Luíz Maurício Pragana dos Santos (Lulu Santos)

Nascimento: 04/05/1953, RJ



Cantor, Guitarrista, Violonista, Compositor e Produtor.

Lulu foi influenciado por uma serie de guitarristas que tinham estilos unicos na pegada e nos licks bem contruidos. Lanin Gordin, Pepeu Gomes, Sergio Dias são alguns deles. Sempre preferiu os modelos Stratocasters, mas quase nunca toca outra marcas.

Roqueiro precoce, aos 12 anos tocava com os Cave Man, banda de cover dos Beatles. Ao longo dos anos de 1970, tocou guitarra nas bandas Albatroz, com 19 entrou no Veludo Elétrico (se tornando musico proficional) que viraria Veludo e Vímana.

Seu primeiro trabalho-solo é Gosto de Banana, um compacto que não teve repercussão. Com Tesouro da Juventude, entretanto, Lulu conseguiu boa execução nas rádios e a música se tornou o seu primeiro hit, seguido por Areias Escaldantes.

O primeiro LP - Tempos Modernos - foi lançado em 1982 com três músicas que passaram a ser tocadas insistentemente nas rádios: De Repente Califórnia, Tempos Modernos e Não Vá Pra Nova York. O disco seguinte trouxe o seu maior sucesso: Como Uma Onda. A partir daí, Lulu Santos se transformou em um requisitado intérprete da nossa música popular.

Em 1983, lançou o segundo LP - O Ritmo do Momento -, começando uma série de gravações anuais, como de hábito entre os artistas de renome. Em 1984, foi a vez de Tudo Azul e, em 1985, saiu o LP Normal. Ainda em 1985, apresentou-se pela primeira vez no Rock in Rio, ao lado dos grandes roqueiros internacionais Angus Young (AC/DC) e do guitarrista George Benson. A revista norte-americana Spin o considerou "o artista mais interessante do pop brasileiro".

Em 1986, foi a vez do seu único LP auto-intitulado: Lulu Santos. Pulando o ano de 1987, quando o fim do Plano Cruzado atingiu a indústria fonográfica, lançou E Auxílio Luxuoso (Amor à Arte) em 1988. Em 1989, fechou a década com Popsambalanço e Outras Levadas, quando fez incursões pelo samba.

Em 1990, um trocadilho: Honolulu. Em 1991, saiu Minha Vida, em 1992, Mondo Cane. Em 1993, fez uma pausa para redirecionar seu estilo e em 1994 experimentou regravações diversas em Eu e Memê, Memê e Eu, sendo Memê o DJ e produtor do CD. Nesse trabalho o destaque é Sereia, que foi tema da novela das oito da Rede Globo na época, além de O Descobridor dos Sete Mares, de Tim Maia, e Se Você Pensa, um clássico da Jovem Guarda.

A partir de 1995, com Assim Caminha a Humanidade, voltou à regularidade de um CD por ano: em 1996, lançou Aviso aos Navegantes; em 1997, ousou dois lançamentos, De Leve e Liga Lá; em 1998, Dance Bem, Dance Mal, Dance Sem Parar, e em 1999, Calendário. Lulu Acustico (2001) vem nas ondas da busca por venda que tem feito muitos artistas se darem bem. Seu ultimo trabalho "Programa" vem seguindo a sua velha caracteristica de composição e interpretação, sem demais novidades.



Discografia Solo

  • Tempos Modernos, 1982.
  • O Ritmo do Momento, 1982.
  • Todo Azul, 1984.
  • Normal, 1985.
  • Lulu, 1986.
  • Toda Forma de Amor, 1988.
  • Amor a Arte, 1989.
  • Popbalanço e outras Levadas, 1989.
  • Honolulu, 1989.
  • Mondocane, 1990.
  • Assim caminha a Humanidade, 1994.
  • Eu e Meme, meme e eu, 1995.
  • Anti ciclone tropical, 1996.
  • Liga Lá, 1998.
  • Calendario, 1999.
  • Lulu Acustico, 2001.
  • Programa, 2002


    TEXTO DE NELSON MOTTA


    A primeira lembrança que tenho do Lulu é de 1975, quando ele tinha 22 anos, era fã dos Mutantes e pintava como um dos melhores guitarristas da cena roqueira carioca. Tocava com o Veludo Elétrico ( belo nome, hein? ), que foi uma das novas bandas que chamei para o primeiro festival Hollywood Rock, que levou milhares de jovens ao estádio do Botafogo, em quatro sábados demenciais. Só roqueiros brasileiros, como Rita Lee e o Tutti Frutti no início de sua carreira solo, Erasmo Carlos, a pioneira Celly Campelo, Raul Seixas e os Mutantes, que tocaram na mesma noite que o Veludo ( que não era mais elétrico, mas progressivo ). Uma noite caótica. O som estava péssimo, tudo era tecnicamente precário, naquela época não se podia importar nenhum equipamento ou instrumento, a repressão política estava cada vez mais apertada, um monte de jovens da polícia secreta e do Dops circulavam ameaçadoramente pelo gramado, onde pouca gente tinha se animado a enfrentar a chuva fina. E a chuva começou a engrossar, o Veludo tocou mas pouca gente ouviu, a chuva engrossou de vez, o público debandou e os Mutantes tiveram que deixar o palco, que pouco depois desabou fragorosamente, felizmente sem vítimas. Pouco depois escrevi com Guto Graça Mello um musical para Marília Pêra, com quem eu era casado na época. E aluguei o equipamento de som do Vimana, a nova banda do Lulu, para temporada no Teatro Casa Grande. Aproveitamos o tecladista Luis Paulo, o baixista Fernando Gama, o baterista Lobão ( com 16 anos ) e o flautista Ritchie, que integravam o Vimana, na banda do show, mas não havia lugar para o Lulu, os guitarristas eram Guto Graça Mello e o celebrado jazzista Hélio Delmiro. Lulu estava todas as noites no teatro operando o som, imensa cabeleira cacheada, recendendo a maconha, sempre de jeans, camiseta e uma inesquecível jaqueta de oncinha. Gostei dele, era muito vivo e inteligente, simpático e entusiasmado. O musical "feiticeira", apesar da popularidade e talento de Marília Pêra, foi um fracasso de público e eu como produtor sofria a cada noite e no fim do mês para pagar as contas, o prejuízo era cada vez maior. Quando Hélio Delmiro pediu para sair, Lulu veio falar comigo e se ofereceu para tocar em seu lugar: " eu já sei de cor todos os arranjos. Toco até de graça! " Fiquei comovido com a oferta, aceitei-a imediatamente e Lulu foi contratado ganhando, naturalmente. Entrou no dia seguinte tocando como se tivesse tocado sempre. Uma noite feliz numa seqüência de noites melancólicas em que víamos o espetáculo naufragar, apesar das ótimas críticas. Depois do fracasso carioca fomos tentar a sorte em São Paulo, onde foi pior ainda. Mas, mesmo com platéias semivazias, Lulu estava no palco toda noite felicíssimo por estar ali, tocando com grande entusiasmo, participando ativamente do espetáculo, enchendo a cena de alegria e juventude. E assim foi até o amargo fim, Lulu sempre para cima, animado, esperançoso, talentoso e competente. Depois desse fracasso que nos aproximou tanto , para pagar as imensas dívidas da produção produzi o festival " Som, sol e surf" em Saquarema. E chamei o Vimana para participar, ao lado de Rita Lee, Raul Seixas, Made in Brasil e outros grupos menores, além da promissora estreante Angela Rorô. No estadiozinho de futebol entre a lagoa e o mar de saquarema também foi o caos. Marcado para duas noites o festival só teve uma. Na primeira, um temporal obrigou o cancelamento. A solução foi juntar as duas em uma só. O cancelamento, bem ao espírito hippie da época, terminou em uma festança com todos os participantes, que varou a noite. No dia seguinte pouco mais de cinco mil pessoas compareceram ao estádio, os shows foram mornos, Rita e Raul decepcionaram, o Vimana e Rorô foram assim-assim e os prejuízos enormes. Mas tudo terminou com todo mundo feliz, entre ácidos e baseados, vendo o dia clarear em Saquarema, comemorando um delicioso não-sucesso. Depois de tantos fracassos, passamos uns tempos sem nos ver e fomos à forra em 1980, quando passamos a compor juntos e começamos com rocas alegres e vibrantes como Tesouros da Juventude, Palestina, Areias Escaldantes e De repente, Califórnia, que fizeram algum sucesso, mas foi com um bolero havaiano que conseguimos um mega hit: Como uma Onda. E o primeiro megahit nunca se esquece. Depois vieram Sereia, Certas Coisas, De repente e aos poucos Lulu passou a fazer ele mesmo suas letras, ótimas letras, sonoras e inteligentes e não precisava mais do letrista, só do amigo.
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