O Elogio da Cachaça de Januário Batista Tubino
Jornalista, poeta satírico
e funcionário público. Nasceu em Quaraí a 23 de julho
de 1881. ainda menino foi levado para São Francisco de Assis, onde
veio a ser funcionário da Mesa de Rendas e aí viveu a vida
inteira.
Lá por 1905
foi um dos fundadores do Grêmio Literário Lobo da Costa,
naquela cidade, onde durante muitos anos colaborou no semanário
O Assisense, fazendo a coluna
Casse-Tete e divulgando seus versos
humorísticos. Nestes, satiriza a vida e os fatos da cidade.
autor do panfleto em versos
A
Polkinha do Bastião e Homenagem a São Francisco de
Assis, republicado pela A Platéia, de Livramento, em
1.12.1961, além do Elogio da Cachaça, versos qe na
época fizeram bastante sucesso no interior do Estado.
Januário Batista Tubino
usou o pseudônimo de Narinho, era um homem inteligentíssimo
e faleceu em São Francisco de Assis em 1940. Tinha orgulho de ser
quaraiense. Infelizmente seus poemas foram extraviados. De um velho álbum
manuscrito recolhemos o poema a seguir, que é divulgado mais pelo
seu valor histórico, pois retrata um episódio real, sangrento,
da Revolução Maragata de 1923:
Dois de OutubroQuaraí, Terra de Intelectuais e Guerreiros; João Batista Marçal, Porto Alegre 1995.
Esta data relembra o heroísmo
Dum punhado de bravos assisenses,
Dando um exemplo grande de civismo
Aos demais republicanos rio-grandenses.Sitiando a vila setecentos homens,
Debaixo do pendão sinistro e rubro,
Fere-se um prélio e morre Carlos Gomes
Na defesa da Praça, em Dois de Outubro!Setenta homens apenas resistiram
À avalanche que lhes deu esse revés,
Lutando no combate que feriram,
Na proporção dum homem contra dez.A luta foi cruel, assaz renhida,
De parte a parte havendo mortandade;
Carlos Gomes, o chefe, perde a vida,
Mas, na defesa da Legalidade.Era ele que, a corpo descoberto,
Distribuía aos soldados munição;
Muito embora o triunfo fosse incerto
Do pessoal que fazia a reação.A defesa da Praça foi brilhante,
E merece encômio a guarnição que a fez;
Pois, lutou o pigmeu contra o gigante
Em Dois de Outubro do ano vinte e três.Duas horas e meia resistiram
Um fogo intenso de fuzilaria
Das hostes inimigas qu'invadiram
Atirando contra a praça, em pontaria.Parte do pessoal, em luta, exausto,
Cai exangue sobre a praça pública,
Dando, pois, sua vida em holocausto
À causa sacrossanta da República.Entre os heróis, na luta, que tombaram
Em prol do ideal republicano,
Se destacam no valor que lá mostraram
Brandão, João Manoel e o "Baiano".Dos prisioneiros, assaz valentes homens,
Destacou-se também por sua ação,
O intrépido major Octávio Gomes,
Comandante Geral da Guarnição.Além de Carlos Gomes, que, exangue,
Cai na Praça beligera de Assis,
Outros heróis também deram o sangue
Na defesa do regime do País.Lamento dessa gente a triste sorte
Encontrada numa luta desigual;
Fortalecendo, aliás, com sua morte,
Os futuros defensores do Ideal.Além dos mortos no prélio referido
Muitos outros caíram prisioneiros
Na defesa do repúblico partido,
A cuja frente está Borges de Medeiros.A guarnição da Praça era impotente
Para as hostes inimigas combater
E, entretanto, se mostrou valente
Até a hora fatal de se render.Aos heróis do jazigo na voragem,
Nosso partido republicano e forte,
Rende-lhes um preito de homenagem
E sincero culto na mansão da morte.Sobre suas tumbas esparjamos flores
E uma coroa feita de saudade...
Homenageando assim os defensores
Da paz, da ordem, da legalidade!