Chico Xavier
A fenomenologia, nos domínios do psiquismo, em vosso
século, visa ao ensinamento, à formação da profunda
consciência espiritual da Humanidade, constituindo,
desse modo, um curso propedêutico para as grandes lições
do porvir. É por essa razão que necessitamos de operar
ativamente para que a Ciência descubra, nos próprios
planos físicos, as afirmações de espiritualidade.
Pode parecer que o materialismo separou para sempre a
Ciência da Fé; isso, porém, não aconteceu, e o nosso
trabalho de agora simboliza o esforço para que os
investigadores cheguem a compreender o que o Céu tem
revelado em todos os tempos.
A psicologia antiga pecava extremamente pela
insuficiência dos seus métodos. O ser pensante
achava-se, para ela, isolado do corpo, estudando assim
os seus fenômenos introspectivos de maneira deficiente e
imperfeita.
A psicologia moderna vai mais longe. A sua metodologia
avançada estuda racionalmente todos os problemas da
personalidade humana, unindo os elementos materiais e
espirituais, resolvendo uma das grandes questões dos
cientistas de antanho.
O corpo nada mais é que o instrumento passivo da alma, e
da sua condição perfeita depende a perfeita
exteriorização das faculdades do espírito. Da cessação
da atividade deste ou daquele centro orgânico, resulta o
término da manifestação que lhe é correspondente: dai
provém toda a verdade da “mens sana” e o grande subsídio
que a psicologia moderna fornece aos fisiologistas como
guia esclarecedor da patogenia.
O corpo não está separado da alma; é a sua
representação. As suas células são organizadas segundo
as disposições perispiríticas dos indivíduos, e o
organismo doente retrata um espírito enfermo. A
patologia está orientada por elementos sutis, de ordem
espiritual.
Os porquês da evolução anímica devem impressionar a
quantos se consagram ao estudo.
Os progressos da vida terrestre podem ser verificados
pelos geólogos, pelos antropologistas. Há no planeta
toda uma escala grandiosa de ascensão. No fundo de
vossos oceanos ainda existem os infusórios, os
organismos unicelulares, que remontam a um passado
multimilenário e cujo aparecimento é contemporâneo dos
princípios da vida organizada do orbe.
Que longa tem sido a trajetória das almas!...
A origem do princípio anímico perde-se dentro de uma
noite de labirintos; tudo, porém, dentro do dinamismo do
Universo, se encadeia numa ordem equânime e absoluta.
Da irritabilidade à sensação, da sensação à percepção,
da percepção ao raciocínio, quantas distâncias
preenchidas de lutas, dores e sofrimentos!... Todavia,
desses combates necessários promana o cabedal de
experiências do Espírito em sua evolução gloriosa. A
racionalidade do homem é a suprema expressão do
progresso anímico que a Terra lhe pode prodigalizar; ela
simboliza uma auréola de poder e de liberdade que
aumenta naturalmente os seus deveres e
responsabilidades. A conquista do livre-arbítrio
compreende as mais nobres obrigações.
Chegado a esse ponto, o homem se encontra no limiar da
existência em outras esferas, onde a matéria rarefeita
oferece novas modalidades de vida, em outras mais
sublimes manifestações, as quais escapam naturalmente à
insuficiência dos vossos sentidos.
Os Espíritos se regozijam a cada novo passo de progresso
da ciência humana, porque dos seus labores, das suas
dedicações, brotará o conhecimento superior, que
felicitará os núcleos de criaturas, porquanto ficará
patente, plenamente evidenciada, a grande missão do
Espírito como elemento criador, organizador e
conservador de todos os fenômenos que regulam a vida
material.
Quanto mais avançam os cientistas, mais se convencem das
realidades de ordem subjetiva, nos fenômenos universais.
As palavras: natureza, fatalismo, tônus vital não bastam
para elucidar a alma humana, quanto aos enigmas da sua
existência: faz-se mistér a intervenção das sínteses
espirituais, reveladoras das mais elevadas verdades.
É para essas grandiosas afirmações que trabalhamos em
comum, e esse desiderato constituirá a luminosa coroa da
Ciência do porvir.