Voltar

Mens Sana

    Mens sana in corpore sano é um epigrama latino do satírico romano Juvenal (55-127). Assim, intitular como Mens Sana o poema em que se descreve a prática de um esporte ou a busca pelo corpore sano, é bastante adequado.
    O comentário de Luís Augusto Fischer na reedição de Antônio Chimango(1915) obra de Amaro Juvenal (pseudônimo de Ramiro Barcellos):Uma rápida filologia. Amaro, direto do latim amaru, é amargo; Juvenal, também direto do latim, vem Decimus Junius Juvenalis (c.65 - c.130), que passou a tradição exatamente como Juvenal, satirista cuja carreira em literatura ocidental revela notáveis circunstâncias - influenciou em maior ou menor grau, o "Roman de Rose", Dante, Petrarca, Chaucer, John Donne, Samuel Johnson, Montaigne, Boileau, Swift, wordsworth e Victor Hugo, para citar os principais, todos eles atentos à tradição latina, como o nosso Ramiro.
    Na década de 30 os players do Assisense e do 7 de Setembro (o primeiro de camisa vermelha o segundo vestia azul ou esverdeada ambos trajavam calções brancos) disputavam suas partidas num campo de futebol no final da rua Gabriel Machado, na quadra diagonal ao CTG Negrinho do Pastoreio.
    Goleiras e marcas era o que havia no campo desnivelado. No lado superior (próximo à calçada na rua João Manoel) um corredor de sina-sina e no lado oposto curupi e corticeiras sombravam a torcida. A gurizada trepada nas árvores era vigiada de perto por brigadianos com varas de marmelo. Foguetórios e entusiásticas saudações eram dedicadas aos atletas, relatou-me Leopoldino Cidade, L.V.C. - o Pouca Carne.
    Nossos times jogam futebol com o jeito argentino de jogar - com muita garra.
    O colorado Tyrteu antevia o país do futebol. O Inter conquistou seu primeiro título estadual em 1927.
    O mais antigo clube de futebol do Brasil, ainda em atividade, exerce suas atividades há pouco mais de cem anos na cidade do Rio Grande. O botafoguense João Saldanha, famoso cronista e dirigente esportivo, era filho de família santanense levada ao Rio de Janeiro na era getuliana.
    O Brasil é conhecido como o país do futebol, carnaval e/ou samba. O football, centenário esporte bretão, chegou ao Brasil em meados da década de 1890. Atualmente o futebol é o esporte mais popular no mundo e no Brasil, e o símbolo esportivo-cultural mais significativo do país.
     Entretanto, quando Saco de Viagem foi publicado, em 1928, nenhum campeonato mundial de futebol havia sido realizado. A primeira copa do mundo disputada no Uruguai, em 1930, foi vencida pelos donos da casa. Participaram do campeonato seis seleções nacionais convidadas, e outras foram convidadas mas não enviaram delegação. O ibirapuitense Pedro Müller constata: hoje o futebol é o circo do império romano.

        Cenários
        a) Campo de futebol.
        Viva o S C 7 de Setembro
        Viva vivoooo
        Ao S C Assisense
        Hip hip hurrah
        Primeiro tempo
        0 a 0
        Segundo tempo piii-piii penalty
        1 a 1
    O uso das onomatopéias Hip hip hurrah e piii-piii é um recurso lingüístico raro entre os poetas da época. No poema Apoteose, publicado em 1915 na revista Orpheu, por Fernando Pessoa, anuncia essa nova liberdade expressiva.
    Hip!, Hip-lá nova simpatia onomatopaica,
    Rescendente da beleza alfabética pura:
    uu-um...kess-kess-vliiim...tlin...blong...flong...flak...
    Efemérides
    Aparentemente, Tyrteu respeitava as efemérides nacionais, estaduais e municipais.
    No poema São Chico lembrava - E os três feriados municipais.
    Em Mens Sana o S.C. 7 de setembro, lembra o dia da Independência do Brasil. Talvez, para também assinalar o ínicio da criação de Saco de Viagem, supostamente concluído em 15 de novembro de 1927, dia da Proclamação da República, conforme está impresso na última página da obra: "S.Chico - Palma 15-11-27".
    Sistema alfanumérico
    O poema Mens Sana apresenta um surpreendente jogo de palavras e números (7, Primeiro, 0 a 0, Segundo, 1 a 1, dois, meia, duas).
    Três palavras iniciadas pela letra "v" saúdam o S C 7 de setembro.
    Três palavras iniciadas pela letra "h" saúdam o S C Assisense.

        b) No Clube Assisense.
    Os dois clubes fraternizeiros
    Pagam a meia
    Noturnas despesas
    Baile cervejado chá torcedoiral
    Vinhodoportizado
    E luz até as duas
    Tyrteu teria contribuído decisavamente para a construção do prédio do Clube Assisense.
    Na São Chico de hoje, os clubes continuam fraternizeiros, pagam a meia noturnas despesas, +bailecervejado, -chátorcedoiral, vigñodacéra e luz se não houver apagão.
    A palavra chá parece estar concatenada com o "chá de semente de umbu" citado no poema seguinte. A expressão "chá de laranjeira" é citada no poema Perseguição Política.
    Ao entardecer Tyrteu reunia-se com seus primos em lojas comerciais de São Francisco de Assis, onde consumiam vinho do Porto e sardinhas.
    Desde 15.11.1911, a cidade contava com um locomóvel de 32 hp e dínamo de 27 kw. Em 1914 possuía 1500 habitantes e 250 prédios com - " uma rede de aproximadamente seis quilômetros de extensão com 151 lâmpadas de 100, 50 e 32 velas. A iluminação pública tem rede separada da particular e a receita desta cobre a despesa total, de modo que, aquela, é feita sem despesa para o erário municipal. Esse serviço é municipalizado."
    O relatório municipal de 1921 do intendente Carlos Oliveira Gomes alertava  "que o motor é deficiente para a atual rede de iluminação, bastante aumentada.". Havia cerca de 3000 habitantes em São Chico. Possivelmente em 1927 o consumo aumentou ainda mais e a luz era disponibilizada somente até as 2 horas.  
 

Cem anos do vovô da Fronteira

        O 14 de Julho, de Livramento, comemora o centenário e orgulha-se de ser o terceiro clube mais antigo do futebol brasileiro e o primeiro no país a vestir camiseta rubro-negra, antes mesmo do Flamengo

        O futebol gaúcho festeja neste domingo, em Santana do Livramento, o centenário de fundação do Esporte Clube 14 de Julho, um dos mais populares do interior do Estado e o terceiro mais antigo do país.
        O 14 de Julho tem quase a idade do futebol brasileiro. Apenas o Rio Grande e a Ponte Preta, ambos de 1900, são mais velhos do que o chamado “Leão da Fronteira”. Além do 14, o Fluminense também comemora seu centenário no ano da conquista do Penta pelo futebol brasileiro.
        A festa se inicia às 8h, quando torcedores rubro-negros espalhados pela cidade de Livramento e Rivera devem promover um foguetório. No passado, a torcida do 14 foi tão fanática como a dos xavantes, do Brasil, de Pelotas. Era comum público maior do que 15 mil torcedores nos jogos contra Grêmio, Inter e São José na Capital. No entanto, a falta de um time confiável ao longo dos anos adormeceu a torcida e causou um fenômeno até então impensável: a presença de tradicionais torcedores rubro-negros nas arquibancadas do estádio do rival Grêmio Santanense, quase um sacrilégio.
        Ainda na manhã de domingo, haverá uma homenagem ao patrono João Martins, que foi jogador e dirigente no início da história do clube e que acabou morrendo como tenente da Brigada Militar durante um conflito em 1932. Ele dá nome ao estádio, com capacidade para 6 mil pessoas.
        Como o futebol profissional está desativado desde 1998, o amistoso da tarde será um confronto entre os juniores do 14 e o do Grêmio de Porto Alegre. A equipe já tem uma base formada há dois anos, desde os juvenis, e o sonho da diretoria é mantê-la para ingressar na Série C do Campeonato Gaúcho no próximo ano.
        O esforço para fzer voltar o futebol ao gramado do Estádio João Martins é talvez o maior motivo de festa no centenário do “Leão”. Hoje em torno de 10 funcionários trabalham de graça no clube com a esperança de um dia ver o 14 de Julho disputando pontos contra a dupla Gre-Nal na Primeira Divisão do Campeonato Gaúcho.
        O ex-presidente João Jamonot Apoittia é provavelmente o personagem mais importante desta nova etapa do clube. Conselheiro há 53 anos, ele comprou uma briga contra os críticos do retorno do clube ao futebol e chegou até a ser hospitalizado com problemas de saúde. Só assim Apoittia não pôde estar diariamente este ano nas dependências do 14 de Julho. Refeito da indisposição, o torcedor-símbolo promete não esquecer este domingo.
        – Será um dia de festa, sinal de que estamos trazendo o “Leão” de volta para o cenário do futebol gaúcho – desabafa o conselheiro.
        O amistoso será às 15h no Estádio João Martins.

        O nascimento
        O Esporte Clube 14 de Julho nasceu em 1902 em um antigo areal onde hoje está localizado o Parque Internacional, na fronteira entre Santana do Livramento e a cidade uruguaia de Rivera. Um grupo de garotos brasileiros costumava brincar de “foot ball pelota pata”, como os uruguaios denominavam o esporte.
        De tanto admirar os times de Rivera, onde o futebol chegou mais cedo, os garotos resolveram montar uma equipe para confrontá-los. Batizou então o time com a data da fundação: 3 de Maio. Mas o batismo não durou muito tempo. Resistiu pouco mais de dois meses. No dia 14 de Julho, o grupo de garotos venceu sua primeira partida e, diante de tanta euforia, resolveu fazer uma homenagem marcante a tamanha façanha e mudou a data-símbolo do clube.

LUÍS EDUARDO AMARAL

Voltar
Hosted by www.Geocities.ws

1