História e Sociologia
São evidentes as diferenças entre os moradores de Florianopólis
e Porto Alegre, distantes 476 km. Sutil, mas profunda, é a diferença
entre os habitantes de São Francisco de Assis e os da capital do
RS, separados por 435 km.
Existem
diferenças fundamentais nos processos de incorporação
dos índios e negros às sociedades sul rio-grandenses. Os
brancos que conduziram os processos de colonização tiveram
diferentes comportamentos na formação dessas comunidades.
a)
Aspectos da incorporação dos índios à sociedade
sul rio-grandense
a.1) Kaingangs
Numca
foram reduzidos pelos jesuítas, formavam grupos de coletores e caçadores
que ocupavam a encosta superior da Serra do Nordeste (Caxias do Sul e Veranopólis),
Planalto (Passo Fundo e Sarandi) e Alto Uruguai (Erechim e Frederico Westphalen)
do RS.
Dois
fatores são fundamentais para compreensão do processo de
incorporação dos kaingangs à sociedade europeizada.
O primeiro
fator é o primitivismo no qual se encontravam os kaingangs na época
do contato com os europeus.
O segundo
fator é o oposto. Na Europa a Revolução Industrial
surpreendia e afetava os homens. Muitos imigrantes vieram fustigados pela
Revolução Industrial, especialmente os italianos chegados
a partir de 1875.
O choque
cultural era inevitável.
Os
primeiros povoadores de Passo Fundo, lá chegaram em dezembro de
1827. Para sua segurança, dormiam num galpão coletivo e juntos
rechaçavam os ataques dos kaingangs.
Somente
a partir de 1900 chegaram os primeiros colonizadores do Alto Uruguai. Os
descendentes dos primeiros pioneiros foram chamados de birivas.
A maioria
dos colonos tornaram-se agricultores e os índios foram confinados
em reservas.
Atualmente
existem inúmeros conflitos agrários entre índios e
colonos nas últimas regiões onde os kaingangs habitavam primitivamente.
a.2) Guaranis - "ALGO DE RARO"
O guarani,
guerreiro no idioma tupi-guarani, estava plenamente adaptado à civilização
européia. Esse foi o grande diferencial desse povo em relação
aos demais índios sul rio-grandenses.
A maioria
da população guarani no RS foi "tutelada" pelos jesuítas
a partir de 1626.
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3$000sando economias baratas
Por 110 reais a obra Missões
Jesuítico-Guaranis,
a Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), apresenta o tema,
considerado o símbolo cultural máximo dos países que
integram o Mercosul. Pudera: a Unisinos detém em São
Leopoldo, região metropolitana do Estado, o maior acervo artístico
dos Sete Povos. Com o livro, a instituição, mantida pela
Sociedade Antônio Vieira, ligada à Companhia de Jesus, assume
a herança da atividade missioneira dos jesuítas. Quando,
a bugrada terá direito ao seu quinhão no espólio missioneiro?
Uma sugestão à direção da maior biblioteca
da américa latina, sediada na Unisinos: adquiram o exemplar de Saco
de Viagem- pode ser a reedição feita pela Edipuc em 1993.
Acredito que o principal mercado educacional jesuíta esteja baseado
nos EUA.
A Universidade Católica em Porto Alegre está arrastando para
a Coleção Província de São Pedro o estudo de
abnegados e estóicos fronteiro-missioneiros verdadeiramente dedicados
às suas coisas.
Parem com a mercantilização da cultura e devolvam o Patrimônio
Fronteiro-Missioneiro à sua gente. Por uma EDUCAÇÃO
UNIVERSAL E GRATUITA. Mirem-se no exemplo do Santo de Assis.
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A partir
de 1607 formaram-se 30 povos guaraníticos sob orientação
dos jesuítas, localizados nas fronteiras do Brasil,
Argentina,
Paraguai
e Uruguai.
As
missões foram comparadas por Montesquieu à
República,
de Platão. Voltaire as considerou um triunfo da humanidade.
Hegel destacou que os jesuítas haviam criado necessidades, requisito
básico para todo tipo de evolução.
O jesuíta
Ignácio Schmitz, professor na Unisinos e um dos autores de Missões
Jesuítico-Guaranis, lembra que os jesuítas eram intelectuais
com formação na Sorbonne; criaram a ordem jesuítica
dentro da universidade. Muitos eram irmãos e parentes de conquistadores
e, por isso, queriam levar adiante a expansão européia.
Nas
reduções (termo que vem do fato de os índios serem
reduzidos à fé e à civilização) os jesuítas
diferenciaram-se na maneira de agir. No lugar da espada, usaram a palavra.
No
início do século XVIII as missões tornaram-se o principal
centro agrícola e pecuário da América Espanhola. Os
produtos de suas oficinas manufatureiras eram cobiçados nas cidades
do vice-reinado e em boa parte da Europa. A economia era baseada na criação
extensiva do gado franqueiro, introduzido pelo jesuíta Mendoza de
Orelhana. Muitos formavam manadas selvagens e o animal pertencente a essas
manadas foi chamado de chimarrão.
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Por
duas vezes os jesuítas tentaram implantar reduções
em São Francisco de Assis. A primeira experiência foi empreendida
pelo
jesuíta Roque Gonzales em 1626 - a Candelária do Ibicuí,
destruída, pouco depois por índios insatisfeitos com a presença
de brancos. São Tomé del Ibiquiti, criada em 13 de junho
de 1632, deixou vestígios de sua existência dessa São
Chico. Entretanto, sua população foi transferida em 1638
para o outro lado do rio Uruguai, originando a atual cidade argentina de
San Tomé, às margens do rio Uruguai, defronte à cidade
brasileira de São Borja.
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O Tratado
de Madrid de 1750, estabeleceu que os índios dos Sete Povos das
Missões estavam obrigados à deixar suas terras para Portugal,
que as receberia em troca da Banda Oriental, que passaria ao domínio
espanhol.
Os
guaranis recusaram-se abandonar seus povos. Para fazer cumprir o Tratado
de Madrid foram mobilizados os exércitos de Espanha e Portugal,
de 1754 a 1756.
A heróica
luta, sintetizada no brado de Sepé Tiarajú
Esta terra
tem dono, teve fim na batalha de Caiboaté ( São Gabriel
) em 10 de fevereiro de 1756. Três dias antes, numa peleia
com os invasores, Sepé foi mortalmente ferido, nas proximidades
a Sanga da Bica ( perímetro urbano de São Gabriel ).
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Uma
parte dos remanescentes dos guaranis veio para Rio Pardo, Cachoeira do
Sul e Gravataí. A região metropolitana era habitada por outros
grupos de índios primitivos.
Segundo
Aurélio Porto, em 8 de abril de 1763, o capitão Antônio
Pinto Carneiro chegou em Gravataí, à frente de mais de 1.000
índios procedentes de Rio Pardo, onde haviam estado arranchados
durante seis anos, fundando a aldeia de Nossa Senhora dos Anjos.
A diferença
cultural entre os grupos de índios do Rio Grande na época
era latente. Em meados do século seguinte, vários foram os
confrontos entre kaingangs e colonos alemães no Vale do Sinos, região
próxima à Gravataí. Assisti na TV um programa em que
um padre residente numa cidade dos Campos de Cima da Serra relatou que
os imigrantes italianos formavam grupos de caça aos kaingangs, apoiados
pelo governo. Monstruosidade semelhante aconteceu aos charruas no Uruguai
e as tribos selvagens da Patagônia.
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A troca
da Banda Oriental pelas Missões não se concretizou e a maioria
dos guaranis permaneceram nas Missões sob administração
espanhola. Em 1761, a Convenção do Pardo anulou as disposições
do Tratado de Madrid. Os jesuítas foram expulsos dos domínios
espanhóis pelo Decreto Real de 1767.
José
de San Martin nasceu em 1778 na vila de Yapeju,
habitada principalmente
por índios, que a misteriosa ciência social do jesuíta
reduziu a vida civilizada, informou Domingo F.Sarmiento na biografia
Don José de San-Martin
.
Portugal
somente conquistou as Missões em 1801, com uma expedição
formada inicialmente por apenas 40 homens, comandados por Gabriel Ribeiro
de Almeida, Bento Manoel Ribeiro e Borges do Canto.
A jornada
teve início com o assalto à Guarda de São Martinho.
Logo depois os luso-brasileiros contavam mais de mil índios até
chegarem aos arredores de São Miguel.
Bastaram
três dias de sítio a capital das
Missões, para o governador
espanhol Dom Francisco Rodrigues render-se.
Em
poucos dias, as reduções próximas, São João
e São Lourenço, enviavam os seus estandartes como prova de
adesão aos conquistadores.
A opção
dos guaranis que habitavam as Missões pelos luso-brasileiros foi
decisiva para incorporação desse território ao Brasil.
Os
guaranis integraram-se as comunidades em formação como: São
Vicente do Sul, São Nicolau, São Borja, São Luiz Gonzaga,
Santo
Ângelo e São Francisco de Assis, a primeira Freguesia na região
após a conquista das Missões em 1801.
Andrezito
Artigas
Andresito
"Guacurarí" Artigas, nascido em São Borja por volta de 1780,
era filho de criação de José Gervásio Artigas,
o Protetor dos Povos Livres ou à quem os paisanos chamavam
meu general.
Andrezito
foi nomeado Tenente Governador ou Comandante Geral dos territorios e
Povos Guaraníes entre o Uruguay e o Paraná. Em 12 de
setembro de 1816, Andrezito cruzou o rio Uruguai no passo de Itaqui com
uma tropa de 1.500 à 2.500 homens com o propósito de incorporar
as Missões do RS a Liga de los Pueblos Libres território
composto por províncias uruguaias e argentinas
sob à proteção
de Artigas.
Após
o combate de Itacurubi, em 06 de junho, Andrezito cai prisioneiro em 24
de junho de 1819. Permaneceu um ano e quatro meses incomunicável
no Forte da Lagoa, localizado numa ilhota na Baía da Guanabara,
Rio de Janeiro. Morreu pouco tempo depois numa prisão da Ilha das
Cobras.
Pantaleón
Sotelo
O sucessor
de Andrezito como Comandante Geral de Missiones foi Pantaleón
Sotelo, guarani natural de San Tomé. A redução assisense
de São Tomé havia sido transferida em 1632 para defronte
a São Borja do outro lado do rio Uruguai, rio dos pássaros
no idioma guarani.
Sotelo
morreu no genocídio de Taquarembó em 22 de janeiro de 1820,
batalha em que o grosso das tropas artiguistas era formado por divisões
missioneiras. Além de morrerem os principais elementos combativos,
oficiais e milicianos, a "chusma" que os acompanhava foi destroçada.
Javier
Sití
O guarani
conterrâneo de Sotelo, Francisco Javier Sití, tornou-se o
último Comandante Geral de Missiones. No início de
1821 estava consolidada a vitória das forças luso-brasileiras
na Banda Oriental.
Em
março de 1821, o viajante francês Auguste de Saint Hilaire
encontrou Javier Sití em sua casa de San Miguel. Em julho o naturalista
francês Aimé Bompland chegou a Missiones para morar cerca
de 30 anos na região, pelo menos quinze anos em
São Borja.
Bompland partiu em março de 1857 para Corrientes e não retornou
à São Borja. O cônego e historiador João Pedro
Gay ficou como responsável pelo acervo científico de Bompland.
O cônego Gay atendia a freguesia de São Francisco de Assis.
Em julho de 1821 um Congresso Oriental subordinado aos invasores portugueses
votou a incorporação da Província Oriental ao reino
português como Estado Cisplatino e, quando em sete de setembro de
1822 o Brasil convertido em Império fez parte do mesmo como província.
Raras
são as referências sobre índios ou guaranis a partir
da revolução farroupilha (1835). A partir desse momento guaranis,
ibéricos, negros, açorianos e seus descendentes são
chamados de rio-grandenses.
a.3)
Minuanos e Charruas
Eram
indomáveis tribos campeiras. Não viveram nas reduções
jesuíticas.
Lutavam contra outros índios e conquistadores
e quase foram exterminados. Apenas alguns grupos existiam em 1820. Provavelmente
existem descendentes desses índios entre os assisenses.
Os
minuanos eram mais numerosos próximo ao rio Cacequi e os charruas
habitavam as bandas do rio Ibirapuitã em maior número, nos
arredores do Cerro do Jarau. Vários usos e costumes do sul rio-grandense,
como o uso de vincha e boleadeiras foram herdados dos minuanos e charruas.
O "churrasco"
era um costume das tribos errantes dos campos. O jesuíta Antônio
Sepp relatou na primeira metade do século XVII que os índios
morriam jovens devido ao consumo excessivo de carne bovina, muitas vezes,
apenas levemente chamuscada e ingerida sem sal.
Sempre
associo o relato do jesuíta ao filme escandinavo chamado O Boi,
no qual uma mulher desesperada mata um boi para fazer um caldo de carne
para seu filho muito adoentado. Ela é condenada à morte por
ter matado um dos últimos bois do povoado. Um contraste assombroso
com a situação sul-americana na época das reduções
jesuíticas.
b) Luso-brasileiro
Em 1737 a contrução do forte-presídio Jesus-Maria-José
origem da cidade do Rio Grande marcou o início da ocupação
lusa no Continente do Rio Grande de Sam Pedro. A Revolta dos Dragões,
ocorrida em 1742, refletiu as penosas condições de infra-estrutura
e de abastecimento do povoamento.
Os açorianos foram os novos ingredientes no caldeirão multicultural
sul brasileiro. Fundaram o Porto dos Casais, atual Porto Alegre em 1752.
No mesmo ano, a "tranqueira invicta" Rio Pardo foi criada por Gomez Freire
de Andrade para servir de base de apoio as tropas portuguesas na Guerra
Guaranítica (1754-1756). Essa epopéia inspirou
Basílio
da Gama no Uraguai.
Em 1801, Borges do Canto, Gabriel Ribeiro de Almeida, Bento Manoel Ribeiro,
Manoel dos Santos Pedroso e cerca de 40 sul rio-grandenses esticaram as
fronteiras até as barrancas do
rio Ibicuí. Os conquistadores
luso-brasileiros construiram o Forte de São Francisco de Assis para
guardar a nova fronteira.
A formação
da sociedade estava a cargo de soldados e tropeiros, na maioria. Alguns
participaram da expedição que conquistou as Missões
em 1801.
Assinado
o Tratado de Badajós em junho de 1801, os rincões começaram
a ser repartidos entre os "vassalos del rei" em grandes extensões
de terra destinadas a criação de gado ou estâncias.
A forma
de ocupação e a distribuição da terra realizada
pelos luso-brasileiros, determinou a estrutura sócio-econômica-cultural
ainda reinante em São Francisco de Assis.
Vassalos
estancieiros tornavam-se coronéis e seus peões campeiros
trasmutavam-se em soldados.
O mate,
hábito guarani, tornou-se parte do dia-a-dia de muitos sul rio-grandenses.
O naturalista
francês Amado Bompland, residente durante vários anos nas
Missões, foi o grande incentivador do uso e cultivo da erva mate.
Destaca-se
e nos interessa o estancieiro Antônio Jacinto Pereira, avô
do coronel Manoel Vianna e bisavô de Tyrteu, que recebeu por trespasse,
em fevereiro de 1807, a sesmaria localizada na área correspondente
ao atual território do município de Manoel Viana.
A tolerância
racial dos portugueses, que inclusive estimulavam a miscigenação
e a participação na sociedade do índio, (muitos eram
"ex-reduzidos" e com forte influência platina), determinou o surgimento
do assisense.
A incorporação
dos índios à sociedade foi estimulada por lei de 4 de abril
de 1755, mas, na prática, apenas índios civilizados foram
beneficiados.
Aconteciam casamentos entre os portugueses e as índias, e os índios
exerciam cargos administrativos, como é o caso do primeiro oficial
de Justiça do Juizado de Paz em São Chico, GABRIEL DE AGUIAR.
Muitos índios eram oficiais-comandantes em guarnições
missioneiras do exército, como é o caso entre os assisenses
do capitão JOSÉ JOÃO JAPENY, em 1827.
A miscigenação foi intensa. Os filhos resultantes das uniões
entre os representantes de
vários povos
não não tinham raça. Simplesmente não se comentava
se a pessoa era português, açoriano, alemão ou índio.
No entanto, os negros continuavam sendo
tratados de forma diferenciada,
assim como os mulatos, embora vários negros tivessem filhos com
índias.
Segundo Emiliano J. K. Limberger: Num levantamento exaustivo feito nos
Livros de Casamentos de Rio Pardo, entre l759 e l832, inclusive, constatou-se
l8 casamentos de índia com branco, l0 de índia com preto,
4 de índio com preta e 4 de índio com branca. Portanto prevalecia
a miscigenação.
Somente
em 1954 os Estados Unidos aboliram uma lei que proibia a união inter-racial
(o anglo apartheid sul-africano foi ontem). Martin Luther King personificou
a luta contra o apartheid norte-americano. No cinema, Mississipi em
Chamas lembra as barbaridades cometidas pela Ku Klux Klan.
A transferência
da coroa portuguesa para o Rio de Janeiro em 1807 intensificou a doação
de sesmarias aos vassalos.
*A
expressão não se refere a qualquer doença sangüínea
como sífilis, gonorréia etc., mas a limpeza racial, conforme
Emiliano J. K. Limberger, POA/RS em l0/00.
c) Negros
Dos
90 mil habitantes do RS em 1814, 21 mil eram negros. Em 1874, 98.450 escravos
formavam
21,28% da população sul rio-grandense.
Em
1909 um articulista escreveu sobre Manoel Vianna: Teve infância
feliz na vida alegre do campeiro.
Exercer
atividades campeiras é uma alegria para o homem do campo, talvez,
por isso ignore registros de negros fujões ou atividades de capitães
do mato em São Chico e arredores.
No
inventário(1872) de José Tristão Vianna, avô
de Tyrteu e pai de Manoel Vianna, estão arrolados oito escravos
com a profissão de campeiros.
Acredito
que os negros assisenses tenham vivido melhores que os seus conterrâneos
nos saladeiros pelotenses, na capital da província ou nas zonas
coloniais agrícolas.
Barbosa
Lessa, nascido em Piratini, região sob influência dos saladeiros
pelotenses, diz: Na minha santa terrinha, tanto os CTGs(Centro de Tradições
Gauchescas) para negros como os para brancos conviviam bem, mas separados.
Em
Triunfo nos dez primeiros anos de freguesia, de 1758 a 1767, foram registrados
no Livro de Casamentos dos pretos, pardos e índios 47 casamentos.
Em 29 deles, ambos os noivos eram pretos ou pardos, escravos ou livres,
um preto ou pardo casava com índia ou vice-versa, e houve dois casos
de casamentos de açorianos com índias.(Neis, id).
O primeiro
batizado registrado em São Francisco de Assis, pelo Pe. Coelho de
Souza, ocorreu em 4 de fevereiro de 1827 e foi duma criança escrava,
assim constando: Aos quatro dias de fevereiro de mil oitocentos e vinte
e sete nesta Capela de São Francisco de Assis batizei solenemente
a DOMINGOS preto nascido a dez de janeiro filho natural de Maria Nação
Congo escrava de Verissimo Paim Coelho casado freguês desta Capela,
foram padrinhos Benedito e Marta pretos escravos do Sargento Mor Antônio
Jacinto Pereira, e para constar fiz este assento que assino. José
Paim Coelho de Souza. O Paroco de Alegrete, resgatou Francisco Haigert
no livro Pioneiros.