LENDA DA VITÓRIA RÉGIA
- De onde vêm as estrelas que brilham no céu? - perguntou o curumim ao cacique da tribo. - Cada estrela - explicou o morubixaba - é uma índia. - Como assim? - quis saber o menino. - A Lua, meu filho, é um belo guerreiro, forte e valente, que nas noites claras de luar desce à Terra e se casa com uma índia que se torna uma estrela. - Que interessante - comentou o curumim. - É - concordou o chefe - Mas... houve uma, talvez a mais linda de todas, com a qual ele não quis se casar. - Que tolo! Por quê? Então ela não foi transformada em estrela?! - Vou lhe contar como aconteceu: foi há muitos e muitos anos. Havia em nossa tribo uma jovem linda como uma flor e graciosa como a pomba-rola, chamada Naiá. Certa vez, passeando pela mata, Naiá avistou a Lua e por ela se apaixonou. - E depois, o que aconteceu? - perguntou o menino, interrompendo-o. - A jovem recusava todas as propostas de casamento que lhe faziam os guerreiros da tribo. Ela estava, realmente, enamorada pela Lua, e todas as noites ficava extasiada, admirando-a. Algumas vezes chegava até a correr pela mata, com os braços estendidos, na esperança de alcançá-la. Mas a Lua continuava afastada, indiferente ao seu amor. - Pobrezinha - lamentou o menino, sacudindo a cabeça.
|
|
- Certa noite - continuou o morubixaba - Naiá estava triste e sentou-se à beira do lago. De repente, viu refletida nas águas claras a imagem da Lua. Ficou tão contente que, para não perdê-la, estendeu os braços, procurando agarrá-la, e lançou-se nas águas profundas. |
|
- Que triste fim para tão grande amor - concluiu o menino amargurado. - Mas a Lua a compensou. Mesmo não fazendo de Naiá uma estrela do céu, fê-la uma estrela das águas, transformando-a numa flor de respandecente beleza. -Como é o nome dessa flor? - É vitória-régia!
|