TV Gazeta

 

 

NASCE UMA NOVA REDE NACIONAL

A TV Gazeta nasceu para ser grande, e se n�o foi at� hoje, foi por causa das condi��es do mercado. A afilia��o � Rede OM/CNT parecia um ponto final em qualquer nova perspectiva de crescimento da emissora paulista, mas agora, depois da sua "declara��o de independ�ncia", a hist�ria se transformou em outra.

Gazeta - 1970

Os nove anos em que permaneceu atrelada a rede paranaense serviram para a Gazeta acumular experi�ncia e know-how, al�m de um refor�o bem-vindo ao caixa. Estrutura f�sica ela j� tinha, desde sua inaugura��o em 1970. Nada que se compare aos complexos como o Projac ou o CDT da atualidade, mas sua sede, no cora��o de S�o Paulo, tem tamanho suficiente para sediar uma cabe�a de rede.

Gazeta - 1983

Desde o final da parceria com a CNT, a Funda��o C�sper L�bero, mantenedora da Gazeta, investiu cerca de dois milh�es em equipamentos e colocou seu sinal (em vers�es digital e anal�gica) no Brasilsat. Obviamente n�o era para ficar parada. Neste come�o de janeiro, o primeiro golpe contra a antiga parceira foi desferido. A TV Itatiaia, de Belo Horizonte, MG, tornou-se a primeira afiliada da Rede Gazeta, deixando de ser integrante da CNT.

A programa��o das duas redes � ainda bastante parecida, fruto de quase uma d�cada trabalhando em conjunto. Mas aos poucos, as diferen�as come�am a se acentuar. A CNT tem optado por mais programas em videotape, filmes e infomerciais, ao passo que a Gazeta come�a a marcar presen�a com uma linha de shows, alguns de gosto bastante duvidoso, mas de boa audi�ncia. Na compara��o, a CNT ganha em jornalismo, quase inexistente na rede paulista, mas perde em esportes.

Resta saber se vai haver espa�o para duas pequenas redes, mesmo que num mercado em expans�o, disputarem um fil�o de mercado que ainda tem a cambaleante, por�m bem armada Rede TV!, como sua principal oponente.

Gazeta - 1985

Aos 31 anos, completados em 25 de janeiro de 2001, a Gazeta parece querer encontrar o caminho perdido h� tempos. Projetada desde a d�cada de 50, teve suas instala��es superdimensionadas. Seu pr�dio � refer�ncia na Avenida Paulista. Tem uma grande �rea de est�dios, uma central t�cnica bem distribu�da, e o que � melhor, muita �rea para crescer. S� para se ter uma id�ia, a Funda��o C�sper L�bero alugou boa parte dos espa�os ociosos do pr�dio, que hoje em dia s�o habitados por escrit�rios e transmissores da TV Globo, as r�dios Trianon e Mix, a TV CBI, salas e salas do col�gio Objetivo, e ainda disp�e de cinemas e um teatro. Como se n�o bastasse, h� a pioneira Faculdade C�sper L�bero, as r�dios Gazeta AM e FM, e diversas �reas ainda livres. A Gazeta alimentou o sonho de tornar-se rede em meados da d�cada de setenta, quando o mercado come�ava a se modificar. Tupi e Record estavam decadentes, a Bandeirantes pensava na possibilidade de se tornar rede e a Globo se firmava no panorama. Havia a possibilidade de surgimento da Rede Jornal do Brasil, mas isso n�o preocupava muito a Gazeta, que chegou a colocar programa��o em emissoras da regi�o norte do pa�s, em boa parte do Estado de S�o Paulo, e dava como certa a concess�o do canal 11 do Rio de Janeiro. S� que a hist�ria n�o foi bem assim. S�lvio Santos ganhou a concess�o do canal carioca (que se tornou a pedra fundamental do futuro SBT), e a Bandeirantes fez propostas melhores e levou para sua rede as emissoras que a Gazeta havia afiliado na regi�o amaz�nica. Com o tempo, os equipamentos da emissora come�aram a ser sucateados, n�o havia caixa suficiente para reaparelhamento, muitos profissionais come�aram a mudar de esta��o, o p�blico passou a assistir cada vez menos a programa��o e a Gazeta entrou numa fase de ostracismo, que iria durar at� meados da d�cada de 80. Muita gente at� ignorava que o canal 11 estivesse no ar.

Mas � importante lembrar de um fato inesquec�vel da TV Gazeta no ano de 1976.Havia sido feito um acordo entre o Governo Federal da Argentina, sob o comando de Per�n, e o do Brasil, que estabelecia que os t�cnicos da televis�o brasileira iriam implantar a televis�o � cores na Argentina, fazendo com que na primeira transmiss�o colorida a opera��o estivesse sob os nosso cuidados. Foi a festa da OTI (no Teatro Col�n, de Buenos Aires). O governo brasileiro designou a equipe da TV Gazeta, canal 11 de S�o Paulo para este feito. A Rede Tupi exibiu simultaneamente o fato, mesmo sendo totalmente este organizado pela Gazeta, com flashs especiais dos ensaios e do espet�culo durante a transmiss�o direto da Argentina para o Brasil via sat�lite. E um momento emocionante deste dia, foi quando a equipe da Gazeta, que j� havia sido avisada deste plano, passou aos c�meras ao poder dos c�meras argentinos que anciosos estavam, dando licen�a para que eles encerrassem aquela primeira transmiss�o � moda argentina. Muito argentinos abra�aram os t�cnicos argentinos e brasileiros e um choro constante rolando direto entre todos os operadores, movidos pela emo��o.

L� por volta de 84, 85, a emissora fez uma parceria com o Grupo Abril, que resolvera entrar no mercado de televis�o. J� que o governo n�o dava uma concess�o � editora, a Abril V�deo surgiu comprando praticamente todo o espa�o noturno da Gazeta, que, apresentando programas de qualidade, passou a ser novamente assistida. Mesmo depois da sa�da da Abril, a Gazeta continuou tendo uma audi�ncia razo�vel, mas a manuten��o de uma programa��o realmente competitiva, no molde das demais redes, era arriscada e invi�vel. Para piorar, anos antes uma competidora de peso entrara na briga, a Rede Manchete, que, apesar de n�o ser t�o grande quanto as demais, tinha recursos de sobra, ao contr�rio da Gazeta. Portanto, parecia fadada novamente a cair no esquecimento.

Gazeta - 1986

S� que, em 1987, uma coisa completamente inesperada aconteceu. Uma equipe de jovens profissionais chegara ao departamento de programa��o da emissora e implantara uma linha de programas que poderia ser considerada suicida. Era o nascimento de algo chamado "TV Mix". Um programa feito praticamente no improviso, que come�ava as oito da manh� e ia ao vivo at� o meio-dia, de segunda a sexta-feira, apresentando sem recursos e sem compromisso o que desse na telha. E esse programa pegou. No comando, entre v�rios apresentadores, uma descontra�da Astrid Fontenelle. Depois, muitos vieram se juntando, como Paula Dip, S�rgio Groissman e outros. A Gazeta come�ava a virar refer�ncia na manh� paulistana. Era uma tremenda alternativa aos programas infantis e femininos que compunham a grade de outros canais. E melhor ainda: a audi�ncia era formada por telespectadores de diversas faixas et�rias.

Gazeta - 1987

A festa tamb�m n�o durou muito. Por volta de 1990, devido a mudan�as internas, o projeto "televis�o desindexada" , como foi chamado, acabou sendo desativado, e a Gazeta come�ou a decair, com uma programa��o mais morna, calcada, sobretudo em filmes que eram comprados diretamente da Globo, quando essa n�o tinha mais lugar para exibi-los. A emissora parecia condenada a ficar transmitindo apenas para S�o Paulo, sem muitas perspectivas de crescimento. A reviravolta s� veio a ocorrer realmente no in�cio de 1992, quando a TV Paran� e a TV Tropical de Londrina resolveram sair da Rede Record (que come�ava a crescer rapidamente) e assim fundava-se a Rede OM. Conquistando afiliadas em todo o pa�s (com as gra�as do governo Collor), a OM logo bateu na porta da Gazeta com a possibilidade de afilia��o, o que acabou sendo muito bem aceito, a princ�pio. Foram tempos de crescimento r�pido. A nova rede tinha, de sa�da, Mar�lia Gabriela e Galv�o Bueno em seu quadro de funcion�rios, e era a grande promessa para a d�cada. No meio todos apostavam que seria para os anos 90 o que o SBT fora para os anos 80. Mas Collor caiu, a Rede OM caiu junto, virou CNT e nunca mais cresceu como antes. A Record acabou levando boa parte de suas afiliadas, e a hist�ria todo mundo conhece. A Gazeta ainda levara outro desfalque, perdendo a concess�o do canal 12 de Santos, emissora no litoral paulista que tentara fazer funcionar por duas vezes. A concess�o, da d�cada de 70, acabara caducando.

Seguiu-se o per�odo de opera��o conjunta com a CNT. Nos �ltimos anos, por�m, reconhecia-se que boa parte dos programas que eram feitos na emissora paulista e transmitidos em rede eram respons�veis pelas maiores audi�ncias e conseq�entemente pelos maiores faturamentos. A Gazeta percebia que podia andar sozinha e voltar a crescer. Talvez como nunca. N�s �ltimos dois anos, era corrente que a parceria seria desfeita. Na verdade, durou bem mais que os profissionais da emissora previam. Agora � o in�cio de uma nova fase, um verdadeiro renascimento para a Gazeta, que passa a chegar perto de seu sonho. Com 31 anos de atraso, mas ainda com tempo e disposi��o.

Em 1977, a Gazeta quase concretizou seu sonho inicial de se transformar em uma grande rede, o que nunca aconteceu, e talvez agora esteja come�ando a se tornar realidade. Telecentro teve acesso a documentos daquele ano, que mostra as emissoras que, segundo o plano, formariam a Rede Gazeta. A �poca era estrat�gica, porque a Bandeirantes come�ava a formar sua rede e ganhar mercado, a TV Record n�o pensava em aumentar sua cobertura, e a Rede Tupi estava em franca decad�ncia.

Uma das emissoras desta listagem, por exemplo, a TV Rio Preto, era uma empresa da Tupi, mas encontrava-se � venda, por motivos financeiros. Neste per�odo, a Globo j� era l�der absoluta de audi�ncia, e a disputa por um segundo lugar se tornava um ideal n�o muito dif�cil, j� que as demais redes tinham muito pouco f�lego para competir. A maioria destas esta��es ainda existem, espalhadas pelas outras redes. Acompanhe a lista:

TV Gazeta, S�o Paulo

TV Jornal do Com�rcio, Recife

TV Nacional, Bras�lia

TV Alterosa, Belo Horizonte

TV Brasil Central, Goi�nia

TV Guajar�, Bel�m do Par�

TV Industrial, Juiz de Fora

TV Brasil Oeste, Cuiab�

TV Amazonas, Manaus

TV Rond�nia, Porto Velho

TV Acre, Rio Branco

TV Roraima, Boa Vista

TV Amap�, Macap�

TV Itacoatiara, Itacoatiara (AM)

TV Parintins, Parintins (AM)

TV Guajar�-Mirim, Guajar�-Mirim (RO)

TV Vila Rond�nia, Vila Rond�nia (RO)

TV Esplanada, Ponta Grossa (PR)

TV Rio Preto, S�o Jos� do Rio Preto (SP)

TV Paraibuna, Uberl�ndia (MG)

TV Difusora, Porto Alegre

TV Igua�u, Curitiba

TV Tibagi, Apucarana (PR)

Em 16 de julho de 2001 a Rede Gazeta e o Jornal Gazeta Mercantil se unem para criar o novo telejornalismo da emissora, que agora, al�m dos esportivos e o de "Em Quest�o" (com Maria L�dia), incorporam a grade de programa��o os jornais "Primeira P�gina", "Mercado" e "Jornal da Gazeta", que inaugurou com sucesso o jornalismo naquele dia. Foram reformulado todos os programas jornal�sticos da emissora, at� mesmo o "Gazeta Esportiva".

Banner sobre a estréia dos telejornais da Gazeta - 16 de julho de 2001

O "Jornal da Gazeta" estreou com cobertura direta da capital argentina de Buenos Aires, j� que o Brasil passava por dificuldade devido a crise econ�mica no pa�s vizinho. Assim, Carlos Alberto Sardenberg (da CBN-Brasil e ex-comentarista econ�mico da TV Cultura), Gustavo Camargo e Camila Teich comandaram a primeira edi��o do "Jornal da Gazeta", tendo Maria L�dia como convidada, assim as duas faces da Rede Gazeta, a nova e a antiga se encontram para reabrir o telejornalismo informativo da emissora, sob a dire��o do ex-diretor Albino Castro do TJ Brasil (SBT) na �poca de maior sucesso, com B�ris Casoy.

Jornal da Gazeta

E o canal no primeiro semestre de 2001 tamb�m j� havia feito altera��es: o programa musical "Clipper" entrava no ar e "Mulheres" passava de Le�o Lobo e M�rcia Goldshimidt, que foram para Rede Bandeirantes, para Clodovil e Christina Rocha.

O tradicional programa "Mulheres"

"Mulheres" � o programa mais tradicional da Gazeta junto com "Em Quest�o" e "Mesa Redonda". "Mulheres" come�ou com Clarisse Amaral sob o nome de "Programa Clarisse Amaral". Com a entrada da respons�vel pelo setor de moda das Lojas Mappin, Ione Borges ao lado de Clarisse, o programa passa a se chamar "Clarisse Amaral em Desfile". Com a morte da apresentadora, o programa continua com Ione, agora ao lado da locutora de r�dio Claudete Troiano, dando in�cio �s "parceirinhas" do programa "Mulheres em Desfile". Com a separa��o da dupla no final da d�cada de 90, Claudete muda de emissora e "Ione" em 2001 apresenta o programa "Pra Voc�" e "Ione" (sendo que na �poca do in�cio de "Pra Voc�", Ione faz este programa enquanto "Mulheres" fica � cargo s� de Claudete). Hoje Claudete Troiano apresenta "Note e Anote", na Rede Record, e Ione Borges apenas seu programa de audit�rio hom�nimo. A� M�rcia e Le�o Lobo entram para dar continuidade ao programa e depos disto, tudo ocorre como o que j� descrevemos neste texto.

 

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Todos os direitos s�o reservados - Fonte: RevistaTelecentro -n� 7 - Janeiro de 2001 - Mat�ria "Gazeta, nasce a mais nova rede nacional" / Reportagem Especial. Imagens pertencentes ao Arquivo Telecentro� - Texto de Arthur Ankerkrone. Altera��es feitas por Elmo Francfort em julho de 2001.

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