor" de 1967, tanto na Calif�rnia como em Nova Iorque.

Jim j� tinha ouvido com entusiasmo o som dos Velvet durante a tourn� do "Exploding Plastic Inevitable" pela costa oeste da Am�rica em Maio do ano anterior e percebido a afinidade entre o trabalho dos Velvet e o que ele iniciava com os Doors. Em meados de 1967 esta aproxima��o extrapolaria as esferas musicais, com Jim mantendo um r�pido e turbulento "afaire" amoroso com Nico, a glacial "chanteuse" que acompanhava os Velvet.

Mas houve uma diferen�a fundamental entre os dois grupos, decorrente da aceita��o de seus �lbuns: se o "disco da banana" dos Velvet foi um fracasso de vendas, objecto de culto por apenas um punhado de admiradores, os Doors viram o segundo single retirado do LP - "Light My Fire", lan�ado em Abril - entrar para os "dez mais" da Billboard no fim de Julho e, um m�s depois, alcan�ar o primeiro lugar. Em Agosto "Light My Fire" tinha chegado � marca de um milh�o de c�pias e o LP "The Doors", a um milh�o de d�lares de vendas.

Entretanto, a partir de alguns espect�culos no eixo L.A.-San Francisco, os Doors empreenderam uma tourn� nacional de enorme sucesso, nas quais come�aram a ocorrer os primeiros "pequenos incidentes" com Jim. Num concerto em Long Island, por exemplo, amea�ou tirar a roupa no palco, para p�nico dos donos do local. Aliado a esse vertiginoso sucesso, a imagem da rebeldia de Jim � frente dos Doors come�ava a projectar-se nacionalmente devido �s suas apari��es em programas de TV como os de Jonathan Winters e Ed Sullivan, este �ltimo com uma audi�ncia de dez milh�es de espectadores.

Os m�dia atribu�am aos Doors a imagem de "resposta americana aos Beatles e aos Stones", e a partir do fim de 1967, publica��es como a Newsweek, a Time, a Life e a Vogue passariam a dedicar p�ginas e p�ginas ao culto de Jim, o "sonho americano". Esta vibra��o ajudou a aumentar as vendas do segundo �lbum do grupo: "Strange Days", lan�ado em Outubro.

V�rias inova��es foram incorporadas pelos Doors nesta sua segunda incurs�o nos est�dios: por um lado eles tiveram � sua disposi��o oito canais de grava��o, que possibilitavam uma maior liberdade de cria��o, al�m de uma instrumenta��o mais requintada, na qual as linhas do baixo, originalmente executadas pelos teclados de Ray, foram substitu�das pelas do instrumento de cordas (a cargo de Doug Lubahn, o primeiro de uma s�rie de baixistas usados pelos Doors nas suas grava��es posteriores).

Neste contexto experimental surgiram faixas como "Strange Days" (um dos primeiros usos do sintetizador Moog no rock), "Unhappy Gril" (com os inusitados teclados de Ray e o chimbau invertido tocado por John) e de forma especial os longos e envolventes climas de "When The Music's Over" (herdeira directa de "The End") e em "Horses Latitudes" (na qual Jim recitava um antigo poema seu sobre uma base de "m�sica concreta" improvisada pelas pessoas presentes no est�dio, batendo garrafas, latas de lixo e cascas de coco nos ladrilhos do ch�o, entre outros ru�dos). Todo material foi assinado pelo grupo e, das dez m�sicas do disco, duas tinham letras compostas pelo guitarrista Robby: "Love Me Two Times" e "You're Lost Little Gril".

Escassos dois meses depois do lan�amento de "Strange Days", Jim foi retirado do palco pela pol�cia durante um espect�culo em Newhavem, Connecticut. Durante a execu��o de "Back Door Man" ele come�ara a descrever de forma sarc�stica um epis�dio ocorrido pouco antes nos bastidores, no qual um policial borrifara o seu rosto com um spray de g�s lacrimog�neo. Jim foi multado por perturba��o da ordem e resist�ncia � pris�o, sendo solto logo de seguida, sob fian�a. No in�cio de 1968 voltava a estar envolvido de forma pesada com o LSD e a bebida, o que no entanto n�o o impediu de conceber planos ainda mais audaciosos para o grupo.

Dois singles - "The Unknown Soldier" e "Hello, I Love You", lan�ados em Mar�o e Julho, respectivamente - apenas prenunciavam o terceiro disco dos Doors. Na concep��o de Jim, seria um �lbum duplo, com um dos seus lados dedicado inteiramente � suite "The Celebration Of The Lizard", um longo poema escrito por ele e musicado pelo grupo, na qual reafirmava sua fascina��o por r�pteis (como em alguns versos de "The End") e que lhe valeu a alcunha de Rei Lagarto.

Por�m, quer o resto do grupo quer o produtor e engenheiro de som (novamente Paul e Bruce) mostraram-se insatisfeitos com os resultados obtidos, n�o s� com "The Celebration" como tamb�m com outras recentes composi��es dos Doors, depois de exaustivas sess�es de est�dio. A solu��o foi substitui-las por antigas can��es como "Hello, I Love You" e "Summer's Almost Gone" e criar novos arranjos, como os vocais de capela de "My Wild Love", improvisados no pr�prio est�dio. Uma das faixas rejeitadas, "Waiting For The Sun" (posteriormente regravada no LP Morrison Hotel), acabaria afinal por dar o nome ao �lbum, inicialmente intitulado American Nights e depois "The Celebration Of The Lizard", ideia abandonada porque s� um pequeno excerto desta su�te ("Not To Touch The Earth") foi inclu�do no disco.

Pouco antes do lan�amento de "Waiting For The Sun", os Doors tinham agendado um show de gala na noite de 5 de Julho de 1968 no Hollywood Bowl, a primeira de uma s�rie de espect�culos muito procurados, mas tamb�m muito tumultuadas. Depois de tocarem no Texas e no Havai os Doors tocara, juntamente com os The Who, no gigantesco Singer Bowl, em Nova Iorque, num tr�gico show durante o qual centenas de espectadores e pol�cias ficaram feridos em escaramu�as.

Os problemas continuaram na tourn� europeia de tr�s semanas que se seguiu. Ao contr�rio do espectacular sucesso da sua passagem por Londres, num dos shows em Frankfurt os Doors tocaram como um trio, com Ray assumindo os vocais, pois Jim teve de ser internado de urg�ncia num hospital por ter passado um dia inteiro a embebedar-se e a comendo peda�os de haxixe.

A rela��o de Jim com as drogas n�o tinha o car�cter introspectivo da sua companheira, Pamela Cuerson, que come�ara a utilizar de hero�na; pelo contr�rio, mas era uma porta de expans�o para a personalidade intempestiva de Jim, que frequentemente se provocava os mais incr�veis excessos. Mesmo no palco, tais excessos por vezes custavam caro a Jim, como num show no dia primeiro de Novembro, em L.A., onde, depois de dirigir provoca��es � plateia, quase foi atingido por fogo de artif�cio.

As atitudes incendi�rias de Jim no palco tornariam os primeiros meses de 1969 num per�odo essencial na hist�ria dos Doors. Interessado h� muito pelo trabalho experimental desenvolvido pelo dramaturgo franc�s Antonin Artaud, Jim teve a oportunidade de participar num espect�culo de descendentes directos de Artaud: o Living Theatre de Julian Beck e Judith Molina.

Jim teve a ideia de aplicar os mesmos m�todos chocantes e provocadores para aumentar ainda mais o impacto dos espect�culos dos Doors. A cristaliza��o desse procedimento deu-se durante um fat�dico show em Miami, Florida. Jim, que tinha deixado crescer uma barba cerrada, assumira um ar mefistof�lico muito distante da sua imagem de "sonho americano".

Naquela noite, depois de insultar insistentemente a plateia com frases do tipo "voc�s s�o � um bando de idiotas fodidos", baixou as cal�as e simulou masturbar-se, al�m de ter insinuado um fellatio com o guitarrista Robby, entre outras amenidades. No dia seguinte, Jim, Ray, John e Robby, acompanhados das suas respectivas namoradas - Pamela, Dorothy, Julia e Lynn - partiram para as Cara�bas em f�rias, a tempo de Jim escapar de uma ordem de emitida contra ele por "comportamento indecente, exibicionismo, linguagem obscena e bebedeira".

O "caso Miami" originou um sem-n�mero de especula��es sensacionalistas a respeito de Jim. Os Doors come�aram a ter uma s�rie de espect�culos cancelados e, devido � sua repercuss�o, a quest�o acabou por chegar � al�ada do FBI. Em 4 de Abril Jim entregou-se � justi�a acompanhado pelo seu advogado, sendo libertado depois mediante uma fian�a de cinco mil d�lares. Este seria o primeiro passo de um penoso e intermin�vel processo que s� terminaria dois anos depois, encerrado pela morte de Jim.

Mas os problemas com a lei ficaram momentaneamente para tr�s, devido � estreia do filme "Fiest of Frends" e � conclus�o de outro filme: "HWY", realizados pelos Doors juntamente com Paul Ferrara, Frank Lisciandro e Babe Hill, antigos colegas de Jim e Ray no departamento de Cinema na UCLA, e ainda devido ao lan�amento de "The Doors Are Open", document�rio centrado numa antol�gica performance do grupo em Roundhouse, em Londres.

Foi tamb�m com satisfa��o que Jim viu o seu segundo livro de poesias, "The New Creatures", dedicado � Pamela, ser publicado numa edi��o limitada, tal como o anterior, "The Lords/Notes On Vision". Em Junho terminaram finalmente as complicadas sess�es de grava��o de seu quarto LP, que j� decorriam h� mais de seis meses.

Com o lan�amento de "The Soft Parade", ficaram comprovadas mudan�as sens�veis na concep��o do grupo. A come�ar pelo cr�dito das m�sicas que, sendo anteriormente colectivos, foram pela primeira vez imputados individualmente e divididos de maneira salom�nica entre Jim e Robby.

No plano musical ocorreu uma n�tida sofistica��o nos arranjos, com o uso ostensivo de cordas e metais, que chegavam a descaracterizar a crueza do som do grupo. � claro que ainda destacavam o brilho de algumas can��es de Jim ("Shaman's Blues" e "Wild Child") e Robby ("Touch Me" e "Runnin' Blue", esta dedicada a Otis Redding), mas, no c�mputo geral, o resultado ficou aqu�m das expectativas, com poss�vel excep��o para a longa faixa-t�tulo escrita por Jim, a que mais se aproximava, em criatividade, da produ��o anterior do grupo.

A recep��o pela cr�tica e pelo p�blico foi um tanto reticente, mas ainda assim, com a pol�mica sobre "caso Miami" parcialmente arrefecida, os Doors conseguiram agendar v�rios shows e iniciaram uma tourn�, cujo o roteiro compreendia desde Toronto, no Canad�, at� � Cidade do M�xico, atravessando os EUA. Nos palcos, um Jim de rosto barbeado e um pouco mais contido, o que n�o impedira que o seu comportamento irasc�vel lhe causasse uma s�rie de problemas com a lei, pelos mesmos motivos de sempre.

A editora Elektra tinha planos para que alguns destes shows fossem gravados, com o objectivo de lan�ar um disco ao vivo antes do fim do ano: mas o projecto foi vetado pelo grupo, que decidiu dedicar-se � prepara��o do material do pr�ximo �lbum de est�dio. Desta forma, no in�cio de Janeiro de 1970, foi lan�ado "Morrison Hotel", um LP que resgatava uma vitalidade n�o registada pelos Doors em est�dio desde "Strange Days".

Em ambos os lados do disco - um baptizado como "Hard Rock Caf�" e o outro como "Morrison Hotel" - transbordava uma energia exuberante, n�o s� nos n�meros mais pesados como "Roundhouse Blues" (com a harm�nica de Giovanni Pugliese, mais conhecido como John Sebastian) e "You Make Me Real", mas tamb�m em pungentes baladas como "Blue Sunday" e "Indian Summer". Destacavam-se tamb�m a verve po�tica e a voz de Jim, que voltaram � sua melhor forma.

O disco foi bem recebido e os Doors voltaram a sair em tourn�, enquanto Jim viu seus dois primeiros livros de poesia republicados em grande escala pela Simon & Shuster, de Nova Iorque, ao mesmo tempo que publicava uma edi��o limitada de um terceiro: An American Prayer. Por outro lado, a maldita sina dos concertos dos Doors cancelados por causa da m� reputa��o de Jim continuava a persistir, agravada pelo impasse gerado pelos constantes adiamentos do "caso Miami" e outros "delitos menores".

Neste circunstancialismo, Jim decidiu passar algum tempo em Paris, terra de Bauldelaire, Rimbaud e outros mentores do seu estilo po�tico, para manter-se afastado um pouco do cen�rio do rock e fazer planos para o futuro. Antes assinara um contrato verbal com a MGM para actuar e participar no roteiro e na produ��o de dois filmes, "The Adept" e "Cork", projectos esses nunca concretizados.

Foi ent�o que ocorreu um dos acontecimentos mais ins�litos da vida imprevis�vel de Jim: de passagem por Nova Iorque para levar algumas grava��es ao vivo dos Doors para serem misturados, reencontrou Patr�cia Kennely, editora do magazine Jazz & Pop, que conhecera durante uma entrevista h� pouco mais de um ano. De s�bito, decidiram casar-se antes dele embarcar para a Europa, o que se concretizou numa exc�ntrica cerim�nia no apartamento g�tico-vitoriano de Patr�cia, seguido dos rituais de feiti�aria de uma seita a que ela pertencia.

Viajando de Paris para Espanha e depois para Marrocos, Jim retornou a L.A. em Julho, pouco antes do lan�amento do �lbum duplo "Absolutely Live". Este trazia como novidade as faixas ao vivo de m�sicas at� ent�o nunca gravadas em vinil, como "Build Me A Woman", "Universal Mind" e "Love Hides", junto a vers�es in�ditas de Bo Diddley ("Who Do You love") e Willie Dixon ("Close To You"), al�m da �nica vers�o integrada editada oficialmente da suite "The Celebration Of The Lizard".

Durante os dois meses seguintes Jim, que deixara crescer novamente a barba, foi convocado para sucessivas audi�ncias no tribunal de Miami, ao mesmo tempo soube que Patricia estava gr�vida. Para acentuar ainda mais a sua depress�o, viu a segunda tourn� dos Doors pela Europa ser reduzida a um �nico e desastroso espect�culo na Ilha de Wight, em 29 de Agosto. Angustiado, entregou-se novamente ao �lcool e a drogas pesadas: coca�na, que come�ara a consumir com avidez h� pouco mais de um ano, e hero�na, na qual se iniciara por influ�ncia de Pamela, antes que uma zanga entre ambos a levasse a partir para Paris.

As coisas s� come�ariam a melhorar no fim do ano, quando Patr�cia cedeu aos insistentes pedidos de Jim e fez um aborto. Ao mesmo tempo a Elektra lan�ava a compila��o "13" e dava sinal verde para que os Doors iniciassem as grava��es de um novo �lbum. Na data do seu vig�simo s�timo anivers�rio (08/12/70) Jim conseguiu da editora algumas horas de est�dio, que dedicou � grava��o de trechos de seu livro An American Prayer, material que seria lan�ado postumamente, em 1978, num LP hom�nimo, no qual os textos recitados por Jim foram apoiados por um fundo musical executados pelos tr�s membros remanescentes do grupo).

No in�cio de 1971 as coisas melhoraram ainda mis. Pamela regressara de Paris e reconciliara-se com Jim. Os Doors trabalhavam com afinco no disco "L.A. Woman". A ideia era fazer um �lbum profundamente enraizado no blues gravando os instrumentos e os vocais ao vivo no est�dio, que era o pr�prio local de ensaios, e com o m�nimo de overdubs. Para completar a equipa eles chamaram Jerry Scheff, ex-baixista da banda de Elvis, e Marc Brenno, que participou em algumas das faixas como guitarrista base. Foram gravados v�rios n�meros na tradi��o dos blues ("Been Down So Long", "Cars His By My Window" e at� "Crawling King Snake", de John Lee Hooker) e can��es mais pr�ximas do estilo musical dos Doors, como "The Changeling", "L.A. Woman", " L'America", que fora exclu�da da trilha de Zabriskie Poit, de Antonioni, al�m do tempestuoso clima de "Riders On The Storm".

Esta �ltima m�sica foi a �ltima gota de �gua na rela��o, j� abalada desde as grava��es de Morrison Hotel, dos Doors com o produtor Paul A. Rothschild que, depois de a ouvir, a classificou como "m�sica de coquetail". Na verdade, Paul n�o tinha compartilhado nada do entusiasmo do grupo em rela��o a estes novos trabalhos e abandonou a produ��o, cabendo ao engenheiro de som Bruce Botnick, associado aos pr�prios Doors, a tarefa de terminar o LP.

Nem sequer Jim esperou pela conclus�o das misturas: no in�cio de Mar�o partiu para Paris ao encontro de Pamela. O �lbum foi lan�ado um m�s depois e, embora alcan�ando n�veis iniciais razo�veis de vendas, n�o conseguira decifrar a inc�gnita em que se transformara o futuro dos Doors. Afinal, este era o �ltimo disco previsto pelo contrato com a Elektra e, no seu ex�lio volunt�rio em Paris, Jim alimentava s�rias d�vidas quanto a continuar a sua traject�ria de "rock-star" ou mergulhar de vez na poesia e na literatura.

Ocorreu ent�o a repentina morte de Jim, a 3 de Julho. Foi o ponto final de uma exist�ncia repleta de todo o tipo de excessos, dos mais vitais aos mais letais. A sua companheira Pamela n�o tardaria a seguir o mesmo caminho, morrendo de overdose de coca�na escassos tr�s anos depois. Quanto aos outros membros do grupo, a princ�pio incentivados pela editora Elektra, tentaram prosseguir a lenda dos Doors, tocando como trio, com Ray e Robby revezando-se nos vocais. Esfor�os v�os: a porta fora fechada. Depois do LP "Other Voices", lan�ado em Novembro de 1971, onde ainda se encontram alguns lampejos, o trio ainda lan�ou em Julho de 1972 o �lbum "Full Circle", de muito fraca qualidade. O c�rculo tinha-se fechado: ascens�o, gl�ria e decl�nio.

Cr�dito: Doors


The End

This is the end
Beautiful friend
This is the end
My only friend, the end

Of our elaborate plans, the end
Of everything that stands, the end
No safety or surprise, the end
I'll never look into your eyes...again

Can you picture what will be
So limitless and free
Desperately in need...of some...stranger's hand
In a...desperate land

Lost in a Roman...wilderness of pain
And all the children are insane
All the children are insane
Waiting for the summer rain, yeah

There's danger on the edge of town
Ride the King's highway, baby
Weird scenes inside the gold mine
Ride the highway west, baby

Ride the snake, ride the snake
To the lake, the ancient lake, baby
The snake is long, seven miles
Ride the snake...he's old, and his skin is cold

The west is the best
The west is the best
Get here, and we'll do the rest

The blue bus is callin' us
The blue bus is callin' us
Driver, where you taken' us

The killer awoke before dawn, he put his boots on
He took a face from the ancient gallery
And he walked on down the hall
He went into the room where his sister lived, and...then he
Paid a visit to his brother, and then he
He walked on down the hall, and
And he came to a door...and he looked inside
Father, yes son, I want to kill you
Mother...I want to...fuck you

C'mon baby, take a chance with us
C'mon baby, take a chance with us
C'mon baby, take a chance with us
And meet me at the back of the blue bus
Doin' a blue rock
On a blue bus
Doin' a blue rock
C'mon, yeah

Kill, kill, kill, kill, kill, kill

This is the end
Beautiful friend
This is the end
My only friend, the end

It hurts to set you free
But you'll never follow me
The end of laughter and soft lies
The end of nights we tried to die

This is the end


Discografia
The Doors - Janeiro de 1967
1 - Break On Through (To The Other Side)
2 - Soul Kitchen
3 - Crystal Ships
4 - Twentieth Century Fox
5 - Alabama Song (Whisky Bar) (RealG2)
6 - Light My Fire
7 - Back Door Man
8 - I Looked At You
9 - End Of The Night
10 - Take It As It Comes
11 - The End

Strange Days - Outubro de 1967
1 - Strange Days
2 - You're Lost Little Girl
3 - Love Me Two Times (RealG2)
4 - Unhappy Girl
5 - Horse Latitudes (RealG2)
6 - Moonlight Drive
7 - People Are Strange
8 - My Eyes Have Seen You (RealG2)
9 - I Can't See Your Face
10 - When The Music's Over

Waiting For The Sun - Julho de 1968
1 - Hello, I Love You (RealG2)
2 - Love Street
3 - Not To Touch The Earth
4 - Summer's Almost Gone
5 - Wintertime Love
6 - The Unknown Soldier
7 - Spanish Caravan (RealG2)
8 - My Wild Love
9 - We Could Be So Good Together
10 - Yes, The River Knows (RealG2)
11 - Five To One

The Soft Parade - Julho de 1969
1 - Tell All The People
2 - Touch Me (RealG2)
3 - Shaman's Blues
4 - Do It
5 - Easy Ride
6 - Wild Child
7 - Runnin' Blue
8 - Wishful Sinful
9 - The Soft Parade

Morrison Hotel - Fevereiro de 1970
1 - Roadhouse Blues
2 - Waiting For The Sun
3 - You Make Me Real
4 - Peace Frog (RealG2)
5 - Blue Sunday
6 - Ship Of Fools
7 - Land Ho!
8 - The Spy
9 - Queen Of The Highway
10 - Indian Summer
11 - Maggie M'Gill (RealG2)

L.A. Woman - Abril de 1971
1 - The Changeling (RealG2)
2 - Love Her Madly
3 - Been Down So Long
4 - Cars Hiss By My Window
5 - L.A. Woman (RealG2)
6 - L'America
7 - Hyacinth House
8 - Crawling King Snake
9 - The Wasp (Texas Radio And The Big Beat)
10 - Riders On The Storm (RealG2)

An American Prayer - 1978
1 - Awake Ghost Song (RealG2)
2 - Awake
3 - Dawn's Highway
4 - Newborn Awakening
5 - To Come Of Age
6 - Black Polished Chrome (Latino Chrome)
7 - Angels And Sailors
8 - Stoned Immaculate
9 - The Movie
10 - Curses, Invocation
11 - American Night
12 - The World On Fire
13 - Lament
14 - The Hitchhiker
15 - An American Prayer / Hour For Magic / Freedom Exists / A Feast Of Friends

Best Of The Doors - 1985 (colect�nea)
Disco 1:
1 - Break On Through (To The Other Side)
2 - Light My Fire
3 - Crystal Ships
4 - People Are Strange
5 - Strange Days
6 - Love Me Two Times (RealG2)
7 - Alabama Song
8 - Five To One
9 - Waiting For The Sun
10 - Spanish Caravan (RealG2)
11 - When The Music's Over
Disco 2:
1 - Hello, I Love You (RealG2)
2 - Roadhouse Blues
3 - L.A. Woman (RealG2)
4 - Riders On The Storm (RealG2)
5 - Touch Me (RealG2)
6 - Love Her Madly
7 - The Unknown Soldier
8 - The End

In Concert - 1991
Disco 1:
1 - House Announcer
2 - Who Do You Love-Medley
3 - Alabama Song (Whisky Bar)
4 - Backdoor Man
5 - Love Hides
6 - Five To One
7 - Build Me A Woman
8 - When The Music's Over
9 - Universal Mind
10 - Petition The Lord With Prayer-Medley
11 - Dead Cats, Dead Rats
12 - Break On Through, #2-The Celebration Of The Lizard
13 - Lions In The Street
14 - Wake Up
15 - A Little Game
16 - The Hill Dwellers
17 - Not To Touch The Earth
18 - Names Of The Kingdom
19 - The Palace Of Exile
20 - Soul Kitchen
Disco 2 :
1 - Roadhouse Blues
2 - Gloria (RealG2)
3 - Light My Fire (Including: Graveyard Poem)
4 - You Make Me Real
5 - Texas Radio & The Big Beat
6 - Love Me Two Times
7 - Little Red Rooster(Featuring: John Sebastian On Harmonica)
8 - Moonlight Drive(Including: Horse Latitudes)
9 - Close To You
10 - Unknown Soldier
11 - The End

Legacy: The Absolute Best - 2003 (colect�nea)
  • Break On Through (To The Other Side)
  • Back Door Man
  • Light My Fire
  • Twentieth Century Fox
  • The Crystal Ship
  • Alabama Song (Whisky Bar)
  • Soul Kitchen
  • The End
  • Love Me Two Times
  • People Are Strange
  • When The Music's Over
  • My Eyes Have Seen You
  • Moonlight Drive
  • Strange Days
  • Hello, I Love You
  • The Unknown Soldier
  • Spanish Caravan
  • Five To One
  • Not To Touch The Earth
  • Touch Me
  • Wild Child
  • Tell All The People
  • Wishful Sinful
  • Roadhouse Blues
  • Waiting For The Sun
  • You Make Me Real
  • Peace Frog
  • Love Her Madly
  • L.A. Woman
  • Riders On The Storm
  • The Wasp (Texas Radio And The Big Beat)
  • The Changeling
  • Gloria


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