Introdução aos tiristores
São os componentes
básicos da Eletrônica Industrial, chaveando grandes cargas, como motores,
eletroimãs, aquecedores, convertendo CA em CC, CC em CA e gerando pulsos de
controle para outros tiristores.
A estrutura
semicondutora comum (com variações) dos tiristores é PNPN. A trava ideal é um
circuito que permite compreender o funcionamento dos tiristores.
Trava ideal e
estrutura N P N P
No circuito, a base do transistor NPN é alimentada
pelo coletor do PNP, e vice-versa. Não há inicialmente corrente de coletor
alimentando o outro transistor, e ambos estão no corte.
Mas se aplicarmos um pulso positivo na base do NPN, ou
negativo na do PNP, o transistor será ativado, fornecendo uma corrente
amplificada na base do outro, que amplificará esta corrente fornecendo uma
corrente ainda maior à base do transistor que recebeu o pulso. O processo leva
rapidamente os transistores à saturação, fornecendo corrente somente limitada pela carga, o resistor.
Uma vez disparada, a trava só se desliga quando
a corrente for limitada a um valor a um valor mínimo, corrente de manutenção,
que não permite manter os transistores na saturação. Isto pode ser conseguido
desligando o circuito, ou curtocircuitando os emissores.
A trava também pode ser disparada por avalanche,
aplicando-se uma sobretensão entre os emissores, que inicia a ruptura em um dos
transistores, alimentando a base do outro, o que leva à saturação como no caso
do pulso, anterior.
· SCR:
É o principal dos tiristores, pelo número de
aplicações.
A sigla significa retificador controlado de silício (Sillicon
Controlled Rectificier). Ele é um diodo controlado por pulso,
aplicado no gatilho ( gate ). Sua estrutura PNPN é igual à da
trava ideal, sendo o pulso
positivo aplicado no terminal que
corresponde à base do transistor NPN, o gatilho. O emissor do PNP é o anodo
e o do NPN, o catodo do diodo.
· SCS:
É um tiristor semelhante ao SCR, mas com dois
terminais de disparo, correspondentes às bases dos transistores da trava ideal,
gatilho de anodo, Ga, e g. de catodo, Gc, permitindo disparo por pulsos
negativo ou positivo, respectivamente.
Não é muito comum, sendo geralmente de baixa potência.
A sigla significa chave controlada de silício (S de Switch).
· Diodo de quatro camadas:
É um tiristor de avalanche, sendo disparado com
tensões de algumas dezenas de V. Seu dois terminais são o catodo e o anodo, não
há gatilho.
É usado em geradores de pulso de disparo de SCR e
osciladores dente-de-serra.
· GTO:
Todos os tiristores só se desligam quando a corrente
cai abaixo da corrente de manutenção, o que exige circuitos especiais de
desligamento em certos casos. O GTO permite o desligamento pelo gatilho, por
pulso negativo de alta corrente, daí o nome (Gate Turn Off,
desligamento pelo gatilho).
Estruturalmente, é similar ao SCR, mas a dopagem e a
geometria da camada do gatilho permite minimizar o sobreaquecimento no
desligamento (que destruiria um SCR).
O deligamento é feito em geral através de descarga de
um capacitor.
· Foto-SCR:
Se expusermos a junção NP central da trava ideal à
luz, através de uma janela e lente, esta se comportará como um fotodiodo,
fornecendo uma corrente de base ao transistor NPN, e disparando o SCR. Isto
permite isolar o circuito de disparo, feito por um LED, do circuito de
potência.
· DIAC:
Pode ser entendido como dois diodos Schokley em
antiparalelo. O seu disparo ocorre quando se atinge a tensão de bloqueio em
qualquer sentido, da ordem de 25 a 40 V. É usado em geral para disparar o
TRIAC, em circuitos de controle de tensão CA por ângulo de disparo. Sua
estrutura é PNP, e funciona como um transistor cuja base só é alimentada quando
se atinge a tensão de ruptura, o que leva à saturação, caindo a tensão nos
terminais para uns 0.2 V.
· TRIAC:
É o equivalente ao SCR, para operação em CA. A sua
estrutura é a mais complexa entre os tiristores, contendo diversas regiões PNPN
que atuam como travas ideais interligadas, o que permite que o disparo seja
feito com tensão + ou -, e a polarização entre terminais principais 1 e 2 (análogos
ao K e A do SCR) + ou - , o que é chamado operação em 4 quadrantes. A
corrente de disparo é menor no quadrante 1 (gatilho e terminal principal 2 -
MT2 - positivos em relação ao terminal principal 1- MT1) e maior no quadrante
4, (G + e MT2 -).
O TRIAC seria mais comum em aplicações CA se não fosse
menos robusto e sensível (exige bem maior corrente de disparo), além de mais
caro que 2 SCR’s ou GTO’s em antiparalelo de grandes correntes. É usado em
controle de lâmpadas e motores universais, e chaveamento de cargas até uns 50A.
Os tiristores podem ser disparados de diversos modos:
através de pulso, por ângulo de fase em CA e por CC.
O disparo por CC é usado em chaveamento de
cargas por longos períodos, como lâmpadas, calefatores, eletroimãs e motores,
em sistemas de controle tipo liga-desliga e por ciclos. Nestes casos manter a
alimentação de gatilho, apesar do consumo de energia desnecessário e o
aquecimento da junção, simplifica o circuito de comando.
O disparo por ângulo
de fase é típico de controle de luminosidade de lâmpadas em CA (dimmer), e
de velocidade de motores universais ou de CC. Nestes, a cada ciclo da tensão CA
de alimentação, é gerada uma tensão defasada por uma ou duas redes de atraso
RC, e quando a tensão atingir a tensão necessária ao disparo do SCR ou TRIAC
(mais a do DIAC, se estiver em série), num dado ângulo de fase, o tiristor é
disparado. O processo se repete a cada ciclo (ou sericícola, em onda completa),
e variando o valor do(s) resistor(es), varria-se a porção do ciclo em que é
alimentada a carga (ângulo de condução do tiristor), variando a tensão
média e eficaz, e a potência na carga.
O disparo por pulsos
é o mais sofisticado e preciso, e o mais empregado. Usa um gerador de pulsos,
freqüentemente com transistor unijunção, UJT, que é outro tiristor,
constituído de uma barra de material N, com uma porção lateral tipo P próxima
do centro. A região P é o emissor, E, e os extremos da barra as bases 1 e 2, B1
e B2.
estrutura do UJT
símbolo
O UJT atua como uma trava ideal com a base do PNP
polarizada por um divisor de tensão, que é o efeito da barra N dividida pela
região P. Quando a tensão no emissor for 0.6 V acima da tensão fornecida pelo
divisor, o PNP é ativado, que polariza
o NPN, disparando a trava. Quando a corrente cair abaixo do valor de
manutenção, a trava se desliga.
Circuito
equivalente Gerador de
pulsos
O UJT é usado como gerador de pulsos, conforme o
circuito à direita. O capacitor se carrega através do resistor e quando a
tensão no E do UJT ultrapassa a tensão de disparo do UJT, fornecida pel0a fonte
e resistores, ele se dispara, descarregando o capacitor e fornecendo um pulso
curto ao resistor de carga, ligado à B1.
O valor da tensão de disparo está entre 0.55 e 0.8
vezes a tensão de alimentação, conforme
o UJT. O período dos pulsos é próximo de T = RC e a freqüência de f = 1 / RC, o
resistor e o capacitor ligados ao emissor, variando um pouco com o UJT.