O CRISTO CONSOLADOR
O jugo leve
1. Vinde a mim, todos vós que estais
aflitos e sobrecarregados, que eu vos aliviarei. Tomai sobre
vós o meu jugo e aprendei comigo que sou brando e humilde de
coração e achareis repouso para vossas almas, pois é suave o
meu jugo e leve o meu fardo. (S. MATEUS, CAP. XI, v. 28 a 30.)
2. Todos os sofrimentos: misérias, decepções, dores físicas,
perda de seres amados, encontram consolação em a fé no futuro,
em a confiança na justiça de Deus, que o Cristo veio ensinar
aos homens. Sobre aquele que, ao contrário, nada espera após
esta vida, ou que simplesmente duvida, as aflições caem com
todo o seu peso e nenhuma esperança lhe mitiga o amargor. Foi
isso que levou Jesus a dizer: “Vinde a mim todos vós que
estais fatigados, que eu vos aliviarei.”
Entretanto, faz depender de uma condição a sua assistência e a
felicidade que promete aos aflitos. Essa condição está na lei
por ele ensinada. Seu jugo é a observância dessa lei; mas,
esse jugo é leve e a lei é suave, pois que apenas impõe, como
dever, o amor e a caridade.
Consolador prometido
3. Se me amais, guardai os meus
mandamentos; e eu rogarei a meu Pai e ele vos enviará outro
Consolador, a fim de que fique eternamente convosco: - O
Espírito de Verdade, que o mundo não pode receber, porque o
não vê e absolutamente o não conhece. Mas, quanto a vós,
conhecê-los-ei, porque ficará convosco e estará em vós. -
Porém, o Consolador, que é o Santo Espírito, que meu Pai
enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará
recordar tudo o que vos tenho dito. (S. JOÃO, CAP. XIV, v. 15
a 17 e 26.)
4. Jesus promete outro consolador: o Espírito de Verdade, que
o mundo ainda não conhece, por não estar maduro para o
compreender, consolador que o Pai enviará para ensinar todas
as coisas e para relembrar o que o Cristo há dito. Se,
portanto, o Espírito de Verdade tinha de vir mais tarde
ensinar todas as coisas, é que o Cristo não dissera tudo; se
ele vem relembrar o que o Cristo disse, é que o que este disse
foi esquecido ou mal compreendido.
O Espiritismo vem, na época predita, cumprir a promessa do
Cristo: preside ao seu advento o Espírito de Verdade. Ele
chama os homens à observância da lei; ensina todas as coisas
fazendo compreender o que Jesus só disse por parábolas.
Advertiu o Cristo: “Ouçam os que têm ouvidos para ouvir.” O
Espiritismo vem abrir os olhos e os ouvidos, porquanto fala
sem figuras, nem alegorias; levanta o véu intencionalmente
lançado sobre certos mistérios. Vem, finalmente, trazer a
consolação suprema aos deserdados da Terra e a todos os que
sofrem, atribuindo causa justa e fim útil a todas as dores.
Disse o Cristo: “Bem-aventurados os aflitos, pois que serão
consolados.” Mas, como há de alguém sentir-se ditoso por
sofrer, se não sabe por que sofre? O Espiritismo mostra a
causa dos sofrimentos nas existências anteriores e na
destinação da Terra, onde o homem expia o seu passado. Mostra
o objetivo dos sofrimentos, apontando-os como crises salutares
que produzem a cura e como meio de depuração que garante a
felicidade nas existências futuras. O homem compreende que
mereceu sofrer e acha justo o sofrimento. Sabe que este lhe
auxilia o adiantamento e o aceita sem murmurar, como o obreiro
aceita o trabalho que lhe assegurará o salário. O Espiritismo
lhe dá fé inabalável no futuro e a dúvida pungente não mais se
lhe apossa da alma. Dando-lhe a ver do alto as coisas, a
importância das vicissitudes terrenas some-se no vasto e
esplêndido horizonte que ele o faz descortinar, e a
perspectiva da felicidade que o espera lhe dá a paciência, a
resignação e a coragem de ir até ao termo do caminho.
Assim, o Espiritismo realiza o que Jesus disse do Consolador
prometido: conhecimento das coisas, fazendo que o homem saiba
donde vem, para onde vai e por que está na Terra; atrai para
os verdadeiros princípios da lei de Deus e consola pela fé e
pela esperança.