Chico Xavier
A subconsciência, tão investigada em vosso tempo, não
elucida os problemas dos chamados fenômenos
intelectuais. Estudos levados a efeito sobre essa câmara
escura da mente são ainda mal orientados, apesar disso,
muitas teorias apressadas presumem explicar todo o
mediunismo com a sua estranha influência sobre o “eu”
consciente. De fato, existem fenômenos subliminais;
todavia, a subconsciência é o acervo de experiências
realizadas pelo o ser em suas existências passadas. O
Espírito, no labor incessante de suas múltiplas
existências, vai ajudando as séries de suas conquistas,
de suas possibilidades, de seus trabalhos; no seu
cérebro espiritual organiza-se, então, essa consciência
profunda, em cujos domínios misteriosos se vão
arquivando as recordações, e a alma, em cada etapa da
sua vida imortal, renasce para uma nova conquista,
objetivando sempre o aperfeiçoamento supremo.
O esquecimento, nessas existências fragmentárias,
obedecendo às leis superiores que presidem ao destino,
representa a diminuição do estado vibratório do
Espírito, em contacto com a matéria. Esse olvido é
necessário, e, afastando-se os benefícios espirituais
que essa questão implica, à luz das concepções
científicas, pode esse problema ser estudado
atenciosamente.
Tomando um novo corpo, a alma tem necessidade de
adaptar-se a esse instrumento.
Precisa abandonar a bagagem dos seus vícios, dos seus
defeitos, das suas lembranças nocivas, das suas
vicissitudes nos pretéritos tenebrosos. Necessita de
nova virgindade; um instrumento virgem lhe é então
fornecido. Os neurônios desse novo cérebro fazem a
função de aparelhos quebradores da luz; o sensório
limita as percepções do Espírito, e, somente assim,
pode o ser reconstruir o seu destino. Para que o homem
colha benefícios da sua vida temporária, faz-se mistér
que assim seja..
Sua consciência é apenas a parte emergente da sua
consciência espiritual; seus sentidos constituem apenas
o necessário à sua evolução no plano terrestre. Daí, a
exiguidade das suas percepções visuais e auditivas, em
relação ao número inconcebível de vibrações que o
cercam.
Todavia, dentro dessa obscuridade requerida pela sua
necessidade de estudo e desenvolvimento, experimenta a
alma, ás vezes, uma sensação indefinível... É uma
vocação inata que impele para esse ou aquele caminho; é
uma saudade vaga e incompreensível, que a persegue nas
suas meditações; são os fenômenos introspectivos, que a
assediam frequentemente.
Nesses momentos, uma luz vaga da subconsciência
atravessa a câmara de sombras, impostas pelas células
cerebrais, e, através dessa luz coada, entra o Espírito
em vaga relação com o seu passado longínquo; tais fatos
são vulgares nos seres evolvidos, sobre quem a carne já
não exerce atuação invencível. Nesses vagos instantes,
parece que a alma encarnada ouve o tropel das lembranças
que passam em revoada; aversões antigas, amores
santificantes, gostos aprimorados, de tudo aparece numa
fração no seu mundo consciente; mas, faz-se mistér
olvidar o passado para que alcance êxito na luta.