LENDA DA MANDIOCA
Conta-se
que há muitos anos, numa tribo de índios denominada Manau, chefiada pelo
tuxaua Ambori, severo guerreiro da palavra, a filha de Ambori, de nome
Itaci, veio a engravidar causando-lhe grande mágoa. O
que mais intrigava os índios da tribo era o fato da moça não ter
marido, não sair da aldeia e nem ter pretendentes. Foi
tão grande o escândalo que o tuxaua pressionou a filha, na tentativa de
saber quem a engravidara. Mesmo tendo apanhado bastante, a moça insistia
em dizer que não sabia explicar o porquê de estar grávida. Envergonhado
com o fato, o tuxaua Ambori tomou a decisão de matar a própria filha. À
noite, em sonho, apareceu-lhe um Caruana (gênio benfazejo e serviçal que
os indígenas crêem habitar o fundo dos rios e igarapés) que lhe
afirmava ser a moça inocente, ameaçando-o com um castigo terrível se
viesse a sacrificar sua filha porque ela havia engravidado. Impressionado
com o sonho, o tuxaua perdoara a filha e esclareceu aos índios tudo que
estava acontecendo. Decorridos
nove meses, a moça veio dar à luz uma linda menina, muito branca e cujos
traços eram bem diferentes aos da sua raça. A criança recebeu o nome de
Mani. Índios
de várias tribos foram ver Mani, que, com pouco menos de um ano, andava e
falava com muito desembaraço. Ao
completar um ano de vida, misteriosamente, sem qualquer sinal de doença,
Mani faleceu. Uma cova foi cavada no terreiro da maloca e seu corpo
colocado numa igaçaba (pote de barro de boca larga) e naquela cova foi
sepultada. Diariamente
os índios regavam a sepultura, onde a mãe de Mani derramava suas lágrimas.
Tempos depois, sobre a sepultura de Mani brotou uma planta desconhecida.
Quando a planta deu flores e frutos, os pássaros que vinham comê-la
ficavam embriagados. Lembrando
do sonho que tivera, o tuxaua recomendava respeito à planta. Certo
dia, os índios notaram que a terra estava fendida ao pé da planta,
aparecendo algumas raízes. Essas raízes foram arrancadas e partidas,
revelando-se tão brancas como o Corpo de Mani. Acreditando
ser milagre de Tupã, os índios comeram algumas raízes e outras foram
amassadas, delas extraindo um líquido delicioso que passou a ser usado
nas reuniões festivas da aldeia. Daí
por diante, os índios passaram a se dedicar ao cultivo da planta
descoberta e deram-lhe o nome de manioca ou mandioca, que na lenda quer
dizer Corpo de Mani. O
que Tupã mandara o Caruana dizer ao pai da índia, concretiza-se. Graças
ao cultivo da mandioca os índios passaram a conhecer grande variedade de
alimentos preparados das raízes da planta. Com
o passar do tempo, a civilização toma conta da terra, e o homem do campo
passa a cultivar a mandioca.
|
|
A mandioca é uma raiz amidosa, muito volumosa, usada para fazer um especial tipo de farinha. A farinha da mandioca faz parte da comida diária dos nativos da Amazonia, e é usada só ou acompanhada de arroz, batata, milho, e como acompanhamento para peixe, carne ou feijão. Esta raiz possui um forte veneno, cianide que precisa ser eliminado durante a preparação da farinha. |