Fisiografia
A bacia do rio Uruguai abrange
uma área de aproximadamente 385 000 km², dos quais 177 000
km² situam-se em território nacional, compreendendo 46 000
km² do estado de Santa Catarina e 130 000 km² no estado do Rio
Grande do Sul. Possui uma vazão média anual de 3600 m³/s,
escoando um volume médio anual de 114 km³.
Estendendo-se entre os Paralelos
de 27° e 34° latitude Sul e os meridianos de 49° 30' e 58°
15' WGr, a bacia do Uruguai, em sua porção nacional, encontra-se
totalmente na região sul. É delimitada ao norte e nordeste
pela Serra Geral, ao sul pela fronteira com a República Oriental
do Uruguai, a leste pela Depressão Central Riograndense e a oeste
pelo território argentino.
Para efeito de alguns estudos,
a bacia do Uruguai pode ser dividida em sub-bacias: Canoas, Pelotas, Forquilha,
Ligeiro, Peixe, Irani, Passo Fundo, Chapecó, da Várzea, Antas,
Guarita, Itajaí, Piratinim, Ibicuí, Alto Uruguai e Médio
Uruguai.
Clima
O clima da bacia do rio Uruguai
é caracterizado pela sua homogeneidade, no que se refere à
pluviometria e ao ritmo estacional do seu regime. Sendo de domínio
exclusivo e quase absoluto do clima Mesotérmico do tipo temperado,
apresenta fatores de ordem estática e dinâmica que interagem
no seu comportamento.
Quanto aos fatores estáticos,
citamos a radiação solar responsável por melhores
condições de evaporação, que muito embora essa
radiação não seja das mais fortes, se apresenta superior
à verificada nas latitudes elevadas. O relevo pode também
ser considerado um fator determinante, levando-se em consideração
as formações serranas existentes na área. A influência
orográfica da Serra Geral representa um fator climático significante,
principalmente no tocante à nebulosidade e precipitação.
Esses obstáculos montanhosos são causadores de uma ascendência
dinâmica suficiente para provocar precipitações do
tipo orográfico.
Na parte oeste de Santa Catarina
e noroeste do Rio Grande do Sul, as chuvas são mais abundantes na
primavera e no verão. No sul de Santa Catarina, Serras Riograndenses
e na Campanha, as chuvas são mais freqüentes no outono e no
inverno.
As chuvas de verão
decrescem progressivamente para o Sul, à medida em que as chuvas
de inverno, provocadas pela frente polar Atlântica nos seus avanços
para o norte, vão se estabelecendo na área.
Essa bacia caracteriza-se
pela ocorrência de mais de uma ou pelo menos duas cheias sazonais,
situadas entre vazantes pouco acentuadas que variam de um setor para outro,
conforme a distribuição anual das chuvas, variável
em relação à circulação atmosférica.
Com relativa freqüência, ocorrem irregularidades nas vazões,
atribuídas à inconstância das precipitações
ou ao baixo coeficiente de armazenamento de água no subsolo.
Quanto ao regime térmico,
a temperatura igualmente apresenta uma certa homogeneidade. A temperatura
média situa-se entre 16°e 20°C. De modo geral as áreas
mais elevadas são mais frias que as planícies.
O inverno é acentuado
estendendo-se de maio a agosto, e o mês mais frio é julho.
A curta duração dos dias e a atuação da massa
de ar polar induzem a temperaturas baixas, podendo descer a valores negativos.
Os valores médios da temperatura no inverno variam, tendo-se 7,3°C
no Morro da Igreja - SC (1800 m), 8° a 10°C em Vacaria, Lages,
São Joaquim e no sul da bacia.
Os verões são
normalmente quentes e a temperatura média ultrapassa 26°C. A
marca de 22°C no verão é atingida em altitudes de 700-600
m em Santa Catarina, e 600-500 m no Rio Grande do Sul. As áreas
mais elevadas como Vacaria, Lages e São Joaquim não atingem
os 20°C, nem mesmo no verão.
Em síntese, o clima
na bacia do Rio Uruguai é considerado temperado com mudanças
bruscas de tempo devido às freqüentes inversões das
massas polares, com inverno sensível e verões amenos nas
áreas elevadas de Santa Catarina e no Rio Grande do Sul.
Hidrologia
Os estudos hidrológicos
do Rio Uruguai em território brasileiro, em parte dos estados do
Rio Grande do Sul e sul de Santa Catarina, baseiam-se numa rede de estações
de entidades que apresentam finalidades de controle de uso da água
para diversos fins.
Atualmente, em função
da necessidade de cumprimento das leis federais e estaduais no que concerne
ao gerenciamento dos recursos hídricos, nota-se uma forte disposição
de integrar esforços não somente no incremento de um número
maior de estações, como numa operação coordenada
de maneira que os recursos financeiros e operacionais sejam otimizados.
A nível de informação
diária, a rede de estações hidrometeorológicas
da ANEEL tem sido de grande importância para a Argentina e para o
Uruguai, tendo em vista a operação da UHE de Salto Grande.
As estações tanto nos cursos d'água como fora dos
cursos d'água, somadas com redes de outras instituições
como a Eletrosul e a CEEE, têm apresentado densidade razoável
para estudos de potencial energético.
Atualmente na Bacia do Prata,
encontram-se em operação em território nacional 431
estações fluviométricas, 692 estações
pluviométricas e 50 estações telemétricas com
informações via satélite.
No eixo do Uruguai encontram-se
em operação uma série de estações, sendo
que dentre elas encontram-se em funcionamento estações telemétricas
com comunicação via satélite nos postos de Passo Socorro,
Marcelino Ramos, Iraí, e Uruguaiana. Em importantes afluentes como
o Ijuí, Icamaquã, Piratinim, Santa Maria, Ibirapuitã,
e Ibicuí, também encontram-se operando estações
telemétricas.
Para fins de controle e futuros
aproveitamentos, nota-se a necessidade de se instalar postos de controle
em vários pontos da bacia, tanto devido à necessidade de
fiscalização de hidrelétricas, como para a solução
de conflitos já existentes ou emergentes em função
da disputa da água para fins de produção de energia,
e relativamente a outros usos.
Como descargas características
médias, podem ser citadas algumas do eixo do Uruguai, e outras de
importantes afluentes:
Estação | Vazão média (m³/s) | Q 7,10 ( m³/s) |
Rio Pelotas, na foz | 258 | 19,1 |
Rio Canoas, na foz | 292 | 40,5 |
Rio do Peixe, na foz | 106 | 5,0 |
Rio Chapecó, na foz | 261 | 30,5 |
Rio Ijuí, na foz | 208 | 208 |
Rio Ibicuí, na foz | 760 | 48,4 |
Rio Uruguai em Uruguaiana | 4500 | 265 |
Marcelino Ramos | 865 | - |
Iraí | 1390 | - |
Hidrografia
O rio Uruguai tem como principal
formador o rio Pelotas, e seus principais afluentes pela margem direita
são os rios Canoas, do Peixe, Peperi-Guaçu, Acaragua, Itacaruaré,
Chimiray, Guaviravi, Timbó, Mocaretá, Mandisovi e Gualeguáychu.
Pela margem esquerda, os principais são os rios Forquilha, Passo
Fundo, da Várzea, Comandaí, Ijuí, Ibicuí, Quaraí,
Arapey, Dayman e Negro.
O rio Pelotas, nome do formador
do Uruguai até este receber o rio do Peixe, junto à cidade
de Marcelino Ramos, no estado do Rio Grande do Sul, nasce nas vertentes
ocidentais da Serra Geral, próximo ao pico da Igreja, em altitudes
próximas a 1800 m. O rio Canoas tem suas cabeceiras situadas na
serra da Anta Gorda, um dos esporões da Serra Geral, em altitudes
igualmente elevadas.
A oeste, o rio Uruguai divide
os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul até a confluência
com o Peperi-Guaçu, quando muda sua direção para sudoeste,
transformando-se na fronteira entre Brasil e Argentina. A partir da confluência
do rio Quaraí, fronteira entre Brasil e Uruguai, o rio Uruguai toma
o rumo sul passando a dividir o Uruguai e a Argentina.
O rio Uruguai apresenta um
perfil escalonado e ao longo de seu curso, assim como em alguns de seus
afluentes do alto curso, é comum a ocorrência de degraus e
"canyons" no curso principal, devido à estrutura geológica
da região.
O regime dos rios da bacia
reflete a interação existente entre clima, relevo, cobertura
vegetal e solos. Verifica-se que as precipitações são
bem distribuídas durante todo o ano, embora, pela própria
extensão da bacia, na porção norte, os índices
pluviométricos mais elevados ocorram no verão e na porção
sul, no inverno. Com isso, a vazão máxima é encontrada
no período do inverno e primavera, com um acréscimo secundário
no verão, enquanto que as descargas mínimas são observadas
no outono, mais precisamente em abril e maio.
Geologia
A bacia do Uruguai encontra-se
totalmente localizada na região sul do Brasil, drenando na maior
parte do seu curso terrenos de Planalto Arenítico Basáltico.
Este planalto corresponde à extensa área recoberta por derrames
de rochas básicas, que em alguns setores foi intercalada com capeamento
arenítico. A resistência maior das camadas de basalto aos
processos morfogenéticos concorreu para a formação
de relevos tabulares e vertentes íngremes, suavemente inclinados
para o eixo da bacia.
A borda deste planalto constitui
a Serra Geral que, em Santa Catarina, aproxima-se do litoral formando uma
escarpa elevada, com altitudes superiores a 1200 m. No outro lado, situam-se
os formadores do rio Uruguai, entalhando vales profundos em meio a chapadões
levemente ondulados, com altitudes entre 950 e 850 m.
A porção imediatamente
após o Planalto de Lajes, drenado pelo rio Canoas, é denominada
Planalto das Araucárias onde a topografia dominante é ainda
de Planaltos elevados (500 m), profundamente sulcados pelos principais
afluentes do Uruguai. A declividade vai decrescendo e quando do rio Uruguai
inflete para sudoeste, a altitude é de 200 m aproximadamente, declinando
gradativamente em direção ao sul.
A topografia no setor sul
da bacia vai se suavizando, a feição predominante é
a de colinas suaves, vales rasos, tanto em terrenos da Depressão
Central, onde estão situadas as nascentes do Rio Ibicuí,
como no próprio capeamento basáltico, que adentra o território
uruguaio.
Agência Nacional de
Energia Elétrica - ANEEL
Superintendência de
Estudos e Informações Hidrológicas - SIH
Informações
sobre o rio Uruguai
O rio Uruguai forma-se pela
junção dos rios Canoas e Pelotas, na divisa entre os estados
do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Seus formadores têm suas nascentes
na Serra Geral em cotas aproximadas de 1.800m e apresenta uma direção
geral leste-oeste, até receber, pela margem direita, o rio Peperi-Guaçú,
quando começa a infletir para sudoeste, servindo de fronteira entre
o Brasil e Argentina, até receber o rio Quaraí, afluente
da margem esquerda que atua como fronteira entre o Brasil e o Uruguai.
A partir da desembocadura do Quaraí, o Uruguai segue para o sul
até a localidade de Nueva Palmira, onde lança suas águas
no rio da Prata. Seu percurso total é de 1.770Km da junção
de seus formadores até a foz do Quaraí perfaz 1.262Km. Os
restantes 508Km correm entre terras uruguaias e argentinas. Seu desnível
total é de(24cm/km).
O rio Uruguai pode ser considerado,
fisicamente:
Superior- Da junção
dos rios Pelotas e Canoas, até a foz do Piratini, com uma extensão
de 816Km e um desnível de(43cm/km).
Médio- Da foz do Piratini
à cidade de Salto, no Uruguai, com uma extensão de 606Km
e um desnível de(9cm/km).
Inferior- Da cidade de Salto
à Nueva Palmira, um percurso de 348Km com desnível de(3cm/km).
A navegação
do rio Uruguai só apresenta expressão econômica em
seu trecho inferior, onde o rio é percorrido por navios de cabotagem,
da foz a Concepción, na Argentina. Acima desse local, a navegação
é mais difícil, podendo ser feita por pequenas embarcações
até a cidade de Salto, no Uruguai. Acima de Salto a navegação
é dificultada pela existência de rápidos e corredeiras,
agravando-se a situação em direção a montante.
Têm-se efetuado a navegação, por embarcações
de pequeno porte, nos 210Km entre São Borja e Uruguaiana.
RESUMO INFORMATIVO DA HIDROVIA DO RIO URUGUAI
ATUALIZADO EM | 1998 |
FONTE | DHI/STA/MT |
BACIA | SUL |
EXTENSÃO TOTAL | 1.770 Km |
TRECHO
DO SNV
(P.L.Nº 1.176-B) |
BARRA DO QUARAÍ/IRAI - 800 Km |
TRECHO NAVEGÁVEL | BARRA DO QUARAÍ/IRAI - 800 Km |
EXTENSÃO NAVEGÁVEL | 800 Km |
PROFUNDIDADE MÍNIMA | 0,60m |
GABARITO DE NAVEGAÇÃO | III |
DECLIVIDADE | NÃO DISPONÍVEL |
LARGURA MÍNIMA | NÃO DISPONÍVEL |
CARGA PRINCIPAL | PASSAGEIROS |
PORTOS PRINCIPAIS | NÃO HÁ |
FROTA | NÃO DISPONÍVEL |
ECLUSAS | NÃO HÁ |
BARRAGENS | NÃO HÁ |
PERÍODO DE ESTIAGEM | NÃO DISPONÍVEL |
INFORM.SUPLEMENTARES | -APRESENTA EM SEU CURSO, BAIXIOS, RÁPIDOS, PASSOS ROCHOSOS E CORREDEIRAS |
-TRECHO DE EXPANSÃO FUTURA |
www.transportes.gov.br/bit/hidro/griourug.htm