A borboleta e a chama
Uma borboleta multicor estava voando na escuridão da noite
quando viu, ao longe, uma luz. Imediatamente vôou naquela direção e ao se
aproximar da chama pôs-se a rodeá-la, olhando-a maravilhada. Como era bonita!
Não satisfeita em admirá-la, a borboleta resolveu fazer o mesmo que fazia com
as flores perfumadas. Afastou-se e em seguida vôou em direção à chama e
passou rente a ela.
Viu-se subitamente caída, estonteada pela luz e muito surpresa por verificar
que as pontas de suas asas estavam chamuscadas.
- Que aconteceu comigo? - pensou ela.
Mas não conseguiu entender. Era impossível crer que uma coisa tão bonita
quanto a chama pudesse causar-lhe algum mal. E assim, depois de juntar um pouco
de forças, sacudiu as asas e levantou vôo novamente.
Rodou em círculo e mais uma vez dirigiu-se para a chama, pretendendo pousar
sobre ela. E imediatamente caiu, queimada, no óleo que alimentava a brilhante e
pequenina chama.
- Maldita luz - murmurou a borboleta agonizante - pensei que ia encontrar em você
a felicidade e em vez disso encontrei a morte. Arrependo-me desse tolo desejo,
pois compreendi, tarde demais, para minha infelicidade, o quanto você é
perigosa.
- Pobre borboleta - respondeu a chama - eu não sou o Sol, como você tolamente
pensou. Sou apenas uma luz. E aqueles que não conseguem aproximar-se de mim com
cautela são queimados.
Moral da Estória:
Esta fábula é dedicada àqueles que, como a borboleta, são atraídos pelos
prazeres mundanos, ignorando a verdade. Então, quando percebem o que perderam,
já é tarde demais.
Leonardo da Vinci