O Túmulo de João
de Deus
Lá para as bandas
do ocidente, entre a "Sanga da Tia Benta" e a "Sanga Seca do Cemitério",
na magestosa colina do Potreiro da Prefeitura Municipal, ergue-se sua brancura
dominante o túmulo de João de Deus, mandado erigir pela generosidade
de almas piedosa e cristãs.
João de Deus, era
um moço lindo e natural da cidade de Uruguaiana. Aqui apareceu por
ocasião do período revolucionário de 1893, soldado
desertor das forças legalistas do general Fermino de Paula.
Enamorou-se, por essa ocasião,
apaixonadamente, por uma moça de nome Lucinda, filha do velho Alexandre
Timbaúva.
Conhecida a sua deserção
das forças legalistas, foi preso, por companheiros da mesma causa.
Foi o mártir do sofrimento,
e da dor infinda.
Sofreu todas as judiarias,
todas as torturas; desconjuntado, mutilado horrivelmente e, por fim, degolado.
Triste sina de um infeliz!
Gritava desesperadamente
de dor, seus gritos e lamentos profundos eram ouvidos pelo geral da população.
A alma boníssima do
cel. Pinheiro Rocha, cristalizada de piedade e de imenso sentimento de
coração, e, também, a pedido das famílias de
São Francisco de Assis, intercedeu, jogando talvez, a própria
vida, com o monstro assassino para poupar a existência do infeliz.
Todo o esforço foi inútil, e a perversidade consumada.
O corpo do Mártir,
por caridoso pessoa social, foi sepultado numa fossa existente, no mesmo
lugar do hediondo crime.
E, desde muitos anos, a nossa
população vem cuidando, zelando carinhosamente a sepultura
de João de Deus, circundada por cruzeiros diversos e juncada de
flores.
E, nessa sepultura, considerada
milagrosa, encarnam-se promessas risonhas de esperanças, onde romarias
de fiéis vão, constantemente, fazer as suas preces, ungidas
de fé inabalável.
Eis aí, caros leitores,
a história de João de Deus, talvez ignorada por grande parte
da população .
Inhacundá.
Jornal "A SEMANA",
Ano II, número 78 de 24 de dezembro de 1931).
Fonte: São
Francisco de Assis no seu Primeiro Centenário de Emancipação
Política-Econômica-Administrativa 1884 - 1984. Hugo - Iolete
- Renato, Ed. NBS