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NASCE
UMA NOVA REDE NACIONAL
A TV Gazeta
nasceu para ser grande, e se n�o foi at� hoje, foi por causa das
condi��es do mercado. A afilia��o � Rede OM/CNT parecia um ponto
final em qualquer nova perspectiva de crescimento da emissora paulista,
mas agora, depois da sua "declara��o de independ�ncia", a
hist�ria se transformou em outra.
Os nove anos
em que permaneceu atrelada a rede paranaense serviram para a Gazeta
acumular experi�ncia e know-how, al�m de um refor�o bem-vindo
ao caixa. Estrutura f�sica ela j� tinha, desde sua inaugura��o em
1970. Nada que se compare aos complexos como o Projac ou o CDT da
atualidade, mas sua sede, no cora��o de S�o Paulo, tem tamanho
suficiente para sediar uma cabe�a de rede.
Desde o
final da parceria com a CNT, a Funda��o C�sper L�bero, mantenedora
da Gazeta, investiu cerca de dois milh�es em equipamentos e colocou seu
sinal (em vers�es digital e anal�gica) no Brasilsat. Obviamente n�o
era para ficar parada. Neste come�o de janeiro, o primeiro golpe contra
a antiga parceira foi desferido. A TV Itatiaia, de Belo Horizonte, MG,
tornou-se a primeira afiliada da Rede Gazeta, deixando de ser integrante
da CNT.
A
programa��o das duas redes � ainda bastante parecida, fruto de quase
uma d�cada trabalhando em conjunto. Mas aos poucos, as diferen�as
come�am a se acentuar. A CNT tem optado por mais programas em videotape,
filmes e infomerciais, ao passo que a Gazeta come�a a marcar presen�a
com uma linha de shows, alguns de gosto bastante duvidoso, mas de boa
audi�ncia. Na compara��o, a CNT ganha em jornalismo, quase
inexistente na rede paulista, mas perde em esportes.
Resta saber
se vai haver espa�o para duas pequenas redes, mesmo que num mercado em
expans�o, disputarem um fil�o de mercado que ainda tem a cambaleante,
por�m bem armada Rede TV!, como sua principal oponente.
Aos 31 anos,
completados em 25 de janeiro de 2001, a Gazeta parece querer encontrar o
caminho perdido h� tempos. Projetada desde a d�cada de 50, teve suas
instala��es superdimensionadas. Seu pr�dio � refer�ncia na Avenida
Paulista. Tem uma grande �rea de est�dios, uma central t�cnica bem
distribu�da, e o que � melhor, muita �rea para crescer. S� para se
ter uma id�ia, a Funda��o C�sper L�bero alugou boa parte dos
espa�os ociosos do pr�dio, que hoje em dia s�o habitados por
escrit�rios e transmissores da TV Globo, as r�dios Trianon e Mix, a TV
CBI, salas e salas do col�gio Objetivo, e ainda disp�e de cinemas e um
teatro. Como se n�o bastasse, h� a pioneira Faculdade C�sper L�bero,
as r�dios Gazeta AM e FM, e diversas �reas ainda livres. A Gazeta
alimentou o sonho de tornar-se rede em meados da d�cada de setenta,
quando o mercado come�ava a se modificar. Tupi e Record estavam
decadentes, a Bandeirantes pensava na possibilidade de se tornar rede e
a Globo se firmava no panorama. Havia a possibilidade de surgimento da
Rede Jornal do Brasil, mas isso n�o preocupava muito a Gazeta, que
chegou a colocar programa��o em emissoras da regi�o norte do pa�s,
em boa parte do Estado de S�o Paulo, e dava como certa a concess�o do
canal 11 do Rio de Janeiro. S� que a hist�ria n�o foi bem assim.
S�lvio Santos ganhou a concess�o do canal carioca (que se tornou a
pedra fundamental do futuro SBT), e a Bandeirantes fez propostas
melhores e levou para sua rede as emissoras que a Gazeta havia afiliado
na regi�o amaz�nica. Com o tempo, os equipamentos da emissora
come�aram a ser sucateados, n�o havia caixa suficiente para
reaparelhamento, muitos profissionais come�aram a mudar de esta��o, o
p�blico passou a assistir cada vez menos a programa��o e a Gazeta
entrou numa fase de ostracismo, que iria durar at� meados da d�cada de
80. Muita gente at� ignorava que o canal 11 estivesse no ar.
Mas
� importante lembrar de um fato inesquec�vel da TV Gazeta no ano de
1976.Havia sido feito um acordo entre o Governo Federal da Argentina,
sob o comando de Per�n, e o do Brasil, que estabelecia que os t�cnicos
da televis�o brasileira iriam implantar a televis�o � cores na
Argentina, fazendo com que na primeira transmiss�o colorida a
opera��o estivesse sob os nosso cuidados. Foi a festa da OTI (no
Teatro Col�n, de Buenos Aires). O governo brasileiro designou a equipe
da TV Gazeta, canal 11 de S�o Paulo para este feito. A Rede Tupi exibiu
simultaneamente o fato, mesmo sendo totalmente este organizado pela
Gazeta, com flashs especiais dos ensaios e do espet�culo durante a
transmiss�o direto da Argentina para o Brasil via sat�lite. E um
momento emocionante deste dia, foi quando a equipe da Gazeta, que j�
havia sido avisada deste plano, passou aos c�meras ao poder dos
c�meras argentinos que anciosos estavam, dando licen�a para que eles
encerrassem aquela primeira transmiss�o � moda argentina. Muito
argentinos abra�aram os t�cnicos argentinos e brasileiros e um choro
constante rolando direto entre todos os operadores, movidos pela
emo��o.
L� por
volta de 84, 85, a emissora fez uma parceria com o Grupo Abril, que
resolvera entrar no mercado de televis�o. J� que o governo n�o dava
uma concess�o � editora, a Abril V�deo surgiu comprando praticamente
todo o espa�o noturno da Gazeta, que, apresentando programas de
qualidade, passou a ser novamente assistida. Mesmo depois da sa�da da
Abril, a Gazeta continuou tendo uma audi�ncia razo�vel, mas a
manuten��o de uma programa��o realmente competitiva, no molde das
demais redes, era arriscada e invi�vel. Para piorar, anos antes uma
competidora de peso entrara na briga, a Rede Manchete, que, apesar de
n�o ser t�o grande quanto as demais, tinha recursos de sobra, ao
contr�rio da Gazeta. Portanto, parecia fadada novamente a cair no
esquecimento.
S� que, em
1987, uma coisa completamente inesperada aconteceu. Uma equipe de jovens
profissionais chegara ao departamento de programa��o da emissora e
implantara uma linha de programas que poderia ser considerada suicida.
Era o nascimento de algo chamado "TV Mix". Um programa feito
praticamente no improviso, que come�ava as oito da manh� e ia ao vivo
at� o meio-dia, de segunda a sexta-feira, apresentando sem recursos e
sem compromisso o que desse na telha. E esse programa pegou. No comando,
entre v�rios apresentadores, uma descontra�da Astrid Fontenelle.
Depois, muitos vieram se juntando, como Paula Dip, S�rgio Groissman e
outros. A Gazeta come�ava a virar refer�ncia na manh� paulistana. Era
uma tremenda alternativa aos programas infantis e femininos que
compunham a grade de outros canais. E melhor ainda: a audi�ncia era
formada por telespectadores de diversas faixas et�rias.
A festa
tamb�m n�o durou muito. Por volta de 1990, devido a mudan�as
internas, o projeto "televis�o desindexada" , como foi
chamado, acabou sendo desativado, e a Gazeta come�ou a decair, com uma
programa��o mais morna, calcada, sobretudo em filmes que eram
comprados diretamente da Globo, quando essa n�o tinha mais lugar para
exibi-los. A emissora parecia condenada a ficar transmitindo apenas para
S�o Paulo, sem muitas perspectivas de crescimento. A reviravolta s�
veio a ocorrer realmente no in�cio de 1992, quando a TV Paran� e a TV
Tropical de Londrina resolveram sair da Rede Record (que come�ava a
crescer rapidamente) e assim fundava-se a Rede OM. Conquistando
afiliadas em todo o pa�s (com as gra�as do governo Collor), a OM logo
bateu na porta da Gazeta com a possibilidade de afilia��o, o que
acabou sendo muito bem aceito, a princ�pio. Foram tempos de crescimento
r�pido. A nova rede tinha, de sa�da, Mar�lia Gabriela e Galv�o Bueno
em seu quadro de funcion�rios, e era a grande promessa para a d�cada.
No meio todos apostavam que seria para os anos 90 o que o SBT fora para
os anos 80. Mas Collor caiu, a Rede OM caiu junto, virou CNT e nunca
mais cresceu como antes. A Record acabou levando boa parte de suas
afiliadas, e a hist�ria todo mundo conhece. A Gazeta ainda levara outro
desfalque, perdendo a concess�o do canal 12 de Santos, emissora no
litoral paulista que tentara fazer funcionar por duas vezes. A
concess�o, da d�cada de 70, acabara caducando.
Seguiu-se o
per�odo de opera��o conjunta com a CNT. Nos �ltimos anos, por�m,
reconhecia-se que boa parte dos programas que eram feitos na emissora
paulista e transmitidos em rede eram respons�veis pelas maiores
audi�ncias e conseq�entemente pelos maiores faturamentos. A Gazeta
percebia que podia andar sozinha e voltar a crescer. Talvez como nunca.
N�s �ltimos dois anos, era corrente que a parceria seria desfeita. Na
verdade, durou bem mais que os profissionais da emissora previam. Agora
� o in�cio de uma nova fase, um verdadeiro renascimento para a Gazeta,
que passa a chegar perto de seu sonho. Com 31 anos de atraso, mas ainda
com tempo e disposi��o.
Em
1977, a Gazeta quase concretizou seu sonho inicial de se
transformar em uma grande rede, o que nunca aconteceu, e
talvez agora esteja come�ando a se tornar realidade.
Telecentro teve acesso a documentos daquele ano, que mostra as
emissoras que, segundo o plano, formariam a Rede Gazeta. A
�poca era estrat�gica, porque a Bandeirantes come�ava a
formar sua rede e ganhar mercado, a TV Record n�o pensava em
aumentar sua cobertura, e a Rede Tupi estava em franca
decad�ncia.
Uma
das emissoras desta listagem, por exemplo, a TV Rio Preto, era
uma empresa da Tupi, mas encontrava-se � venda, por motivos
financeiros. Neste per�odo, a Globo j� era l�der absoluta
de audi�ncia, e a disputa por um segundo lugar se tornava um
ideal n�o muito dif�cil, j� que as demais redes tinham
muito pouco f�lego para competir. A maioria destas esta��es
ainda existem, espalhadas pelas outras redes. Acompanhe a
lista:
TV
Gazeta,
S�o Paulo
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TV
Jornal do Com�rcio,
Recife
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TV
Nacional,
Bras�lia
|
TV
Alterosa,
Belo Horizonte
|
TV
Brasil Central,
Goi�nia
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TV
Guajar�,
Bel�m do Par�
|
TV
Industrial,
Juiz de Fora
|
TV
Brasil Oeste,
Cuiab�
|
TV
Amazonas,
Manaus
|
TV
Rond�nia,
Porto Velho
|
TV
Acre, Rio
Branco
|
TV
Roraima,
Boa Vista
|
TV
Amap�,
Macap�
|
TV
Itacoatiara,
Itacoatiara (AM)
|
TV
Parintins,
Parintins (AM)
|
TV
Guajar�-Mirim,
Guajar�-Mirim (RO)
|
TV
Vila Rond�nia,
Vila Rond�nia (RO)
|
TV
Esplanada,
Ponta Grossa (PR)
|
TV
Rio Preto,
S�o Jos� do Rio Preto (SP)
|
TV
Paraibuna,
Uberl�ndia (MG)
|
TV
Difusora,
Porto Alegre
|
TV
Igua�u,
Curitiba
|
TV
Tibagi,
Apucarana (PR)
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Em 16 de julho
de 2001 a Rede Gazeta e o Jornal Gazeta Mercantil se unem para criar o
novo telejornalismo da emissora, que agora, al�m dos esportivos e o de
"Em Quest�o" (com Maria L�dia), incorporam a grade de
programa��o os jornais "Primeira P�gina", "Mercado"
e "Jornal da Gazeta", que inaugurou com sucesso o jornalismo
naquele dia. Foram reformulado todos os programas jornal�sticos da
emissora, at� mesmo o "Gazeta Esportiva".
O
"Jornal da Gazeta" estreou com cobertura direta da capital
argentina de Buenos Aires, j� que o Brasil passava por
dificuldade devido a crise econ�mica no pa�s vizinho. Assim, Carlos
Alberto Sardenberg (da CBN-Brasil e ex-comentarista econ�mico da TV
Cultura), Gustavo Camargo e Camila Teich comandaram a primeira edi��o do
"Jornal da Gazeta", tendo Maria L�dia como convidada, assim as
duas faces da Rede Gazeta, a nova e a antiga se encontram para reabrir o
telejornalismo informativo da emissora, sob a dire��o do ex-diretor
Albino Castro do TJ Brasil (SBT) na �poca de maior sucesso, com B�ris
Casoy.
E o canal no
primeiro semestre de 2001 tamb�m j� havia feito altera��es: o programa
musical "Clipper" entrava no ar e "Mulheres" passava
de Le�o Lobo e M�rcia Goldshimidt, que foram para Rede Bandeirantes,
para Clodovil e Christina Rocha.
"Mulheres"
� o programa mais tradicional da Gazeta junto com "Em Quest�o"
e "Mesa Redonda". "Mulheres" come�ou com Clarisse
Amaral sob o nome de "Programa Clarisse Amaral". Com a entrada
da respons�vel pelo setor de moda das Lojas Mappin, Ione Borges ao lado
de Clarisse, o programa passa a se chamar "Clarisse Amaral em
Desfile". Com a morte da apresentadora, o programa continua com Ione,
agora ao lado da locutora de r�dio Claudete Troiano, dando in�cio �s
"parceirinhas" do programa "Mulheres em Desfile". Com
a separa��o da dupla no final da d�cada de 90, Claudete muda de
emissora e "Ione" em 2001 apresenta o programa "Pra
Voc�" e "Ione" (sendo que na �poca do in�cio de
"Pra Voc�", Ione faz este programa enquanto
"Mulheres" fica � cargo s� de Claudete). Hoje Claudete Troiano
apresenta "Note e Anote", na Rede Record, e Ione Borges apenas
seu programa de audit�rio hom�nimo. A� M�rcia e Le�o Lobo entram para
dar continuidade ao programa e depos disto, tudo ocorre como o que j�
descrevemos neste texto.
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os direitos s�o reservados - Fonte: RevistaTelecentro -n� 7
- Janeiro de 2001 - Mat�ria "Gazeta, nasce a mais
nova rede nacional" / Reportagem Especial. Imagens
pertencentes ao Arquivo Telecentro� - Texto de Arthur Ankerkrone. Altera��es
feitas por Elmo Francfort em julho de 2001.
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