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A
pintura e as manifestações gráficas dos grupos indígenas
do Brasil foram objeto de atenção de cronistas e viajantes
desde o primeiro século da descoberta, e de inúmeros estudiosos
que nunca deixaram de registrá-las e de se surpreender com essas
manifestações insistentemente presentes ora na arte rupestre,
ora no corpo do índio, ora em objetos utilitários e rituais,
nas casas, na areia e, mais tarde, no papel.
No entanto, mesmo neste século, apesar da riqueza do material disponível, o estudo da arte e da ornamentação do corpo foi relegado a segundo plano durante muitos anos, no que diz respeito às sociedades indígenas do Brasil. As razões para essa recusa se aplicam pelo fato de a arte ter sido considerada como esfera residual ou independente do contexto no qual aparece. Com isso, ignorou-se o tipo de evidência que o estudo da arte aporta à análise das idéias subjacentes a campos e domínios sociais, religiosos e cognitivos de um modo geral. |
Apenas
recentemente a pintura, a arte gráfica e os ornamentos do corpo
passaram a ser considerados como material visual que exprime a concepção
tribal de pessoa humana, a categorização social e material
e outras mensagens referentes à ordem cósmica. Em resumo,
manifestações simbólicas e estéticas centrais
para a compreensão da vida em sociedade.
Em certos
grupos indígenas, a arte pode atingir níveis de um virtuosismo
extremado, como ocorre, por exemplo, na antiga pintura facial dos kadiweu.
Apesar disso, permanece estática por longos períodos, pois
se relaciona com uma trama de significados sociais e religiosos (isto é,
com modos de classificar e interpretar o mundo) de cuja preservação
participa, criando marcos tangíveis para seu reconhecimento. Mesmo
assim, ela não é imune às transformações
sociais e ecológicas...
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