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EDITORIAL

Era dócil, imagine
se fosse brabo!

 

Por Antônio Barañano / TeleNews Torres[email protected]

Seria bom que todos os vereadores se reunissem, tomassem um ônibus ou vários e depois cada um desembarcasse sozinho e saísse a caminhar por um bairro fora do centro, por volta das 23 horas. Assim teriam noção do que centenas e centenas de pessoas fazem por anos a fio. De dia são os pequenos que precisam pegar o ônibus escolar, de noite são os jovens que estudam ou trabalham e dependem dos ônibus de linha.

Só muito depois de andarem e andarem a pé é que nossos vereadores poderiam acionar suas "equipes de resgate" - já que estamos na cidade do balonismo, acostumados com esse termo. Só depois desse passeio é que poderiam refletir melhor sobre os riscos a que estão expostos crianças, jovens - homens e mulheres - que precisam se deslocar à noite pelo interior do município depois que desembarcam dos ônibus.

Não, não estamos a nos referir aqui aos riscos de assaltos. Queremos nos referir a uma situação bem pior, porque o risco é quase permanente. Ao pavor que essas bestas-feras incutem na mente de nossas crianças e de nossos jovens em todos os bairros da cidade. A sensação de medo, de serem atacadas por essas feras é permanente toda vez que precisam se deslocar entre suas casas e o ponto de ônibus.

Por exemplo, é raro, mas vez por outra um pit bull branco vagueia de dia pelas ruas de Itapeva com uma coleira de ferro ao pescoço. À noite é a vez de um hotweiler sem dono fazer a travessia dessas ruas. Se acontece em Itapeva, certamente ocorre em outros balneários e bairros também. Não há lei que discipline o recolhimento desses animais  em nosso município e ao que tudo indica a polícia só pode intervir depois de um fato consumado, o que lamentavelmente já será tarde, muito tarde. A Prefeitura por sua vez não tem um carrocinha e nem equipes preparadas para essa finalidade. Se tivesse a Vigilância Sanitária não mandaria deixar o pit bull Jaca sem água e sem comida até morrer por inanição.

O ataque ocorrido recentemente na Praia Santa Helena tem que levar todos os responsáveis - autoridades e proprietários desses animais - a se conscientizarem que não são raças apropriadas ao convívio humano. Esses animais são resultantes de cruzamentos genéticos com finalidade de uso militar ou policial. A raça doberman, por exemplo, é muito usada na segurança de presídios. 

Qual preso se atreverá a furar um cerco formado por esse tipo de cachorro, por maior que seja sua ânsia de liberdade, se souber que pode ser estraçalhado. Na denominada Rota Romântica a caminho da Serra Gaúcha um lojista mantinha ao lado de sua loja de roupas de couro um canil com quatro cães da raça fila. "Nem eu entro ali", disse o dono. "Quem consegue entrar nesse canil é o tratador deles e assim mesmo só entra com água e fogo". Havia um porta do tipo vai-e-vem que levava ao canil e assim os clientes ficavam na sensação de que a qualquer momento um fila daqueles pudesse irromper na loja.

 

Ter um pit bull em casa é uma situação que pode ser comparável a guardar uma granada. Um dia ela vai estourar. Um dia esse pit bull que você acha tão dócil e tão amigo vai acabar atacando alguém que pode ser da própria família. Outra, esses animais parecem ter predileção por crianças. São ciumentos, basta aparecer na casa uma criança recebendo todas as atenções da família para eles se zangarem.

 

Certa vez, ao ser acionado para recolher alguns animais dessas espécies que vagavam pela ruas de Torres, o plantonista do 190 da Brigada Militar foi objetivo. "Não podemos fazer nada, não há Lei em Torres que regulamente a situação desses cachorros. Aqui no Estado só tem Lei contra cães perigosos em Porto Alegre e Novo Hamburgo", sublinhou.


Enquanto isto a população, de um forma geral, fica desprotegida. Em Bagé há muitos anos o então vereador Valentim Cassales caminhava por uma rua de vila na periferia da cidade quando, em plena luz do dia, foi atacado por um pit bull. "Eu dava o braço para ele morder, mas ele não agarrava, queria minha garganta". Enquanto se defendia com um dos braços, com a outra mão apanhou seu revólver. Conseguiu colocar o cano do revólver dentro da boca da fera e detonou. "Foi um tiro só", costumava dizer sempre que relembrava a pior passagem de sua vida. "Vi o sofrimento e a morte muito pertos".

 

O pior é que o dono da fera conversava com outra pessoa e assistia ao comportamento do cachorro, sem nada fazer para impedi-lo. Ria, divertia-se com a situação. Quando a fera quedou sem vida eles perderam a graça. Foi então que o vereador perguntou, "se alguém queria tirar a cara pelo cachorro". Ficaram quietos. As histórias envolvendo pit bulls são muitas. São célebres os casos de viralatas que salvaram crianças que estavam sendo atacadas por esses monstros. Já são incontáveis as mortes provocadas por essas feras. Por que teremos que esperar que aconteça o pior  do que já aconteceu aqui em Torres, outra vez?

 

Depende somente de nossa Câmara de Vereadores  um solução para o caso. Bem que nossos vereadores poderiam estudar a situação e criar uma Lei proibindo de vez a permanência dessas verdadeiras bestas em solo torrense. Acredita-se que os vereadores que encamparem essa idéia não perderão mais do que meia dúzia de votos e em contrapartida ganharão a simpatia de milhares de munícipes sob constante ameaça. Estarão agindo em nome de crianças que, inocentes, vivem à mercê de irresponsáveis que mantêm essa essas feras em seu convívio. Jaca, o pit bull da Praia Santa Helena era dócil e fez o que fez. Imaginem se fosse brabo. 

[ Leia a opinião de Paulo Sant´Ana (RBS) sobre o tema ]

[ Senador propõe lei que proìbe reprodução de pit bull ]

[ Criadores de pit bull se revoltaram contra lei catarinense ]

[ Lei anti-pit bull em Estado americano ]

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