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Irmã Teresa fala sobre a reforma e planos para o hospital

 


A travessia de um hospital chamado Navegantes

jornalista Antônio Barañano / TeleNews Torres

Depois da primeira visita para marcar a entrevista, agora o caminho é fácil. Mas é o mesmo labirinto. Corredores estreitos que serão ampliados, divisórias que darão lugar a paredes ou serão afastadas definitivamente. Enfim, o que qualquer um pode ver é que o hospital está em obras. Mas não são obras comuns, é uma reforma geral que um prédio de 56 anos está a requerer para cumprir com os padrões exigidos pela Anvisa - Agência Nacional de Vigilância Sanitária. O Hospital Nossa Senhora dos Navegantes de Torres está em obras e funcionando...


Irmã Teresa Giacomin, presidente do Hospital Nossa Senhora dos Navegantes

Para obtermos informações sobre o que anda se passando no hospital estamos indo ao encontro de sua presidente irmâ Teresa Giacomin, uma mulher que há 36 anos se dedica profissionalmente à área hospitalar. Primeiro como enfermeira, profissão em que é formada, e agora como presidente do Hospital Nossa Senhora dos Navegantes, em Torres.

Natural de Flores da Cunha, viveu a maior parte de sua vida em Caxias do Sul e quase sempre tirou férias em Torres, razão pela qual tem um grande carinho pela cidade. Quando precisa ir a Porto Alegre ou tratar de assuntos na Ordem à qual pertence em Caxias do Sul, podendo, volta para Torres no mesmo dia.

Hospital, imaginamos nós, é um lugar onde as pessoas chegam tristes, apreensivas e quando saem felizes dificilmente retornam para dizê-lo. Mas, se por acaso saem mais tristes do que chegaram, aí o mundo inteiro cai sobre eles. Se algo der errado ninguém perdoa. "Parece que somos o saco de pancadas".

Irmã Teresa revela que tem horas que é difícil manter o moral da turma elevado. "Sou muito transparente, não tenho nada a esconder. Tudo que é publicado sobre o hospital eu levo para discussão com eles".

"Ainda outro dia acusaram a enfermagem de não dar banho nos pacientes com gripe suína". Segundo ela, apenas os pacientes das UTIs recebiam banho dos enfermeiros. Os pacientes da gripe suína tomavam banho por conta própria porque não estavam em situação de UTIs.

Ela sugeriu à própria equipe que, em conjunto, explicasse a situação ao jornal. Os enfermeiros escreveram uma carta, "mas até hoje não foi publicada a resposta deles". A irmã Teresa disse que a instituição também respondeu às acusações feitas na Tribuna da Câmara de Vereadores, mas sua correspondência não foi lida na sessão subsequente.

O que nos traz até irmã Teresa é justamente essa denúncia grave feita na Câmara Municipal pelo vereador Antenor Justo Behncker (PP Torres) e publicada também aqui no TeleNews Torres. O vereador disse que o tomógrafo está parado (o que é verdade) e joga uma suspeita de que o equipamento bom comprado com verbas públicas para o Hospital Navegantes foi desviado, trocado por um aparelho velho com o Hospital Mãe de Deus em Porto Alegre (aqui o vereador já fica refém apenas do conhecimento duvidoso de quem lhe passou alguma informação).

Segundo irmã Teresa, foi feita uma consulta popular por verba pública para a compra de um tomógrafo. Enquanto se buscavam os recursos e os trâmites, a situação que se originou foi a seguinte: o Hospital Mãe de Deus em Porto Alegre dispunha de um tomógrafo excedente para passar para o Hospital de Torres e a administração decidiu usar a verba da consulta popular para comprar outros dois equipamentos importantíssimos: uma aparelho para realizar ecografias e o "arco em C" muito usado na traumatologia e ortopedia.

O aparelho de ecografia a maioria das pessoas já sabe do que se trata. É aquele equipamento que entre outras coisas mais importantes permite ver com antecedência o sexo dos bebês que estão para nascer.

O "arco em C" é um moderno aparelho de raio-X que mostra a imagem em tempo real numa tela para o médico, sem os custos e os inconvenientes da demora que os aparelhos de raio-x antigos infligiam aos procedimentos. Com o "arco em C" o médico não precisa interromper uma cirugia para esperar a revelação do filme do raio-X porque aparece tudo ali na tela, na frente dele, enquanto vai operando. Observe-se ainda, a vantagem das múltiplas imagens que ele pode realizar enquanto trabalha, sem custos com filmes. Tudo em tempo real.

Mas voltando ao tomógrafo a história não pára por aqui. Como havia pouca demanda de uso, o Hospital Nossa Senhora dos Navegantes decidiu vender o tomógrafo para uma empresa terceirizada que presta serviços ao próprio hospital denominada Sulimagem, com sede em São Paulo. Assim, como proprietária, essa empresa passou a ser responsável pela manutenção do equipamento.

Neste ponto da conversa chegamos ao motivo que nos levou até ao Hospital Nossa Senhora dos Navegantes. Segundo ela, o equipamento está parado por falta de uma peça que precisa vir do exterior. Não é uma importação simples, porque o pedido de importação precisa ser solicitado a Brasília, onde a Anvisa está pesquisando se existe indústria nacional produtora da peça, para só então liberar a guia de importação. Parece uma situação absurda, mas é assim que funciona. Pelas informações que irmã Teresa recebeu, essa peça, até sair de seu país de origem, ainda vai levar mais uns 60 dias para chegar a Torres.

Mesmo com o tomógrafo quebrado, os pacientes que necessitam de tomografia não ficam sem atendimento. Eles são levados até o Hospital da Ulbra em Tramandaí ou ao Hospital São José, em Criciúma. Essa política de boa-vizinhança é uma prática comum na região, "pois eles também se socorrem de nós quando precisam", diz irmã Teresa. O deslocamento dos pacientes é feito em ambulância contratada pelo Hospital Navegantes.

O verador Antenor Justo Behncke também acusou o Hospital Nossa Senhora dos Navegantes de remunerar mal aos médicos. "Por isso eles não param aqui". E insinuou que o Hospital não estaria usando toda a verba mensal de R$ 85 mil aprovada pela Câmara de Vereadores para a Prefeitura repassar ao Hospital para o pagamento dos médicos.

A irmã Teresa disse que os médicos são remunerados com base no preço de mercado, os mesmos valores que os demais hospitais pagam e corrige o valor da verba que deveria ser repassada pela Prefeitura, conforme dito pelo vereador. Não são R$ 85 mil, "são 90 mil reais". E sobre o repasse é lacônica: "A prefeitura não repassa esse valor há um bom tempo. A dívida da Prefeitura para com o hospital já passa de R$ 1 milhão", segundo irmã Teresa.

Dá para perceber que administrar um hospital é como montar um quebra cabeças. Há que mexer uma peça para cá, empurrar outra para lá, depois trazê-la de volta. Em suma há que jogar com os recursos que são escassos e nem sempre chegam na hora certa. Tal qual está fazendo na parte física, em que os leitos ora estão numa ala, ora noutra, os equipamentos e laboratório trocados de lugar, até retornarem ao ponto de partida ou irem definitivamente para seu novo destino.

Além de transpartente, a olhos vistos irmã Teresa é uma otimista que não se deixa abater. Seu próximo desafio é conseguir um aparelho de ressonância magnética para Torres. "Já falamos com o deputado (Germano) Bonow. É um equipamento caro, vamos ver se conseguimos verbas com mais deputados e com o Governo". Ela acha que até 2012 consegue colocar a ressonância dentro do hospital. Mas, não é de se admirar que ela consiga trazer o equipamento até mesmo antes desse prazo previsto. Afinal, uma de suas principais qualidade é a persistência. "Eu não desisto nunca",

O Hospital Nossa Senhora dos Navegantes de Torres é uma instituição filantrópica que tem como mantenedora a Associação Educadora São Carlos, que por sua vez é pertencente à Congregação das Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeo-Sclabrinianas, da Igreja Católica, com sede em Roma. A mesma Associação Educadora São Carlos, com sede em Caxias do Sul, é a dona do Hospital Mãe de Deus, não filantópico, e reconhecidamente de elevado padrão de excelência em serviços médicos.

Fica fácil assim compreender as relações de intercâmbio entre as duas instituições. Ambas pertencem ao mesmo dono. "Exames de doenças de cunho coronariano e de acidente vascular cerebral (AVC) são transmitidos por internet e analisados no Mãe de Deus em Porto Alegre". De lá retornam o diagnóstico e a indicação de medicamentos e procedimentos, conforme o caso.

A irmã Teresa disse que assim como esse intercâmbio traz pontos positivos, a associação com a imagem do Hospital Mãe de Deus cria certos embaraços dado o alto conceito que o Mãe de Deus desfruta no Estado. "As pessoas precisam ser realistas, guardar as devidas proporções. Somos um Hospital filantrópico". É evidente que tudo que o Hospital Mãe de Deus puder colocar à disposição do Hospital Navegantes ele coloca. Assim, se as instalações físicas são bem mais modestas, os conhecimentos e procedimentos médicos acabam sendo iguais.

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