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Ramão Trois

   O coronel Claudino Medeiros, em carta de 3.1.14, enviada a Borges de Medeiros, assim descreve Ramão Trois: que não deve ser desconhecido para vós, tem sido o mentor do coronel Manoel Vianna, e por isso mesmo, apontado como o responsável por todos os atos de má administração Municipal e violência aqui praticados, em cujo período de administração tem implantado o regime da intolerância, da anarquia e da arbitrariedade. O espancamento, a deportação, o encarceramento de cidadãos caracterizados tem sido postos em prática pelo sr. Trois.
  É ele ainda devedor do município, porque, exercendo a profissão de agrimensor, numca pagou seus impostos e não obstante isto, percebe religiosamente seus vencimentos no fim de cada mês.
  E para cúmulo de tudo quanto já foi dito é ainda devedor de uma quantia superior a 10 contos ao sr. Otávio Moreira, que tem por isto o intendente e o município nas mãos, ameaçando de quando em vez o intendente, que não pode solver essa dívida, quando pretende algum favor..
   Ramão Trois era um experimentado político de São Chico. Era o vice-intendente de Manoel Vianna, tio de Tyrteu, entre 1908-1916. Foi o pivô da crise no Partido Republicano Municipal, que culminou na nomeação do interventor Miguel Chimiclewski, em 1918, e do mortal auto-exílio de Manoel Vianna na Estância da Palma.
   Carlos Gomes, o intendente morto em combate no dia 02 de outubro de 1923, era genro de Manoel Vianna, e havia tomado posse em 1920. Se sobrevivesse, transmitiria em 1924 o cargo a Ramão Trois.  Tyrteu foi acusado de cometer, em 5.2.1927, lesões corporais e tentativa
de homicídio contra um pedreiro espanhol que teria realizado um trabalho mal feito ao construir o bocal de um poço no quintal da casa defronte à praça central assisense. Ramão Trois, além de intendente, era o delegado, e presidiu o processo contra Tyrteu. Naqueles tempos, a atitude de Trois manifestou indiscutível perseguição, pois o processo foi arquivado sem, pelo menos, Tyrteu prestar depoimento.
   O episódio envolvendo Tyrteu, o espanhol e Trois é lembrado em alguns momentos de Vontades de Versos Futuristas.
   Algumas partes desse processo são transcritas na seção Armação I.

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