A "Cantareira", não obstante sua vocação para fomentar o desenvolvimento e o progresso na medida em que levou para a região Norte da cidade (então um enorme vazio) os meios de transportes necessários para seu crescimento, acabou sendo expulsa dessa região justamente devido a esse crescimento promovido por ela, seja através do constante deslocamento de suas estações iniciais do centro da cidade para outras regiões devido ao crescimento acelerado do centro, seja pela entrega de seu leito para a construção de vias para automóveis, ônibus e caminhões.

Pode-se dizer que foi um processo autofágico, retratado de forma exemplar nessa outra foto de 1964 da estação (acervo Tony Belviso), que demonstra muito bem esse contraste. De um lado um vasto espaço reto, plano e nivelado praticamente sem uso. Do outro lado, carros, ônibus e caminhões se espremem em ruas apertadas. Compare com a primeira foto.... Não deu para enfrentar mais essa situação e em novembro desse mesmo ano o trem da Cantareira dez sua última viagem. 

Não temos informações precisas, mas em nosso entender, essa foto já registra o início da erradicação da Cantareira, como pode ser entendido pela estação absolutamente deserta (em uma ferrovia onde os passageiros literalmente iam "pendurados"  nos carros) e pelas pilhas de dormentes ao longo da cerca e inclusive sobre os trilhos de um dos desvios do pátio, característica da erradicação de trilhos e dormentes em uma ferrovia. Bem ao fundo notam-se montes de areia de construção sobre os trilhos também.