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Antero Marques

     Antero da Silva Marques usava os pseudônimos T.L. Mariense de Assis e Tomé Loreto, que dizem respeito à localização da famosa Estância das Palmeiras, sua propriedade, situada à margem direita da estrada que liga São Francisco de Assis à Santa Maria (RS 241). A Estância das Palmeiras se localiza no município de São Francisco de Assis, entre São Tomé (nome de uma redução jesuítica que existiu entre 1632 e 1638) e o Cerro do Loreto.
      1902 - Nasce em São Francisco de Assis.
     1915 - Ramiro Barcellos publica Antônio Chimango, considerado por Antero, juntamente com João Simões Lopes Neto e Alcides Maya, essenciais no regionalismo sul rio-grandense.
     1916 - Raul Bopp indicou a Antero o curso do prof. Dr. Francisco Rodolfo Simch, onde foram alunos de história, do Dr. Átila Salvaterra. Raul Bopp fez Antero decorar um soneto de Augusto de Lima. A vida inteira ele percorreu o mundo sob a égide deste soneto, registra Antero.
    1917 - Antero, Raul Bopp e Aureliano iniciam os estudos e a divulgação do regionalismo sul rio-grandense.
    1918/1919 - Testemunhou a fase áurea do entusiasmo, como diz o próprio Antero, da consagração de Aureliano juntamente com seus irmãos espirituais: Olmiro de Azevedo, Conceso Cassales, Márcio Dias, Nestor Reis e André Carrazoni.
    1919 - Aureliano publica Toada de Ronda
    1921 - A revista literária O Rosicler publicada em 27.1.1921 em Santa Maria,
foi redigida por Ibañez Verney. Dividindo a página com o poema Sultana de Antero Marques
está o poema Última Página de Alceu Wamosy, morto no combate do Ponche Verde
em 1923. Outros poetas deixaram seus marcas na revista: Aureliano de Figueiredo Pinto, Raul Bopp, Olmiro de Azevedo, Concesso Cassales e André Carrazoni.
    1922 - Estudou direito romano em 1922 com Moysés Vellinho. Artigo publicado nessa época por Vellinho descrevendo uma cena de enchente, conforme Antero,  um relato seu "pescado" pelo autor do polêmico artigo.
    1923 - Estudante de Direito, Antero, ingressa como Tenente na coluna revolucionária de Honório Lemes conhecido por "Tropeiro da Liberdade" ou "Leão do Caverá". Participou do Combate da Ponte do Ibirapuitã e outros entreveros nos três meses de participação ativa na Revolução entre os maragatos, liderados por Joaquim Francisco de Assis Brasil, e os chimangos de Antônio Augusto Borges de Medeiros.
   No livro Mensagem a poucos descreve acontecimentos e personagens da época entre eles Oswaldo Aranha, Getúlio Vargas, Flores da Cunha, Borges de Medeiros, Honório Lemes, Batista Luzardo e Assis Brasil.
   Assis Brasil e a Evolução Nacional é uma obra de Antero sobre o principal líder político da revolucionário de 1923.
    1924 - Antero esteve por 15 dias com Raul Bopp no Rio de Janeiro. O nosso iniciador em história Platina e do RS, declarou.
    1926 - No 2º ano de Medicina, mora com Aureliano de Figueiredo Pinto e Rivadávia Severo "Rivota"  na rua da Conceição numa "República de Estudantes".
 Convive com Homero Jobim, Vargas Netto e Augusto Meyer, Aureliano de Figueiredo Pinto, que escreveu em carta para Antero que Vellinho e Meyer escreveram mais de um livro à tua custa e também O Meyer escreveu todo o "Giraluz" a tua custa, Antero destaca o caso da "Estrela Boieira". Aconteceu nesse ano, famoso Congresso Médico descrito por Cyro Martins em artigo na década de 70. Antero acusou Cyro de mentiroso e traidor do Congresso, e descreve o evento no livro Notas de Interpretação e de Saudade.
    1927 - Augusto Meyer veraneia na Estância das Palmeiras, propriedade de Antero em São Francisco de Assis. Meyer é presenteado com um volume de Contos Gauchescos de João Simões Lopes Neto e escreve Poema ao Velho Antero.
   Escreve poema para Antero na Estância das Palmeiras em março de 1927.
   Meyer no ano seguinte publicou Giraluz.
   Numa dedicatória do livro Poesias 1922-1955 escreve:"... saudade enorme dos campos de São Francisco de Assis, onde nasceu o Giraluz, onde aprendi a sentir profundamente a poesia da nossa terra (não permita Deus que eu morra).
   Arnaldo Prietto tem uma foto onde mostra o leito do rio dos Sinos seco devido uma seca em 1928.
    1930 - Formandos em Medicina Aureliano de Figueiredo Pinto alista Antero nas fileiras da revolução. Antero aceita o fato para não fazer desfeita ao amigo.
    Em Porto Alegre participa, sob o comando de Flores da Cunha e de Oswaldo Aranha da tomada do Quartel da Brigada Militar.
    Na marcha revolucionária do RS até o Palácio do Catete no Rio, integrou o corpo médico comandado por Annes Dias e Saint Pastous. Participou do Combate da Lagoa Seca e dos Assaltos a Fazenda Sylvio Mello.
   Diariamente uma ou duas vezes enviava notícias da frente de combate para o jornal A Semana de São Francisco de Assis. Estes acontecimentos são relatados no livro Um "Diário"...que não foi escrito: Ibañez Verney, editor da revista Rosicler, quartanista de Medicina no Rio, relatou as bandidagens cometidas pelo batalhão "pé no chão", comandado por Arthur Ferreira Filho em Perseguição a Coluna Prestes.
    1932 - Antero é aluno de Radiologia do Dr. Saint Pastous, nos quatro meses em que durou a revolução de 1932 esteve a disposição de Flores da Cunha.
    1933 até meados de 1950 - Antero exerce a clínica médica em Alegrete, RS.
    1959 Em 22 de fevereiro morre Aureliano de Figueiredo Pinto.
    1963 - Publica Mensagem a poucos. Relata as vivências do então estudante Antero Marques na revolução de 1923. O historiador Sérgio da Costa Franco escreveu que Antero era um Euclides da Cunha refinado. A anatomia de uma época,
    1977 - Publica Autos de um Processo de Distorção Literária, Sociológica e Histórica. Compilação, documentário e Estudo 1968 - 1972. Descreve acontecimentos ocorridos após 1916 quando morou com Aureliano de Figueiredo Pinto e Raul Bopp.
    1983 - Publica Assis Brasil e a Evolução Nacional.  Compilação, Documentário e Estudo 1945 - 1957. No livro aborda a vida e obra grande político sul rio-grandense.
    1985 - Publica Um "Diário"... que não foi escrito: de nobis fabula narrabitur.
Descreve fatos relacionados a revolução de 1930.
  Publica De Ybirapuytan ao Armistício. Resgata fatos ocorridos durante a revolução de 1923.
    1987 - Publica Notas de Interpretação e de Saudade.... Descreve A 'Liga Médica' de Alegrete em 1915  e O Congresso Médico de 1926 em Porto Alegre (ver 1926), movimentos precursores para congregar em Sociedade Médica na defesa da regularização e valorização da profissão médica. Merecem destaques o capítulo dedicado Annes Dias e a surpreendente revista Rosicler (ver 1921).
 
    Fase do Entusiamo
     Eu quando estou emocionado não escrevo, porque seria inútil querer escrever qualquer coisa antes da emoção sentar o pó... Simplesmente, não sai, fico anulado horas ou dias. Foi o que aconteceu com atua correspondência. Retomei esta resposta várias vezes, sem terminá-la, em Porto Alegre e aqui. Vai aos arrancos e às pausas.
Se eu obedecesse à voz da saudade e ao tumulto do estado emocional, seria necessário escrever um livro, que tu devias escrever. Agora, que é tão sereno e tão tranqüilo o teu estilo, tumultuário e tumultuado do tempo de moço, díscipulo da vibração, do requinte, do luxo e da riqueza de Gonzaga Duque e do Fialho de Almeida. Seria também excelente.
   Fui ver o "Viaduto da rua da Conceição"... Lá estava ou estavam os versos da Tarde,
do Bilac - que a nossa república recitava:"Atlas de ferro, anteus de pedra e Brontes de aço"... A casa "Dias de Castro", destruída, como também o "Convento da Ajuda" e grande parte daquele quarteirão. Na divisa do pátio do "Convento", com a casa dos Dias de Castro - nova versão do Burity Perdido, do Afonso Arinos, a nossa palmeira estimada e agasalhadora, com mais de meio século de velhice, onde estudávamos e líamos como andantes sequiosos num oásis do conhecimento...
Não pude, veio a voz trancada quando me dirigi a ela saudando-a em voz alta, por mim, pelos amigos todos que passaram pela sua sombra e que andam, muitos deles, noutra sombra da qual não se volta... Fui abraçá-la, em nome de todos, pelo agasalho que nos deu. Tinha um velho, mais velho que eu, sentado no chão, as costas apoiadas ao tronco... Outro andante que também já percorreu o caminho...
Depois de abraçá-la, agasalhei-me do sol alguns minutos e expliquei-lhe o motivo do abraço... O homem gostou, iluminou-se disse-me uma palavra boa, de andante cansado, mas otimista. E saí a bendizer a inteligência do prefeito, que poupara o monumento vivo, coluna grega com capitel... sustendo o céu e o espaço. Iludi-me. Um dia, voltando para vê-la, não existia mais... Mas, levou antes de morrer o meu abraço, o teu, o dos outros que estão vivos e até mesmo o
que foi dado em nome dos que praticaram à sua sombra e vivem a vida subjetiva de nossa saudade.
  Em tempo: Viemos do Rio, o Aureliano e eu, no 2º ano de Medicina. Éramos doutorandos quando ingressamos na Revolução de 30.
  Um grande abraço do Antero Marques.

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