Chico Xavier
Vê-se a Ciência no dever de investigar, de estudar, e,
no seu afã incessante de saber, rolam por terra, ideias
errôneas, mantidas até hoje como alicerces de todas as
suas perquirições, como por exemplo, a da teoria da
indivisibilidade atômica. Descobrindo centros
imponderáveis de atração, como os eletrônicos
componentes do átomo infinitesimal e os iônios, atinge a
verdade, quanto às teorias da vibração, que preside, na
base da matéria cósmica, a todos os movimentos da vida
no Universo.
A ciência infatigável procura agora, a matéria-padrão, a
força-origem simplificada, da qual crê emanarem todos os
compostos, e é nesse estudo proveitoso que ela própria,
afirmando-se ateia e descrente, caminha para o
conhecimento de Deus.
Não são poucos os estudiosos que procuram investigar os
domínios da ciência psíquica, na sede de encontrar o
lado verdadeiro da vida; porém, se muitas vezes acham
apenas o malogro das suas esperanças, o soçobro dos seus
ideais, é que se entregam aos estudos arriscados sem
preparação prévia para resolver tão altas questões,
errando voluntariamente com espírito de ceticismo,
muitas vezes injustificável, já que não é filho de
raciocínio acurado e profundo. O êxito no estudo de
problemas tão transcendentais demanda a utilização de
fatores morais, raramente encontrados; daí a
improdutividade de entusiasmos e desejos que podem ser
ardentes e sinceros.
A ausência de demonstrações histológicas não implica a
inexistência do Espírito. É essa certeza que compete à
Ciência atingir.
Muitos obstáculos, contudo, se opõem à obtenção desse
desiderato, aliando-se ao preconceito acadêmico o
utilitarismo desenfreado que infesta a política e a
religião; é ele o maior inimigo da expansão das verdades
espiritualistas no mundo, porque oriundo de interesses
inferiores e mesquinhos. A própria tendência ao ateísmo,
imperante em quase todas as classes sociais, é um
derivativo lógico do espírito de interesse, que tem
destruído a beleza dos princípios religiosos,
desvirtuados pelo utilitarismo de falsos missionários.
Mas, confiemos na influência do espiritualismo; em
futuro próximo, a sua atuação eminentemente benéfica há
de se fazer sentir, destruindo tudo quanto de nocivo e
inútil encontrar em sua passagem.
Marchamos, pois, para uma época de crença firme e
consoladora, que derramará o bálsamo da fé pura e
iluminada sobre as almas que adorarão o Criador, sem
qualquer véu de formalidades inadequadas e obsoletas.
Semelhantes transformações serão efetuadas após muitas
lutas, que encherão de receios e de espantos os
espíritos encarnados. Lembremo-nos, porém, de que “Deus
está no leme”.
É esse o porvir do orbe em que viveis. Contudo, quanto
tempo decorrerá, até que essa nova era brilhe nos
horizontes do entendimento humano? Ignoramos.
Conjuguemos, todavia, os nossos esforços a fim de
alcançarmos esse desiderato.
Demonstrai, com o vosso exemplo, que a luz permanece em
vossos corações e cooperareis conosco, em favor dessas
mutações precisas.
Toda reforma terá de nascer no interior. Da iluminação
do coração vem a verdadeira cristianização do lar, e do
aperfeiçoamento das coletividades surgirá o novo e
glorioso dia da Humanidade.