O presidente da Rede
Bandeirantes de R�dio e Televis�o, Jo�o Jorge Saad, morreu
no domingo, 10 de outubro de 1999, em S�o Paulo, aos 80 anos, em sua
casa, v�tima de c�ncer generalizado.
"Seu" Jo�o, como gostava de ser chamado, nasceu em Monte
Azul Paulista, no interior de S�o Paulo, em 22 de julho de 1919, filho de
imigrantes s�rios. Veio para S�o Paulo aos cinco anos, com seus pais,
Jorge e Raquel. Ainda jovem, come�ou a trabalhar no com�rcio do pai, na
esquina da rua 25 de mar�o com a ladeira Porto Geral. Quando completou 21
anos, passou a percorrer o Estado como caixeiro-viajante. Nessa �poca, in�cio
dos anos 40, Jo�o Jorge Saad nem imaginava entrar para o mundo das
comunica��es.
Em 1947, ele se casou com Maria Helena, com quem viria a ter cinco
filhos: Jo�o Carlos, Ricardo, Maria Leonor, M�rcia e Marisa. Jo�o
Saad assumiu a R�dio Bandeirantes no dia 1� de julho de 1948.
Com a PRH 9, ele daria in�cio a uma cadeia de comunica��o que
hoje atinge 90% do territ�rio brasileiro, com dezenas de emissoras de
televis�o e r�dio, tornando-se um dos homens de comunica��o mais
importantes do continente. Com seu jeito decidido, ele imprimiu a marca do
pioneirismo na emissora. Cercou-se dos melhores profissionais, introduziu
a programa��o 24 horas por dia e criou a maior rede de r�dio de que se
tem not�cia: a "Cadeia Verde-Amarela".
A carreira empresarial de Jo�o Saad, no entanto, n�o ficou
limitada ao ramo das comunica��es. A cidade de S�o Paulo crescia e
novos bairros come�avam a surgir. Atento ao mercado imobili�rio, ele
come�ou a incorporar grandes �reas de terrenos. Nasceram assim, entre
outros, os bairros Cidade Adhemar e Jardim Leonor, uma homenagem aos pais
de sua mulher.
Com�rcio, comunica��es, investimentos imobili�rios e no setor agropecu�rio
resultaram numa profunda liga��o de Jo�o Saad com S�o Paulo.
Apaixonado pela cidade, aceitou o desafio de presidir a Companhia
Municipal de Transportes Coletivos, a CMTC. Reformulou o transporte da
cidade, recuperou �nibus, criou linhas e reduziu o tempo dos percursos.
Enquanto isso, a R�dio Bandeirantes consolidava sua lideran�a
absoluta. Mais um grande passo seria dado em 1967, com a inaugura��o da TV
Bandeirantes, no Morumbi, com os mais modernos equipamentos da �poca.
Nem o grande inc�ndio que destruiu quase todos os equipamentos
interrompeu a trajet�ria vitoriosa da empresa. "Vamos reconstruir,
nossa f� � inabal�vel", foi a palavra de ordem que "Seu"
Jo�o repetiu v�rias vezes para seus companheiros, a forma como ele
gostava de chamar seus funcion�rios. O processo de reconstru��o foi
comandado por ele pessoalmente, passo a passo.
Em 1972, l� veio ele com mais uma novidade: a Bandeirantes se
tornaria a primeira televis�o brasileira a transmitir sua programa��o
em cores. Sempre disposto a inovar, ele colocou no ar em 1996 o Canal
21 em S�o Paulo, a primeira emissora de TV no Brasil que se dedica
exclusivamente a uma regi�o metropolitana.
Ao mesmo tempo, a R�dio Bandeirantes se tornaria a primeira
emissora brasileira a transmitir via sat�lite com equipamentos digitais.
Ainda em 1996, ele inaugurava na Rua Minas Gerais a maior torre de
TV da Am�rica Latina. Foram mais de 50 anos � frente de um grande grupo
empresarial, enfrentando e vencendo todas as crises que abalaram o Brasil
neste per�odo.
Despedida
O tamanho de um homem � o de
suas realiza��es.
Algu�m capaz de criar e dirigir por longos anos uma rede de comunica��o
como a Bandeirantes � sem d�vida um grande homem. Algu�m capaz de
interferir com firmeza, coragem e car�ter nos rumos do pa�s � maior
ainda. Quem, al�m disso, consegue a proeza de ser respeitado e querido
por seus funcion�rios, este deve ser um gigante.
O homem: Jo�o Jorge Saad.
Palavra-chave para entend�-lo: humildade.
Quem esteve com ele ao menos uma vez deve ter percebido que todo o poder
do Presidente da Rede Bandeirantes era exercido sem arrog�ncia, porque
nele a autoridade convivia com a delicadeza e com um claro respeito pelo
ser humano que estava � sua frente.
A perda de uma pessoa especial sempre ser� lamentada. Muito se falar� de
Jo�o Jorge Saadnos pr�ximos dias. Sem d�vida, todos os ve�culos
brasileiros de comunica��o registrar�o sua morte e muitas vozes, em
todo o pa�s, tomar�o as tribunas para ressaltar a import�ncia e a obra
deste homem p�blico que, por seus feitos, entrou para a hist�ria da
comunica��o no Brasil.
Que ningu�m esque�a, contudo, o pai, o av�, o amigo e companheiro.
Foram 80 anos, sempre frut�feros. Mais que tudo, portanto, � preciso
celebrar o ser humano, a vida e o exemplo deste Jo�o.
S�o Paulo, 10 de outubro de 1999.
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