Foto jornalista diplomado Antônio Barañano / TeleNews Torres

Leonardo Boff sobe para o palco da Ulbra seguido pela prefeita de Torres Nílvia Pinto Pereira

"Vivemos tempos de barbárie", afirmou Boff "querem resolver os problemas do mundo através da violência" e que hoje vale tudo. As tecnologias com essa finalidade estão cada vez mais avançadas. "Basta usar um computador para ser espionado. Cuidado com o que vocês disserem ou com os namoros pela internet porque isso pode ser usado contra vocês mais tarde ou, no mínimo, podem estar divertindo alguém por aí". (A platéia ri muito). "Eles podem entrar num computador mesmo desligado e copiar tudo que está lá dentro".

Boff sugere que assuntos que precisem de sigilo devem ser escritos em máquinas de escrever comuns. "Chefes de estado estão preferindo escrever suas mensagens à mão e nem são à caneta. Estão escrevendo a lápis porque é mais difícil de copiar. Há agora também o drone que é uma máquina mortífera. Eu posso estar sentado aqui e um drone simplesmente me fragmenta com um raio, não fica corpo, apenas resíduos de cinzas".

"É de se perguntar que tipo de sociedade estamos construindo? Onde existe a banalidade da morte... Estamos entregues ao destino de forças que não podemos controlar. Se destruirmos o ser humano perdemos o caminho que nos leva a Deus. A base fundamental da sociedade tem que ser humana. O ser humano é algo sagrado, ninguém pode tocar nele".

Neste estágio da palestra Leonardo Boff recorda sua experiência com Chico Mendes na defesa da Amazônia. "Quando apareciam os tratores na floresta para destruir a mata, nós colocávamos as crianças, as mulheres e os avós na frente das maquinas e ficávamos atrás. Ganhavámos sempre... Sabem por quê? Porque nenhum motorista de trator queria levar pela vida afora essa vergonha de esmagar inocentes... Eles davam meia-volta nos tratores e diziam essa vergonha não vou carregar comigo".

O ex-frei Boff disse que "atrás de cada movimento social existe um direito negado. São os sem-terra, os sem-teto...". Segundo ele grandes forças econômicas e políticas se opõem a esse direito. "É o direito negado. A Constituição até reconhece os direitos mas ninguém respeita... ficou tudo por regulamentar ainda. "Os poderosos jamais farão uma legislação que defenda direitos porque eles vivem de privilégios".

Boff ressalta que os direitos humanos começam pelo principal, o direito à vida. "Um morto não precisa de mais nada, são os vivos que precisam". Nesse sentido Boff defende os programas Bolsa Alimentação e Bolsa Família. "Certa vez eu vinha no carro com Lula e ele mandou parar em certo local e me contou que bem ali havia chorado porque chegara ao fim do dia e ele não tinha alimentos para levar para os irmãos que estavam com fome. O Lula chorou e eu chorei junto. Então ele me contou, era compromisso dele como Presidente da República cuidar para que cada brasileiro não passasse mais fome, que pelo menos pudesse comer uma ou duas vezes ao dia.

Para Boff, depois do direito à vida a segunda coisa mais importante para o ser humano é o trabalho. Depois vem o direito a moradia.. Não somos bichos para dormir ao relento precismaos te uma habitação digna. "Ninguém tem direito de submter a mais sofrimento aquele que já sofre. Justiça social é respeitar todos os seres humanos". É o Pacto Social. Leonardo Boff encerra sua palestra falando também em Pacto Natural que se resume ao respeito do homem para com o planeta, preservando seus animais e o ambiente. "Esses dois pactos resultam na sustenção de toda a vida no planeta".

O TeleNews Torres estará encaminhando nos próximos dias algumas perguntas diretamente ao doutor Leonardo Boff com a finalidade de elucidar algumas questões.

Foto jornalista diplomado Antônio Barañano / TeleNews Torres

Márcia Miranda – a mulher de Leonardo Boff acompanha o marido nas viagens e vende seus livros: "Francisco de Assis / Francisco de Roma" é o último lançamento.

[ Entrevista de Boff à Rafaela Clezar / Rádio Maristela ]

Publicado em: 26 JUNHO 2014 – SÁBADO – www.telenewstorres.com