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\n'; barra += ' \n'; barra += '
\n'; barra += '\n'; document.write(barra); } } changePage(); ARQUIVO CABEÇAS FALANTES ONLINE - edições publicadas
ATENÇÃO: Começamos e não vamos parar.  Em junho retornaremos com a edição nº 16. Participe enviando artigos, sugestões de matérias e links de sites para intercâmbio virtual. 

BREVE TODAS AS EDIÇÕES ESTARÃO DISTRIBUÍDAS POR NÚMERO PARA FACILITAR ACESSO

ARQUIVO CABEÇAS FALANTES ONLINE

Informativo afro-cultural brasileiro - edições publicadas - página continua - Oubí Inaê Kibuko - Editor responsável

Site: www.cabecasfalantes.hpg.com.br - Edição do mês: www.infocabecasfalantes.hpg.com.br

Amigo Leitor, gradativamente, pessoas de várias áreas, tanto nacionais quanto do exterior, interessadas nas primeiras edições de CABEÇAS FALANTES ON-LINE  – informativo afro-cultural brasileiro têm aumentado. Visando atender aqueles que nos solicitam as primeiras edições, estamos disponibilizando todos os números para quem desejar conhecê-los a título de estudo, simples curiosidade, pesquisa, documentação...  Algumas alterações em termos de formatação tiveram que ser feitas nos números 1, 2 e 3, sem prejudicar o conteúdo original. Quanto a ausência de imagens, elucidamos: CABEÇAS FALANTES ONLINE não publica matérias com ilustrações e  fotos, por questões técnicas. Falta no mercado programas que permitam editar imagem e texto sem desformatá-los ao serem repassados pelos internautas, para quem não utiliza programas HTML. Aliado a propósitos pedagógicos, CABEÇAS FALANTES ONLINE busca intencionalmente estimular o exercício da leitura. Fato constatado entre inúmeras pessoas que utilizam computadores, comprovando a tese de educadores e consultores de marketing, os quais afirmam que poucos lêem um e-mail acima de 5 a 10 linhas; provocando desse modo um grave e gradativo desinteresse ao hábito de ler... Com mais esta iniciativa, almejamos atender aqueles que porventura não tiveram acesso às edições anteriores, bem como atender aqueles que porventura desejam manter-se atualizados com as posteriores, caso não tenha recebido.. Acesse, leia, selecione a edição desejada, copie e divulgue. Seja um agente multiplicador de CABEÇAS FALANTES ONLINE. A cultura e a informação afro-brasileira agradecem a sua valiosa colaboração.

 

CABEÇAS FALANTES - informativo afro-cultural brasileiro – nosso atabaque virtual

Ano I – número 01 – fevereiro/2002 –  Edição mensal

e-mail: [email protected]

 

UMA TV PRETA PARA NÓS

(“Vamos investir em nós mesmos”. – Netinho de Paula, Negritude Jr.)

Quando nosso SER consumidor sintonizava o monitor:

Imagens da obsessão-terror nos clarenredavam.

Roteiros do racismo entravam no globo da sala

Via Sistema “Brasiloiro” de Negação

Antenas vigilantes captaram movimentos parabólicos

“Atabáquinas” flamejantes trovejavam reparações

Escultores de zumbivivências disseminavam produções

A cooperunião nos desligou do comodismo do controle

Éramos passivos expectadores das redes de cooptação

Ofuscansados de nos ver feito enfeite-fantoches

Reflexos branquificados pela ditadura da tele-omissão

Entramos com piloto negrinterativo de TV QUILOMBO

No Ministério da Conscientização

Os fantasmas evaporaram do vídeo que não nos via

(Oubí Inaê Kibuko, CADERNOS NEGROS 19, poemas afro-brasileiros, edição Quilombhoje – literatura,  São Paulo/SP, 1996).

  AGENDE-SE:

  08/MARÇO/2002

Dia Internacional da Mulher - Lançamento de Cadernos Negros 24 em Brasília

Organizado pela escritora e atriz Cristiane Sobral Informações e apoio: [email protected]

  DIA 16/03/2002

Sarau afro-expressão em verso e prosa

Biblioteca Mário de Andrade - Centro -  São Paulo/SP - Realização: Quilombhoje – Literatura

 

UM JUBILEU DE PRATA QUE VALE OURO

 O Quilombhoje – Literatura, grupo de escritores criado em 1980 e sediado na capital paulista, trouxe a publico mais um exemplar da série Cadernos Negros. O volume 24, contos, traz 11 autores (Cristiane Sobral, Cuti, Esmeralda Ribeiro, Fausto Antônio, Henrique Cunha Jr., Lia Vieira, Márcio Barbosa, Miriam Alves, Vera Lucia Barbosa, Waldemar Euzébio Pereira e Zula Gibi, que em estilos diversos  retratam a vivência afro-brasileira e vitalizam a literatura nacional. Neste ano, o CN completará 25 anos de publicação contínua. O mérito vale indicação ao Guiness Book – o livro dos recordes, por ser a única antologia no gênero, editada anualmente,  de forma cooperativa e o Prêmio A.P.C.A (Associação Paulista dos Críticos de Arte) pelo conjunto da obra. Quem ainda não teve a oportunidade de publicar seus poemas, poderá aproveitar o ensejo para tirá-los da gaveta e participar de uma comemoração histórica. A festa de lançamento para o jubileu de prata dos Cadernos Negros promete arrebentar a boca do balão. Informações:  www.quilombhoje.com.br

 

RAINHA E ESCRAVAS

Da janela do apartamento

Vejo só barracos do morro

Onde moram as rainhas do carnaval

Imponentes rainhas negras

Riquíssimas de ritmo e sexo

Rainhas por três dias alegres

Escravas no resto do ano...

(Solano Trindade, CANTARES AO MEU POVO, poemas, Editora Brasiliense, São Paulo, 1981).

 

MULHERES NEGRAS x CARNAVAL

Olá Companheir@s, estamos nos aproximando do Carnaval e conseqüentemente surgem do meio do  "nada" elas que ficam o ano inteiro escondidas: Mulheres negras. Na  linguagem mais popular: MULATAS. Passamos a chamar a atenção dos gringos nas quadras, temos que ir com uma roupa bem sensual (somos recomendadas) até que chega o grande dia: o desfile na Marquês de Sapucaí. Mas todo ano é a mesma coisa perdemos noites nas quadras para nas vésperas do desfile vermos a nossa fantasia indo parar nas mãos das Globalizadas, das mulheres mais "bonitas da tevê”. Trabalho  numa ONG (organização não governamental) de mulheres negras e essa situação me incomoda profundamente, pois não servimos e muito menos nascemos para apenas rebolar a bunda para gringo.

Axé!

Monique Camilo: [email protected] - Centro de Cultura Proletária: [email protected]

 
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Oubí Inaê Kibuko - fotógrafo - (55-11) 9750-1542 – [email protected] - www.oubitelapreta.hpg.com.br

 

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CABEÇAS FALANTES - Informativo afro-cultural - Edição mensal - Oubí Inaê Kibuko – editor responsável

Caixa Postal 30.255 –  Cidade Tiradentes – SP/SP-BR – CEP 08471-970 - Fone (011) 9750-1542 - e-mail: [email protected]

Se você não quiser mais receber CABEÇAS FALANTES, clique em responder e coloque "EXCLUIR" na linha do assunto.

  

CABEÇAS FALANTES – informativo afro cultural brasileiro

Ano I - n.02 - março/2002 - Editor: Oubí Inaê Kibuko - e-mail: [email protected] - [email protected]

EDITORIAL

Amigo Leitor, saudações internáuticas! Por acreditarmos que reformas educativas, culturais e de comportamento são algumas das chaves para o futuro da nação brasileira e sua coletividade afro-descendente, o número 1 de CABEÇAS FALANTES, versão on-line foi bem recebido em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Brasília, Moçambique, EUA... Não podemos discutir soluções sociais, se não buscarmos equações raciais, expondo o que pensamos/vivenciamos... Tanto que a proposta de Ações Afirmativas aos afro-brasileiros vem gerando polêmicas. Utilizar novas ferramentas de comunicação, visando expandir e multiplicar os ecos do modesto trabalho que vínhamos realizando na coluna homônima publicada no jornal Consciência Negra até o ano 2000, era um projeto cobiçado, desde quando descobrimos a importância sem fronteiras deste atabaque virtual. O próximo passo será construir um site onde você possa contribuir neste processo para democratizar e descentralizar a informação. Muitos estão expostos à opinião de poucos. 2002 é ano político. Segundo um provérbio africano: “Aquele que esquece o passado está condenado a revivê-lo”. Não venda seu voto. Exija dos candidatos um termo de compromisso assinado. Por enquanto, contamos com a sua colaboração e divulgação de CABEÇAS FALANTES. Agradecemos a todos que enviaram mensagens de apoio. Como o espaço é curto omitiremos nomes para não sermos injustos. Esta edição traz um pouco do que nos foi enviado, sugerido e compilado dos nossos arquivos. Tanto material de utilidade pública não poderia permanecer restrito à uma "elite pensante". Principalmente quando se é morador de um bairro chamado COHAB Cidade Tiradentes, periferia do extremo leste de São Paulo, onde as bibliotecas e manifestações culturais existentes são frutos de árduos esforços voluntários. A saúde pública também está em foco. O governo não tem dado a devida atenção à Anemia Falciforme. Você é quem nos ajuda a fazer este informativo. Portanto, Amigo Leitor, além de ser multiplicador de CABEÇAS FALANTES,  coloque um pouco do seu acervo à disposição daqueles que tem fome de conhecimento e...  O Brasil e o Mundo agradecem.

 

Oubí Inaê Kibuko – Editor responsável

MEU NOME AFRICANO

A partir desta edição publicaremos nomes afros. Aos que forem registrar seus filhos, recomenda-se levar esta página para contornar aborrecimentos. Não se trata de marketing induzido. Os cartórios, às vezes, criam obstáculos para lavrar os registros, baseando-se em um “glossário mundial de nomes”,  no qual referências africanas inexistem. Estranhamente, tais barreiras não são extensivas às origens de outros continentes...

 

Nomes masculinos

ABAYNEH = você está acima de tudo – Etiópia

ABAYOMI = nascido para trazer-me alegria – Ioruba

ABIMBOLA = nascido rico – Ioruba

AFOLABY = nascido com fama – Nigéria

AGYEI = mensageiro de Deus – Gana

 

Nomes femininos  

ADESINA = a coroa (da rainha) levanta barreiras no caminho – Nigéria

AÍSHA = vida - Swahili

AMADI = comemoração geral – Ibo

ASANTEWAA = mulher de guerra, guerreira – Ashanti

AYOBAMI = fui abençoada por Deus com alegria - Ioruba

 

Fontes: “Nomes afros e seus significados”, Quilombhoje; “Know and Clean Your African Name”, Becktemba Sayika.

ALEGORIA DE MÃO

É o título do folheto produzido pelo escritor e dramaturgo Cuti (Luiz Silva). Sua obra é uma navalha afiada  na   pedra-limo da vivência afro-brasileira. Alegoria de mão contém quatro poemas (Passagem,  Ah!sssssé...dio!, Para ouvir e entender “Estrela”, Sedução, Procura) e o conto Dívida em vida. Uma reflexão oportuna e profética para quem participou da Conferência Internacional Contra o Racismo, Xenofobia e Outras Formas de Intolerância, ocorrida em agosto/setembro 2000, Durban - África do Sul e viu a proposta de indenização aos afro-descendentes ser rejeitada.  Para quem não teve a oportunidade de conhecer sua obra, Alegoria de mão é ilustrada pelas capas de 3 livros do autor e do cd Quilombo de Palavras, recital poético em parceria com o poeta e professor Carlos de Assumpção. Maiores informações através do site: www.luizcuti.silva.nom.br

                                                                      BONECAS NEGRAS

 

Se Papai Noel

não trouxer boneca preta

neste Natal

meta-lhe o pé no saco

 

(Para ouvir e entender “Estrela”, Cuti)

 

A busca pelo produto mais fácil é uma regra para quem preguiçosamente não quer perder tempo. Mesmo que lhe custe o preço da sua identidade, nesses tempos de globalização, onde quem não preservar suas raízes está fadado à extinção. Semear a auto-estima começa na infância, para colhermos frutos promissores no futuro... Quem não se lembra daquele detestável presente que nada tinha a ver consigo? Genésio Arruda vem desenvolvendo, de forma cooperativa, um trabalho exemplar. Ele e seus familiares produzem bonecas negras artesanais, vendidas pessoalmente e também feitas por encomenda. Com direito a entrega em sua residência ou escritório. São diversos tipos e modelos. Se você deseja presentear alguém querido ou mesmo a si próprio com algo condizente à sua afro-descendência, agende uma visita, através dos telefones:  (011) 3487-0209 ou 3668-7042.  

INSPIRADO NUMA CHARGE DE JAGUAR

Com a carapinha anelando sonhos vitoriosos, dispararam pela avenida Celso Garcia.

“Chamem a FEBEM!” - gritou o senhor branco, quando os cinco negrinhos por ele passaram correndo, em treino a São Silvestre.

Indignados, eles retornaram zumbifuriosos e, sem pestanejar, deram-lhe treze nós na língua, em meio à multidão estupefata.

Oubí Inaê Kibuko

QUILOMBO VIRTUAL

QUILOMBHOJE: grupo de escritores responsável pela série cooperativa Cadernos Negros – www.quilombhoje.com.br

CIDAN: Centro de informação e documentação do artista negro – www.cidan.org.br

PORTAL AFRO: informação, arte, cultura, documentação – www.portalafro.com.br

BOCADA FORTE:informações sobre o movimento e a cultura Hip-Hop, shows, músicas – www.bocadaforte.com.br

GÉLÉDÉS: orientação à saúde da mulher negra, apoio jurídico, projetos afro-sociais – www.geledes.com.br

ANEMIA FALCIFORME

É uma doença que passa dos pais para os filhos, alterando os glóbulos vermelhos do sangue. Os glóbulos vermelhos são células arredondadas e elásticas, por isso passam facilmente por todos os vasos sanguíneos do corpo. Dentro destas células existe um pigmento chamado hemoglobina, que dá a cor vermelha ao sangue, e transporta oxigênio para os tecidos e órgãos. A maioria das pessoas recebe dos seus pais hemoglobina normal, tipo A. Como recebem uma parte da mãe e outra do pai, cada pessoa é AA.

   As pessoas com Anemia Falciforme recebem dos seus pais hemoglobina anormal chamada hemoglobina S. Como recebem uma parte da mãe e outra do pai, elas são SS. Os glóbulos vermelhos com hemoglobina S podem ficar em forma de foice. Essas células são mais rígidas e por isso têm dificuldade para passar pelos vasos sangüíneos, podendo amontoar-se uma sobre as outras, dificultando a circulação.

   O Traço Falciforme não é uma doença. Quer dizer que a pessoa herdou de seus pais hemoglobina A e S. Como recebeu um tipo da mãe e outro do pai é AS. As pessoas são saudáveis e nunca desenvolverão a doença.

   É importante saber: quando duas pessoas com Traço Falciforme se unem elas podem gerar filhos com Anemia Falciforme. Daí é importante que todas as pessoas façam um exame de sangue chamado Eletroforese de Hemoglobina, antes de gerarem um filho.

   Sinais e sintomas: crises dolorosas em ossos, músculos e articulações, associadas ou não a infecções, exposição ao frio, esforços, etc. Palidez, cansaço fácil, icterícia (cor amarela visível principalmente no branco dos olhos). Nas crianças, pode haver inchaço nas mãos e nos pés e muitas dores. Maior tendência a infecções.

   Observações importantes: a doença ainda não tem cura, mas pode ser controlada com alguns cuidados simples de saúde e acompanhamento médico. As crianças com Anemia Falciforme devem receber penicilina a partir do terceiro mês de vida, até completarem cinco anos. Além das vacinas, que as protegerá das infecções. Busque sempre orientação.

 

Berenice Assumpção Kikuchi

Associação de Anemia Falciforme do Estado de São Paulo

[email protected]

fone/fax: (011) 69576783

­­­­­­­­­­­­­ RAP INSPIROU BIBLIOTECA

Em 1999, o rapper Betinho escreveu uma letra intitulada “VAMOS LER UM LIVRO”. O público aplaudiu a idéia levada pelo mano quando foi apresentada. Amigos, simpatizantes e professores abraçaram a causa, coordenados pelo Núcleo Cultural Força Ativa. O NCFA é uma organização juvenil e tem como objetivo trabalhar a consciência afro-descendente, a conscientização política, a música RAP e outros seguimentos do HIP HOP, através de eventos culturais, palestras, debates e bate papo, grupo de estudo e os mais diversos modos de trabalhos existentes em comunidades visando uma consciência coletiva da exclusão social. Juntos, começaram a arrecadar livros usados. Após longa via sacra procurando local para instalar as doações crescentes a cada dia, em 09/12/2001 foi inaugurado o Centro de Documentação e Biblioteca Comunitária “Solano Trindade”, em homenagem ao grande poeta e folclorista  pernambucano (1908-1974); gerenciado em conjunto com os Jovens Agentes Comunitários de Direitos Humanos. O acervo contém aproximadamente 1500 livros catalogados, os quais podem ser consultados no próprio local ou locados por sete dias. O consulente pode também locar vídeos-documentários, obter material informativo sobre saúde e ingressar no Curso de Alfabetização de Jovens e Adultos. Outras atividades estão programadas para este semestre. O CDBC “Solano Trindade” funciona de segunda a sexta-feira, na Avenida dos Têxteis nº 1050, COHAB Cidade Tiradentes, São Paulo/SP, das 10:00 às 19:00 horas. Informações: www.ncfativa.cjb.net ou [email protected]

MEMORIAL DE MARÇO

01/1913 – Morreu no RJ, o grande escultor brasileiro Mestre Valentim.

03/1907 – Nasceu em MG, Antonio Rufino dos Reis, um dos fundadores da E.S. Portela.

03/1985 – Morreu aos 92 anos no RJ, o artista plástico Gabriel dos Santos, autor da Casa da Flor, obra arquitetônica.

04/1951 – Morreu em São Paulo-SP, o poeta Lino Guedes, autor de O Canto do Cisne Negro, Ditinho, entre outros.

09/1950 – Nasceu em Colina/SP, o poeta Paulo Colina, autor de Fogo Cruzado (contos) e Plano de Vôo (poemas).

10/1912 – Nasceu em Tubarão/SC, Mãe Apolinária, fundadora da Soc. Caboclos Amigos de Porto Alegre/RS. 

11/1912 – Nasceu no RJ, Aniceto do Império, compositor e um dos fundadores do GRES Império Serrano.

14/1847 – Nasceu na BA Castro Alves, autor de Vozes d’África, Navio Negreiro, Saudação aos Palmares.

14/1914 – Nasceu em Franca/SP, Abdias do Nascimento, escritor e fundador do Teatro Experimental do negro.

19/1908 – Nasceu na BA, José de Assis Vale, cantor/compositor de Camisa Listrada, Boas Festas e outros sucessos.

22/1944 – Nasceu no RJ, Jorge Benjor, cantor/compositor, autor de Chove Chuva, Cadê Tereza e outros sucessos.

26/1944 – Morreu no RJ, José Gomes da Costa, Zé Espinguela, compositor e chefe de terreiro nas décadas 20 e 30.

28/1843 – Nasceu no RJ, Teixeira e Souza, um dos precursores do romantismo, autor de O Filho do Pescador.

 

 

FONTES: Quem é quem na negritude brasileira (CNAB) e Calendário 2000 – Memória afro-brasileira (CPDCN)

  MOMENTOS DE REFLEXÃO

Pensamentos valem e vivem pela observação, pela reflexão aguda e profunda, pela originalidade, simplicidade e graça de dizer, quando os transformamos em palavras. O nosso destino é modificado pelos nossos pensamentos. Viremos a ser o que desejamos ser, quando os nossos habituais pensamentos correspondem aos nossos desejos. (Machado de Assis)

 

Não pensamos virtual. O virtual é que nos pensa. (Sandro Luis A.K.A. ThugLine).

 

Descansando, pensei que estivesse perdendo tempo. Neste meio tempo, vi que muita coisa havia aproveitado o tempo. Porque falei comigo e acabei gostando muita mais de mim. (Geni Guimarães)

 

Diálogo entre dois amigos: Sua tv também é preto e branco? Não. Só tem branco. (Maurício Pestana)

 

Se as portas em que bates estão fechadas, abra teus próprios corredores. (Oubí Inaê Kibuko)

 

Quando você se defrontar, com argumentos cheios de remorsos, de que não existe discriminação racial no Brasil, que o preconceito contra o negro é social e que os negros são complexados, pergunte ao interlocutor cheio de culpas... se ele já passou um dia de negro. (Arnaldo Xavier)

 

Estive revendo os aborrecimentos que tive esses dias (...) Suporto as contingências da vida resoluta. Eu não consegui armazenar para viver, resolvi armazenar paciência. (Carolina Maria de Jesus)

 

(...) às vezes nos encontramos com nós mesmos e outras vezes gritamos por não termos entendido as experiências dos outros. (Rhonda Michelle Collier)

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VOCÊ NÃO ESTÁ SÓ

 A vida tem sido dura para você, mas não se desespere. Pois, você não percebeu que tem amigos. Você só está desorientado. Olhe ao seu redor. Olhe para dentro de si, do que já foi feito para você. Quer ver como você tem amigos? São tantos, mas vamos começar com Exu. Ele não é aquele bicho papão que as pessoas falam. Exu é o Orixá mais próximo do ser humano. É na verdade aquele que faz sua meta se tornar realidade. Exu está pronto a abrir seus caminhos. Saiba pedir que Exu vai atender. Agora você não está mais só. Já tem um amigo! Você está desempregado? Não tem ânimo? Você tem outro amigo, Ogum! Ele mesmo, no momento difícil da sua vida nada como um guerreiro, nada como Ogum para resolver. Está vendo, agora já são dois amigos a quem você pode contar, não é maravilhoso?

   Você acha que sua vida é só de tristezas? Ah! Meu amigo é porque você deixou de lado, talvez pelas dificuldades da vida, a alegria dos Erês, dos Cosminhos, das nossas encantadas crianças, elas vão te fazer feliz, é só lembrar delas. Nossa turma está crescendo. Mas mesmo assim você se acha perdido, adivinhe quem está esperando para ajudá-lo? Ele mesmo, Oxossi! Nosso eterno caçador. Ele com certeza vai encontrar seu caminho. Basta pedir.

   Tá vendo! Mais um no nosso time. Mas você anda doente, e pela maravilha das maravilhas temos dois, isso mesmo. Temos dois orixás que estão prontos para virem ao seu encontro. Nosso Pai Ossaim com seu conhecimento de ervas curativas e o nosso grande mestre Obaluayê, que com seu poder curativo não tem pra ninguém. Notou que estamos cada vez mais protegidos? E ainda tem mais! O mundo está, cada vez mais injusto, temos um especialista nisso, o poderoso Orixá da justiça, Xangô! Às vezes te falta coragem para tomar uma decisão, né? Já pensou em pedir para Iansã? Êta Orixá arretada! É tiro e queda. Ela vale mais que um milhão de dose de coragem. Ela é a própria coragem. Nossa, já perdi a conta de quantos ela ajudou.

   Mas mesmo assim seu coração ainda não está aberto para a humanidade? Não se preocupe, temos a doce e meiga Oxum, que com seu poder de amizade, amor, compreensão vai dar aquilo que você precisa. Ninguém te entende? Lógico que tem alguém, ou você acha que uma mãe não vai te entender? Vai sim. É só se abrir com ela. Quem? Iemanjá é claro. É o desabafo. Nada como o mais velho com sua sabedoria. Para mostrar as coisas da vida, adivinha quem pode? Se você pensou em Nanã acertou em cheio. Que time! E tem mais, muito mais, e coroando todos ainda temos aquele que na sua infinita sabedoria te perdoará por tudo que fizeste, nosso Pai Oxalá. Viu meu amigo quantos podem te ajudar? Basta você não esquecer quem você é. Basta você lembrar dos Orixás no momento fácil e difícil da sua vida. Basta você ter fé nos Orixás. Basta você ter fé em sua vida e ela se transformará num mar de amor, amizade, prosperidade e paz. Sabe porque? Porque você não está só!

 

Valdir Persona – [email protected]

Fonte: Jornal Umbanda & Candomblé nº 209/janeiro/2002 – pg. A-4.

AGENDE-SE

  06/03/02, 18hs00: Palestra sobre o desenvolvimento das telecomunicações em Moçambique. Info: [email protected]

08/03/02, 17h: Grupo musical Mulheres de Ilú – Centro Cultural Banco do Brasil – Rua Álvares Penteado – Centro/SP, grátis.

13/03/02, 19hs00: Lançamento de Cadernos Negros 24 em Brasília – Restaurante Carpen Dien, SCLS 104, BL D, grátis.

16/03, 16hs00: Quilombhoje Sarau Afro Mix – Biblioteca Mário de Andrade, R. da Consolação nº 94, Metrô Anhangabaú, Centro/SP, grátis.

CABEÇAS FALANTES  - Informativo afro-cultural brasileiro - Edição mensal 

Editor: Oubí Inaê Kibuko - Caixa Postal 30.255 –  Cid Tiradentes – SP/SP-BR – CEP 08471-970

Por questão de espaço, matérias e mensagens podem ser publicadas resumidamente. (N. E.)

Fone (011) 9750-1542 - e-mails: [email protected] e/ou [email protected]

Se você não quiser mais receber nossos e-mails, clique em responder e coloque "EXCLUIR" na linha do assunto.

 

CABEÇAS FALANTES -  informativo afro-cultural brasileiro - “nosso atabaque virtual”

Edição especial nº 03 - Dia da Mulher Moçambicana - Editor: Oubí Inaê Kibuko

Home page: http://igspot.ig.com.br/orisfalantes - http://igspot.ig.com.br/tamboresfalantes

EDITORIAL

   Amigo Leitor, demorou... mas chegou! Coisas boas são mesmo assim: às vezes lentas como tempos construídos no alicerce da paciência - por mãos masculinas e femininas - de um mundo igualitário para todos. “Não é que as coisas sejam fáceis/ mas não é ser fácil que é essencial/ O girassol gira com a luz/ e isso não é fácil e é belo/ É tempo de compreender/ que maçala e malapa/ crescem em árvore forte/ na terra firme/ e não no lodo”.(1) Estou diante da comovente e vitoriosa foto de Halle Berry: 1.ª atriz negra a conquistar um Oscar, em 74 anos de história da Academia. Quantos sapos e pedras suas antecessoras  engoliram?!... Nosso Amigo Antonio Matabele bateu aqui, fuçou ali, mexeu acolá e novamente nos coroou com um texto digno, acreditamos, de figurar nos CADERNOS NEGROS volume 25 – poemas. Gosto de pessoas persistentes! Ele é um amante incondicional da sua terra natal: Moçambique. Orgulhosamente, ele trouxe à luz, um pouco da história revolucionária sobre seu  país.  Você poderá conhecê-la, acessando o Correio Virtual : http://igspot.ig.com.br/tamboresfalantes. Esta afeição patriótica e solidária nos leva a refletir o amor que temos deixado a desejar pelo nosso e por extensão à nossa gente. Certamente você vai me indagar: o quê Hollywood tem a ver com uma nação africana e com nós, brasileiros? Talvez minha resposta não convença.  Simplesmente atrevo-me a dizer: luta, irmão. Muita luta! Para estrelas negras talentosas chegarem ao topo e serem premiadas por mérito, direito e reconhecimento histórico: em nome daquelas, cuja existência, tem sido um mero papel estereotipado e coadjuvante... Cá embaixo, há muitas outras anônimas guerreiras, em singelas e cotidianas trincheiras, que na maioria das vezes não recebem sequer um “muito obrigado”. Injustiças precisam ser reparadas. Um dia institucionalizado, torna-se insignificante, se na manhã seguinte, nada se avançou em ações concretas de políticas públicas. Igual candidatos que nos convencem com docelábia, fisgam nosso voto, elegem-se, nunca mais o vimos e sequer lembramos seu nome/fisionomia. Particularmente, sou avesso à datas comemorativas. Porém, se a marcha de um povo, que se deu trilhando caminhos espinhosos, vencendo obstáculos... e culminou com a conquista da Independência Nacional: é justo este marco servir de referencial aos que virão  e para os que estão sem rumo perante si mesmos. Certamente por estarem perdidos, ou presos em teias, para não se dar conta da ogúnica labuta travada, almejando a libertação do coletivo, inúmeras vezes manipulado por escusos interesses internos e externos. Assim sendo, muito axé para o 7 de abril – Dia da Mulher Moçambicana! E de todas as mulheres, conseqüentemente armadas, que municiam suas vidas objetivando uma sociedade melhor, a começar por elas e pelo seu país de origem, em nome do progresso democrático e rompimento de barreiras discriminatórias. Amigo Leitor, Antonio Matabele, quilombelas, malungos: “Neste lado da canoa também estou contigo/ ...Encomendando preces, juras, maldições/ ...Mas nós queremos ainda uma coisa mais bela/ ...Queremos unir as nossas mãos milenárias/ ...Para nos situarmos todos do mesmo lado da canoa”.(2)  Sem ser partidário, transmito aqui meu Axé à Benedita (Bené) da Silva. Primeira governadora negra a ocupar o mais alto posto do estado do Rio de Janeiro, na história política do Brasil. Seu mandato de 9 meses, será um árduo desafio. Que os Orixás... a iluminem nessa gestação! E ajudem-na a minimizar a desastrosa vergonha legada por Celso Pitta, ex-prefeito de São Paulo. Vejo vocês no especial de maio, sobre o escritor Lima Barreto e outros assuntos referentes à Enganação da Escravatura.

Oubí Inaê Kibuko – Editor responsável - [email protected]

 

MULHER: MÃE, FILHA, IRMÃ, ESPOSA MOÇAMBICANAS

Reflexões de António Matabele, escritas em Maputo, às 02,45 horas da manhã, do dia 04 de abril de 2002, a pensar na Dona Chica, mulher que, há 50 anos atrás, andou comigo durante    9 penosos meses, para que em seu fértil ventre eu me formasse e hoje pudesse estar sentado defronte ao teclado do meu computador cogitando, cogitando, cogitando, logo existindo porque sou um HOMEM, companheiro inseparável da MULHER...

Eu pensava que sabia amar-te

Ensinaste-me, afinal, a amar o mundo

De emoção em emoção eu pensava que te amava

Afinal buscava apenas – e só – a tua amizade

Convencido, andei anos a fio, que te amava

Concluí, graças a ti, que afinal queria apenas os prazeres emprestados pelo teu belo corpo

II

Iludia-me que te amava

Ensinaste-me, afinal, que no bordel não se ama ninguém

Contigo, nessa tua luta titânica, aprendi que afinal és HOMEM

Foi bonito ter estudado contigo que primeiro és HOMEM e então tens também a grandeza de seres MULHER

Contigo aprendi que no bordel a carne apenas se comunica com essa outra carne de prazeres comprados

Contigo materializei o sonho há muito sonhado de te amar de verdade,

porque te amo como pessoa e não como coisa

III

Tiraste-me do erro grave e grande de não te ter amado estes anos todos

Equivoquei-me em sentimentos apenas bonitos em relação a ti

Dado que assim do teu maternal útero me construí

Porque dos teus fartos seios me fiz gente

E sem teus conselhos à escola não iria

Como com o teu carinho compreendi o mundo

Eu pensava que te amava, mas não te amava...Somente gostava muito de ti

Mas com a tua determinação ensinaste-me a amar-te

E agora sou feliz por isso mesmo

IV

Muita gente, muito livro e brochuras sem fim testemunham que te viram de arma em punho

Dizem que eras de uma bravura de animal ferido: leoa, leoparda???

Nada. Estavas apenas ferida desse teu orgulho de não poderes ser moçambicana em teu solo pátrio

A opressão feria-te fundo em feridas secularmente provocadas pelo coloniaslismo

Eles dizem que exortavas os teus camaradas do sexo que te complementa

(não há sexos opostos) a baterem-se com ainda mais bravura contra o colonialismo

É hipérbole? Não!!! É apenas ténue relato das tuas epopéias

Através, também, de ti hoje somos livres, livres, libérrimos

como pássaros nas densas matas de Nametil, Mogovolas em Nampula

E como depois disto tudo não posso reconhecer que me ensinaste a amar-te???

Ingratos os que te espancam em nome de te corrigirem, como se tu só ouvisses a linguagem da violência

Violência, essa forma vil e cobarde da pessoa humana tentar fazer valer as suas idéias sobre os outros

Quem te bate ofende a sua própria mãe

E blasfema contra DEUS

V

Depois veio a luz da liberdade grande

As grilhetas enferrujadas da opressão estouraram

As bandeiras foram trocadas:

Vimos naquela meia noite subir a bandeira mais bonita que os moçambicanos jamais tinham desenhado

A Bandeira da Liberdade

A Bandeira da República Popular de Moçambique

A nossa linda Bandeira

O ano chamava-se 1975 – o dia 25 o mês era Junho

Reconstruir era a palavra de ordem para ser cumprida, meu Marechal

Embora cansada da luta dos 10 anos

À luta contínua te engajaste

Machel gritava bem alto: A LUTA CONTINUA

Mas tu já lá estavas na fábrica, na machamba, em tudo o que era coisa para reconstruir

Trabalhando, suando lado a lado com o teu companheiro de luta

Assim sendo, reconstruindo o país, ensinaste-me a amar-te

VI

Contigo quero continuar esta nossa luta

Vamos juntos reciprocar conhecimentos, forças e experiências

As mães têm muitas experiências para partilhar com os seus filhotes

Todos somos nada para as tantas tarefas que temos por realizar

Mulher, continua a comandar o mundo do jeito que sempre o fizeste desde que, em tua barriga, nos geraste

Mulher com o teu exemplo de luta estóica e abnegada continua a ensinar como te amar cada vez mais

Mulher moçambicana, porque és heroína anônima com nome grande continuarei a amar-te.

 ANTONIO MATABELE - [email protected]

* * * * *

INDIGNAÇÃO

Raízes

debalde vivendo em campos desertos

contendo em celas temerárias

palavras... gestos... atos...

Inúmeras raízes

trazendo presa em seus Oris

a sabedoria de Ifá

e os arquétipos de tantos majestosos Orixás

Raízes

inúmeras raízes

nos vasos da repressão

vegetando estéreis nos canteiros da ignorância

sob as botas da submissão...

Até quando? (3)

1) PARA UMA MORAL, Marcelino dos Santos, O Canto Armado, antologia temática de poesia africana, organização: Mário de Andrade, Livraria Sá da Costa Editora, Lisboa, 1979; 2) NO MESMO LADO DA CANOA, Alda Espírito Santo, É nosso o solo sagrado da terra, poesia de protesto e luta, edição de José A. Ribeiro, 1978; 3) INDIGNAÇÃO, Oubí Inaê Kibuko, Canto à Negra Mulher Amada, poemas, Edição do autor, 1986.

CABEÇAS FALANTES – informativo afro-cultural brasileiro – “nosso atabaque virtual” 

Editor: Oubí Inaê Kibuko - Caixa Postal 30.255 – Agência Cidade Tiradentes – São Paulo/SP-Brasil – CEP 08471-970

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C@BEÇ@S F@L@NTES -Informativo Afro-cultural Brasileiro – Nosso Atabaque Virtual

Editor: Oubí Inaê Kibuko – Ano I – Edição 4 – Maio/2002 – Leia e Divulgue

http://igspot.ig.com.br/orisfalantes - http://igspot.ig.com.br/tamboresfalantes - www.cabecasfalantes.hpg.com.br

EDITORIAL 

 Amigo Leitor, havíamos nos proposto a não mais tocar neste assunto: Abolição. Por nós visto como “Dia da Enganação da Escravatura”. E ausentarmo-nos de qualquer evento a ele referente, mesmo contendo outras proposições. Como é o caso da Marcha Noturna Pela Democracia Racial, realizada anualmente na capital de São Paulo, às vésperas do 13 de maio, organizada pelo Instituto Padre Batista, em conjunto com demais organizações, para denunciar a situação do negro na atualidade. Não concordamos, mas respeitamos. O histórico e a programação da VI Marcha, cujo tema este ano é “POLÍTICAS AFIRMATIVAS JÁ!” encontram-se no Correio Virtual de Cabeças Falantes: http://igspot.ig.com.br/tamboresfalantes. Dois acontecimentos agitaram a galera. A Cohab Cidade Tiradentes, no dia 21 de abril completou 18 anos de fundação. Foi um circo onde houve de tudo um pouco: atividades culturais, desfile cível e militar, atividades esportivas, exposições, feira de artes, shows. “Depois que a banda passou tudo voltou ao seu lugar”  A maioria dos presentes foi unânime sobre a viabilização de um espaço (inclusive pretensioso, e nós assinamos em baixo semelhante ao Centro Cultural Vergueiro. Tendo em vista que área disponível é o que não falta na Cidade Tiradentes. Vontade política é que anda escassa e aparece somente em períodos eleitorais. Circo é bom. Porém queremos pão todo dia. O segundo fato importante foi a festa de 5º aniversário da Fala Preta! Organização de Mulheres Negras, liderada por Edna Roland. Sem querer ser regionalista, sendo, o extremo da zona leste foi homenageado na pessoa da sr.ª  Arlete de Lourdes Isidoro, presidente da Associação afro-brasileira Ogban. Não foi a Arlete nem a entidade que foram finalmente reconhecidos, mas todas aquelas que aos trancos e barrancos, vem cada uma à seu modo, realizando trabalhos étnico-sociais, preenchendo lacunas abertas por falta de políticas públicas e infelizmente também pelo descaso de algumas personalidades, lideranças e organizações do Movimento Negro, que alegam não serem agentes sociais. E quando se dispõe a descerem do pedestal é como se estivessem fazendo um grandessíssimo favor à comunidade periférica. Que no 6º ano da Fala Preta, outras se façam presentes, bem como a aniversariante, com os Axés dos Orixás, tenha longa e longa vida.

Oubí Inaê Kibuko – editor – [email protected]

A ROTA DO ESCRAVO

"A Unesco lançou  em Évora um guia sobre os lugares de memória da escravatura nos PALOP's (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa), para lembrar ao mundo os locais de onde partiram milhões de africanos, que tiveram um papel fundamental na formação das sociedades ocidentais. O guia, elaborado pelo Comitê Português do Projeto Unesco - "A Rota do Escravo" - será lançado oficialmente em maio, em Cabo Verde, mas foi apresentado no âmbito do Colóquio internacional "Escravatura e mudanças culturais", que (...) analisou a influência cultural dos Escravos no mundo ocidental.

 Isabel Castro Henriques, sublinhou que surgiram várias dificuldades na sua  elaboração,  por falta de registros e conhecimentos sobre os locais de  referência da escravatura nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP’s). Para ultrapassar este problema, foi criada uma equipe de historiadores  destes países, que tentaram recriar a realidade histórica da época da  expansão ultramarina e recorreram também à tradição oral e à memória das  populações.

 Segundo Isabel Castro Henriques, a UNESCO, em colaboração com a Organização Mundial do Turismo, pretende que este guia sirva de referência a turistas nestes países, por forma a dar a conhecer-se a história que "muitos tentam esquecer". O diretor de Projetos Interculturais da UNESCO,  Doudou Diene, sublinhou que, para combater as atuais formas de  escravatura, é preciso analisar esta prática no passado e tentar mudar a "mentalidade escravagista que ainda hoje  persiste".

 Em relação ao colóquio, organizado também pelo Centro de Estudos Africanos da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Isabel Castro Henriques frisou que foi atingido o objetivo de "provar que os homens têm a possibilidade de  criar, mesmo quando submetidos às mais brutais violências". "Apesar de despojados de quase tudo, os escravos mantiveram o seu próprio imaginário e mostraram ao longo de séculos a sua vivacidade intelectual e o espírito criador",  acrescentou.

Os participantes no colóquio, na maioria historiadores, realçaram a influência fundamental dos  escravos na formação das sociedades, em especial da norte americana, em aspectos como a língua, a música, a dança, a agricultura e a própria arquitetura. A lingüista Dulce Pereira, da Faculdade de Letras de Lisboa, referiu que os escravos, afastados do seu ambiente natural, foram obrigados a adaptar-se às línguas maternas dos países para onde eram levados e que este aspecto levou à criação, por exemplo, do crioulo. Segundo Dulce Pereira, os escravos desenvolviam primeiro uma linguagem de emergência - o jargão - que não era mais do que um conjunto de palavras articuladas sem conseguirem construir uma frase.

Esta linguagem era essencial para a sua sobrevivência e composta por palavras restritas que se referiam a duas coisas básicas: alimentação e trabalho. Depois, dependendo do grau de contato que mantinham com os "senhores", aprendiam a língua local ou desenvolviam o pigin, uma linguagem já com regras e com frases completas, embora com aspectos próprios das línguas maternas africanas. O pigin, passado de geração em geração, dava origem ao crioulo, que se tornava a língua materna dos escravos numa sociedade que à força lhes fora imposta.

   Em relação à origem dos escravos, Angola e Moçambique mereceram destaque. Os escravos angolanos, segundo o historiador Alfredo Margarido, eram os mais caros porque "eram considerados os mais capazes para aprender as técnicas utilizadas nas sociedades ocidentais". Os angolanos eram assim selecionados para ocupações específicas, que requeressem inteligência e capacidades técnicas, e considerados "ladinos", por se integrarem mais facilmente na sociedade dos "senhores". Ao contrário, os são-tomenses eram considerados os menos capazes.

 Abolida a escravatura, esta prática continuou ainda durante muitos anos, porque os colonizadores arranjavam  formas de fazer com que os colonos realizassem trabalhos forçados. Um exemplo foi apresentado por Valdemir Zamparoni, da Universidade da Bahia, Brasil, que descreveu a situação em Lourenço Marques, atual Maputo, onde os portugueses criavam leis que permitiam ao governador local sentenciar a trabalhos forçados os colonos por embriaguez ou desordem pública.  Segundo a mesma fonte, em 1912, o governo de Lourenço Marques recrutou mais de 140 mil homens para trabalhos forçados majoritariamente em empresas privadas.

 O escritor brasileiro Ivan Alves Filho sublinhou a importância do Quilombo de Palmares, no Brasil, um movimento de resistência que, apesar de ter fracassado, subsistiu mais de um século.  Durante este período, o quilombo, onde se supõe que tenham vivido mais de 20 mil escravos, foi atacado mais de 30 vezes pelos portugueses. Mas a capacidade de resistência dos escravos tornou-se um símbolo, pela duração da luta.

O primeiro país a abolir a escravatura foi a França, em Fevereiro de 1794. Os portugueses cultivaram esta prática até o século XX (perto de seis séculos), ou seja, mesmo durante a I  República liberal e o regime de Salazar e de Marcelo Caetano, apesar de ter sido oficialmente abolida em Fevereiro de 1867. O Brasil, principal consumidor de mão-de-obra africana, só aboliu a escravatura em 1888". 

Fonte: Mensagem 116, Escravaturahttp://www.macua.com/localconversa, enviada por: [email protected]

MEMORIAL DE MAIO: LIMA BARRETO - UM TALENTO INJUSTIÇADO

 “Nasci pobre, nasci mulato... Pairei sempre no ideal; e se este me rebaixou aos olhos dos homens, por não compreenderem certos atos desarticulados da minha existência, entretanto elevou-me aos meus próprios, perante a minha consciência, porque cumpri o meu dever, executei a minha missão, fui poeta! Para isso fiz todo o sacrifício. A arte só ama a quem a ama inteiramente, só e unicamente; eu precisava amá-la, porque ela representava não só a minha redenção, mas toda a dos meus irmãos, na mesma dor”.(1)

“Até hoje perdura entre os críticos a discussão sobre qual o maior dos escritores cariocas: Machado de Assis ou Lima Barreto. Se Sérgio Buarque de Holanda atribui ao primeiro essa láurea, para Agripino Grieco ou autor de Brás Cubas poderia ser assim considerado se escrevesse... para os ingleses. Com quer que esteja a razão, a verdade é que ambos formam  a principal dupla da crônica e romance cariocas. Afonso Henriques de Lima Barreto nasceu a 13 de maio de 1881 em Laranjeiras, tendo vivido a maior parte de sua vida em Todos os Santos. Faleceu em 1922, minado pelo alcoolismo e após sofrer três internamentos psiquiátricos. Mulato, filho de escrava negra e pai português, teve estudos regulares até a Escola Politécnica, em 1895, quando dificuldades financeiras obrigaram-no a abandoná-los. Amanuense da Secretaria da Guerra, muito mais dedicado ao Jornalismo e a Literatura que ao emprego, Lima Barreto pagou em vida um elevado tributo à pobreza, ao racismo, à inveja ao seu talento. 

As perseguições de que foi vitima refletiram-se em boa parte de sua obra, desde Triste Fim de Policarpo Quaresma a Clara dos Anjos, publicada postumamente, tornando-a muitas vezes irregular, sofrida e mesmo tendenciosa. Quase sempre, porém, o escritor superava o homem doente e perseguido, e em vida relativamente curta produziu nada menos do que 17 obras, quase todas de nível elevado. Criador admirável de tipos, Lima Barreto conseguiu ainda em vida o reconhecimento público, tarefa admirável para quem precisou lutar contra todos os tipos de prevenções e preconceitos. A hipocrisia dominante não poderia aceitar, em hipótese alguma, que um mulato pobre, filho de escrava, se equiparasse aos medalhões, tivesse o seu nome literariamente reconhecido. Mas as obras se iam sucedendo: Vida e Morte de M. J. Gonzaga de Sá, Numa e a Ninfa, Marginalia, Feiras e Mafuás, Os bruzundangas, Histórias e Sonhos, etc., etc.

Muito alto foi o preço a ser pago: o refúgio na bebida, os delírios psiquiátricos, a morte prematura. Além do esquecimento que durante vários anos sofreu a sua obra, lembrada apenas por grupos de cultores, tentativas esparsas de edições que muitas vezes passavam despercebidas do grande público. Nos últimos anos, felizmente, esse erro vem sendo corrigido e o nome de Lima Barreto começa a figurar no lugar que lhe cabe de direito, como se não o maior, pelo menos um dos maiores escritores cariocas.(2)

FONTE: 1) Vida Urbana, in “Calvário e Porres do Pingente Afonso Henriques de Lima Barreto”, de João Agripino. Fragmento extraído do livro “O Negro Escrito” - apontamentos sobre a presença do negro na literatura brasileira, organização Oswaldo de Camargo, SEC/IMESP, 1987; 2) Lima Barreto: A justiça que tardava, in Recordações do Escrivão Isaias Caminha, Ediouro, Coleção Prestígio, s.d.  

CONTAM OS ANTIGOS

“Ajalá é Orixá muito antigo. Olorum deu a Ajalá a tarefa de modelar o ori das pessoas. Todos os dias Ajalá faz muitas cabeças, que depois de prontas, são colocadas ao Sol. Quando uma pessoa está para nascer, ela antes vai até Ajalá para escolher uma cabeça”. (excerto do livro “Mito e Espiritualidade - Mulheres Negras”, Helena Theodoro, Editora Pallas, 1996)

MEU NOME AFRICANO

  Aos que forem registrar seus filhos, recomenda-se levar esta página para evitar aborrecimentos. Não se trata de marketing induzido. Os cartórios, às vezes, criam obstáculos para lavrar os registros, baseando-se em um “glossário mundial de nomes”,  no qual referências africanas inexistem. Estranhamente, tais barreiras não são extensivas às origens de outros continentes...

Masculinos

Abede: homem abençoado, Etiópia;

Abioye: nascido durante uma coroação, Ioruba;

Abisogun: nascido na guerra, Ioruba;

Abyodom: nascido no tempo de um festival, Ioruba;

Addae: sol da manhã, Gana;

Ambakisye: Deus tem sido misericordioso comigo, Tanzânia.

Femininos

Abaynesta: você está acima de tudo,  África oriental;

Adeyefá: a coroa (de rei) adequa-se à Ifá, Ioruba;

Afryie: veio na hora certa, Ashanti;

Alamazê: jóia, Etiópia.

Ayana: linda flor, Etiópia;

Ayofemi: a alegria gosta de mim, Ioruba.

FONTE: Nomes afros e seus significados – Quilombhoje; 300 names from the holy continent – G. K. Osei.

MOMENTO DE REFLEXÃO

“Agradeço a Deus e aos Orixás, parei no meio do caminho e olhei pra trás, vi que muitos manos foram longe demais, Cemitério São Luis, aqui jaz”. (Racionais MC’s)

“Um liberal branco, que desfruta as vantagens do seu mundo branco, talvez não seja a pessoa mais indicada para dizer aos negros como reagir”. (Steve Biko)

 “Abra-se para novas idéias. Nunca pare de aprender... O mundo está sempre mudando”. (Anônimo)

 “Sobe mais alto quem ajuda o outro”. (Maria do Carmo Valério)

 “Se negar-me negro, negarei por extensão pai, mãe, parentes, avós, antepassados... Enfim, as raízes de uma árvore milenar da qual sou fruto”. (Oubí Inaê Kibuko)

 “Precisamos revisar o dicionário. Com todo respeito às aves e aos animais, mulato é cor de mula e pardo é pardal”. (Pietá)

 “É bom sempre ter informações úteis. A gente nunca sabe quando vai precisar delas para sobreviver”. (Anônimo)

ERÊS

  Uma lágrima brotou no canto do olho e ia escorrendo rápida na bochecha negra de Alabá. A mão branca de Estrelinha enxugou a cara redonda e luzidia. Pegou-o pela mão e o levou a brincar com Samba Longa, Pé de Pavão, Beké, Cavunje, Deundá, Mbámbi, Rosinha, Joãozinho, Bom-Nome, Dourado, Ás-de-ouro, Cardeal e todos os moleques. Brancos, negros, mulatos, cafusos. Todos enlameados e com a mesma cor de terra. Até que alguém lhes ensine o contrário estarão brincando de serem irmãos. (Filhos de Olorum, contos & cantos de candomblé, Raul Longo, Coo Editora)  

CLASSIFICADOS  

·         Sua satisfação é a nossa melhor foto - Oubí Inaê Kibuko – fotógrafo - [email protected] - (011) 9750-1542

·         Juarez Serviços de Funilaria – Rua Sóter de Araújo, 72, estacionamento – Cid. Tiradentes, (011) 6285-1701

·         Ângela – Serviços Contábeis – [email protected] - (011) 6523-2797 e/ou 276-9952

QUILOMBO VIRTUAL

·         2002 - Cadernos Negros 25 Anos: um jubileu de prata que vale ouro  www.quilombhoje.com.br

·         Contos e poemas, dramaturgia, palestras sobre literatura afro-brasileira: www.luizcuti.silva.nom.br

·         Casa de Cultura da Mulher Negra: informação, cidadania e cultura www.cantinho.com/ccmnegra

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·         Conheça os dez princípios fundamentais para a nossa auto-estima: http://planetblack.com.br

RECEBEMOS

·         Fanzine Coketel Molotov – interessados em divulgar manifestos, desenhos, poesias... enviem trabalhos A/C.  Betinho e Dinha, Avenida dos Têxteis nº 2445/13-C, Cidade Tiradentes, SP/SP, CEP 08490-900, [email protected];

·         Calendário afro-brasileiro – informativo eletrônico do Quilombhoje Literatura, disponível no Correio Virtual de Cabeças Falantes: http://igspot.ig.com.br/tamboresfalantes;

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·         Boletim Eparrei Online – Casa de Cultura da Mulher Negra. Assine a Revista Eparrei: [email protected];

·         Partilha, edição n.º 3 - informativo do CSDDH: [email protected], www.uol.com.br\csdiasdh;

·         IntegrAção - a revista eletrônica do Terceiro Setor - CETS FGV – EAESP – [email protected]

AGENDE-SE

·         A Graduação em Campo: Seminários de Antropologia, 6 à 9/05, 16h30m, Campus da USP, informações: Márcio Macedo [email protected] (veja programação no Correio Virtual:http://igspot.ig.com.br/orisfalantes

·         Lançamento do livro SANGA – poemas, de Cuti, sala Mário Pedrosa da Secretaria Municipal de Cultural, dia 10/05, das 18h00 às 21h00, Rua Frei Caneca, 1402, metrô Consolação, São Paulo;

·         SIMPÓSIO: O Brasil no Ano Internacional de Mobilização Contra Racismo - Centro de Estudos Afro Brasileiros, Universidade Candido Mendes, 13 a 16/05, 18h00 às 21h30m,   Rua da Assembléia, 10, Centro, Rio de Janeiro, informações: [email protected]; [email protected] (veja programação no Correio Virtual): http://igspot.ig.com.br/tamboresfalantes;

·         II Sarau Afro Mix, 18/05, a partir das 16h00, realização Quilombhoje, que celebrará o nascimento do escritor Lima Barreto - Biblioteca Mário de Andrade, Rua da Consolação, 94, metrô Anhangabaú, São Paulo;

RESGATANDO A MEMÓRIA DO MESTRE SOLANO

O Centro de Documentação e Biblioteca Comunitária “SOLANO TRINDADE”, em homenagem ao grande poeta e folclorista  pernambucano (1908-1974), gerenciado em conjunto com os Jovens Agentes Comunitários de Direitos Humanos, está solicitando doações de livros e documentos sobre o seu patrono. Obras de outros autores também serão bem-vindas. Informações no próprio CDBCST, Avenida dos Têxteis, 1050, Cidade Tiradentes ou através do site: www.ncfativa.cjb.net - [email protected]

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Ano I – Edição n.º 5 – Junho/2002 – Leia e Divulgue

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EDITORIAL

Amigo Leitor, o Código Penal precisa ser atualizado. Todo brasileiro que se preza deveria, juntamente com a Constituição, conhecê-los de A a Z. Tanto quanto sabe de futebol, samba, novela... A falta ou descaso a informação tem servido de alçapão para inúmeras pessoas. Em ano político então, nem se fala. O povo está anestesiado pela Copa e em quem vai ficar com quem no último capítulo, enquanto parlamentares e candidatos preparam o bote, superproduzidos por marqueteiros habilidosos. A fonte financeira para campanha ninguém revela. Prepare-se. A conta virá depois com juros, correção monetária e taxa cambial em forma de aumentos. O artigo de Alzira Rufino chegou em boa hora para ilustrar uma situação crítica e reflexiva.   Dias passados tomamos conhecimento que uma delegada solicitou relatório do hospital onde foi atendida a paciente - vítima de grave agressão na face - para instaurar processo contra o marido. Por coincidência, eu e o amigo Dimas Saldanha, havíamos rascunhado idéias para participarmos de um concurso de fotografia, cujo tema é: POR UMA SOCIEDADE SEM VIOLÊNCIA. Entre elas surgiu a imagem-denúncia de uma mulher amordaçada, pendurada pelos tornozelos, sendo esmurrada por um boxeador. Desde remotos tempos, várias tem sido silenciosamente tratadas como saco de pancadas e postas a nocaute. Expondo nossa humilde opinião, o melhor remédio para relacionamentos que chegam a pontos extremos é a separação. Independente das restrições impostas pela sociedade, religião, família... Respeito e auto-estima caminham de mãos dadas. Entre velas e flores são preferíveis pragas e lágrimas, livres de elos mortíferos. Investigamos e descobrimos alguns indícios favoráveis a lei do esparadrapo: amor doentio, pena, filhos, vergonha, temor a solidão e, sobretudo medo de represálias. A morosa burocracia judicial os tem como aliados e cúmplices. Quando se trata de pessoas comuns, a denunciante não tem direitos a proteção policial. A queixa precisa apresentar provas concretas: ferimentos evidentes, testemunhas idôneas, documentos, gravações telefônicas, fotos, vídeos e sumir, caso esteja sendo ameaçada de morte, enquanto tramita o inquérito. Segundo nossas fontes, somando-se hospitais públicos e privados cerca de 13,98% das mulheres medicadas mensalmente é agressão física. O índice de óbitos gira em torno de 10%.  A incidência maior se dá nos finais de semana envolvendo pais, maridos e inclusive irmãos. Não sejamos ingênuos em colocá-las no pedestal da santidade, nem tolerantes e submissos à covardia. Algo precisa ser feito com efeito. Amanhã, nossas filhas e netas estão sujeitas a serem as próximas vítimas. O memorial de junho traz o poeta Lino Guedes. Dois poemas da sua obra estão na http://igspot.ig.com.br/orisfalantes. Aos iniciados e simpatizantes, compilamos um importante documento sobre os princípios da Umbanda. Firmando nosso compromisso com a literatura, reproduzimos um conto de Ramatis Jacino. Esta edição traz um importante artigo de Gil Bocada Forte, inaugurando a seção Juventude Consciente. Nada melhor que os jovens falando de si para a galera e afins, num contexto que se apresenta como retratos crus da realidade nacional. E tem mais. Contamos com a sua leitura, agradecemos a divulgação que você puder dispor e continuamos abertos a colaborações, críticas e sugestões. Neste ensejo, apresentamos nossas condolências às famílias, cujos membros foram vitimados por um trágico acidente em Moamba, Moçambique, no dia 25 de maio, quando se dirigiam em comboio para os festejos do 39º ano da Unidade Africana. Apesar da distância, a notícia implantou em nós a mesma dor pelo desaparecimento de quase 200 irmãos. A maioria: mulheres e crianças.  O consolo fica por conta da vitória do Senegal sobre a França, a qual cremos ter sido comemorada por todos os africanos. Vejo vocês na edição de julho. Saúde, Axé, Paz...  para todos.       

Oubí Inaê Kibuko – editor responsável: [email protected] 

HEMATOMA INTERNO

Perguntamos por que nós mulheres agüentamos tantos anos de violência no lar e não abandonamos o companheiro?

Perguntamos por que nós negros e negras toleramos tanta humilhação e tanto sofrimento?

Os agressores acham que são absolutos em sua maneira de pensar. Que temos menos-valia porque somos negros, somos mulheres, somos gays e lésbicas, somos trabalhadores/as e pobres. Ainda há timidez em nossas respostas. Temos que derrubar essas muralhas do conformismo, pular todas essas barreiras, externas e introjetadas e desatar os nós.

Enquanto profissional de saúde, acredito que muito pouco foi feito para amenizar a dor da rejeição que marca profundamente a nossa afetividade, as nossas respostas à vida, enquanto raça negra e enquanto mulheres. Trata-se de uma violência diária que não pode ser vista apenas como um caso de polícia, ou de justiça.

Racismo e violência contra a mulher, não se trata só com medicamentos, com denúncias, com a punição da lei, com indenizações. Os/as profissionais precisam oferecer escuta para essa coisa azeda que faz mal para o estômago, o fígado, os rins.Que sufoca. A banalização das nossas queixas  nos destrói.

Entendemos que qualquer caso de racismo provoca danos físicos e psíquicos SIM, na infância, na segunda, na terceira idade. Os resultados disso podem se manifestar como falta de motivação, acomodação, falta de perspectivas, sentimento de inferioridade, desarranjos físicos e emocionais, ou negação da sua identidade racial.

Na mulher vítima de violência doméstica ou sexual surge o sentimento de desvalorização, a culpa, desamparo, desespero, o círculo vicioso de repetidos relacionamentos violentos. Um século após a abolição, nós negros e negras, ainda vivemos em liberdade vigiada.

Há que desmontar a condução dos fatos onde passamos de vítimas a réus. Desmontar as cópias embranquecidas dos nossos gestos, diluindo nossa alma, nossa força,  nossa fé. Que expectativas as escolas têm em relação à criança e ao adolescente negro?  A mensagem, quase sempre nas entrelinhas, é, se as coisas ficarem difíceis, desistam.  E aumentamos a evasão escolar.

Se estamos passando um legado para a nova geração, precisamos pensar que planeta vamos deixar para essa nova geração negra e para essa nova geração de meninas. O nosso papel hoje não é apenas tamponar as feridas que ainda sangram. E sim  trabalhar novas químicas, novas fórmulas, para que essas feridas não infeccionem e não envenenem nosso sangue, nossos músculos e nos imobilizem.

A violência contra a mulher é invisível e silenciada. O hematoma interno do racismo  não se cura na sua superfície. Precisamos reforçar o lado de dentro dos/as sobreviventes, o lado mais sensível, mais magoado. As pessoas e as instituições terão que  ser responsabilizadas pela somatização do dano psíquico ou moral em nosso corpo e mente. Este tratamento, estes cuidados, devem ser estendidos não só às vítimas evidentes, mas aos profissionais que trabalham esse atendimento na saúde mental, nas escolas e na mídia, na elaboração e no cumprimento das leis, nas políticas afirmativas e nos orçamentos para tornar viáveis essas ações.

  Alzira Rufino, escritora e profissional de saúde, diretora da Casa de Cultura da Mulher Negra, Santos/SP.

MEMORIAL DE JUNHO: LINO GUEDES

Em Socorro/SP, no dia 24 de junho de 1897, nascia Lino de Pinto Guedes. Os pais de Lino foram os ex-escravos José Pinto Guedes e Benedita Eugenia Guedes. Foi criado em Campinas, onde se diplomou pela Escola Normal "António Álvares" e ainda jovem iniciou carreira de jornalista no Diário do Povo e no Correio Popular, daquela cidade. Trabalhou após no Jornal do Comércio, 0 Combate, A Razão, no São Paulo — Jornal, Correio de Campinas, Correio Paulistano e no Diário de São Paulo, onde por muitos anos chefiou a Revisão. Teve também atuação na Imprensa Negra, sendo redator-chefe de Getulino, na década de 20. Em 1924, acompanhava-o na direção desse jornal o contista de Malungo, Gervásio Morais, que o secretariava. Lino Guedes teve boas relações de amizade com escritores respeitados em São Paulo. E recebeu comentários, com elogios, de nomes como Coelho Neto, João Ribeiro — o autor do clássico O Folclore (estudos de literatura popular); de Silveira Bueno. Mas nem sempre foi apreciado na coletividade negra paulistana. Apesar de fazer do negro tema de seus versos, é acusado às vezes de certo escapismo no que dizia respeito à luta social do elemento afro-brasileiro. No entanto isso, no caso deste comentário, não é o mais importante. Importante é isto: Lino Guedes foi o primeiro poeta negro que neste século, como escritor, se aceitou negro e publicou as "conseqüências". Poeta que, logo após a morte de Lima Barreto, em 1922, dava a lume o seu Canto do Cisne Preto (1926), tornando-se, com isso — como exigem alguns — o iniciador da "negritude" no Brasil. Andou também pela prosa: Luiz Gama e sua individualidade literária (1924), Black (1926), Ressurreição Negra (l 928). De todos os poetas negros que passaram pela Imprensa Negra nas primeiras décadas do século, é o único que fez alguma fortuna literária. Tanto que em 1954, três anos após sua morte, anunciava-se uma edição completa de suas obras, compreendendo vários gêneros literários: poesia, conto, romance, ensaio, biografia etc. Faleceu em São Paulo, em 4 de março de 1951.

Sobre Lino Guedes: "Lino merece ser lembrado sobretudo, pela atitude transbordada em Poesia. E essa atitude foi histórica. Vale por isso: porque seus versos, no comum estreitos (geralmente em redondilhas maiores), são a revelação e a fixação de um momento importante da coletividade negra, pós-Abolição. Foi Lino que reatou, na Literatura que hoje o negro escreve, a possibilidade de uma dicção afro-brasileira, 28 anos após a morte de Cruz e Souza. Foi ele que, escritor, se situou como negro, quando havia apenas silêncio. Vale, e fica por isso." (Oswaldo de Camargo.)

A obra de Lino Guedes: O Canto do Cisne Preto, 1926; Urucungo, 1936; Negro Preto Cor da Noite, 1956; O Pequeno Bandeirante, Mestre Domingos, 1937; Sorrisos de Cativeiro, 1958; Vigília de Pai João, Ditinha, 1938; Nova Inquilina do Céu, Suncristo, 1951.

Fonte: O NEGRO ESCRITO, apontamentos sobre a presença do negro na Literatura Brasileira, Oswaldo de Camargo, Secretaria de Estado da Cultura, São Paulo/SP, 1987.

OS FUNDAMENTOS DA UMBANDA

  Se o Espiritismo é crença à procura de uma instituição, a Umbanda é aspiração religiosa em busca de uma forma. Cândido P. Ferreira de Camargo. As religiões são oriundas de revelações transmitidas ou por avatares que nem sempre pretenderam criá-las ou são conseqüências de tomadas de manifestações físicas ou hiper físicas, que humanos interpretariam como sendo sinais do Supremo Ser. A Umbanda é uma religião revelada por mentores do plano astral identificados com a formação colonial brasileira, sequiosos por um resgate em nível religioso abrangente a todos os seus irmãos de infortúnio, encarnados e desencarnados, já que aqui viveram e vivenciaram plenamente esta conjuntura perversa sócio-escravagista, durante anterior encarnação.

 Após criarem o movimento religioso no seu plano de eleição, decidiram enviar um mensageiro de índole audaz e intrépida para esta importante empreitada, o que veio acontecer através de um espírito que a si próprio se denominou de Caboclo das Sete Encruzilhadas, e foi quem pronunciou pela primeira vez a palavra Umbanda, dando em seguida para todos que ali assistiam o seu significado: umbanda, uma manifestação, do espírito para o caridade. Este fato histórico aconteceu em 15 de Novembro de 1908, no bairro de Neves em Niterói, sendo o médium um rapaz de 17 anos, Zélio de Moraes.

Somente em 1978, setenta anos após o aparecimento da Umbanda no Brasil, chega-nos em bases teológicas, os seus Fundamentos também por via mediúnica, com aporte de alinhamento de seus princípios, coerentes, lógicos e sensatos, concretizando assim a aspiração de busca de uma forma doutrinária, aberta, contudo, às manifestações de espontânea religiosidade de seus milhões de seguidores.

Os Fundamentos da Umbanda: l. Deus Único = Olorum ou Zâmbi; II. Tríplice Aspecto = Energia, Vida, Consciência; III.Sete Progressões  Evolutivas = As Sete Linhas de Umbanda. 7.ª Linha dos Orixás; 6.ª Linha das Encarnações Humanas e Divinas; 5.ª Linha do Oriente (Carmo, Reencarnação, Evolução); 4.ª Linha da Magia; 3.ª Linha das Almas; 2.ª Linha Sacerdotal; 1.ª Linha dos Devotos.  IV.Sete Tendências = Os Sete Raios; V. Profissão De Fé = Credo Umbandista; VI. PODER EXPRESSO DA DIVINDADE = Pontos riscados e cantados. VI. As Fórmulas Práticas = Rituais de Terreiros = As Romarias.

FUNDAMENTOS DE UMBANDA - Revelação Religiosa, 1978, Cesneiros, Israel e Omululá,  Editora Equipe (esgotado). Fonte: Revista Projeção Esotérica n.º 4, Pólo Mágico, 1987.

 

O CERCADO

 

Com violência sou atirado dentro daquele cercado e aterrizo de boca no chão duro de terra seca e infértil. Após experimentar o mais terrível desânimo, olho para os lados e minhas vistas ardem diante daquele sol abrasador que também me castiga as costas nuas e cobertas de feridas. Percebo, então, que não estou só. Sou rodeado por uma multidão de homens e mulheres esfarrapados que, olhando com curiosidade, conversam em voz baixa. Caminho sôfrego até a sombra de uma árvore, tendo atrás de mim vários daqueles maltrapilhos que prestam atenção a cada movimento que faço e cochicham a respeito.

As feridas ardem e vejo que as costas dos demais apresentam o mesmo tipo de chaga. Corro os olhos pelo pátio e percebo o quanto é grande. Vejo a cerca que me parece muito velha, baixa o suficiente para que uma criança a pule. Resolvo, então, andar na direção do cercado. Não só aqueles que observam no começo, mas todos que ali se encontram passam a seguir-me e seus rostos carregados já esboçam sorrisos alegres e esperançosos, como se tivessem adivinhado minhas intenções e pretendessem fazer o mesmo. À medida, porém, que ando, me dou conta de que a cerca está mais longe do que imaginara.

Só conseguimos alcançá-la agora, já toda a população daquele lugar quando o sol desaparece atrás dos montes verdes que víamos além da cerca e que na verdade era aonde gostaríamos de chegar depois de a ultrapassarmos.

Quando nos encontramos ao pé do cercado, porém, percebo que este é imenso, bem mais alto do que supúnhamos, e sua aparente fragilidade se devia ao fato de antes o estarmos vendo de muito longe, pois apesar de evidenciar uma velhice secular encontrava-se firme como uma rocha. Sento no chão, cansado e triste. Enquanto alguns voltam para o meio do pátio, um pequeno grupo se põe a chorar. Há os que se atiram furiosos e desesperados ao madeirame, socando até as mãos sangrarem. Não demorou muito a se acomodarem "pra passar a noite" diziam eles, mas eu sabia que pretendiam permanecer ali mais tempo e já nem pensavam em ultrapassar a cerca. Depois de muito pensar, me ocorre a idéia de que poderíamos usar nossas roupas para fazer uma corda, com ela laçarmos a ponta de um dos mourões, subirmos e pularmos para o outro lado.

Quando expus a idéia houve discordância, pois muitos achavam que apesar da liberdade ser importante seria uma indecência se ficássemos todos nus. Insisto e o grupo começa a dividir-se entre os que me apóiam dizendo que a liberdade é mais importante que a "decência" e os que achavam que o pudor deve estar acima de tudo. Lutamos. Meu grupo vence e começamos a nos despir, os outros não resistem mais e entregam suas roupas. Usamos todas para fazer a corda, amarramos na ponta uma madeira pesada. Após lançar várias vezes, conseguimos atingir o alto da cerca, a madeira fica presa e inicia-se a escalada. Subimos um por um e no momento em que se pulava para o outro lado os demais ficavam a imaginar que maravilhas encontrava.

Quando da minha vez, subo com dificuldade; chego lá em cima muito esgotado, sento e contemplo vitorioso o pátio que acabara de abandonar, mas ao olhar para o outro lado percebo horrorizado que havia um outro idêntico e que lá embaixo estavam todos os que haviam pulado antes de mim, já devidamente acomodados, sentados no chão duro, expostos ao sol escaldante. Vejo que mais um sobe pela corda de pano. Penso em avisá-lo, mas o sorriso esperançoso que toma conta do seu rosto me faz desistir. Deixe que tenha mais esses minutos de ilusão! E de cabeça mergulho na terra dura e estéril do novo cercado que em tudo lembra o anterior.

RAMATIS JACINO, As pulgas e outros contos de horror, Dandara Ltda, São Paulo/SP, 1997.

SENEGAL VITÓRIA DA ÁFRICA NEGRA

   Irmão Daouda Dione parabéns pela vitória do Senegal!!! O alegre e bonito futebol africano que inspirou o futebol do Brasil está de volta. Mais uma vez a África mostra ao mundo como somos iguais. O time com as cores do Olodum vibrou e fez a alegria de todos os povos do mundo que um dia foram colonizados pela França. Aqui em Salvador me lembrei de você e nossas conversas entre a Bahia e a França sobre a força e o vigor da África... Lembrei da minha visita ao Senegal, à Dacar, à capital, e a ilha de Goré de onde nossos antepassados comuns saíram para construir as Américas. Vibrei e parabenizo a Dauoda Dione: o senegalês mais baiano que todos conhecemos, a vitória da seleção nacional do Senegal sobre a outrora poderosa França. Neste momento um líder do Senegal Cheik Anta Diop deve estar vibrando no além... Cheik Anta Diop que tanta influência exerce entre nós do Olodum e na minha formação, previu que mais cedo ou mais tarde os povos da África e seus descendentes se colocariam como humanos na face da terra e o tempo do mal ficaria para trás... Que bom que o som dos tambores do Senegal ganharam, que bom que as cores do Pan- africanismo deu a primeira vitória na Copa de 2002. Vamos comemorar muito este bom começo, dançando e cantando as nossas canções de liberdade na Roma Negra: a Cidade de Salvador. Paz, Honra e Força!!!

 João Jorge Santos Rodrigues – Presidente do Olodum – www.olodum.com.br                       

RESGATANDO A MEMÓRIA DO MESTRE SOLANO TRINDADE

O CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO E BIBLIOTECA COMUNITÁRIA “SOLANO TRINDADE”, em homenagem ao grande poeta e folclorista  pernambucano (1908-1974), criado pelo Núcleo Cultural Força Ativa e gerenciado em conjunto com os Jovens Agentes Comunitários de Direitos Humanos, está solicitando doações de livros e documentos sobre o seu patrono. Obras de outros autores também serão bem-vindas. Informações no próprio CDBCST: Avenida dos Têxteis n.º 1050, Cidade Tiradentes, São Paulo/SP, CEP 08490-600. Informações através do e-mail: [email protected]

JUVENTUDE CONSCIENTE

Combatente

Não foi fácil chegar até aqui. Entre mortos e feridos cheguei inteiro, ou melhor, quase inteiro e mesmo assim não tenho muito que reclamar. Tem gente em situação bem pior que a minha. Gente sem teto, com fome, frio e sede. Gente que não sabe ler ou escrever e tem dificuldades para se expressar, gente que, como eu, carrega no rosto e na alma as marcas do sofrimento. Tornaram-se duras por causa da dureza da vida: pais sem filhos, filhos sem pais e ambos sem paz. Aliás essa última já virou lenda em muitos lugares. Existem lugares onde o atraso e o descaso social dos nossos governantes e do país fica evidente, um deles são os trens e ônibus que vão para as periferias de São Paulo. Neles vejo uma realidade que está muito distante da burguesia, que não por acaso comanda o país, o que para o governo são apenas números e estatísticas, para mim são seres humanos esquecidos e preteridos por interesses financeiros.

Lá vem mais um número do desemprego, carregando, escondido em um saco preto, água, sucos e refrigerantes de uma multinacional, gritando pelo corredor. Precisa se esconder e tomar cuidado com os PFs (Polícia Ferroviária), só faltava essa. Sem emprego e quando tenta trabalhar de maneira honesta, por conta própria, não pode. Os números do trabalho infantil também estão aqui, cheios de malícia, fugindo dos PFs, longe da escola e bem perto da marginalidade. Não brinca no parque, não tem vídeo game, nem carrinho de controle remoto, não assiste desenhos e na adolescência não vai ir pra balada nem prestar vestibular. Os números da aposentadoria também estão presentes no vagão da discórdia junto com os deficientes físicos e todos os excluídos pela política do PEB (Partido Excludente Brasileiro).

Lidar com números é mais cômodo. Eles não têm vida, não reclamam... Podem ser apagados pela borracha ou pela tecla delete do computador. Será que o governo e seus matemáticos, economistas, teóricos imbecis usam os serviços que nos oferecem? Que pergunta mais inocente, não é verdade? Mas tenha certeza que muitas pessoas acreditam neles e em suas campanhas. Posam de bons moços e conseguem iludir boa parte do povo pobre. Aproveitam-se das carências de informação e educação, que eles mesmos negam, para divulgar suas falsas promessas e conseguir os votos da parte mais pobre da população. Não fui atingido pela rajada de mentiras. Continuo resistente observando e aprendendo sobre o inimigo, me preparando para o bote. Não posso compactuar com o descaso, com a falsa alegria da balada nas sextas à noite e a mentira de gente que diz representar o povo. Desde que entrei nesse "jogo" tenho como compromisso defender a verdade e a justiça, combater o mal e não me unir ao inimigo mesmo que não possa vencê-lo. Qualquer um que entrar nesse "jogo", deve, antes de tudo, escolher de que lado vai ficar e procurar conhecer muito bem o inimigo.

Enquanto isso a luta continua, segue o jogo, com a mudança de regras e a hereditariedade do poder. A elite que manda no país há 500 anos continua seu reinado. O mais triste é saber que muitos pobres contribuem para que a patifaria continue...

 Gil Bocada Forte - http://www.bocadaforte.com.br/br/informanos/gil/materias.asp

MEU NOME AFRICANO

Navegando na rede, encontramos o site: http://www.nomeafricano.hpg.ig.com.br. Alguém não identificado escaneou a edição brasileira de NOMES AFROS E SEUS SIGNIFICADOS, e o disponibilizou na web. Confira.

QUILOMBO VIRTUAL

www.egroups.com/messages/discriminacaoracial - www.firmaproducoes.com.br

www.quilombhoje.com.br - www.afrofest.org.br - www.falapreta.org.br

www.ncfativa.cjb.net - www.redejovem.org.br - www.afirma.inf.br - www.mulheresnegras.org

LANÇAMENTOS

·         SANGA – poemas, Cuti (Luiz Silva), Mazza Edições Ltda, Belo Horizonte, www.luizcuti.silva.nom.br

·        CAPOEIRA – romance, César Augusto Martins, Editora Borges, [email protected] ou pela Internet:  http://somlivre.globo.com/CatalogoLivro.asp?absolutepage=7&id%5Fcatalogo=2459&id%5Fpaigenero=1037

 

MOMENTOS DE REFLEXÃO

·         Nenhuma condição humana é permanente. (Provérbio Ibo)

·         Não falamos da necessidade de viver em paz e em harmonia universal, porque somos uns humanistas pacíficos que preconizam a resolução espiritual do mundo. A unidade de todos os homens terá lugar quando a evolução das espécies reconheça sua necessidade. Negro a reconhece. (Le Roi Jones)

·         Os direitos humanos não podem ser concedidos, só se pode exercer. (Mulana Ron Karenga)

·         Quando os missionários chegaram, os africanos tinham a terra e os missionários a bíblia. Eles nos ensinaram a orar com os olhos fechados. Quando abrimos os olhos, eles possuíam a terra e nós tínhamos a bíblia. (Jomo Kennyatta)

·         O opressor nunca concede voluntariamente a liberdade; o oprimido deve conquistá-la. (Martin Luther King)

·         Tô cansado de pagar um sapo. Te adianto um lado, não vejo resultado nenhum. (Thayde e DJ Hum)

 

CLASSIFICADOS

·         Sua satisfação é a nossa melhor foto – Oubí Inaê Kibuko, fotógrafo, [email protected], F. 9750-1542.

·         Juarez Serviços de funilaria – Rua Sóter de Araújo, 72, Cid. Tiradentes, SP/SP, fone (011)  6285-1701

CORREIO VIRTUAL - MURAL DE MENSAGENS E NOTÍCIAS ON-LINE http://igspot.ig.com.br/tamboresfalantes

·         ATO FINAL – poema em prosa de Oubí Inaê Kibuko, sobre relacionamento e conflitos conjugais.

·     MULHERES NEGRAS NA WEB: Lista criada com o objetivo de circular informações sobre o processo preparatório para a III Conferência Mundial Contra o Racismo.

·         JOVEM NA REDE é uma articulação que tem o objetivo de incentivar a participação da galera em questões relacionadas à juventude, cidadania e outros assuntos relevantes.

·         ESTADO AMERICANO SUSPENDE APLICAÇÃO DA PENA DE MORTE.

·         DEFICIÊNCIA VISUAL – abaixo assinado de Daniel Monteiro.

·         ILE IYA MI OSUN MUIYWA, promove Projeto "Negros Debates".

·         "OLODUM PELA VIDA" - MANIFESTO PELA PAZ – letra do enredo para o Carnaval 2003.

·         ANTOLOGIA INTERNACIONAL DE POESIA. TEMA: MUNDO DE UM HOMEM.

·         BOLETIM EPARREI ON-LINE, maio/2002, Casa da Cultura da Mulher Negra.

·         ESPAÇO CULTURAL NO CENTRO DE PORTO ALEGRE.   

·         CABEÇAS FALANTES N.º 5 – informativo afro-cultural brasileiro, leia e divulgue.

 

AGENDE-SE

·         Prêmio Porto Seguro Fotografia 2002 – regulamento. Tema: Por uma sociedade sem violência. Inscrições até 23/06. Informações: www.portoseguro.com/fotografia

·         Concurso NPCI 2002/2003 de fotografia. Informações e inscrições: http://www.ttanaka.com.br

·         Imprensa e Racismo, palestra, dia 22/06, 10 horas, no Sindicato dos Jornalistas, Rua Rego Freitas n.º  530, sobreloja, São Paulo/SP, informações (11) 3257-1633, com Eloísa.

·         Inscrições prorrogadas até 24/06. O Centro de Estudos das Relações de Trabalho (CEERT) está premiando experiências  de promoção da igualdade racial/étnica no ambiente escolar, desenvolvidas entre 1999 e 2002. Informações: http://www.ceert.org.br - e-mail: [email protected]

·         Lançamento do CENTRO CULTURAL BRASIL ÁFRICA - Porto Alegre/RS, dia 19/06, 15 horas, na SEDAC-RS,  Praça da Matriz, s/n - Solar Palmeiro - Centro de Porto Alegre.

 

CABEÇAS FALANTES – informativo afro-cultural brasileiro – edição mensal

Editor: Oubí Inaê Kibuko – Caixa Postal 30255 – Cidade Tiradentes – CEP 08471-970 – fone (5511) 9750-1542

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CABEÇAS FALANTES

Informativo afro-cultural brasileiro – Nosso Atabaque Virtual

Ano I – nº 06 – julho/2002 – Edição Mensal – Leia e Divulgue

http://igspot.ig.com.br/orisfalantes - http://igspot.ig.com.br/tamboresfalantes - www.cabecasfalante.hpg.com.br

EDITORIAL

Amigo Leitor, conquistamos o Penta. Viva!!! Após a anestesia, boas notícias vieram: tarifas de luz,  telefone, combustíveis, taxa cambial, riscos de investimentos... baixaram. Onde? Estamos procurando reativar o sistema para saber. Houve falha de conexão e o download foi incompleto. Com o início da corrida eleitoral, sabemos apenas que emissoras de tv e empresas jornalísticas estão proibidas de emitirem opiniões sobre os candidatos. Cuidado, os ousados e investigativos estarão sujeitos a receberem o mesmo tratamento dispensado ao jornalista Tim Lopes. Cuja voz não foi calada. Dispensando maiores apresentações, o poeta do povo, Solano Trindade é a personalidade em foco no Memorial de julho, endossando novamente o trabalho realizado pelo Núcleo Cultural Força Ativa.  Remetendo-nos aos manifestos de Martin Luther King e Malcon X, dois gigantes afro-americanos que sacrificaram suas vidas pelos Direitos Civis, a forma como estamos nos fazendo presentes e sendo retratados em campanhas publicitárias é questionada, em leque, servindo de subsidio reflexivo às propostas de Ações Afirmativas à coletividade afro-brasileira. Através de leituras dramáticas e produções teatrais, o grupo Cabeça Feita  está desfazendo os nós que nos limitam a meras caricaturas. Aguardando seu acesso, o Correio Virtual está repleto de notícias interessantes.  Na Web, encontramos um site sobre o candomblé, nação Angola, e compilamos um resumo da página inicial. Registradas por cinegrafistas amadores, a nota revoltante, amigo leitor, fica respectivamente para as cenas de violência policial, nos Estados Unidos, contra um senhor e um jovem negro, cujo abuso e barbárie nos são familiares. E a comemorativa, após quase um século, é para a anistia a João Cândido, O Almirante Negro. Gradativamente estamos resgatando nossa história e colocando-a no seu merecido pedestal. Fico por aqui. Boa leitura. Vejo você na edição de agosto.  Oubí Inaê Kibuko, editor responsável: [email protected] 

AO TIM LOPES, JORNALISTA NEGRO SACRIFICADO NA GUERRA SOCIAL

  Em branco anônimos um dia fomos e projetados por uma nova consciência podemos nos tornar todos que por escolha nos identificamos. Talvez, só não possamos escolher sem cometer um pecado como morreremos, mas podemos até escolher, se preciso for pelo que morreremos. Pela verdade, pela justiça, por mais igualdade, por um pouco de dor pelo mundo, por um pouco da beleza do mundo, escondida por olhos tão tristes que seu brilho se tornou convite à morte. A incúria dos desgraçados quando alcança a graça dos gloriosos é menos sinal de sua vitória, e mais um anúncio de sua derrota. Mas como segue num rito a vida como sacrifício, precisamos da morte para valorizar a vida, precisamos da dor para valorizar a alegria, precisamos da falta para valorizar a presença, precisamos da guerra para valorizar a paz, precisamos nos levantar em consciência para vencer o obscurantismo social em que estamos mergulhados para enxergar nos olhos dos desgraçados com a energia cativante da justiça. Conheci o Tim Lopes entre redações de imprensa, reuniões sindicais e o ressurgimento do movimento negro nos anos 70/80. Sua figura ímpar, forte e migrante trazia algo que aos poucos perdemos mergulhados no labirinto de desigualdades sociais que se tornou nossa cidade. Cada um em sua trincheira, mais ou menos nítida por nossas crenças e fantasias, mas que nos torna  absolutamente humanos e essenciais. Por isto, lamento sua perda, apesar de distante pelo abraço não dado, mas presente em ideais desejados pelos quais se pode até morrer. Que sua morte não seja em vão. Que seu sacrifício seja uma causa. José Ricardo  - [email protected]

MEMORIAL DE JULHO: SOLANO TRINDADE – O POETA DO POVO

  No dia 24 de julho de 1908, nasceu no bairro de São José, no Recife (PE) Solano Trindade: poeta, pintor, teatrólogo, ator e folclorista, filho de Manuel Abílio, sapateiro e Emerenciana (mãe Merença), quituteira. Analfabeta, pedia que o menino lesse e lhe contasse as novelas de capa-e-espada, histórias de princesa, versos de cordel. Solano cresceu. Estudou um pouco. Fez o equivalente ao segundo grau e um ano de desenho no Liceu de Artes e Ofícios, casou-se com Maria Margarida. Virou protestante, escreveu seus primeiros poemas baseados em temas místicos, publicados numa pequena revista do colégio XV de Novembro, de Garanhuns. A partir de 1930 começa a escrever poemas afro-brasileiros e, já integrado nesta corrente, participa em 1934 do I e II Congresso Afro-brasileiro, no Recife e em Salvador. Em 1936 fundou a Frente Negra Pernambucana e o Centro de Cultura Afro-brasileiro. A finalidade do Centro de Cultura era divulgar os intelectuais e artistas negros.  Em vida, Solano publicou quatro livros: Poemas negros (1936), Poemas de uma vida simples (1944),  Seis tempos de poesia (1960) e Cantares ao meu povo (1962). Em 1959 fundou com sua esposa Maria Margarida e o sociólogo Edson Carneiro, o Teatro Popular Brasileiro. Seu elenco era formado por domésticas, operários, estudantes e comerciários. Eram espetáculos de batuques, lundus, caboclinhas, jongos, moçambiques, congadas, caxambus, cocos, capoeiras, maracatus, samba de umbigada, samba baiano, guerreiros, folia de reis, candomblé, dança das fitas. Com esse espetáculo, chegou a viajar para a Europa, apresentando-se em teatros e estádios populares. Seus poemas foram publicados em algumas antologias estrangeiras. Em 1961, conheceu o escultor Assis, que vivia no Embu. Apaixonou-se pela cidade e para se mudou. Nela iniciou a fase mais séria do Teatro Popular Brasileiro. Embu se tornou conhecida e acabou engolida pelo comércio e por alguns artistas de talento duvidoso. Isso fez com que Solano abandonasse a cidade de Embu para residir em Vila Sônia e em Ferreira, na capital de São Paulo. Solano foi o que captou o espírito do Movimento de 1922. Poeta social, lírico, engajado. Foi o poeta negro de várias gerações e é o mais estudado de todos. Solano é povo, quase nunca está solitário em suas perplexidades. Faleceu no Rio de Janeiro, em 19/02/1974. Compilamos dois dos seus poemas, disponíveis na http://igspot.ig.com.br/orisfalantes

Fontes: O negro escrito, apontamentos sobre a presença do negro na literatura brasileira, Oswaldo de Camargo (1987),     A poesia simples como a vida, prefácio de Cantares ao meu povo (1981), Álvaro Alves de Faria.

CORREIO VIRTUAL - MURAL DE MENSAGENS E NOTÍCIAS:  http://igspot.ig.com.br/tamboresfalantes

Imprensa e Etnia – artigo de Ricardo Alexino Ferreira

Carlinhos Brown critica cotas para negros – artigo de Cláudio Bandeira

Semana de cultura negra na escola – artigo de Henrique Cunha Jr.

RESGATANDO A MEMÓRIA DO MESTRE SOLANO TRINDADE

O Centro de Documentação e biblioteca comunitária “Solano Trindade”, em homenagem ao grande poeta e folclorista  pernambucano (1908-1974), criado pelo Núcleo Cultural Força Ativa ( www.ncfativa.cjb.net ) e gerenciado em conjunto com os Jovens Agentes Comunitários de Direitos Humanos, está solicitando doações de livros e documentos sobre o seu patrono. Obras de outros autores também serão bem-vindas. Informações no próprio CDBCST: Avenida dos Têxteis n.º 1.050, COHAB Cidade Tiradentes, São Paulo/SP, CEP 08490-600 ou através do e-mail: [email protected]

O EMBRULHO

Todos que tinham olhos despertos o evitavam. E  recomendações para manter distância recebia, quem dele, por descuido, se aproximasse. Adiante era necessário passar aquele embrulho. Mas ninguém o queria. Sem solução final, a questão se avolumava. Até o dia em que um cego, embrulhado, o aceitou em papel de presente.   (Oubí Inaê Kibuko, Cadernos Negros 14, contos, edição Quilombhoje, São Paulo, 1991).

JUVENTUDE CONSCIENTE – QUESTIONANDO CAMPANHAS PUBLICITÁRIAS

Lição de casa: precisamos dar passos CONCRETOS. Sou uma jovem de 24 anos, chegando agora, com muito a aprender. Certo ou errado existem realidades que não dá para ficar omissa. É gratificante ver  nossas lindas caras pretas na mídia. Desde que sejam condizentes e nos transmitam algo positivo para afirmarmo-nos como NEGROS e NEGRAS perante a sociedade... Ironia ou descaso às nossas justas reivindicações, a talentosa atriz Isabel Fillardis protagoniza um comercial do sabonete Lux, com fala contestável. Uma artista respeitável e do porte da prezada irmã não poderia questionar o roteiro sobre o termo “morena”? Ou o CACHÊ sobrepôs-se a CONSCIÊNCIA? Se a questão é público alvo, não existe alguém nos departamentos de criação e marketing do fabricante para contestar “pele morena e negra”? Que obstáculo mantém a resistência de produtos para NEGROS, sem recorrer a subtítulos paliativos? Onde trabalho, cuja predominância é feminina, tenho tido contato, através da colega e revendedora com as publicações da Revista DeMillus Shopping. Omitirei seu nome para evitar-lhe constrangimentos... Parabéns! Ótimas fotos, belas modelos, produção impecável. A edição Campanhas 11, 12, 13/07, 08 e 09/2002, é sedutora. Qualquer mulher que se preza, sente-se impulsionada a adquirir todos  os produtos. Um detalhe tem me chamado a atenção: mulher negra não usa lingerie, acessórios, perfumes e cosméticos? Somente as brancas? Incluindo homens e crianças?  Tantas modelos negras e negros, belos e talentosos, e nenhum dos inúmeros existentes se fazem presentes nas revistas e no site (www.demillus.com.br) desta empresa. Omissão, descaso ou preconceito? Estamos no Brasil, não na Europa...  Outra publicidade gritante é a do Banco Real. A família oriental quer viajar para Hong Kong e Xangai, e o casal negro almeja o quê? Não falam. Apenas sorriem. Eles não têm sonho, desejo, projeto? O hipermercado BIG só é grande no nome. A única presença negra (uma mulher) no comercial enfocando satisfeitos consumidores, aparece fora de foco, em terceiro plano. Suponho ser um reflexo psicológico de como temos sido historicamente tratados pelos educadores, empresários e profissionais de mídia ou de como querem que sejamos vistos: no fundão astigmático. O da Sadia mostra entre sombras um irmão rastafari, somente no final, aplaudindo. No contexto passarela, platéia, fotógrafos estamos ausentes. Mais lenha na fogueira: o comercial do analgésico Melhoral utiliza Rap como trilha sonora e há somente um negro no elenco. Fato que me remete ao que vem ocorrendo na maioria das escolas de samba e nos terreiros de umbanda e candomblé: cultura negra expropriada, gerenciada e difundida por brancos. Nos centros comerciais, lojas de roupas e discos black não fogem à regra. Brancos, judeus, coreanos, turcos... no comando. Negros empregados (moças e rapazes) para fisgar clientes negros. O dinheiro que sai, retorna, circula e gera empregos entre nós? NÃO! Nossos circuitos financeiros estão restritos a algumas equipes de bailes, barzinhos pagodeiros e empreendimentos estéticos... Só isto não basta.  Quando tocamos em questão racial, ouvimos respostas evasivas, convergindo para o social. Ao meu ver a cota de 20% e Ações Afirmativas precisam ser revistas e com elementos legais mais exigentes. Caso contrário continuaremos sendo meros figurantes decorativos em todos os setores. Depois não vamos reclamar a perda ou falta de espaço. Na maioria das vezes temos sido coniventes e muitos se calam por medo ou se vendem a troco de migalhas. Um passo à frente, dez para trás. Recordando minha instigante professora de História: “O Brasil que almejamos é uma nação de águias ou de tartarugas?” Deixo aqui o meu protesto. Infelizmente sou apenas uma andorinha crioula,  questionando e pregando articulado boicote. Espero que outras façam o mesmo, vestidas em 4P: “Poder Para o Povo Preto”. Imagem também é ideologia. Mesmo em termos comerciais...  Tatiana Black People – [email protected]

HISTÓRIA DE UMA NAÇÃO

No Brasil, foram concebidas aquilo que conhecemos como nações-de-santo, isto é, o Candomblé de Angola, o Candomblé de Keto, o Ewefon ou Jêje, o Ijexá e algumas praticamente extintas como o Xambá e o Malê. No caso específico da nação de Angola, sua denominação mais comum, os escravos trazidos da África eram provenientes de Angola e do Congo e falavam inúmeros dialetos, com predominância do quimbundo (da Angola) e o quicongo (do Congo). No Brasil, angolanos e congoleses foram misturados e vendidos genericamente como escravos. Para os senhores de engenhos e mercadores, eles não passavam de uma só coisa eram negociados como negros bantos, denominação da etnia. Dessa forma, os escravos desses dois países africanos passaram a conviver em senzalas como filhos da mesma terra, com idiomas, rituais e costumes bastante parecidos. Em maior número, os angolanos fizeram predominar seus fundamentos religiosos e mesmo seu dialeto mais conhecido o quimbundo, com o passar dos tempos, angolanos e congoleses não eram mais diferenciados, bem como seus rituais religiosos. Em linhas gerais, tudo que se referia aos negros bantos era conhecido como parte do ritual da nação Angola. A sobrevivência dos costumes e rituais religiosos só foi possível graças a um enorme esforço de seu povo, que, mesmo humilhado e vilipendiado, conseguiu levantar a tradicionalíssima bandeira branca de Kitembo, patriarca dos angoleiros, mantendo viva a nação até hoje. Sejam bem-vindos ao universo mítico-religioso dos bantos, ao mundo mágico dos Munzangala Kitembo (filhos do tempo). Fonte: http://www.geocities.com/candomble_angola/inkise.htm

GRUPO CABEÇA FEITA

O grupo foi criado em 1999, na Universidade de Brasília, pela quilombela Cristiane Sobral, atriz, escritora e produtora teatral,  com o objetivo de discutir e apresentar soluções para a inclusão do artista negro no mercado nacional de teatro, cinema e TV. No repertório do grupo, formado por alunos negros formandos do Bacharelado em Interpretação Teatral da referida Universidade estão os espetáculos "Uma Boneca no Lixo", dirigido por Hugo Rodas, e premiado pelo GDF em 1999, "Dra. Sida", premiada e patrocinada pelo Ministério da Saúde em 2000/2001, e "Para gostar de ler, ver e ouvir", que esteve nas escolas do DF e entorno em 2001 pelo projeto Arte Por Toda Parte. Há quatro anos, desde a conclusão de graduação em Interpretação Teatral na Universidade de Brasília, Cristiane Sobral questiona a personagem negra no teatro, os papéis destinados aos atores negros, e sua repercussão para o aumento da visibilidade e a construção de uma imagem positiva dos cerca de 70 milhões de afro-descendentes de nosso país. “Precisamos aprender a contar as nossas histórias, mostrar o negro como autor, ator, produtor, pensador e fugir dos estereótipos que restringem as personagens negras a meras caricaturas”, comenta. O II Ciclo de Literatura Dramática: Autores Negros Brasileiros surge no cenário brasiliense para apresentar soluções a estas questões, divulgar a dramaturgia negra e estimular futuras montagens de textos ainda muito pouco conhecidos pelo grande público”. Contatos: [email protected]

QUILOMBO VIRTUAL

www.quilombhoje.com.br - www.firmaproducoes.com.br - www.redejovem.org.br - www.okun.hpg.com.br   www.luizcuti.silva.nom.br - http://sites.uol.com.br/paulodoxala/ - www.nossogrupo.com.br/grupo.asp?grupo=15938  http://www.macua.com/localconversa - Emissoras africanas, iniciando pela Macua (Moçambique) até a sul-africana: http://www.radios.com.br/africa.htm ou a TV pública de Angola: http://www.radios.com.br/videoaf.htm -  Negros no cinema brasileiro, matérias no Hotmail: http://www.cineclick.com.br/hotsites/negros/

MOMENTOS DE REFLEXÃO

“Eu gosto de catar o mínimo e o escondido. Onde ninguém mete o nariz, aí entra o meu, com a curiosidade estreita e aguda que descobre o encoberto”. (Machado de Assis)

“Inteligência é uma arma dentro de cada cérebro”. (Mano LF, DMN).

“Estou cansado do seu tititi, vou exigir sua atenção nesta contagem regressiva”. (Sistema Negro).

“Onde anda a ’democracia racial’ que nos permite uma postura critica ou reivindicativa no tocante a questão racial, sem que sejamos tachados de racistas ao contrário?” (Alagbara)

“Apresentamos a outra face tantas vezes, que agora nada mais resta que possamos oferecer”. (Oliver Tambo)

“Rechaço o individualismo porque pertenço a todos os negros. Sou José o peão, João o porteiro e Moisés o mineiro. Quando estão em apuros estou também”. (Maulana Ron Karenga)

“O tempo não gosta que se faça nada sem ele”. (Provérbio Nigeriano)   

“A culpa não cabe as estrelas, mas a nós mesmos”. (Jose Honório Rodrigues)

“É bom sempre ter informações úteis. A gente nunca sabe quando vai precisar delas”. (Anônimo)

SALVE, ALMIRANTE NEGRO!

Depois de 92 anos da Revolta da Chibata, episódio que em 1910 acabou com os castigos físicos na Marinha brasileira, o seu líder, João Cândido Feslisberto, foi anistiado pela Comissão de Constituição, justiça e Cidadania do Senado. O projeto de lei, apresentado pela senadora Marina Silva (PT-AC), propôs anistia post-mortem a João Cândido, conhecido como Almirante Negro. 'Mesmo retardada a anistia, isso representa um resgate histórico a um militar que afirmou sua nacionalidade de outra maneira', disse o senador Roberto Freire.  

CABEÇAS FALANTES – informativo afro-cultural brasileiro – edição mensal

Editor: Oubí Inaê Kibuko – Caixa Postal 30255 – Cidade Tiradentes – CEP 08471-970 – fone (5511) 9750-1542/3495-3223

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CABEÇAS FALANTES – Informativo Afro-cultural Brasileiro – Edição mensal

Ano I – nº 07 – edição de agosto/2002 – Leia e Divulgue

Editor: Oubí Inaê Kibuko – Caixa Postal 30255 – Cidade Tiradentes – CEP 08471-970 – (5511) 9750-1542

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EDITORIAL

Amigo Leitor, você conhece a campanha “MANO, NÃO MORRA, NÃO MATE”? A idéia está rolando no boca a boca, nas letras dos rappers e por escrito. Cientes da sua importância fizemos dela o editorial para a edição deste mês: “A juventude no Brasil é a principal vítima da violência que prolifera em todo o país, matando, violentando, humilhando esta juventude composta na sua maioria por pobres e negros. É necessário reagirmos a esta violência para não sermos engolidos por esta barbárie. Os avanços tecnológicos, em especial a informática e a robótica, que deveriam servir para melhorar as condições de vida do povo, estão tornando descartáveis milhões de trabalhadores em todo o mundo, totalmente excluídos do processo produtivo. Crises econômicas e políticas se abatem com extrema gravidade sobre as populações pobres do mundo, provocando conflitos bélicos na África, Ásia e América Latina. No Brasil, o projeto neoliberal, através dos planos econômicos do governo federal, agrava as condições de miséria da população brasileira, com alta taxa de desemprego, degradação das escolas públicas, hospitais, creches, meios de transporte e saneamento básico. A proliferação da cocaína e do crack atinge níveis alarmantes, apresentando o narcotráfico como uma das poucas alternativas de renda para a grande parcela da juventude pobre e negra, que são discriminados no mercado de trabalho, trazendo como conseqüência o aumento da violência sobre esta juventude, colocando-a à mercê da violência policial, das gangues e grupos de extermínio. Temos que dar um basta a esta violência. Participe desta campanha. Você também é responsável pelo presente e futuro da juventude do nosso país”. Some-se ao Movimento Negro Unificado, Comitê São Paulo Pela Libertação de Mumiah Abu Jamal, Grupo Cultural Cacorê, Núcleo Cultural Força Ativa, Comissão de Promoção da Igualdade, Sindicato dos Advogados, Negro Sim, Sociedade Comunitária Fala Negão, Comitê Permanente de Solidariedade aos Povos em Luta, Instituto Mário Alves, Atividade Informal, Posse Cultural UFQ, Grupo Afro de Impacto, Comitê de Solidariedade às Comunidades Zapatistas de São Paulo, Juventude Negra Afro Consciente (JUNAC). Informações com Alfredo: [email protected]  Vejo você na edição de setembro.

(Oubí Inaê Kibuko, editor responsável: [email protected]).                  

OUTRO MUNDO É POSSÍVEL

 Este foi o tema usado por alunos do Colégio da Fundação Santo André. Os alunos do 3º ano de ensino médio tiveram a incumbência de apresentar trabalhos que abordassem movimentos sociais como o MST (Movimento Sem Terra), o Núcleo do Bairro Montanhão em São Bernardo do Campo e o MSU (Movimento dos Sem Universidade). Os alunos pesquisaram na página virtual e usaram o jornal nº 3 do MSU.  Com as luzes apagadas dramatizaram a cegueira da sociedade a respeito da educação. Quem estuda em escola pública na consegue entrar na Universidade porque no ensino público não há qualidade, então não se pode ingressar numa Universidade Pública. Foi discutido o projeto de Universidade no Carandiru, que atualmente é a principal bandeira de luta do MSU. Foram também dramatizadas as reuniões do MSU que acontecem sempre no 3º domingo do mês. Mesmo sem nenhum destes alunos terem participado ainda das reuniões, a dramatização foi muito completa, mostrando que as informações obtidas na página do MSU ajudam o debate e a formação. “Aprendemos como se faz a luta do Movimento dos Sem Universidade e crescemos muito com este trabalho” (opinião dos alunos). Artigo de Ricardo Rocha, coordenador. Ajude o MSU a coletar um milhão de assinaturas pela Universidade Pública e Popular do Carandiru. O abaixo-assinado está disponível no site:http://us.geocities.com/movimento_dos_sem_univesidade,  E-mail: [email protected]

CAMPANHA ARRECADA COMPUTADORES USADOS

Desde junho, o comitê para democratização da informática (CDI) está realizando a terceira edição da Campanha Mega Ajuda. Organizada em parceria com a Câmara Americana do Comércio de São Paulo,  apoiada pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) e pelo Instituto Ethos de Responsabilidade Social. A mega ajuda 2002 pretende arrecadar 3 mil computadores até o final do ano. Nos últimos dois anos, a campanha arrecadou cerca de 3,1 mil máquinas, que beneficiaram mais de 50 mil jovens em 200 comunidades de todo o país. As doações de computadores podem ser feitas tanto por pessoas físicas quanto por jurídicas. Neste segundo caso é possível deduzir a doação no Imposto de Renda. Maiores informações: www.megaajuda.com.br  

MEMORIAL DE AGOSTO: O VELHO MILITANTE JOSÉ CORREIA LEITE

Amigo Leitor, o que estamos fazendo não é novo. Apenas continua o processo iniciado pelos pioneiros José do Patrocínio, Luis Gama, Cruz e Souza, entre outros anônimos relevantes. Tanto que o nosso trabalho tem sido dividido em três blocos: acervo, pesquisa e atualidades. Afinal, um povo sem memória é um povo sem raízes. É preciso que a juventude conheça um pouco do que os antigos fizeram. Segundo um provérbio oubiniano: “É sempre bom beber um gole de sabedoria na caneca dos mais velhos”. Aqui enfocaremos uma personalidade, cuja trajetória é imprescindível na história da Imprensa Negra Brasileira. Estamos falando de José Correia Leite. Nascido em 23 de agosto de 1900, o fundado do jornal “O Clarim da Alvorada”, José Correia Leite ergue-se como um símbolo imperecível que prova, de forma eloqüente, a tenacidade e a natureza insubmissa dos afro-descendentes. Imaginem os senhores, o que seria de penoso e desgastante fazer um jornal dedicado exclusivamente para negros pelos idos da década de vinte; pois foi o que José Correia Leite e Jayme de Aguiar tiveram a audácia de fazer. Só este jornal ocupa a maior parte dos estudos que hoje se fazem da imprensa negra brasileira nos meios acadêmicos e no meio dos movimentos afro-descendentes. José Correia Leite era um negro simples, dotado de uma argúcia, de uma capacidade de percepção da dura realidade que envolvia um descendente de escravo que pretendesse transpor a linha ou limites da cor impostas a ele por uma sociedade branca, machista, escravagista e usurpadora. Poucos homens de sua estatura humilde, mas altiva – como ele mesmo dizia: eu sou um autodidata – pode estabelecer-se como uma luminosa referência no centro das dramáticas trepidações que fizeram com que a primeira, ou a Velha República, viesse a ruir, inapelavelmente da forma que se deu de 1890 a 1930 como se verificou com a vida amarga, mas gloriosa de José Correia Leite (...) como epicentro desses acontecimentos, nós podemos ter um corte amplo e profundo na carnadura da vida social, econômica, política e cultural de São Paulo, do Brasil, e do mundo dos dias que  este extraordinário personagem viveu, onde os episódios se projetam em nossa etnia de modo quase cinematográfico. Portanto, ler-se o livro de José Correia Leite, tão bem escrito e interpretado pelo escritor, teatrólogo e ensaísta Cuti (Luiz Silva), intitulado “...E disse o velho militante José Correia Leite”, é uma maneira deleitosa e instrutiva de se enriquecer de novos conhecimentos. (Fonte: Quem é quem na negritude brasileira, Prof. Eduardo de Oliveira. Informações: www.luizcuti.silva.nom.br).

RESGATANDO A MEMÓRIA DO MESTRE SOLANO TRINDADE

O Centro de Documentação e Biblioteca Comunitária “Solano Trindade”, em homenagem ao grande poeta e folclorista  pernambucano (1908-1974), criado pelo Núcleo Cultural Força Ativa e gerenciado em conjunto com os Jovens Agentes Comunitários de Direitos Humanos, está solicitando doações de livros e documentos sobre o seu patrono. Obras de outros autores também serão bem-vindas. Informações no próprio CDBCST: Avenida dos Têxteis n.º 1.050, COHAB Cidade Tiradentes, São Paulo/SP, CEP 08490-600, fone (011) 6964-0401 ou através do e-mail: [email protected]

CONSCIÊNCIA NEGRA DO BRASIL: OS PRINCIPAIS LIVROS

“A inspiração deste trabalho se deu em uma reunião sobre cultura, realizada no 22º Festival Comunitário Negro Zumbi  (FECONEZU), em 1999, na cidade de Botucatu. Esse evento ocorre desde 1978 no interior de São Paulo, no mês de novembro. Ficamos sensibilizados para este empreendimento quando uma jovem fez menção, de forma dramática, à falta de uma relação de livros que pudesse nortear suas leituras”.                              

(Cuti e Maria das Dores Fernandes, organizadores).

Este livro relaciona as obras mais importantes de autores brasileiros e estrangeiros, em língua portuguesa, recomendadas por 65 pessoas, escolhidas por suas atividades intelectuais e/ou militantes relacionadas com a vida afro-brasileira. Aos colaboradores, além da indicação de 10 títulos no máximo, foram solicitadas, opcionalmente, justificativas ou comentários que respondessem à questão: “Porque recomendo”.Deu-se destaque às capas das vinte obras mais citadas, seguidas das referentes à série Cadernos Negros, que teve um número expressivo de indicações feitas ao seu conjunto. Estas figuram no final deste livro, juntamente com as “obras completas” e “poesia completa”, por designarem vários volumes sob uma mesma identificação. As recomendações de revistas também foram citadas após a classificação geral das obras. A princípio, nesta bibliografia comentada, seriam relacionados apenas os 100 títulos mais indicados. Porém, para que não se perdessem comentários e referências importantes, foram considerados todos os títulos sugeridos, num total de 291. Com os parâmetros desta publicação, certamente o caminho para a conscientização das questões raciais e para a auto-estima afro-brasileira torna-se mais curto, aplainado e fecundo. A distribuição do livro “CONSCIÊNCIA NEGRA DO BRASIL:      OS PRINCIPAIS LIVROS”. (Mazza Edições Ltda., Belo Horizonte/MG – 2002, 112 páginas) tem como público-alvo: bibliotecas e escolas públicas, universidades, entidades negras, associações comunitárias e culturais. Interessados deverão entrar em contato pelos sites: www.quilombhoje.com.br,  www.luizcuti.silva.nom.br ou por e-mail: [email protected] e/ou [email protected]     

JUVENTUDE CONSCIENTE - O EXTERMÍNIO DE UM CONTINENTE

Alguns cientistas se reuniram para comentar sobre os problemas que estão acarretando o mundo hoje, e chegaram a uma conclusão, para que as pessoas vivam com dignidade é preciso eliminar 40% da população mundial, só que esta eliminação só está acontecendo no continente africano. Porque não em outros continentes? O mundo foi contemplado com mais uma notícia corriqueira da África: a guerra civil da República Democrática do Congo (ex - Zaire), Angola, Ruanda, etc. Isso sem falar da AIDS na África do Sul e no resto do continente, na qual chegou a um certo absurdo que o governante do Quênia pediu o fuzilamento de quem contrair HIV. As guerras chegaram a matar em torno de um milhão a dois milhões de seres humanos ao ano. Isto é faxina étnica. Cadê a ONU e a sensibilidade do governo americano? Eu não vejo? E você? A mídia internacional adora explicar que as guerras na África são conseqüências de diferenças étnicas, particularmente entre os grupos Hutus e Tutsis, majoritariamente na região. Aparentemente a explicação exata bastaria. Lembra a guerra entre os Hutus e Tutsis, Ruanda e Burundi, que matou pelo menos um milhão de seres humanos entre abril de 1994 a maio de 1997, além de deixar centenas de milhares de seres humanos em miseráveis campos de refugiados expostos a todo tipo de peste e desnutrição. A explicação é racista. As guerras são pelo lucro, pela riqueza que tem naquele solo diamante, urânio, petróleo, ouro, e além de ter uma abundância de água, terras férteis e grande diversidade de espécies animais. Na década de 50 e 60 as ditaduras fiéis na África gerenciadas pela Casa Branca e no final dos anos 60 começaram o processo de descolonização da África, dezessete colônias da França e Inglaterra conquistaram o status de nações autônomas. O EUA sempre ficou distante dos países africanos quando se trata de liberdade da população e ajuda econômica. Em 1998 Bill Clinton fez uma viagem de onze dias a seis países da África subsaariana (Gana, Uganda, Ruanda, Senegal e África do Sul) foi a maior visita já feita ao continente por um presidente americano. Na ocasião ele declarou-se “satisfeito” com o surgimento de uma “nova geração de líderes democráticos” que estavam ajudando os seus países a construírem uma “economia vibrante e cheia de esperança”. Não podemos esquecer da África, terra mãe, que foi violentada, saqueada pelos capitalistas que roubaram as riquezas naturais, minerais e culturais, exterminando milhares de seres humanos e aprisionando os que não se calaram com esta opressão. Um salve a Steve Biko, Amílcar Cabral, Samora Machel, Patrice Lumumba, a todos os estudantes do bairro de Soweto, que lutaram contra a opressão racista da África do Sul durante o regime do apartheid. Um salve a todos os heróis anônimos que foram mortos e presos pelo colonialismo. Somos todos africanos. É só pesquisar que a verdade está lá. Reafirmando Martin Luther King: “Pessoas oprimidas não poderão viver oprimidas para sempre”. (Agadabi, rapper do grupo Foco de Periferia: [email protected]).

IDENTIDADE NEGADA NO TRIBUNAL

 

A ignorância ou descaso à cultura de matriz africana e afro-descendente convocou novamente seu faxineiro étnico. Noel Junior da Costa e Ana Cristina Santos Silva foram impedidos de registrar seu filho, nascido em 22/04/02, no Cartório Civil de Itaim Paulista, São Paulo, em 04/05/02. O Oficial de Registro Moisés Vitor Ribeiro recusou-se a lavrar o documento com o nome de origem Nagô/Ioruba (Nigéria),  escolhido pelo casal: AYODÉLÊ ADÔGUNSILE ODUDWA COSTA. Semelhante tratamento os pais receberam do Juiz de Direito Márcio Martins Filho e da Promotora Cíntia Mitico Belgamo Pupin, cuja sentença está documentada no processo: CP 389/02 RC. Interessante notar que italianos, japoneses, judeus, alemães, portugueses, entre outros possam registrar seus filhos de acordo com as suas origens. Os  glossários mundiais de nomes presentes nos cartórios são outro entrave. Os originários de países africanos neles inexistem. Publicações alternativas têm surgido ao longo dos anos, incluindo uma página na Internet: http://www.nomeafricano.hpg.ig.com.br  Noel Junior da Costa e Ana Cristina Santos Silva vão recorrer. A negação deste registro constitui-se numa violação à democracia, cidadania e ética civil, por não reconhecer a contribuição do povo africano na construção deste país.   

LITERATURA - O DIA EM QUE ANACLETO MORREU

Ninguém sabe, ninguém viu. Anacleto morreu de repente. Era um dia qualquer, ensolarado e quente. Anacleto era desses sujeitos comuns. Quase não saia de casa. Solteiro, gostava de assistir aos domingos futebol pela televisão, principalmente os jogos de seu querido "Timão". Sabia a escalação na ponta da língua. Era seu trunfo intelectual. Seu porto seguro do saber. Deitava-se no sofá surrado pelo tempo, em que mal cabia seu corpo longo e magro e ali babava pelo seu "Curingão". A cada gol, socava o ar com cumplicidade quase infantil. Esse era Anacleto. Aposentado desde a época do antigo IAPI. Ganhava um salário mínimo por mês, que mal dava para pagar o aluguel do seu barraco de madeira coberto por telhas de zinco. No calor era o inferno sobre a Terra. Poucos sabiam, mas Anacleto tinha um grande amigo: Dr. Jofre Soares de Mello e Silva, advogado de renome, filho pródigo da família "Mello e Silva", "quatrocentona" da capital. Vez ou outra, ele recebia a visita de seu amigo que fazia questão de chegar de táxi para não chamar a atenção, trazendo apenas uma velha pasta debaixo do braço. Como essas visitas se repetiam ano após ano, ninguém estranhava mais. E Anacleto dissera aos curiosos que era um primo distante que vinha lhe visitar. Pronto, acabara a curiosidade. Dentro do barraco, às escondidas do mundo, Anacleto assinava uns papéis que Dr. Jofre trazia, com aquela letra meio tremida, sem se importar em saber de que se tratava, pois se contentava com um pouquinho de prosa que trocava nessas horas. O Dr. Jofre nem mais satisfação dava, chegava com aquela fala mansinha e pedia quase em tom de ordem: Anacleto assina aqui no xis. Ele assinava e trocava aqueles dois dedinhos de prosa e pronto, ficava todo "satisfeito o resto da semana". Tinha proseado com seu amigo "dotô". Um dia, já doente, Anacleto recebeu a visita de um sobrinho que não via há muito tempo, também advogado, que trazia na lembrança o colo e os afagos de Anacleto. Lembrava-se, quando ainda garoto, do colo do tio e ao passar as mãos no rosto de Anacleto, sentia suas barbas como espinhos a lhe cutucar os dedinhos de sua infância angelical. Lembrava-se das risadas do tio, fortes e contínuas. Era uma imagem bem forte em sua memória. No dia anterior, Dr. Jofre estivera no barraco de Anacleto e após aquela rotina enfadonha, esquecera sobre o surrado sofá alguns papéis já assinados e provavelmente voltaria para buscar. O sobrinho de Anacleto não segurando a curiosidade, ao examinar os papéis ficou estupefato com o que estava vendo. Seu tio, inocentemente, era laranja de um político famoso da capital que havia sido governador do estado e Jofre Soares era seu advogado e controlador das contas no exterior. Anacleto era titular em todas elas. Movimentava milhões e milhões de dólares sem saber. De repente, o sobrinho de Anacleto num pensar surrealista teve uma grande idéia. Pegou todos os papéis e levou seu tio para um lugar escondido. Longe das garras de Jofre Soares e seu chefe corrupto. Durante vários meses o ex-governador e seu advogado tentaram encontrar Anacleto, procurando por inúmeras cidades e em casas de parentes, não logrando êxito em tal empreitada. O desespero tomou conta de ambos e de seu comitê de campanha, já que não era possível movimentar um centavo daquela fortuna toda e as eleições para governador estavam se aproximando. Precisavam de dinheiro para a nova campanha política. Num dia qualquer, ensolarado e quente, a quadrilha recebeu uma triste notícia: Anacleto tinha morrido de repente. E mais, ficaram sabendo por conta do tabelião da cidade, que Anacleto tinha deixado um testamento. Toda sua fortuna, quase duzentos milhões de dólares depositados em paraíso fiscal, seria distribuída para as casas de caridade de toda região, que assim poderiam fazer o bem sem olhar a quem. Ninguém sabe, ninguém viu. Apenas um político safado, louco da vida, gritava a plenos pulmões:  "Jofre Soares, seu morfético, vá pra p...!"

(Douglas Mondo: www.kyotec.com.br/poeta, www.kyotec.com.br/athena, [email protected] )

LEITURA  AFRO: BAQUAQUA - UMA RARA AUTOBIOGRAFIA

Baquaqua, pelo que se sabe, foi o único escravo com passagem pelo Brasil a deixar um documento  escrito sobre sua trajetória.  Sua autobiografia foi publicada em inglês, em 1854, e também é considerada a única biografia existente de escravo americano nascido na África - os documentos semelhantes que se tem notícia foram produzidos por escravos nascidos nos Estados Unidos.  O texto narra em detalhe o percurso do autor, que nasceu na cidade Zoogoo, na África Central, trabalhou no Brasil e conseguiu ser libertado em Nova Iorque.  Repleto de notas e com uma extensa introdução, esse mesmo texto acaba de ser publicado pela Markus Wierner Publishers, de Princeton.  Chama-se "The Biography of Mohammah Gardo Baquaqua - His passage from Slavery to Freedom in Africa and America (A Biografia de Mohammah Gardo Baquaqua - A sua passagem da Escravidão para a Liberdade na África e na América"). A biografia foi editada por Robin Law e Paul Lovejoy, acadêmicos conhecidos pela extensa produção dedicada à escravidão africana. Baquaqua foi escravizado em meados de 1840.  Tinha vinte anos e trabalhava como guarda-costas de um governante. Chegou ao Brasil em 1845, arrasado após um mês de travessia num navio negreiro. "Coloque um defensor da escravidão num desses navios; faça-o imaginar-se no lugar dos negros. Se ele não sair de lá um abolicionista convicto, não haverá outro argumento em favor da abolição", escreve Baquaqua, que no Brasil ganhou o nome de José da Costa.  Comprado por um padeiro de Olinda, assim que desembarcou em Pernambuco, ele serviu por dois anos no Brasil:  primeiro vendendo pão nas ruas de Recife, mais tarde como auxiliar de bordo de um capitão de navio mercante do Rio de Janeiro.  Fez viagens ao Rio Grande do Sul, à Santa Catarina e foi escalado por Clemente José da Costa, o capitão, para servir numa viagem à Nova Iorque.  Nessa cidade - os escravos sabiam - os negros eram livres.  Não o adiantou o capitão prendê-lo no banheiro do convés quando chegaram ao porto de East River.  Com uma barra de ferro, Baquaqua arrombou a porta e fugiu. A corte de justiça da cidade julgou que o escravo devia retornar ao navio, pois fazia parte da tripulação, e ordenou sua prisão.  Em duas semanas, com a ajuda dos carcereiros, ele escapou - simpáticos à sua causa, os guardas dormiram e "esqueceram" a chave da cela a seu alcance.  Auxiliado por uma comunidade religiosa abolicionista, ele foi para Boston e mais tarde para o Haiti, onde a revolução de 1790 havia libertado os negros.  Convertido ao catolicismo, voltou aos Estados Unidos, aprendeu inglês e, em parceria com o editor Samuel Moore, de Detroit, publicou seu relato. É ínfima, no entanto, a possibilidade de um pesquisador descobrir outro documento semelhante no Brasil.  Por mais que assine catálogos de todas as casas de leilão.  Pelo simples motivo de que a alfabetização era praticamente inexistente entre os escravos.  Segundo o censo de 1872, apenas 0.1% da "população servil" sabia ler.  Nos Estados Unidos, uma década antes, mais de 20% dos afro-americanos eram alfabetizados.  Uma razão para essa diferença é a religião.  Em meados do século XVIII, num processo conhecido como "o grande despertar", missões abolicionistas correram os Estados Unidos na tentativa de converter os escravos a religiões protestantes, que enfatizavam a necessidade de uma leitura individual da Bíblia, e, portanto, da alfabetização.  No Brasil, onde predomina o catolicismo a conversão não trouxe conseqüência semelhante - a interpretação do texto divino estava a cargo dos intermediários da Igreja.  Basta dizer que entre a população livre os índices de alfabetização eram igualmente inexpressíveis: 23% entre os homens e 13% entre as mulheres, ainda segundo o censo de 1872. Outro fator que contribuiu para a existência de documentos de registro de escravidão (pesquise, por exemplo, "The Bondwoman's Narrative", de Hannah Crafts), é a peculiaridade da dinâmica populacional.  Segundo o historiador Manolo Florentino, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, de todos os países onde houve escravidão, desde a Grécia antiga, os Estados Unidos são o único onde a taxa de natalidade entre os escravos superou a de mortalidade.  Cerca de 400 mil africanos foram levados ao país, principalmente após o século XVII.  Na década de 1860, havia por volta de quatro milhões de afro-americanos.  No Brasil, na época da abolição, havia cerca de 1,5 milhão de negros, embora o total de mão de obra importada da África superasse os quatro milhões.  Não são desprezíveis as implicações desses números para a integração dos estrangeiros à sociedade e, por conseqüência, para a absorção pelos africanos de elementos da cultura ocidental - da qual o romance de Hannah Crafts (Warner Books, 340 páginas) é um exemplo acabado.  Com perdão pela insistência nos números, é o caso de lembrar ainda que, nas décadas de 1920 e 1930, ao perceberam que os últimos ex-escravos estavam morrendo, pesquisadores americanos colheram mais de onze mil depoimentos de testemunhas do período.  No Brasil, iniciativa semelhante foi tomada na década de 70.  O resultado?  "Quatro ou cinco entrevistas, e todas muito ruins", na opinião do Professor Florentino.  Pelo menos houve um Baquaqua para contar história. (Adaptação do original de Flávio Moura, Jornal Valor, de 17/07/02, Caderno Eu & Cultura, página 6, Caderno D). Artigo enviado por Ebony Dee (Planet Black Enterprise): [email protected]

QUILOMBO VIRTUAL

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MOMENTOS DE REFLEXÃO

 “Quem não luta pelos seus direitos não é digno de possuí-los”. (Anônimo).

“De nada vale tentar ajudar aqueles que não se ajudam a si mesmos”. (Confúcio).

“Em dias de sol ou noites de lua-cheia, erga os olhos para o céu e veja as únicas coisas no mundo maiores do que você”. (Provérbio Mandinga).

“Você sai do gueto, mas o gueto nunca sai de você”. (Mano Brown).

“Somos economicamente fracos, mas não o somos moralmente. Tivemos poucas oportunidades de nos aprimorar intelectualmente, mas em entendimento e em capacidade de percepção temos um potencial capaz de suprir essas deficiências”. (Orlanda Campos).   

UM JUBILEU DE PRATA QUE VALE OURO

Os preparativos para o lançamento de CADERNOS NEGROS 25 anos encontra-se a todo vapor. O Quilombhoje, em conjunto com os poetas presentes neste volume, simpatizantes e colaboradores está organizando uma tremenda festa comemorativa, a realizar-se nos dias 6 e 7 de dezembro/2002. Agende-se, avise os familiares, amigos, vizinhos, o bairro inteiro para formar uma carreata e chegarem em peso. Nas próximas edições de Cabeças Falantes daremos mais notícias e  comentaremos um pouco da história desta série, cuja importância merece entrar para o Guiness Book - o livro dos recordes.  

SERVIÇOS

·         ROSANGELA & VANDERLI afro-cabeleireiros - Rua Igarapé Água Azul nº 688/11-B, COHB Cidade Tiradentes, São Paulo/SP, fones: (011) 6964-5268/6964-3187.

·         OUBÍ INAÊ KIBUKO – fotógrafo - [email protected] - (011) 9750-1542.

·         JUAREZ - Serviços de Funilaria, Rua Sóter de Araújo, 72, Cidade Tiradentes, (011) 6285-1701.

·         ÂNGELA – Serviços Contábeis – [email protected] - (011) 6523-2797 e/ou 276-9952.

 

 

CABEÇAS FALANTES online  - Informativo Afro-Cultural Brasileiro

Ano I – Edição nº 08 – Setembro/2002 – Leia e Divulgue

http://igspot.ig.com.br/orisfalantes - http://igspot.ig.com.br/arquivocf - www.cabecasfalantes.hpg.com.br

EDITORIAL

Amigo Leitor, acrescentamos online à frente de CABEÇAS FALANTES, em decorrência do retorno do jornal Hora X – Consciência Negra ([email protected]), publicado pela Sociedade Comunitária “FALA NEGÃO”, cujo site breve estará na rede e  no qual assinamos uma coluna homônima desde o número 01. Dia 6 de outubro está próximo. Você já escolheu em quem votará consciente? Pense nesta frase e reflita: “Não roube. Não faça concorrência com o governo”. (Pára-choque de um veículo Gurgel). O futuro do Brasil não se encontra apenas em suas mãos, mas também na sua mente, independente de partido. O ser humano é um ser político e todos os nossos atos são ações políticas.  Há candidatos e candidatos. Faça a coisa certa, votando naqueles que realmente têm se mostrado comprometido com as reivindicações da sua comunidade e não se esqueça: o número de parlamentares negros e negras nas esferas estaduais e federais continua reduzido. Isto não significa deixar-se levar apenas pela cor da pele e sim pelo conteúdo presente nas suas propostas. Pesquise, observe, indague, converse com os amigos, familiares, vizinhos... Em caso de dúvidas, acesse o site www.eleicoes2002.com.br A coletividade afro-brasileira precisa de representantes afro-descendentes na política, desde que não seja massa de manobra, semelhante a um desastroso ex-prefeito paulistano, cujo padrinho, concorrente ao governo de São Paulo, usou para conhecer nosso potencial eletivo. 

Oubí Inaê Kibuko – editor responsável – [email protected]

OS PRESIDENCIÁVEIS E A CULTURA

Luiz Inácio Lula da Silva (PT):  Devemos compreender o acesso aos bens culturais como um direito básico do cidadão. Como aqueles direitos que nos habituamos a defender em nossas lutas sociais nos últimos 20 anos: o direito universal à educação e a saúde. O exercício desse direito é condição para o exercício da cidadania, ou seja, para a inclusão social”.

Ciro Gomes (PPS): “É fundamental integrar cultura e educação como instrumento de valorização do indivíduo. O setor cultural é responsável por milhares de empregos diretos e indiretos. O investimento em cultura deve ser visto como uma prioridade na percepção de que a cultura é um fundamental agente de transformação social”.

José Serra (PSDB): “No meu governo, a cultura será tratada como uma prioridade do desenvolvimento social. Não será privilégio das elites nem objeto de luxo. Cultura é um importante instrumento de afirmação das identidades e um elemento de formação da cidadania. O seu processo de desenvolvimento gera riquezas e cria empregos”.

Anthony Garotinho (PSB): “A política cultural em meu governo estará centrada na democratização do acesso aos bens e serviços culturais e na ampliação, descentralizada e interiorização das ofertas na área da cultura. Entre as medidas destaca-se a gratuidade de ingresso aos museus e monumentos nacionais, ao menos uma vez por mês”.

O propósito desta matéria não é a comparação das manifestações, mas o registro do que foi dito para uma cobrança no futuro.

FONTES: Folha de São Paulo, caderno Ilustrada, 06/08/02, Editorial jornal Linguagem Viva, pg. 2, agosto/2002. 

CABEÇAS FALANTES - edições publicadas

Gradativamente, pessoas de várias áreas e localidades, interessadas nas primeiras edições de CABEÇAS FALANTES ON-LINE – informativo afro-cultural brasileiro têm aumentado. A todos manifestamos nossos sinceros agradecimentos. Visando atender aqueles que nos solicitam as primeiras edições, estamos disponibilizando todos os números para quem desejar conhecê-los a título de estudo, pesquisa, documentação... Algumas alterações em termos de formatação tiveram que ser feitas nos números 1, 2 e 3 sem prejudicar o conteúdo original. Com mais esta iniciativa almejamos atender aqueles que porventura não tiveram acesso às edições anteriores, bem como atender quem porventura deseja manter-se atualizado com as posteriores, caso não tenha recebido. Acesse: http://igspot.ig.com.br/arquivocf

  PENSÃO DA TIA ÁUREA

Estudantes de São José do Rio Preto, região e outras localidades, desfrutam nesta cidade um atendimento diferenciado para aqueles que não desejam residir em repúblicas durante o período letivo. Trata-se da Pensão da Tia Áurea. O estabelecimento, gerenciado por Maria Áurea de Souza, a tia Áurea, está situado em área residencial, próximo ao centro comercial,  a cerca de 5 minutos da estação rodoviária e 15 do aeroporto. Os pensionistas, somente rapazes,  gozam de um ambiente familiar, no qual: boa comida, serviço de rouparia, respeito, atenção, tranqüilidade, segurança e carinho são alguns dos ingredientes peculiares para quem aprecia aquela gostosa sensação de sentir-se em casa. Informações e reservas: (017) 231-6362, Rua Dr. Raul de Carvalho nº 1463, Bairro Boa Vista, São José do Rio Preto/SP, CEP 15025-300.

MEMORIAL DE SETEMBRO – IZABEL HIRATA

Izabel Hirata, nascida Maria Izabel dos Santos, em 02/09/1942, natural do Carmo do Rio Claro, estado de Minas Gerais, filha de António José dos Santos e de Maria José dos Santos. Izabel Hirata viveu sua primeira infância em sua cidade natal, onde por tradição de família, tomou conhecimento dos hábitos e costumes locais, ao lado da sua saudosa bisavó, Inês, carinhosamente chamada pela população de Sáignes, negra valente e orgulhosa de sua origem africana, e que, por sua postura matriarcal, sempre esteve à frente da Irmandade de São Benedito, na condição de Ialorixá, conduzindo os festejos da Folia de Reis, Ternos de Moçambique, e dos Rotos do Cateretê. Estes projetos populares da cultura negra impregnaram a alma e a sensibilidade da nossa futura poetisa e produtora cultural Izabel Hirata, nos seus primeiros anos de vida, de tal sorte que a sua vinda para São Paulo com apenas 8 anos (...) não se desvaneceram de sua memória ao matricular-se no Externato Casa Pia São Vicente de Paula, no bairro de Santa Cecília. É de se destacar que esta centenária instituição educacional de procedência belga foi uma das primeiras a receber e educar alunos negros, de onde vem a vertente da militância aguerrida e, por vezes, revolucionária de Izabel Hirata que pertenceu à Ação Libertadora Nacional. Isto se explica em razão da sua convivência com os padres dominicanos da Igreja das Perdizes, em São Paulo, com os quais adquiriu a ideologia católica humanística e pelo fato fez-se uma Jocista – da Juventude Operária Católica – de tempo integral. Frei Beto, por exemplo, foi seu contemporâneo no histórico Casarão da rua Cardoso de Almeida. Quanto à questão da negritude, Izabel Hirata, por influência de seus pais, não teve dificuldades de se postar ao lado e à frente de movimentos específicos afro-brasileiros do perfil político do MNU, constituindo-se numa de suas fundadoras, em 1978. As escadarias do Teatro Municipal e a rua Marquês Leão, no Bixiga, onde funcionou a sua primeira sede, são testemunhas mudas da presença de ativistas como Izabel Hirata. Sob este arco de inquietações, longe de imposturas, que incluía movimentos de mulheres contra a carestia, contra a censura, pela anistia ampla, geral e irrestrita, contra o apartheid da África do Sul, pela libertação incondicional de Nelson Mandela, surge a literatura como arma e nela, a figura festejada e combativa de Izabel Hirata na qualidade de escritora e poetisa engajada, que se faz presente no mundo das letras com o livro de poemas CICATRIZES, que obteve ampla repercussão nacional e internacional pelo seu denso conteúdo estético e político (...). Para que aqui se note melhor o valor desta obra, basta que se diga que a mesma foi impressa pelo renomado editor Massao Ono, em 1982. 

Fonte: QUEM É QUEM NA NEGRITUDE BRASILEIRA, Prof. Eduardo de Oliveira, 1998.     

JUVENTUDE CONSCIENTE – “BRASIL, MOSTRA A TUA CARA”

Em uma conversa com meu irmão mais uma vez pude perceber o quanto o ser humano ainda é cheio de preconceitos. Ele me relatou um fato ocorrido no dia 28/07, na cidade de Jacareí em um ônibus que faz viagens intermunicipais.

Alguns jovens negros aparentemente vindos da Bahia munidos de instrumentos musicais como timba e tamborim, cantavam alegremente no fundo do ônibus enquanto aguardavam o horário da viagem. A demora era notável, mas ninguém se manifestou, alguns passageiros até agitavam seus corpos ao som das batidas que lembravam o Olodum. Inesperadamente surgem alguns policiais que convidam os jovens a descerem do ônibus. Motivo? Por estarem “perturbando a ordem”.

Para mim os motivos são outros, arrisco dizer que o motivo é outro. Jovens negros? Sentados no “fundo do ônibus?” Cantando e batucando? Sinal de ameaça através de uma visão racista que está impregnada no coração de algumas pessoas.  Mas somos um país democrático com uma política igualitária onde o racismo não existe?!.  Isso é coisa que os negros inventaram e eles mesmos praticam. Se a sua visão ainda é esta continue a ler este relato e tire suas  próprias conclusões.

Não se sabe ao certo quem chamou os policiais, desconheço a existência de alguma lei que proíba cantar em ônibus, creio que se algum passageiro se sentiu incomodado se manifestaria.

Depois de muita discussão o ônibus partiu rumo a São José dos Campos, a viagem transcorria normalmente até ser interrompida novamente por policiais que convidaram os jovens a descerem do ônibus para uma “conversa”. Poderíamos achar que era uma medida de segurança, uma batida qualquer a qual vemos diariamente nos ônibus, mas se fosse algo rotineiro todos os homens brancos, negros amarelos, seriam convidados a saírem do veículo. Mas não, neste caso somente aqueles jovens.

Novamente trava-se uma discussão onde se é sugerido que os jovens aguardem o próximo ônibus para seguirem viagem, alguns são contrários à idéia já que não estão transgredindo nenhuma lei. Os outros passageiros manifestam-se a favor dos jovens impedindo que o ônibus partisse sem que o “mal entendido” fosse resolvido. Finalmente os jovens embarcam em outro veículo e seguem viagem.

O que mais me chamou a atenção neste fato foi a postura que os jovens tiveram diante da situação, eles não se intimidaram com a presença dos policiais, eles questionaram, discutiram e exigiram seus direitos.

Mal entendido? Racismo? O que? Tire você mesmo a conclusão.

Não quero com este fato lamentar-me, quero sim demonstrar que vivemos em uma sociedade onde o racismo existe, sim!

É disso que precisamos, é assim que temos que agir! Temos que ter atitude, postura, auto-estima e conhecimentos históricos para combatermos este mal chamado racismo.

Chega de choro e lamentações, é hora de nos unirmos, de nos organizarmos, de lutarmos por uma sociedade verdadeiramente igualitária e feliz. Juntos somos mais fortes!!!

“...dos filhos deste solo és mãe gentil?! Pátria amada, Brasil”.

  Eloísa Helena, jornalista, [email protected]

QUILOMBO VIRTUAL

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LITERATURA –  CONSCIÊNCIA NEGRA DO BRASIL: OS PRINCIPAIS LIVROS

“A inspiração deste trabalho se deu em uma reunião sobre cultura, realizada no 22º Festival Comunitário Negro Zumbi – FECONEZU, em 199, na cidade de Botucatu. Esse evento ocorre desde 1978 no interior de São Paulo, no mês de novembro. Ficamos sensibilizados para este empreendimento quando uma jovem fez menção, de forma dramática, à falta de uma relação de livros que pudesse nortear suas leituras”.

(Cuti e Maria das Dores Fernandes, organizadores).

  Este livro relaciona as obras mais importantes de autores brasileiros e estrangeiros, em língua portuguesa, recomendadas por 65 pessoas, escolhidas por suas atividades intelectuais e/ou militantes relacionadas com a vida afro-brasileira. Aos colaboradores, além da indicação de 10 títulos no máximo, foram solicitadas, opcionalmente, justificativas ou comentários que respondessem à questão: “Porque recomendo”.Deu-se destaque às capas das vinte obras mais citadas, seguidas das referentes à série Cadernos Negros, que teve um número expressivo de indicações feitas ao seu conjunto. Estas figuram no final deste livro, juntamente com as “obras completas” e “poesia completa”, por designarem vários volumes sob uma mesma identificação. As recomendações de revistas também foram citadas após a classificação geral das obras. A princípio, nesta bibliografia comentada, seriam relacionados apenas os 100 títulos mais indicados. Porém, para que não se perdessem comentários e referências importantes, foram considerados todos os títulos sugeridos, num total de 291. Com os parâmetros desta publicação, certamente o caminho para a conscientização das questões raciais e para a auto-estima afro-brasileira torna-se mais curto, aplainado e fecundo. A distribuição do livro “CONSCIÊNCIA NEGRA DO BRASIL:      OS PRINCIPAIS LIVROS”. (Mazza Edições Ltda., BH/MG – 2002, 112 páginas) tem como público-alvo: bibliotecas e escolas públicas, universidades, entidades negras, associações comunitárias e culturais. Interessados em adquirir o livro deverão entrar em contato pelos sites:  www.luizcuti.silva.nom.br / www.quilombhoje.com.br - e-mail: [email protected] / [email protected]     

UM JUBILEU DE PRATA QUE VALE OURO – PARTE 1

“Os CADERNOS NEGROS surgiram em 1978, em meio a um clima social efervescente, onde pontificavam greves e protestos estudantis. A criação do MNUCDR (Movimento Negro Unificado Contra a Discriminação Racial, depois somente MNU) dava-se ao lado do campo de batalha dos setores progressistas, os quais contestavam o governo militar e exigiam liberdades democráticas. Com a criação do MNU, a luta contra o preconceito racial iria ser reequacionada. O FECONEZU (Festival Comunitário Negro Zumbi) também foi criado em 1978, e reunia negros preocupados em preservar a herança cultural e reorganizar-se politicamente. Havia também um incipiente movimento de imprensa negra. Uma das mais contundentes manifestações dessa imprensa era o jornal Árvore das Palavras.  Subversivo, falava de revoluções e consciência. Um dos seus organizadores, Jamu Minka, poeta e jornalista, costumava distribuir os jornais no viaduto do Chá, ponto de encontro de jovens afro-paulistanos, muitos dos quais eram atraídos até aquele local por conta do movimento soul. Foi neste clima que os militantes e escritores Cuti e Hugo Ferreira propuseram a criação do Cadernos. O primeiro volume, lançando em 1978 no recém-criado FECONEZU, reuniu oito poetas. Hugo sugeriu o nome, e os custos foram divididos entre os participantes. Os escritores que iniciaram a série reuniam-se no CECAN (Centro de Cultura e Arte Negra), naquela época situado na rua Maria José, no bairro do Bixiga.  (Continua na próxima edição)

RESGATANDO A MEMÓRIA DO MESTRE SOLANO TRINDADE

O Centro de Documentação e Biblioteca Comunitária “Solano Trindade”, em homenagem ao grande poeta e folclorista  pernambucano (1908-1974), criado pelo Núcleo Cultural Força Ativa e gerenciado em conjunto com os Jovens Agentes Comunitários de Direitos Humanos, está solicitando doações de livros e documentos sobre o seu patrono. Obras de outros autores também serão bem-vindas. Informações no próprio CDBCST: Avenida dos Têxteis n.º 1.050, COHAB Cidade Tiradentes, São Paulo/SP, CEP 08490-600, fone (011) 6964-0401 ou através do e-mail: [email protected]

MOMENTO DE REFLEXÃO

“O hoje é hoje; o amanhã pode não existir. Hoje estou ouvindo, vendo e participando; amanhã isto poderá não estar acontecendo. Faça agora o que está ao seu alcance”. (Cícero Buark). 

“Tudo que fizeres em prol do teu povo, farás por ti, pelos teus irmãos e por aqueles te sucederão”. (Anônimo).

“Tudo que se observa através de um microscópio escancara sua loucura”. (Expressão Popular).

“Vivemos num mundo onde valemos mais pelo que possuímos do que pelo que somos. Em tempos difíceis, a família e os amigos tanto podem ser nossos maiores aliados quanto nossos piores inimigos”. (Anônimo).

“Todo negro que se preza, deveria periodicamente consultar um analista, para gradativamente desativar a bomba instalada em sua auto-estima, tornando-o alvo de si mesmo”. (Oubí Inaê Kibuko).

“Não se deixe humilhar, se alguém ofender sua crença, sua religião, saiba que há leis que o protegem e cobre das autoridades competentes as devidas providências, previstas no código penal”. (Revista Orixás nº 2, pg. 61).

“Se é para somar, hei mano, é só chegar”. (DMN).

SERVIÇOS

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·         OUBÍ INAÊ KIBUKO – fotógrafo - [email protected] - (011) 9750-1542.

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CABEÇAS FALANTES ONLINE - Informativo Afro-cultural Brasileiro

Ano I – Edição nº 09 – Outubro/2002 – Leia e Divulgue

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EDITORIAL

Precisamos refletir sobre esta militância que não consegue chegar até o povo.

Porque o nosso discurso não é entendido para quem o dirigimos? (Margareth Ferreira)

 Amigo Leitor, REVOLUÇÃO COMEÇA EM CASA. Talvez, ainda vamos precisar de uns 500 anos, para entendermo-nos entre nós mesmos e realmente sermos uma comunidade, a exemplo de judeus, orientais... Aqui na COHAB Cidade Tiradentes, zona leste de São Paulo, tenho dito e repetido aos dirigentes e conselheiros dos grupos aos quais sou simpatizante e colaborador: "Vamos discutir idéias e busca de soluções práticas. Não discursos tendenciosos... Martin Luther King e Malcon X; Ganga Zumba e Zumbi eram inimigos ideológicos. Em essência suas aspirações eram as mesmas" Traço um paralelo reflexivo entre duas mulheres, com respeito às devidas proporções,  ambas do PT, que estiveram no Poder Executivo e foram, além de discriminadas, desamparadas pelo partido no momento em que ele deveria estar mais do que presente: a gestão Luiza Erundina, ex-prefeita de São Paulo e Benedita da Silva, candidata ao governo do Rio de Janeiro. Se muitos sonharam com um segundo turno a ser disputado pela nossa violeta negra e acordaram com um pesadelo rosa-espinho, incluo-me entre eles. "Mesmo não sendo filiado, desde a sua criação, meu voto tem sido e continua PT de ponta a ponta. Duas décadas se passaram, vejo alguns avanços no partido, porém a resistência à questão racial e outras imprescindíveis continuam sendo esbofeteadas pelo descaso. Aqui na periferia falta formação política e de quadros. Temos servido apenas de ser testa-de-ferro e bucha de canhão para conquista de votos. Secretariado, assessoria, etc. não existem e quando criados são apenas de fachada". Disse mais ou menos isto aos assessores de dois deputados estaduais na eleição municipal passada, que estavam orientando a campanha de um irmão candidato a vereador. Senti o incomodo. Acendi isqueiro perto de estopim... Para piorar a situação, alguns irmãos que têm conseguido carguinhos, acomodaram-se, resolveram seu problema pessoal, viraram as costas ou fazem ouvido de mercador, dando atenção apenas ao que é de interesse à sua manutenção no posto que obtiveram à custa de uma luta que não é somente deles. Não vou citar os nomes destes mercenários e oportunistas... comuns em todos os povos; em todas as raças. Eles são conhecidos nesta trajetória retomada em 1978, quando desmascaramos a "democracia racial brasileira".  Ao meu ver, muitos dos grupos organizados do Movimento Negro precisam rever suas posições, descer do pedestal, apagar a fogueira das vaidades, rivalidades, comportamento elitista, abrir a panelinha e traçar novos caminhos comuns a todos. Não estou pregando união. Isto é utopia. Acredito no bom senso e na solidariedade. Alguns exemplos encontram-se nos livros: “...E Disse o velho militante José Correia Leite”, depoimentos, organizado por Cuti, edição SMC/CONE, 1992 e  “Frente Negra Brasileira”, depoimentos, organizado por Márcio Barbosa, edição Quilombhoje/MINC, 1998, bem como no próprio alijamento político que temos vivenciado. Como estamos na era digital, a Internet, apesar de ainda ser um privilégio de poucos no que se refere à coletividade afro-brasileira e acesso a computadores, somado ao nosso atraso secular, pode vir a ser uma ferramenta poderosa na próxima eleição municipal. Caso o Lula (www.lula.org.br) vença o segundo turno presidencial ou até mesmo o Serra (www.joseserra.org.br) , precisamos nos organizar, cobrar, exigir em peso respostas e soluções concretas às propostas veiculadas para a "comunidade negra" no programa e horário político de ambos. Um ministério à Benedita da Silva é interessante, como tem sido proposto pelos grupos de discussão na Web. Desde que tenha respaldo, caso se concretize. Não somente do PT como também nossa. Corpo a corpo, via e-mail, postal, telefônico... Caso contrário será outro desastre como os conservadores retrógrados querem que assim o seja. Bené, Celso Pitta... foram um teste à nossa força eleitoral. Os donos do poder sabem como nos manipular, propagandear “mudanças igualitárias" e jogar-nos contra nós mesmos. Lembrando uma frase do rap Oitavo Anjo, do grupo 509-E: "Hei mano, dê-nos ouvidos, não seja você mesmo o seu próprio inimigo".  Se eu estiver errado ou repetindo o óbvio nessas reflexões, Amigo Leitor, na humildade, estou aberto a correções... A luta continua.

Oubí Inaê Kibuko – Editor responsável – [email protected]

MOÇAMBIQUE ESTÁ EM FESTA!

Festa almejada por toda a Humanidade. O nosso país está em festa porque comemoramos o décimo aniversário do fim do conflito armado que pôs - durante 16 anos - irmãos de armas na mão contra irmãos, matando-se mútua e reciprocamente. Foi a 04 de Outubro de 2002 que os moçambicanos, representados por Joaquim Alberto Chissano, Presidente da República e Afonso Dlhakhama, Presidente da RENAMO - hoje partido na oposição - assinaram o armistício. Foi um acto corajoso e despido de falsos orgulhos. Foi uma "victória sem vencidos" - título de um livro escrito dois anos depois por Dom Dinis Sengulane - porquanto quem ganhou foi esse herói invencível que se chama POVO. O povo, ontem vítima da guerra, é hoje o construtor dessa mesma Paz que lhe fora negada durante quase duas décadas. Portanto, amigo, aí nesse teu/nosso Brasil democrático vivendo a quente e bela euforia das pré-eleições que se realizam no próximo domingo, dia 06 de Outubro de 2002, convido-te a bebermos um cálice em saudação à data que hoje celebramos. E faço votos que destas eleições saia o melhor filho do Brasil para bem governar esse país desse belo e bom POVO abençoado por DEUS. Bem hajas.

António Matabele: [email protected]

MEMORIAL DE OUTUBRO – JOSÉ DO PATROCÍNIO

“José Carlos do Patrocínio, natural da cidade de Campos, Rio de Janeiro, nasceu em 09/10/1853, filho espúrio de branco trigueiro e acaboclado com negra afro-brasileira, deixou seu nome com traços de grandeza indissipável não somente na história social e política do país. (...) Conquistou, também, com igual elevação, um título nas letras brasileiras. O grande libertador foi, ao mesmo tempo, escritor arguto. Observador dos nossos problemas de envergadura, Patrocínio os trouxe para a literatura e o fez como pioneiro, sendo, talvez, um dos precursores entre aqueles que focalizaram por uma nova objetiva o homem brasileiro, seu comportamento, sua reação e seus sofrimentos. O maior historiador da nossa literatura sobre ele escreveu – “Na história literária, terá (Patrocínio) de ser visto claro e distinto, pairando alto em quatro capítulos diversos: no que for consagrado especialmente aos grandes prosadores, o mais perfeito mestre da palavra escrita, porque ele era pelo colorido e pela vibração inconfundível de sua frase, um dos mais genuínos representantes do gênero em nossa língua; no capítulo dos oradores será forçoso destacar sua figura qual a de um dos que mais eminentemente sabiam manejar essa força admirável e perigosa – a palavra falada; entre os romancistas, porque foi um dos primeiros que mais afoitamente levaram para a novelística as questões sociais entre os brasileiros, estudando em Mota Coqueiro – um caso singularíssimo do modo de julgar em nossas justiças locais; em Pedro Espanhol, um exemplo de banditismo existente ainda hoje em todo o Brasil e nos começos do século passado existente até na capital da colônia; em Os Retirantes – a pintura terrível do fenômeno das secas do Ceará e das cenas pungestíssimas que as determinam; finalmente, no capítulo dos jornalistas – sua presença se imporá”. (Silvio Romero). (...) Nada deve Patrocínio aos heróis de origens brancas”.

 Fonte: Grandes Negros do Brasil – Yvonildo de Souza, Livraria São José, Rio de Janeiro, 1963.

LITERATURA –  QUADRO

“Carlos Gabriel nunca brigou com seus irmãos. Nem mesmo por pequenas banalidades como usarem suas camisas, calças, cuecas. Enfim a harmonia plantou a paz entre eles. Formavam um quarteto: Carlos Gabriel, o mais velho, depois Marta, sem seguida Mauro e por último Ruth. As idades variavam entre vinte quatro e trinta anos. No amálgama de peles pretas, eles nasceram da cor do mel. O primogênito e o caçula herdaram da mãe o traço esfíngico. Os outros dois herdaram a desenvoltura do pai. A cooperação alinhavou-os num só sentimento. Mauro tivera provas dessa cooperação. Ele não prestava. Muito mulherengo. Tinha “casos” aqui e ali. Em conseqüência desse ato, no mapa de sua vida aparecia uma região pontilhada de filhos. Para não pagar na justiça, distribuía migalhas aqui e ali. Ruth era quem o ajudava na mesada. E Marta, então? Com o espírito masoquista encarnado na alma, não tinha coragem de dar um basta ao namorado. Ele tinha um gênio violento. Descuidaram, e o formato da terra estava moldando a barriga da amada. O namorado, com raiva, chutou-lhe a barriga. Ela quase morreu. Carlos Gabriel fez um duplo papel: de pai – já que o pai deles de nada ficou sabendo – e irmão. Mas, o destino, em segredo, tramava esfacelar esta união”.

FONTE: 1º Capítulo de Malungos & Milongas, conto, Esmeralda Ribeiro, edição Quilombhoje, São Paulo, 1988.

A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA

“Qualquer que seja a estrutura familiar vivida, ressalta como traço comum e absolutamente marcante, a importância atribuída pelos jovens negros à família. A família representa o resgate da identidade e do rumo. Qualquer que seja o grau de estruturação familiar, a família de origem faz parte dos objetivos e planos para o futuro. A família também está presente quando se discute modelos e referências. Demarcando um espaço de acolhimento, de compreensão, de expressão de dúvidas, das questões de interesse, dos limites a serem impostos, as conversas familiares são importantes e devidamente valorizadas”.

Fonte: Jovens Negros em São Paulo, Revista Palmares Nº 4, Fundação Cultural Palmares, Brasília/DF, 2000, página 13, www.palmares.gov.br - [email protected]    

RELIGIÃO – OBI O FRUTO SAGRADO DOS ORIXÁS

Segundo um antigo dizer da Bahia, “quem planta obi não colhe”, esta era uma forma de expressar os longos anos que uma árvore leva para frutificar. Então os velhos sacerdotes da Bahia ensinaram que uma criança é que deveria plantar o obi, e este ritual é rigorosamente obedecido por todos aqueles que pretendem viver para colher a fruta. (...) Obi é um fruto sagrado e insubstituível, sem o qual não se faz nenhuma obrigação, nenhuma confirmação de que os Orixás aceitaram as oferendas. A resposta de afirmação do obi é fundamental para que os ritos possam continuar. O obi de quatro gomos, o único que deve ser ofertado aos Orixás, chama-se obi abata. Cada fruto é composto de dois casais, separam-se os gomos excedentes e dividem-se em comunhão com todos os presentes ou oferecem-nos a Exu. Os gomos são delineados pela natureza, portanto não pode haver nenhum tipo de intervenção, sobretudo de faca, para dividir o obi. Apenas nos rituais de Xangô o obi dever ser substituído pelo orobô. O obi deve ser jogado sobre a água, em pratos brancos ou diretamente no chão. Seus gomos devem  ser jogados de uma só vez, ou seja, simultaneamente. Não se pode manipular os gomos, nem jogar os que caíram fechados sozinhos. Se a caída não for favorável, deve-se lançar todos os gomos novamente. Só uma caída autoriza de imediato a continuidade dos ritos ou confirma a aceitação. Quando todos os gomos do obi caem abertos, isto é, com sua parte interna para cima, é o sinal de que os Orixás abençoaram e/ou aceitaram o rito.

Fonte: Revista Orixás, nº 1, página 31, Editora Minuano, 2002, [email protected]   

MOMENTOS DE REFLEXÃO

“Ser do santo é totalmente diferente de ser para o santo”, Maria José.

“Preto que é preto não tem vergonha do crespo”, Xandão Afro Rude.

“Não precisamos pedir licença para ser livres”, EZLN.

“...entendemos que para dirigir um povo para a libertação e para o progresso é fundamentalmente preciso uma vanguarda, gente que mostra de fato que é a melhor e que é capaz de provar isso na prática. Durante a luta de libertação muita gente tenta enganar, mas pouco a pouco é preciso definir a sua posição como pertencendo àquela vanguarda, ao conjunto daqueles que são os melhores filhos do nosso povo”, Amílcar Cabral.

“...estou a par de minha história como uma pessoa de raça negra neste mundo. Não é a melhor das histórias, mas temos que lutar por respeito e dignidade”, Angela Basset.

UM JUBILEU DE PRATA QUE VALE OURO – PARTE 2

“Em 1980, reuniões e encontros que tinham a finalidade de discutir os livros da série e livros individuais dos autores acabaram resultando na criação do grupo Quilombhoje, cuja formação inicial era a seguinte: Abelardo Rodrigues, Cuti, Mário Jorge Lescano, Paulo Colina e Oswaldo de Camargo. As conversas aconteciam em bares e, nessa época, era Cuti quem organizava os Cadernos. A partir de 1982, durante o processo de organização do volume 5, novos autores se aproximaram do grupo. Os antigos acabaram se afastando e o Quilombhoje passou a ser formado por: Cuti, Esmeralda Ribeiro, Jamu Minka, José Alberto, Márcio Barbosa, Miriam Alves, Oubí Inaê Kibuko, Sônia Fátima Conceição e Vera Lúcia Alves. O Cadernos Negros de número 6 foi organizado por este grupo, que assumiu integralmente as responsabilidades e os encargos que a edição da série demandava”. Em 1984 entrou Abílio Ferreira para o Quilombhoje. As reuniões nessa segunda fase do grupo começaram a ser realizadas na casa do Cuti, então morador da rua dos Ingleses, na Bela Vista. Nos anos seguintes, a tarefa de produção de livros e o ativismo literário foram consumindo tempo e energia do grupo. As necessárias regras de disciplina impuseram a saída de mais de um companheiro. Crises pessoais fizeram outras baixas. Desde o início de 1995 o grupo conta com apenas 3 componentes”. (Continua).

CONSCIÊNCIA NEGRA DO BRASIL: OS PRINCIPAIS LIVROS

“A inspiração deste trabalho se deu em uma reunião sobre cultura, realizada no 22º Festival Comunitário Negro Zumbi – FECONEZU, em 1999, na cidade de Botucatu. Esse evento ocorre desde 1978 no interior de São Paulo, no mês de novembro. Ficamos sensibilizados para este empreendimento quando uma jovem fez menção, de forma dramática, à falta de uma relação de livros que pudesse nortear suas leituras”.                              

(Cuti e Maria das Dores Fernandes, organizadores)

Este livro relaciona as obras mais importantes de autores brasileiros e estrangeiros, em língua portuguesa, recomendadas por 65 pessoas, escolhidas por suas atividades intelectuais e/ou militantes relacionadas com a vida afro-brasileira. Aos colaboradores, além da indicação de 10 títulos no máximo, foram solicitadas, opcionalmente, justificativas ou comentários que respondessem à questão: “Porque recomendo”.Deu-se destaque às capas das vinte obras mais citadas, seguidas das referentes à série Cadernos Negros, que teve um número expressivo de indicações feitas ao seu conjunto. Estas figuram no final deste livro, juntamente com as “obras completas” e “poesia completa”, por designarem vários volumes sob uma mesma identificação. As recomendações de revistas também foram citadas após a classificação geral das obras. A princípio, nesta bibliografia comentada, seriam relacionados apenas os 100 títulos mais indicados. Porém, para que não se perdessem comentários e referências importantes, foram considerados todos os títulos sugeridos, num total de 291. Com os parâmetros desta publicação, certamente o caminho para a conscientização das questões raciais e para a auto-estima afro-brasileira torna-se mais curto, aplainado e fecundo. A distribuição do livro “CONSCIÊNCIA NEGRA DO BRASIL:  OS PRINCIPAIS LIVROS”. (Mazza Edições Ltda., BH/MG – 2002, 112 páginas) tem como público-alvo: bibliotecas e escolas públicas, universidades, entidades negras, associações comunitárias e culturais. Interessados em adquirir o livro entrar em contato pelos sites:  www.luizcuti.silva.nom.br / www.quilombhoje.com.br ou e-mail: [email protected] / [email protected]     

RESGATANDO A MEMÓRIA DO MESTRE SOLANO TRINDADE

O Centro de Documentação e Biblioteca Comunitária “Solano Trindade”, em homenagem ao grande poeta e folclorista  pernambucano (1908-1974), criado pelo Núcleo Cultural Força Ativa e gerenciado em conjunto com os Jovens Agentes Comunitários de Direitos Humanos, está solicitando doações de livros e documentos sobre o seu patrono. Obras de outros autores também serão bem-vindas. Informações no próprio CDBCST: Avenida dos Têxteis n.º 1.050, COHAB Cidade Tiradentes, São Paulo/SP, CEP 08490-600, fone (011) 6964-0401, www.forcativa.cjb.net  ou através do e-mail: [email protected]

QUILOMBO VIRTUAL

www.quilombhoje.com.br - www.falapreta.org.br - www.planetapreto.hpg.com.br - www.okun.hpg.com.br  http://br.groups.yahoo.com/group/negrosepoliticaspublicas/  - www.firmaproducoes.com.br - www.portalafro.com.br www.redejovem.org.br - http://br.groups.yahoo.com/group/discriminacaoracial/messages - www.bocadaforte.com.br www.midiaindependente.org - http://www.romancecapoeira.hpg.ig.com.br/index.htm#  - http://www.macua.com/localconversa/index.shtml

CORREIO VIRTUAL - RECEBEMOS

Na correria – periódico do Quilombhoje – literatura – [email protected]  

Informativo Portal da Black Music – [email protected]

Informativo Enraizados – [email protected]

Informativo Bocada Forte – www.bocadaforte.com.br

Semanário Afro-umbandista Creencias – [email protected] - [email protected]

Boletim Eparrei Online – [email protected]

AGENDE-SE

26/10 – Sociedade dos Poetas Contemporâneos: Morabeza. O sarau poético a “Arte do Bem Receber” homenageia a cultura de Cabo Verde (África). Participação de poetas brasileiros e caboverdianos. Biblioteca Mário de Andrade, Rua da Consolação nº 94, Metrô Anhangabaú, às 16h00, (011)3241-3459, grátis.  

6 e 7/12 – Lançamento de CADERNOS NEGROS 25 ANOS, poemas – informações: www.quilombhoje.com.br              

SERVIÇOS

Pensão da Tia Áurea – somente para rapazes estudantes universitários. Informações: Rua Dr. Raul de Carvalho nº 1463, Bairro Boa Vista, São José do Rio Preto/SP, CEP 15025-300 - (017) 231-6362.

Rosangela & Vanderli afro-cabeleireiras – Rua Igarapé Água Azul, 688/11-B, Cidade Tiradentes, São Paulo/SP, informações: (011) 69648529/6964-5268/6964-3187.

Oubí Inaê Kibuko – fotógrafo – [email protected] - (011) 9750-1542.

Juarez – Serviços de Funilaria – Rua Sóter de Araújo, 72 – Cidade Tiradentes, São Paulo, (011) 6285-1701.

Orlando – Serviços de Manutenção predial e residencial – fone (011) 6282-0329.

CABEÇAS FALANTES ONLINE - Informativo afro-cultural brasileiro – edição mensal

Editor responsável: Oubí Inaê Kibuko – Caixa Postal 30255 – Cidade Tiradentes – SP/SP-BR – 08471-970

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CABEÇAS FALANTES ONLINE - Informativo Afro-Cultural Brasileiro

Ano I – Edição nº 10 – Novembro/2002 – Leia e Divulgue

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EDITORIAL

Amigo Leitor, 20 de novembro, DIA NACIONAL DA CONSCIÊNCIA NEGRA. Data em que se comemora o desaparecimento de Zumbi dos Palmares, visto na concepção de muitos como o primeiro Ogum brasileiro! Versando em Novembro, 20, de Jamu Minka: “Demitimos a princesa imposta. Fazemos a nova luta. Dignidade nossa tem data. Heroísmo crescido no coração da mata. Rebeldia teve bendito fruto. Trilhas, rios, serra, roças, cercas, fossos, flechas, palmeiras do orgulho afro, sem milhões, sem miséria. Canhões do racismo contra a fartura. Lições da brutal brancura: o negro negar-se sempre. Gerações famintas de corpo e espírito. Rebelião, este sonho é bicho de mil fôlegos. Antigas trilhas da mata renascem no século XX. Nas salas, salões, escadarias, esquinas, praças, palcos, telas, rádios, discos, gráficas, jornais, revistas e livros cheios de Zumbilições”. Como tudo não é flores, aberto a correções, indago: Por quê somente 20 de novembro se existimos nos 365 dias do ano? Será que não estamos transformando esta data num carnaval, onde cada negro e negra vestem uma típica fantasia irradiante de identidade, auto-estima e outros adjetivos mais, e após a quarta-feira de cinzas, a esquece e por extensão esquecem-se? Que dia é este que estamos comemorando e em função do quê? Se muitos, principalmente nos bancos escolares e nas relações familiares, ainda permanecem ignorantes do processo histórico ao qual estamos expostos. Há muito que refletir e a fazer não somente para resgatarmo-nos como também saber e exercer sobre nós mesmos. Caso contrário, nossas reivindicações de cidadania igualitária, através de ações afirmativas à coletividade afro-descendente serão efêmeras e vazias como as mentalidades retrógradas querem que sejam no dia 21...

Oubí Inaê Kibuko – editor responsável – [email protected]

PRESIDENTE LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA (PT) E A CULTURA

“Devemos compreender o acesso aos bens culturais como um direito básico do cidadão. Como aqueles direitos que nos habituamos a defender em nossas lutas sociais nos últimos 20 anos: o direito universal à educação e a saúde. O exercício desse direito é condição para o exercício da cidadania, ou seja, para a inclusão social”.  

N.E. O propósito desta nota é o registro do que foi dito para uma cobrança no futuro.

FONTES: Folha de São Paulo, caderno Ilustrada, 06/08/02, Editorial jornal Linguagem Viva, pg. 2, agosto/2002.

NOTA REVOLTANTE PARA LOBBY DE PROTESTO VIRTUAL

Você sabia que o reitor da Unicamp (Universidade de Campinas/SP) não vai dar feriado no próximo dia 20 de novembro? Alegação: já tem muito feriado nesse mês e atrasará as provas. Você teria uma lista de pessoas que pudessem enviar e-mails pressionando-o? O endereço eletrônico do reitor é: [email protected]

MATILDE RIBEIRO INTEGRA A EQUIPE DE TRANSIÇÃO DO GOVERNO LULA

Matilde Ribeiro é assistente social, com mestrado pela PUC de São Paulo, e professora do Centro de Estudos das Relações de Trabalho. Integrante da equipe que elaborou o programa sobre raça e etnia do candidato Lula, Matilde foi coordenadora da Coordenadoria da Mulher da Prefeitura de Santo André/SP, entre 1997 e 2001. Nos últimos 20 anos, como mulher negra e feminista, Matilde tem atuado no campo social e político.

LITERATURA 1 – NO POVO BUSCAMOS A FORÇA

Não basta que seja pura e justa a nossa causa. É necessário que a pureza e justiça existam dentro de nós. Dos que vieram e conosco se aliaram muitos traziam sombras no olhar, motivos ocultos, intenções estranhas. Para alguns deles a razão da luta era só ódio: um ódio antigo, centrado e surdo como uma lança. Para alguns outros era uma bolsa: bolsa vazia (queriam enchê-la). Queriam enche-la com coisas sujas, inconfessáveis. Outros viemos. Lutar p’ra nós é ver aquilo que o povo quer realizado. É ter a terra onde nascemos. É ter p’ra nós o que criamos. Lutar p’ra nós é um destino – é uma ponte entre a descrença e a certeza do mundo novo. Na mesma barca nos encontramos. Todos concordam – vamos lutar. Lutar p’ra quê? P’ra dar vazão ao ódio antigo? P’ra encher a bolsa com o suor do povo? Ou p’ra ganharmos a liberdade e ter p’ra nós o que criamos? Na mesma barca nos encontramos. Quem há de ser o timoneiro? Ah as tramas que eles teceram! Ah as lutas que ali travamos! Mantivemo-nos firmes: no povo buscamos a força e a razão. Inexoravelmente como uma onda que ninguém trava, vencemos. O povo tomou a direção da barca. Mas a lição ali está, foi aprendida: não basta que seja pura e justa a nossa causa. É necessário que a pureza e a justiça existam dentro de nós.

Fonte: Jorge Rebelo, O canto armado, antologia temática de poesia africana, Sá da Costa Editora, Lisboa, 1979. 

 MEMORIAL DE NOVEMBRO – O CISNE NEGRO CRUZ E SOUZA

João da Cruz e Souza é considerado, hoje – para a maioria dos escritores negros nas sendas de expressar com Literatura o seu particularismo racial – o grande precursor. (...) Cruz e Souza nasceu em 24/11/1861, dia da festa do grande místico espanhol de que ele tem nome. Pais, desimportantes socialmente: o mestre-pedreiro Guilherme da Cruz e sua esposa, Carolina. Já aos oito anos tem propensões literárias; faz versos. Espantava já, por saber rimar. E é na antiga Desterro (atual Florianópolis) que começa a sua formação. De Fritz Muller, sábio alemão que fazia estudos de fauna e flora no Brasil, respeitado na Europa, o negrinho Cruz e Souza mereceu esta frase: “Esse preto representa para mim mais um reforço na minha velha opinião contrária ao ponto de vista dominante que vê no negro um ramo por toda a parte (talvez sob todos os aspectos) inferior e incapaz de desenvolvimento racional por suas próprias forças”. 1881 é o início de sua amizade com Virgílio Várzea, e com ele redigiu até 1889 a Tribuna Popular. Empenhou-se – está provado – na campanha abolicionista. Virgílio Várzea testemunha que “Cruz e Souza tinha uma grande paixão pelas idéias humanitárias e serviu-as sempre, com um fanático, sem se poupar sacrifícios, na tribuna, na praça pública e principalmente no jornalismo”. O primeiro livro sai em 1885, de colaboração com seu companheiro da Tribuna Popular, sob o título de Tropos e Fantasias. Nesse ano funda O Moleque, jornalzinho que, devido ao nome provocativo e, talvez, infeliz, lhe trouxe problemas, oferecendo ocasião aos seus adversários para ofendê-lo. Pesa o ambiente na Província, onde muitas vezes é desacatado por ser filho de escravos. Viaja, então, em 1886, pelo Rio Grande do Sul com uma companhia de teatro, sendo bem recebido em Pelotas (RS). Vai nesse mesmo ano, após breve passagem por Santa Catarina, ao Rio de Janeiro, onde trava conhecimento com Bernardino Lopes (B. Lopes), Luis Delfino e Nestor Victor, que seria seu grande amigo. (...) toma contato com os simbolistas nacionais e estrangeiros, esses por meio de leituras de Baudelaire, Sar Péladan, Villiers de L’Isle-Adam. Em 1890 transferiu-se definitivamente para o Rio de Janeiro, tendo aderido por completo ao Simbolismo. Tornou-se repórter da Folha Popular, trabalhou na Cidade do Rio, de José do Patrocínio e colaborou no Novidades. Não parando muito nos empregos, foi-lhe difícil firmar-se na Imprensa, e passou por duras necessidades, que se agravaram a partir de seu casamento, em 1983, com Gavita, e o nascimento dos quatro filhos: Raul, Guilherme, Reinaldo e João (póstumo). Faleceu em 19/03/1898. Obras: Missal, poemas em prosa; Broqueis, poesia; Evocações, poemas em prosa.

FONTE: O Negro Escrito – Apontamentos sobre a presença do negro na Literatura Brasileira, Oswaldo de Camargo, Secretaria de Estado da Cultura, São Paulo, 1987.

NOSSO SONHO

Escrevo esta para todos aqueles a quem eu chamo de irmãos e irmãs e que compartilham de um mesmo ideal, de um mesmo sonho... A ascensão cultural, social, política e econômica dos pretos. É evidente que alguns pensem de uma forma e outros defendem idéias ou métodos diferentes. Mas todos nós de um jeito ou de outro acreditamos neste sonho e fazemos dele nossa filosofia de vida, construindo-o a cada dia. A cada passo dado por nós esta é uma atitude africana e cada dia nosso é um dia de consciência, nas nossas conversas e bate-papos cotidianos estamos defendendo nossos sonhos. Lutamos, todos nós por independência, poder e paz. Nos reunimos, nos organizamos, promovemos palestras, oficinas, festivais, shows, eventos, enfim, uma infinidade de atividades para nos reunir e transmitir aos outros, esta nossa esperança. Escrevemos contos, poemas, artigos; editamos jornais, zines, criamos sites, enviamos cartas, entregamos panfletos, folders, textos em sulfite e tornamos público a nossa vontade de mudar. Somos os frutos da resistência africana, carregamos em nós uma responsabilidade muito grande: a de saber lidar com todo o nosso conhecimento e consciência e transmiti-los aos outros milhões de filhos da África que estão espalhados no mundo e necessitam de alternativas e respostas. Carregamos ainda a consciência que o que sonhamos não virá fácil, será necessário que lutemos de todas as formas, que preparemos outros para continuar nossa luta. Mas meu sonho se faz real quando penso que como eu, existem inúmeros irmãos e irmãs vivendo individualmente esse ideal. Penso que nosso quilombo existe, na cabeça de cada um de nós, quando nos encontrarmos, viveremos nossa comunidade e construiremos mais um pedacinho do nosso sonho. A nossa vida é a nossa luta. Aprendi, na minha trajetória a conhecer, a respeitar aqueles a quem chamo de irmãos e, que é necessário enquanto irmãos saber três coisas: quem somos, o que queremos, e o que faremos. Digo sempre que é necessário dar o primeiro passo para mudança; cada um de nós já deu seu passo e sabe que rumo tomar, fazemos de cada dia nosso um passo dessa caminhada. Temos nossas famílias, nossos trabalhos, e o nosso sonho. Vivendo os três, sonhando que um dia se tornem uma realidade, que passamos viver este sonho com nossas famílias, trabalhando para a melhoria da qualidade de vida para o nosso povo. Descobrir que é necessário um sentido para a vida, que a vida sem sonho é vazia, e que aqueles que constroem e lutam por seus sonhos não são mais esquecidos. Se tornam referência e plantam as sementes de seus ideais. Conhecemos nossas raízes, somos os frutos e plantamos as sementes de nosso sonho. Somos filhos da África e defenderemos nossa mãe, nossa história, nossa cultura, nossa paz... Sempre.

FONTE: Boletim da UCPA (União dos Coletivos Pan-Africanistas), nº 02, Set/2002, artigo de Agnis Orgen Inago,        

LITERATURA 2 – DÍVIDA EM VIDA

Chegava-se à conclusão final da palestra sobre os direitos retroativos. Dentre o público que lotava o anfiteatro, destacavam-se os Brancos cujos Melhores Amigos são Negros, os Não Tive Intenção de Ofender, a Senhora Democracia Racial – exibindo seu rosto de duas mil plásticas – e o Deputado Amor não Tem Cor. Bem à frente do conferencista, notava-se o Reverendo Somos Todos Iguais, além de outras autoridades políticas, militares, empresariais e eclesiásticas, bem como o representante maior da nação. Cada qual com um sorriso amarelo que o outro.

O Dr. Zumbi abandonou o microfone, levantou-se e abriu um antigo e enorme baú, que ocupava mais da metade do palco. Foi retirando objetos e colocando-os sobre a mesa. Havia pelourinhos, correntes, chicotes, grilhetas, máscaras de folha de flandres, centenas de orelhas arrancadas à faca, cacetetes de vários tipos, paus-de-arara e outros que tais. Um século depois, retomou sua exposição, após um gole de Oceano Atlântico bastante avermelhado. Atento para o amontoado saído do baú, o público seguia os gestos e palavras como quem prepara um bote.

Senhoras e senhores, são apenas, para sermos humildes, como é sempre esperado, um total de 3.500.000 (três milhões e quinhentos mil) trabalhadores chegados no país nos três últimos séculos, sem levar em conta a reprodução interna, que foi grande. Considerando cada um deles ter trabalhado no máximo dez anos, como querem certos historiadores, tendo em vista as condições precárias de sobrevivência da época, chegaremos a um total de 35.000.000 (trinta e cinco milhões de anos) ou 420.000.000 (quatrocentos e vinte milhões de meses). Tomando como referência o salário mínimo de 100 (cem) reais – atendendo ao apelo das classes patronais para que não sejam sacrificadas – tem-se um total de tão somente R$42.000.000.000 (quarenta e dois bilhões) de reais ou, convertendo para a futura moeda do país, US$42,857,142,857.10 (quarenta e dois bilhões, oitocentos e cinqüenta e sete milhões, cento e quarenta e dois mil, oitocentos e cinqüenta e sete dólares e dez centavos) a serem ressarcidos, o que caberia a cada descendente, levando-se em consideração um população afro-brasileira de 60.000.000 (sessenta milhões) de cidadãos, apenas US$714.28 (setecentos e catorze dólares e 28 centavos). Não será cobrada nenhuma taxa de juros.

Gostaria de salientar que, por motivos patrióticos, não foram considerados décimo terceiro, férias em dobro, semana inglesa, seguro desemprego, indenizações por invalidez e morte, aposentadoria, vale refeição, insalubridade, PIS, vale transporte e outros benefícios atuais. Os prejuízos psicológicos advindos de torturas, estupros e outras formas de sadismo praticadas por seus antepassados, nada disso foi computado. A crueldade refinada dos senhores, atualmente, também deixamos de lado. Vamos inaugurar um novo tempo. Quanto à forma de pagamento...

E o Dr. Zumbi levantou os olhos de seus cálculos. A platéia estava vazia. Um último personagem dissolvia-se em fumaça por debaixo da porta. Mas, para surpresa do palestrante, sua Excelência o Sr. Presidente da República havia deixado sua pasta. O Dr. Correu até ela e, sem escrúpulos, abriu-a. Saltaram outras tantas contas a pagar. Todas com prazos vencidos.  

NEGROS EM CONTOS, Cuti (Luiz Silva), Mazza Edições, Belo Horizonte, 1996 – www.luizcuti.silva.nom.br  

O OCASO DE UMA GERAÇÃO

A participação do movimento negro brasileiro na Conferência Mundial Contra o Racismo em Durban na África do Sul, em setembro de 2001, talvez tenha sido o último suspiro da geração de militantes  formados nos anos 70 e 80. Hoje, estão todos institucionalizados, burocratizados e comprometidos com o fantasma de seus financiadores públicos e privados que não ousam ir além das regras de cumprimento das normas de projetos produzindo com isso resultados em geral medíocres e seguindo a sina de um sem número de organizações sociais que atuam de modo incompetente e sem compromisso com transformação social. Salvo uns poucos, onde está hoje a militância mais experiente, senão escondida atrás de um cargo público ou supostamente entrincheirado numa ong? Alguns dos mais competentes foram cooptados pela máquina do estado ou nela se jogaram para defender sua própria sobrevivência. Alguns incompetentes, mas armados do discurso de militantes ou ao menos de reclamantes, (cadê o meu!) também se locupletaram com as míseras gratificações em seus cargos inoperantes. Os outros militantes dispersos e desmobilizados são trabalhadores em geral, funcionários públicos, estudantes, artistas, malucos, bem intencionados e indignados de todas as opressões que vivem da memória da militância, entrincheirados em seus refúgios profissionais ou mentais, possivelmente perplexos com este padrão que se formou a custa de suas participações nos anos 70/80. Onde anda a militância independente de partidos políticos ou do vínculo profissional com algumas das poucas ONGs do movimento negro? Não existem mais, porque qualquer quadro que se destaca é logo cooptado para o projeto político de A ou B ou então será isolado ou massacrado por se manter independente. Não falo apenas da posição de mais um indignado como eu ou talvez você, mas da total ausência de iniciativas no fortalecimento ou formação de lideranças que possam sucedê-los. Sucedê-los? Mas como, se ainda continuam tentando chegar lá (onde?) afastando qualquer um que sua paranóia suspeite ameaçá-los? Qual o projeto político dessa gente que vive se apresentando como eternos candidatos? Qual o resultado daquele militante que vive dos gabinetes políticos ou perambulando entre órgãos públicos em prol da causa negra e que as vésperas de mais uma eleição estarão mais assanhados em busca do voto do incauto eleitor negro. Qual candidato(a) negro(a) tem oferecido credibilidade para o nosso voto? Como foi o relacionamento mantido com o seu eleitorado ao longo do seu mandato ou para aquele que pleiteia insistentemente seu voto, qual foi sua contribuição para a população afro-brasileira? Quais das suas propostas foram amadurecidas no seio do movimento negro que o legitime a se apresentar como líder ou expressão disso ou daquilo? Movimento negro, que movimento negro neste ano de 2002? Às vésperas da posse dos novos eleitos e de um novo ano, espero que possamos renovar nossas lideranças políticas e que o movimento negro retome sua iniciativa de liderar as demandas da população afro-brasileira por mais igualdade de oportunidades, cidadania e mudanças sociais.

José Ricardo - [email protected]  

NEGRO LIMITADO

- Aí mano, você tá dando febre, certo! - O que é que é mano? -Você tem que ter consciência... - Que consciência que nada, negócio de negro, consciência não tá com nada, o negócio é tirar um barato, morô?! - Pô mano, vamos pensar um pouco. - Que pensar que nada, o negócio é dinheiro e tirar uma onda! - Você não me escuta ou não entende o que eu falo. Procuro te dar um toque e sou chamado de preto otário. Atrasado, revoltado. Pode crer. Estamos jogando com um baralho marcado. Não quero ser o mais certo, e, sim, um mano esperto. Não sei se você me entende, mas eu distingo o errado do certo. - Hei mano, você vai continuar com essas idéias, você tá me tirando? Dá licença... - A verdade é que enquanto eu reparo meus erros, você se quer admite os seus. Limitado é seu pensamento. Você mesmo quer falar sobre mulher, seu principal passatempo. O Don Juan das vagabundas, eu lamento Vive contando vantagem, se dizendo o tal. Mas simplesmente, falta postura, QI suficiente. Me diga alguma coisa que ainda não sei. Malandros como você muitos finados contei. Não sabe se quer dizer, veja só você, o número de cor do seu próprio RG? Então, príncipe dos burros, limitado. Nesse exato momento foi coroado. Diga qual a sua origem, quem é você? Você não sabe responder. Negro Limitado.  - Então, vocês que fazem um RAP aí, são cheios de ser professor, falar de drogas, policia e tal, e aí, mostra uma saída, mostra um caminho e tal, e aí? - Cultura, educação, livros, escola... Crocodilagem demais, vagabundas e drogas. A segunda opção é o caminho mais rápido. E fácil. A morte percorre a mesma estrada é inevitável. Planejam nossa extinção. Esse é o título da nossa revolução; segundo versículo. Leia, se forme, se atualize, decore. Antes que os racistas otários fardados de cérebro atrofiado, os seus miolos estourem e estará tudo acabado. Cuidado...! Um boletim de ocorrência com seu nome em algum livro, em qualquer arquivo, em qualquer distrito: caso encerrado. Nada mais que isso. Um negro a menos contarão com satisfação. Porque é a nossa destruição que eles querem. Física e mentalmente, o mais que puderem. Você sabe do que estou falando. Não são um dia nem dois... São mais de 400 anos. Filho é fácil qualquer um faz. Mas criá-los, não, você não é capaz. Ele nasce, cresce, e o que acontece? Sem referência a seguir, você terá que ouvir. Um mau aluno na escola certamente ele será. Mais um menino confuso no quarto escuro da ignorância. Se o futuro é das crianças? Talvez um dia de você ele se orgulhará! Você tem duas saídas: ter consciência ou se afogar na sua própria indiferença. Escolha o seu caminho... Ser um verdadeiro preto, culto e formado. Ou ser apenas mais um negro limitado.  - É, consciência, consciência, e os outros manos, você é consciente sozinho? - Faça por você mesmo e não por mim. Mantenha distância de dinheiro fácil. De bebidas demais, policiais e coisas assim. Enfim, de modo eficaz. Racionais declaram guerra contra aqueles que querem ver os pretos na merda. E os manos que nos ouvem irão entender que a informação é uma grande arma. Mais poderosa do que qualquer PT carregada. Roupas caras de etiqueta, não valem nada. Se comparadas a uma mente articulada. Contra os racistas otários é química perfeita. Inteligência e um cruzado de direita será temido e também respeitado. Um preto digno e não um negro limitado.  - Pode crê, tem tudo a ver, não é não? Racionais, fio da navalha, podem contar comigo. - É isso aí, valeu.  

Racionais MC’s, Escolha o seu caminho, Zimbabwe Records/1982 - www.geocities.com/Eureka/Plaza/1704

RELIGIÃO – OGUM: O DESBRAVADOR

Entre os Orixás da floresta, Ogum é o primeiro e maior entre todos os caçadores, o Orixá que abriu as picadas na mata e conduziu a humanidade à civilização e ao progresso. Contudo, ao descobrir os prazeres da guerra e da conquista, Ogum percebeu sua grande vocação e utilizou sua arte, a de ferreiro, para produzir as armas que garantiriam a vida e o sustento dos seres humanos. Com suas habilidades de ferreiro, Ogum não criou apenas espadas e lanças, fez também arados, enxadas, pás e outros instrumentos indispensáveis para o plantio. Portanto, a grande guerra de Ogum é pela sobrevivência e suas ‘armas’ não visam a destruição, pelo contrário, são utensílios que constroem: sejam as leiras dos campos cultiváveis, auxiliando nas plantações, seja o progresso, representado pelas estradas e pela tecnologia. Ogum é o Orixá do avanço, da vanguarda. O guerreiro obstinado que jamais desiste de uma batalha sem antes atingir seus objetivos. Ogum é o Orixá que insiste onde todos já desistiram, por isso seu nome tornou-se sinônimo de guerra e vitória. Na África, Ogum reinou na cidade de Ire, e expandiu seu território por diversas cidades vizinhas. Ogum chegou a ser regente de Ifé quando Odudua, seu pai, esteve impossibilitado. Não existe na África Negra cidade que não se curve diante de Ogum, seja por seu poderio militar, seja por sua benevolência e senso de justiça – que nunca permitiu que seu povo sucumbisse à fome. Ogum é o Orixá mais cultuado e mais amado em toda a África. Nas terras de Irê, Ogum era o senhor absoluto. Em sua honra, sem determinadas ocasiões, os moradores faziam voto de silêncio, não diziam nenhuma palavra e jejuavam o dia todo. E foi em um desses dias que Ogum chegou em sua aldeia. Ninguém atendeu os seus pedidos nem respondeu as suas perguntas. Ele se irritou e passou a quebrar tudo que achou pela frente, e logo reverteu sua ira sobre as pessoas. Muitas cabeças rolaram até que seu filho trouxe suas oferendas preferidas e explicou que em sua honra nenhum habitante da cidade deveria falar naquele dia. Então, Ogum lamentou sua violência desenfreada e declarou que já havia vivido o bastante. Baixou a ponta de sua espada ao chão e desapareceu no interior da terra entre ruídos ensurdecedores, e disse algumas palavras que, repetidas no decorrer de uma batalha, o trazem de volta em socorro de quem o evocou, mas se não encontrar o inimigo é contra o imprudente que ele se voltará. Em todos os cantos da África Negra, Ogum é conhecido, pois soube conquistar cada espaço daquele continente com sua bravura. Matou muita gente, mas matou também a fome de muitas pessoas, por isso, antes de ser temido, Ogum é amado.

FONTE: Revista Orixás nº 2, pgs. 10 e 11, Editora Minuano, 2002, [email protected]       

CADERNOS NEGROS 25 ANOS: UM JUBILEU DE PRATA QUE VALE OURO

O que os Cadernos Negros significam para mim, como afro-americana? Cadernos Negros são uma mostra do talento e da luta dos negros brasileiros. A primeira vez que os vi, fiquei impressionada com as capas que afirmam a beleza do negro, da família negra, e da mulher negra. Ainda mais importante foi verificar que em cada volume havia informações sobre os participantes, valorizando-os individualmente. A poesia e os contos dos Cadernos Negros nos convidam a leituras múltiplas e por vezes nos estimulam a conhecer o próprio autor. Cadernos Negros oferecem espaço para quem quiser investir seu tempo e coração na aventura da leitura. Eles convidam os afro-americanos a aprender português para entrar num outro mundo, onde às vezes nos encontramos com nós mesmos e outras vezes gritamos por não termos entendido as experiências dos outros.

Fonte: 4ª capa Cadernos Negros 24, edição Quilombhoje, São Paulo, 2001, contos, Rhonda Michele Collier, Vanderbilt University, EUA.

MOMENTOS DE REFLEXÃO

 

“Não pode ser seu amigo quem exige seu silêncio ou atrapalha seu crescimento”, Alice Walker.

 

“Nós estamos vivendo em face de uma civilização altamente desenvolvida. Nós estamos vivendo num mundo cientificamente organizado, em que tudo que é feito por aqueles que controlam, é feito através de sistemas: preparação adequada, organização apropriada e alguns desses métodos arranjados para controlar o mundo, é esta coisa conhecida como “PROPAGANDA”. A propaganda tem contribuído mais destruir as boas intenções das raças e das nações, do que a própria guerra aberta. A propaganda é um método ou um meio utilizado pelos “países organizados” para converter outros contra o seu desejo. Nós da raça preta, estamos sofrendo os efeitos da propaganda mais do que qualquer outra raça no mundo: propaganda para destruir nossas esperanças, nossas ambições, a nossa confiança em si”, Marcus Garvey.

 

“O Movimento Negro precisa ser propositivo. Não somente crítico”, João Batista de Jesus Felix.

“A mulher negra, esteticamente falando, é uma jóia rara em estado bruto, que ainda não foi devidamente lapidada, e sim, amoldou-se a conceitos tidos como mais práticos, reforçando esteriótipos pré-concebidos, alimentando a indústria                     e propaganda dominantes” Oubí Inaê Kibuko.

“Não somos cidadãos, e sim, meros consumidores”, Milton Santos.

“A felicidade do negro é uma felicidade guerreira”, Gilberto Gil e Wally Salomão.

 

“Hoje estou, simplesmente, em gestação de amor”, Geni Guimarães.

 

“Seja escuro, mas seja escuro e verdadeiro”, Thaide.

 

“Não é moda, quem pensa incomoda. Não morre pela droga, não vira massa de manobra”, MV Bill.

 

“Do couro seco do atabaque um toque anunciando mudanças”, Sônia Fátima Conceição.

 

“Continue preto. Os que não são permaneçam verdadeiros”, Mano Brown.

 

“Quem não se acostuma com o sistema se levanta contra ele”, RZO.

 

“Às vezes, o passado nos pega, imperativo à nossa vontade em vivermos apenas o presente”, Oubí Inaê Kibuko.

 

“Quando as estrelas dormem, os dedos da paixão desenham em mim muitas paixões”, Esmeralda Ribeiro.

 

“Há momentos em que perdemos a oportunidade de convivermos com alguém por medo enfrentarmos a nós mesmos”, Adelina Fernandes.

“Em tempos in-certos a cidade terá poemas abandonados tomando-a de assalto” Miriam Alves.

QUILOMBO VIRTUAL

Cabeças Falantes Online - edições publicadas: http://igspot.ig.com.br/arquivocf 

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FRANQUIA SOCIAL: REDE COMUNITÁRIA DE EDUCAÇÃO

A Educafro está caminhando para grande rede comunitária. Você sabia que há várias empresas do setor industrial que adotaram a Franquia Social com sucesso, beneficiando a comunidade “carente”? A Iochpe-Maxion - com o programa “Formare”, já profissionalizou 500 jovens através da doação voluntária de seus próprios funcionários. Vamos nessa família Educafro, com muito Axé e união, entrar em campo e darmos um “Show de Bola” em prol do povo pobre e afro-descendente, partilhando os nossos serviços e socializando as vitórias. Maiores informações: [email protected]    

AGENDE-SE - AGENDE-SE - AGENDE-SE - AGENDE-SE

INTIMAÇÃO LITERÁRIA

6 e 7/12 – Lançamento de Cadernos Negros 25 anos, poemas. Dia 6, sexta-feira, das 19hs30 às 22hs00 na Biblioteca Mário de Andrade, Rua da Consolação nº 94, Centro/SP, Metrô Anhangabaú, entrada franca. Dia 7, sábado, das 20hs00 até o último presente, no Clube Piratininga, Alameda Barros nº 376, bairro Santa Cecília, Metrô Marechal Deodoro, preço do convite com direito a um livro, à confirmar. Caravanas e convites antecipados em quantidade terão desconto. Informações e reservas:        Telefax: (011) 6231-5783 – e-mail: [email protected]

MÊS DE FORMAÇÃO INTERNA – EXIBIÇÃO DE VÍDEOS

Dia 03/11/02: Quilombo; 10/11/02:  Assalto ao trem pagador; 17/11/02: Black Panthers; 30/11/02: Geraldo Filme.              Horário: 10:00 às 14hs00. Após o filme haverá debate. Entrada franca. Local: Centro de Documentação e Biblioteca Comunitária “Solano Trindade”. Av. dos Têxteis nº 1.050, Cid. Tiradentes, SP/SP, CEP 08490-600, (011) 6964-0401 [email protected]

GRUPO DE ESTUDOS DE GÊNERO E FEMINISMO

04 à 18/11 - Três encontros com o feminismo. Local: Campus Gragoatá/UFF/Niterói/RJ, sala 216, bloco “N”. Horário: 13hs00hs às 1500hs. Informações: (Andreza e/ou Fabiana): [email protected]

RAPPERS DE FORTALEZA MANDANDO SEU RECADO POR CONTA PRÓPRIA

9/11: Lançamento da Coletânea MCR FAVELA POR CONTA PRÓPRIA. Local: Escola Municipal Frei Tito de Alencar, Avenida Dioguinho nº 5925, Caça e Pesca, Fortaleza/Ceará, a partir das 19hs00. Essa coletânea reúne 9 grupos de rap  da periferia de Fortaleza e Região Metropolitana. Contatos: (085) 223- 8005/9119-0786,  [email protected]

FESTA DA RAÇA NEGRA – REPARAÇÕES JÁ!

20/11 – Praça da República, São Paulo/SP, das 14hs00 às 19hs00. Shows com MV Bill, Diário do Rap, Max B.O., Grupo VZN, Tribunal MC’s, Jamal, De Menos Crime, Capoeira Abolição, Associação Nossa Senhora Capoeira, Repercussão Urbana, Prof. Pablo Lino Atalaia, Irmandade X e Tribo. Exposição de artesanato, culinária afro-brasileira, Internet, dança afro, samba, literatura. Informações: (011) 6839-3481/3101-1913 ou por e-mail: [email protected]

SEMANA DA CONSCIÊNCIA NEGRA - APNS DE SALVADOR - PROGRAMAÇÃO GERAL

Dia 03/11 - domingo: reflexão na Igreja Presbiteriana Unida de Itapagipe - Bíblia e Negritude - às 9hs00; 13/11: quarta-feira - Debate com turmas do ITEBA às 19hs00; 16/11: sábado - Concurso de beleza negra em Alto de Coutos às 18hs00; 18/11: segunda - reflexão sobre o negro e o subúrbio com o professor José Eduardo - no Sofia Centro de Estudos - Escada - às 19:00; de 18 à 23/11: Exposição Negritude - no Sofia - sempre das 9hs00 às 17hs00; 24/11: domingo - Arrastão Zumbi contra o racismo - às 9hs00 da manhã: caminhada que sairá da Escadaria até o Parque São Bartolomeu - participação: OLODUM.

ENCONTRO DE JONGUEIROS EM PINHEIRAL/RJ

22/11, 18hs00: 1ª mesa redonda (clube Santos); 20hs00: 2ª mesa redonda e Abertura Oficial (clube Santos); 23/11 (CIEP); 09hs00: Chegada das comunidades jongueiras; 12hs30: Almoço;

14hs00: oficinas (as comunidades falaram sobre seus trabalhos); Praça Brasil; 18hs00: Apresentação das comunidades jongueiras. Algumas das Comunidades participantes: Pinheiral, Jongo da Serrinha, Valença, Angra dos Reis, Guaratinguetá, Pádua, Miracema, Barra do Piraí. Contato: Fatinha - Pinheiral (24) 9225-1311

FECONEZU (FESTIVAL COMUNITÁRIO NEGRO ZUMBI) 2002

23 e 24/11 - Itapetininga/SP - Informações: telefax (19) 3267-2375 – segunda à sexta-feira. Excursão cultural ao FECONEZU,   dia 22/11, à meia-noite, saída Teatro Municipal de São Paulo/SP. Informações: (011) 6107-3029 com Unla Debibi (à noite)              ou 5625-7916 com Nívea.

SERVIÇOS

·         ROSANGELA & VANDERLI Afro-cabeleireiros - Rua Igarapé Água Azul nº 688/11-B, Cidade Tiradentes, São Paulo/SP, (011) 6964-8529/6964-5268/6964-3187.

·         OUBÍ INAÊ KIBUKO - fotógrafo - [email protected] - (011) 9750-1542.

·         JUAREZ - Serviços de Funilaria, Rua Sóter de Araújo, 72, Cidade Tiradentes, (011) 6285-1701.

·         ÂNGELA - Serviços Contábeis - [email protected] - (011) 6523-2797 e/ou 276-9952. 

·         ORLANDO - Serviço de manutenção residencial e predial - (011) 6282-0329.

·         PENSÃO DA TIA ÁUREA - somente para rapazes estudantes. Rua Dr. Raul de Carvalho nº 1463, Bairro Boa Vista, São José do Rio Preto/SP, CEP 15025-300 - (017) 231-6362. 

CABEÇAS FALANTES ONLINE - Informativo afro-cultural brasileiro – edição mensal

Editor responsável: Oubí Inaê Kibuko – Caixa Postal 30255 – Cidade Tiradentes – SP/SP-BR – 08471-970

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CABEÇAS FALANTES ONLINE - Informativo Afro-Cultural Brasileiro

Ano I – Edição nº 11 – Dezembro/2002 – Leia e Divulgue

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EDITORIAL

...Amigo Leitor, o carnavalesco 20 de novembro passou. Avanços ocorreram. Decepções e desvirtuamentos também. Dezembro 2002, fim de ano, prenúncio de outros. Breve parada para balanço, reflexões, expectativas e esperanças depositadas nos 365 dias e 8.760 horas que estão porvir. Qual vai ser sua atitude? “CABEÇAS FALANTES ONLINE” completa onze edições ininterruptas e três especiais. O saldo para nós é positivo! E o compartilhamos contigo.  Fomos contemplados por novas amizades e relações construtivas. Ampliamos contatos e intercâmbios nacionais e internacionais. Aprendemos muito. Agradecemos aos Orixás, a todos e a todas, que direta ou indiretamente, têm colaborado conosco ao longo deste percurso para chegarmos até aqui. E, continuam nos injetando forças estimulantes para prosseguirmos. Como os nomes são muitos, omitiremos para não sermos injustos... A dimensão, importância e conseqüência deste trabalho não sabemos dizer. Afinal: “O barato é louco e o processo é lento”. Por sermos suspeitos, passamos a palavra para você ser o porta-voz de CABEÇAS FALANTES ONLINE. Apenas estamos cientes que saímos do estéril discurso, da cômoda reclamação por falta de espaço nos meios de comunicação e partimos para a prática, utilizando a ferramenta que dispúnhamos:  a Internet. Um fenômeno que privilegia poucos e coloca muitos à margem do processo. Inserirmo-nos nesta revolução digital é imprescindível para avançarmos em termos de formação e informação. Por isso, tornamo-nos militantes virtuais assumidos com a responsabilidade social de lutarmos conjuntamente contra mais este mecanismo de exclusão. Tanto que devemos pressionar o novo presidente da república, a realização e comércio do computador popular desenvolvido pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), cujo projeto prometido pelo governo FHC acabou sendo protelado. Como também fortalecer iniciativas desenvolvidas pelo Comitê de Democratização da Informática (CDI – www.megaajuda.com.br) que está angariando computadores, através de doações voluntárias, dedutíveis no Imposto de Renda. Se CABEÇAS FALANTES ONLINE necessita ser melhorado, compete a você apontar as falhas e dispor-se a ajudar-nos a encontrar o caminho correto, somando-se conosco em 2003... A coletividade afro-brasileira precisa em peso ocupar, fazer-se presente, ser visível e, sobretudo, respeitada em todas as esferas da sociedade como determina a Constituição Brasileira para todos os cidadãos e cidadãs. Não se trata de esmola ou piedade, compensadas através de cotas. Se temos deveres, por extensão temos direitos de cidadania ainda não pagos, a serem ressarcidos com juros, correção monetária e taxa cambial. Compete-nos cobrá-los com projetos, atividades, ações reparativas e propositivas. CABEÇAS FALANTES ONLINE é somente uma gota d’água, visando amenizar nossa imensurável sede secular, tendo em vista nosso atraso e o muito a ser feito. Principalmente por nós mesmos para sermos dignos da palavra: COMUNIDADE NEGRA. Pessoalmente, encaro a questão de identidade como fator mais preponderante do que o debate racial. A parceria com aliado sangue bom é mera conseqüência irreversível de tudo que realmente nos propusermos a resgatar e empreender neste milênio.  E bem-vindas as alianças serão se vierem com o intuito de serem agentes multiplicadores no meio em que vivem sem dividir, distorcer ou manipular nossas propostas... Como não comemoro Natal por considerá-lo uma data comercial, recheada de falsidade, demagogia e despida de seu verdadeiro fundamento. Independente de crença religiosa, abro meu coração e o ofereço como presente, contendo o sincero e fraterno desejo de Boas Festas e Feliz 2003 com saúde, axé, paz... a você, familiares e amigos. EU ADORO ANO NOVO! E almejo que 2003 seja o ano internacional da consciência negra em todos os sentidos. De nossa parte, nos empenharemos para que esta aspiração torne-se realidade. A luta continua e o convite está feito. Vejo você em janeiro...

Oubí Inaê Kibuko – Editor responsável – [email protected] 

  ...MISSA DOS QUILOMBOS: UMA REFLEXÃO PARA SUA CONFRATENIZAÇÃO NATALINA...

“Em nome de um deus supostamente branco e colonizador, que nações cristãs têm adotado como se fosse o Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, milhões de Negros vem sendo submetidos, durante séculos, à escravidão, ao desespero e a morte. No Brasil, na América, na África mãe, no Mundo. Deportados, como “peças”, da ancestral Aruanda, encheram de mão de obra barata os canaviais e as minas e encheram as senzalas de indivíduos desaculturados, clandestinos, inviáveis. (Encheram ainda de sub-gente – para os brancos senhores e as brancas madames e a lei dos brancos – as cozinhas, os cais, os bordéis, as favelas, as baixadas, os xadrezes). Mas um dia, uma noite, surgiram os Quilombos e entre todos eles, o Sinai Negro de Palmares, o Moisés Negro, Zumbi. E a liberdade impossível e a identidade proibida floresceram, “em do Deus de todos os nomes”, “que faz toda a carne, a  preta e a branca, vermelhas no sangue”. Vindos “do fundo da terra”, os Negros resolveram forçar “os novos Albores” e reconquistar Palmares e voltar a Aruanda. E estão ai, de pé, quebrando muitos grilhões – em casa, na rua, no trabalho, na igreja, fulgurantemente negros ao sol da Luta e da Esperança. Para escândalo de muitos fariseus e para alívio de muitos arrependidos, a Missa dos Quilombos confessa culpa cristã. Na música do negro mineiro Milton e de seus cantores e tocadores, oferece ao único Senhor “o trabalho, as lutas, o martírio do Povo Negro de todos os tempos e de todos os lugares”. E garante ao Povo Negro a Paz conquistada da Libertação. Pelos rios de sangue negro, derramado no mundo. Pelo sangue do Homem “sem figura humana”, sacrificado pelos poderes do Império e do Templo, mas ressuscitado da Ignomínia e da Morte pelo Espírito de Deus, seu Pai. Como toda verdadeira Missa, a Missa dos Quilombos é pascal: celebra a Morte e Ressurreição do Cristo. Pedra Tierra e eu, já emprestamos nossa palavra, iradamente fraterna à Causa dos Povos Indígenas, com a Missa da Terra Sem Males”, emprestamos agora a mesma palavra, com esta Missa dos Quilombos. Está na hora de cantar o Quilombo que vem vindo: está na hora de celebrar a Missa dos Quilombos, em rebelde esperança, com todos “os negros da África, os Afros da América, os Negros do Mundo, na Aliança com todos os Pobres da Terra”.        

FONTE: Texto de Pedro Casaldáliga, contra-capa do LP “Missa dos Quilombos”. Milton Nascimento, Pedro Casaldáliga e Pedro Tierra, Caraça/MG, Ariola Discos, 1982.

VIOLÊNCIA HISTÓRICA – UM CARTUN AFIADO

O cartunista Maurício Pestana é autor de notórias obras ativistas e engajadas em favor de um movimento de conscientização racial do negro brasileiro, mantendo-se fiel a seu estilo desde os seus primeiros cartuns publicados no O Pasquim. Com esta graphic novel, VIOLÊNCIA HISTÓRICA, Pestana faz sua primeira investida no gênero de quadrinhos de longa-metragem. Ele não mede palavras nem situações gráficas para ser contundente e, muitas vezes, até mesmo agressivo para atingir seu objetivo, que é brandir um grito de dor para lamentar a triste realidade que o negro vive em nosso país. Esta obra passa a limpo a trajetória de milhares de pessoas que foram arrancadas de suas tribos na África e, sob maltratos, atiradas nos piores lugares de nosso Brasil colonial. Sua narrativa, em tom direto e cru, transporta-nos, junto do protagonista de VIOLÊNCIA HISTÓRIA, para uma viagem no tempo, retornando para Benin, na África de 1798. Depois, salta para um quilombo no Brasil de 1895 e, sucessivamente, pula para vários períodos da História, chegando até os dias atuais, sempre enfocando as difíceis condições de vida de uma nação negra. Enfim, este álbum narra de maneira implacável a sofrida e triste saga de um povo, vivendo à margem da sociedade, lutando incessantemente por igualdades de condições.

FONTE: 4ª capa da obra, Editora Opera Graphica, Vinhedo/SP - [email protected] - [email protected]

UNIVERSIDADE ZUMBI DOS PALMARES

A comunidade negra de São Paulo comemorou o Dia da Consciência Negra lançando, na Assembléia Legislativa, as bases da futura Universidade Zumbi dos Palmares, dedicada a afro-descendentes, que deverá ser inaugurada em 2003, em São Bernardo do Campo. A faculdade de Administração, idealizada para capacitar empresários negros, será a primeira da nova entidade. A razão para a escolha do curso foi explicada pelo criador da entidade, José Vicente: “Nunca ninguém nos ensinou contar dinheiro. Os empresários e administradores que formamos vão trabalhar com um mercado de produtos étnicos estimados em R$ 6 bilhões”. Vicente, presidente da organização não-governamental Sociedade Afro-Brasileira de Desenvolvimento Sócio-Cultural (AFROBRAS), recebeu uma primeira parcela de R$ 10 mil da empresa americana Bellsouth para a biblioteca da nova unidade. O cheque foi entregue por Joseph Beasley, diretor-geral da Rainbowpush, entidade da qual participa o reverendo Jesse Jackson. O governador Geraldo Alckmin (PSDB) assinou a cessão de uma área onde ficará o centro de ensino, que será montado pelo Centro Paula Souza. Ao mesmo tempo, foram firmados convênios de cooperação com a Universidade da Flórida, representada pela professora Eva Watton, uma das 111 faculdades destinadas a negros nos Estados Unidos. Os futuros alunos da Universidade Zumbi dos Palmares – nem todos necessariamente negros – terão a oportunidade de estudar na Flórida, onde também deverão ser capacitados os professores brasileiros.

FONTE: Metrô News, Caderno Geral, pg. 12, 21/11/2002, [email protected]   

QUILOMBO VIRTUAL

8Cabeças Falantes Online - edições publicadas: http://igspot.ig.com.br/arquivocf - www.quilombhoje.com.br www.enraizados.cjb.net - www.falapreta.org.br - www.planetapreto.hpg.com.br - www.okun.hpg.com.br  http://br.groups.yahoo.com/group/negrosepoliticaspublicas/ - www.firmaproducoes.com.br - www.portalafro.com.br www.redejovem.org.br - www.bocadaforte.com.br - www.ileaiye.com.br - www.midiaindependente.org  http://br.groups.yahoo.com/group/discriminacaoracial/messages  - http://membro.intemega.com.br/educafro/ http://www.romancecapoeira.hpg.ig.com.br/index.htm# - http://www.macua.com/localconversa/index.shtml  www.olodum.uol.com.br - http://www.brazilphotobank.com/photographers/andre_cypriano/photo20.html

AFRO-INTERVENÇÕES NOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO: IMPRENSA E ETNIA

Os conflitos étnicos e a reivindicação política de diversos  grupos minorizados são os grandes  desafios  que se impõem para o jornalista. Como cobrir todos estes fenômenos sem reforçar estereótipos e preconceitos?

A década de 90 talvez seja um dos mais importantes períodos da história mundial. É nela que os conflitos tomam uma outra dimensão e a velocidade dos acontecimentos – sociais, políticos e culturais – se impõe de uma maneira turbinada. Um fenômeno que se verifica também no Brasil e tende a se fortalecer, ainda mais, nestas primeiras décadas do século XXI. Para a imprensa, o excesso de pautas e a precipitação de acontecimentos têm representado desafios de coberturas jornalísticas.  Hoje não existe mais a bipolarização do mundo (Estados Unidos versus antiga URSS), que foi a principal característica de quase 50 anos de Guerra Fria. Ao contrário, o que se verifica é uma recrudescência de projetos de autonomia nacional, étnicos ou religiosos, separatistas e de luta armada em vários países europeus, africanos, asiáticos e das Américas. Para se ter uma idéia os conflitos podem ser agrupados por motivações étnicas ou religiosas (Afeganistão, Argélia, Armênia, Azerbaijão, Bósnia-Herzegóvina, Burundi, Egito, Israel, Líbano, Libéria, Palestina, Ruanda, Somália, Sudão, Tadjiquistão e Zaire); lutas separatistas (Chechênia, Córsega, Curdistão, Espanha, Geórgia, Irian Jaya, Irlanda do Norte, Saara Ocidental, Sri Lanka, Tibet, Timor Leste) e o ressurgimento, na década de 90, de movimentos armados de extrema esquerda em países latino-americanos, como tem sido o caso da Colômbia e mesmo do México.

BRASIL E OS GRUPOS MINORIZADOS - Não se pode afirmar que os conflitos entre brancos e negros no Brasil tenham a mesma dimensão dos conflitos étnicos internacionais. Por ser um país marcadamente mestiço, o separatismo e os confrontos diretos se tornam mais diluídos, porém não menos graves. Apesar disso, é possível observar na realidade brasileira a conformação, ainda embrionária, de conflitos étnicos que podem insurgir de forma mais intensa no futuro. Este tipo de conformação começa a ser percebido pelo isolamento e confinamento da população negra em alguns espaços (tanto no âmbito físico como social). Na conformação territorial das grandes cidades, por exemplo, a maioria dos afro-descendentes brasileiros está confinada nas favelas, cortiços ou periferias. Ao sair deste espaço, esta população negra é subjugada pelas forças auxiliares do governo (Polícia Militar) ou por seguranças particulares, contratados por empresas ou pessoas físicas, que quase sempre a tomam por “marginal” e como uma ameaça natural ao patrimônio, à vida e à manutenção do status quo das classes economicamente dominantes ou, até mesmo, da classe média (que introjeta os valores dos grupos dominantes). Quando esta maioria negra não é subjugada por estas forças militares ou de segurança privada, é discriminada por outros elementos sociais, que exercem controle de acesso de pessoas (como porteiros, selecionadores de vagas de empregos e outros profissionais), que dificultam o seu acesso a prédios, empregos, enfim, ao pleno exercício da cidadania. Este controle do acesso de afro-descendentes também acontece nos meios de comunicação social. Em um país com mais de 70 milhões de indivíduos negros, o que corresponde a mais de 40% da população brasileira, conforme dados do IBGE, é de se estranhar uma parcela tão pequena de negros ocupando espaço nos veículos. Porém, não se pode negar que houve alguma mudança nesta última década. Mudanças pouco significativas na publicidade, nas telenovelas e, pequena, também, ao verificar a quantidade de apresentadores e repórteres de telejornais negros. No entanto, enquanto informação, notícia, é possível perceber que desde 1988 o segmento afro-descendente teve uma mudança não somente quantitativamente significativa, mas também no conteúdo da informação. Conforme a pesquisa de Mestrado A representação do negro em jornais no Centenário da Abolição da escravatura no Brasil, que defendi em 1993, pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, foi possível perceber que o ano de 1988 representou um desafio e uma mudança na forma de tratamento da imprensa sobre o segmento afro-brasileiro. Considero um marco na forma de tratamento que a imprensa dava para o segmento afro-descendente. Esta mudança foi impulsionada por alguns acontecimentos básicos, que faziam emergir a questão das relações étnicas no Brasil. Estes acontecimentos eram o Centenário da abolição da escravatura no Brasil, a organização mundial contra o apartheid e a elaboração da nova Constituição brasileira. Os jornais, na cobertura de notícias envolvendo o segmento afro-brasileiro, em 1988, se mostraram bastante diferenciados da mídia eletrônica ou da publicidade. Foi neste tipo de veículo que o negro teve maior espaço enquanto notícia. Um fenômeno que vem se repetindo continuamente desde o final dos anos 80. A postura da imprensa frente a todas estas mudanças políticas tem sido bastante oscilante. Ora a imprensa avança na discussão, outras vezes fica num discurso superficial e inócuo. O jornalista, através do improviso, vai pela intuição, transitando entre estes fenômenos. Porém, este modelo já não tem mais dado conta das muitas realidades sociais. Assim, os profissionais de imprensa que não estiverem preparados para coberturas jornalísticas sobre o segmento negro podem reforçar atos de racismo, discriminação e estereótipos, mesmo quando a linha editorial do jornal não for esta. Vale mencionar aqui que os jornais fazem questão de anunciar que não compactuam com qualquer tipo de discriminação ou racismo. O que de fato parece acontecer. Mas, se existe esta preocupação, é porque o problema anda rondando as redações.

DA FORMAÇÃO DO JORNALISTA - Todos estes elementos que povoam o cotidiano da imprensa brasileira foram suficientes para chamar a atenção de que o jornalista faz, mas nem sempre sabe porque faz. Este tipo de problema abre espaço para uma outra questão, a de que os cursos de Jornalismo, dentro das Universidades, precisam se repensar. Atualmente, a universidade tomou para si a responsabilidade de formar jornalistas-técnicos para o mercado, quando deveria estar formando jornalistas com grande conhecimento interdisciplinar. Pergunte a algum profissional da área de imprensa diplomado se ele sabe quais são os teóricos da área de Comunicação ou do Jornalismo, se ele sabe a história da imprensa, se sabe dissertar sobre a contextualização da imprensa na reconfiguração do planeta? Infelizmente, a maior parte não vai estar apta a demonstrar conhecimento em tais questões. A culpa não é apenas do jornalista, mas de todo um sistema mecânico, industrial, que o leva a se tornar uma mão-de-obra executora, repetitiva. A universidade não dá oportunidade para que ele conheça com profundidade os teóricos da sua própria área de conhecimento e os cursos têm se tornado aberrações. Tanto que é comum o próprio estudante de Jornalismo classificar o curso como sendo light. A melhor expressão da lei do menor esforço. Por outro lado, os empresários dos veículos de comunicação insistem em desprezar a necessidade de um curso de Jornalismo para se formar jornalista. "Para que o curso de jornalismo se o jornalista se faz no dia-a-dia?", argumentam. No entanto se esquece que o jornalista é um profissional diferenciado que mexe com as realidades passadas, presentes e futuras e, por isso mesmo, deve ter uma visão além do senso comum. É aí que deve entrar a universidade para que o estudante de Jornalismo possa entender passado-presente-futuro dentro de um mesmo processo. Ao abordar um fato presente entendê-lo como uma conseqüência do passado e projetá-lo para o futuro. As universidades e os cursos de Jornalismo estão ruins, reconheço, mas não é possível matar os carrapatos, matando a vaca. Faço todas estas colocações enquanto jornalista, professor de Jornalismo e pesquisador - em nível de Doutorado. Como jornalista, observo a limitação de muitos colegas que sequer têm tempo de ler um livro ou até mesmo jornais e revistas; como professor, analiso o comportamento dos alunos e observo que existe um pacto de pouco se fazer e pouco se exigir; como pesquisador tenho constatado que o produto da imprensa, que é a informação, está sofrendo cada vez mais agressões. Tenho analisado matérias publicadas, programas de televisão e rádio e constato que no Jornalismo o critério, a metodologia, a reflexão, ainda funcionam de maneira relativa. A improvisação ainda é a grande sacada da nossa imprensa. Faz, se der certo bem, se não der muda. Este tipo de comportamento pode trazer conseqüências desastrosas. A proposta do meu trabalho tem sido o de concentrar esforços para que a realidade  de jornalistas mal-informados e mal-formados, sem um espírito crítico ou inquieto, possa se transformar. A primeira tentativa de mudança tem sido a de instrumentalização  dos estudantes de Jornalismo na cobertura de grupos minorizados. Isto levaria a compreender que uma matéria jornalística pode ser um elemento de inquietação e reflexão social, extrapolando a visão do senso comum. Na tese de Doutorado, Olhares negros: percepção crítica de afro-descendentes sobre a imprensa e outros meios de Comunicação, defendida na Escola de Comunicações e Artes, da Universidade de São Paulo, constatei que os profissionais negros da área de Comunicação reprovam a maneira como os veículos retratam os afro-descendentes e outros segmentos. Mas, constatei também que eles ainda não sabem qual seria o melhor modelo de abordagem desta temática pela imprensa. Tudo isso significa que para as próximas décadas a imprensa passa a ter o desafio de cobertura jornalística de segmentos sociais com pouca representação política na sociedade. Aliás, os conflitos étnicos e a demonstração de insatisfação e exigência de representação social e política de outros grupos minorizados (como homossexuais, mulheres, portadores de deficiências e outros segmentos) vêm eclodindo em todo o mundo. O desafio é resgatar a cidadania destes grupos, denunciar os crimes de discriminação sem cair no estereótipo e promover a justiça social.

Ricardo Alexino Ferreira, jornalista, [email protected])

LITERATURA 1 - O TANTO QUE EU ERA IGNORANTE

  Você sabia que existiam grandes cidades na África maiores que Milledgeliville e ate Atlanta, milhares de anos atras? Que os egípcios que construíram as pirâmides e escravizaram os israelitas eram pretos? Que a Etiópia sobre a qual nos lemos na Bíblia era antigamente a África toda?

Pois  eu li e li ate que eu achei que meus olhos iam cair. Eu li que os africanos nos venderam porque gostavam mais do dinheiro do que dos próprios irmãos e irmãs. Como viemos para a América em navios. Como fomos obrigados a trabalhar.

Eu nunca tinha percebido o tanto que eu era ignorante, Celie. O pouco que eu sabia sobre mim mesma não teria dado para encher um dedal! E imagine que Miss Beasley sempre dizia que eu era a criança mais inteligente que ela já tinha ensinado! Mas eu agradeço a ela por uma coisa em particular que ela me ensinou, me mostrando como aprender por mim mesma, lendo e estudando e escrevendo claramente. E por Ter mantido dentro de mim de alguma forma vivo o desejo de SABER.

(...) Ah, Celie, neste mundo tem pessoas pretas que querem que a gente aprenda! Querem que a gente enxergue as coisas com clareza! Nem todos são maus como papai e o Albert, ou esmagados como a mamãe. A Corrine e o Samuel têm um casamento maravilhoso. A única tristeza deles no inicio foi não poder ter filhos. E aí, eles dizem, “Deus” enviou Olívia e Adam para eles.

Eu queria dizer, Deus enviou também a irmã e a tia deles, mas não disse. Sim, Celie, os filhos que “Deus” enviou para eles são os seus filhos. E eles estão sendo criados com muito amor, caridade cristã  e consciência de “Deus”. E agora “Deus” me enviou aqui para olhar por eles, protegê-los e amá-los. Cobri-los com todo o amor que eu sinto por você. É um milagre, não é? E sem dúvida, impossível para você acreditar.

Mas, por outro lado, se você pode acreditar que estou na África, como estou, você pode acreditar em qualquer outra “coisa”. Sua irmã, Nettie.

FONTE: A Cor Púrpura, Alice Walker, Circulo do Livro, 1982.

 

MOMENTO DE REFLEXÃO: NINGUÉM  CONHECE VOCÊ  QUANDO VOCÊ ESTÁ POR BAIXO

Eu já vivi como um milionário. Gastando todo o meu dinheiro sem me preocupar. Sempre pagando as farras com os meus amigos. Comprando champagne, gin e vinho. Mas assim que eu fique de caixa baixa, eu não pude encontrar um amigo, um lugar aonde ir. Se um dia eu puser as mãos num dólar de novo, eu vou apertar e apertar até fazer a águia sorrir. Ninguém conhece você quando você está por baixo. Se o seu bolso está vazio, você não tem amigo algum. Mas assim que você se recupera todo mundo é seu amigo. É um bocado estranho, sem dúvida. Mas ninguém quer você quando você está por baixo.

FONTE. J. Cox, Ray Charles. Revista Rock, seção  Letras traduzidas, por Ana Maria Bahiana, 

RELIGIÃO - ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

A palavra candomblé é sinônimo de religião africana. Sempre foi e é usada ainda neste sentido. Isto explica muitas coisas. Vejamos. O negro foi arrancado de sua terra e vendido como uma mercadoria, escravizado. Aqui ele chegou escravo, objeto; de sua terra ele partiu livre, homem. Na viagem, no tráfico, ele perdeu personalidade, representatividade, mas sua cultura, sua história, suas paisagens, suas vivências vieram com ele. Estas sementes, estes conhecimentos encontraram um solo, uma terra parecida com a África, embora estranhamente povoada. O medo se impunha, mas a fé, a crença - o que se sabia - exigia ser expresso. Surgiram os cultos (onilé - confundidos mais tarde com o culto do Caboclo, uma das primeiras versões do sincretismo), surgiu a raiva e a necessidade de ser livre. Apareceram os feitiços (ebós), os quilombos. Os trezentos anos da história da escravidão do negro no Brasil, atestam acima de tudo, a resistência, a organização dos negros. A cultura africana sobreviveu para o negro através de sua crença, de sua religião. O que se acredita, se deseja, é mais forte do que o que se vive, sempre que há uma situação limite. A religião, sua organização em terreiros (roças), foi como muito já se escreveu, a resistência negra. Resistiu-se por haver organização. A organização consigo mesmo. Cada negro tinha, ou sabia que seu avô teve, um farol, um guia, um orixá protetor. No meio dos objetos traficados (os escravos) haviam jóias raras: Babalorixás e Iyalorixás. Estes sacerdotes, inteiros nas suas crenças, criaram a África no Brasil. Esta mágica, esta organização reestruturante só é possível de ser entendida se pensarmos no que é a iniciação , todo processo que implica e estabelece. A cana de açúcar do Senhor de Engenho era plantada por Iaôs recém saídos das camarinhas, dos roncós. A força se espalhou, o axé cresceu e apareceu na sociedade sob a forma dos terreiros de candomblé (religião de negros yorubá como é definido no Dicionário de Aurélio Buarque). Era coisa de negros, portanto escusa, ignorante, desprezível e rapidamente traduzida como coisa ruim, coisa do diabo, bem e mal, certo e errado, branco e preto. Antagonismos opressores, sem possibilidades alternativas. O negro resolveu tentar agir como se fora branco, para ser aceito. Ele dizia: - meu Senhor, a gente tá tocando para Senhor do Bomfim, seu Santo, nhô! Não é para Oxalá, quer dizer, Oxalá é o Pai Nosso, é o mesmo que Senhor do Bomfim. Sincretismo. Forma de resistência que criou grande onus, severas cicatrizes desfiguradoras. O processo social, a dinâmica é implacável. A imobilidade não se mantém. O filho do africano já dizia que não confiava em negro brasileiro (o sìgìdì, por exemplo, um encantamento de invisibilidade e criação de elemental, não foi ensinado). Muito se perdeu, a terra africana reduziu-se a pequenos torrões, o candomblé era eficaz; o Senhor procurava a negra velha para fazer um feitiço, para que lhe desse um banho de folha, lhe desse um patuá. Proliferação de terreiros. Massificação, turismo, folclore. Mas os grandes iniciados, iguais àqueles criadores da terra africana no Brasil, ainda existem. Odé Kayode - Mãe Stella de Oxossi, em 1983, dizia: "Iansã não é Santa Bárbara", e explicava. Mostrou que candomblé não era uma seita, era uma religião independente do catolicismo. A terra tremeu; algumas pessoas falavam: "- sempre fomos à missa, sempre a última benção, depois da iniciação, era na Igreja, fazemos missa de corpo presente quando alguém morre, não pode mudar isso". Era a tradição alienada versus a revolução coerente, era a quebra do último grilhão. A represa foi quebrada e as águas fertilizaram os campos quase estéreis da sobrevivência. O negro é livre. Veio da África, tem uma história, tem uma religião igual a qualquer outra e ainda, não é politeista, é monoteista: acima de todos os Orixás está Olorum. Nina Rodrigues conta que uma vez perguntou a um Babalorixá porque ele não recebia Olorum, já que este existia. Ouvindo a seguinte resposta: "- Meu Doutor, se eu O recebesse, eu explodia". Agora um novo limite, uma nova configuração se instala. Neste fim de século com a corrosão das instituições religiosas tradicionais, com o surgimento de novas religiões, com as doutrinas esotéricas alternativas, o candomblé, agora considerado religião, é visto também como uma agência eficiente: resolve problemas, cura doenças, acalma as cabeças. Os brancos querem ser negros, já não se ouve "o negro de alma branca", agora o privilégio é ser um branco de alma negra, ter ancestralidade, "ter enredo, história com o Santo". Mais do que nunca as Iyalorixás e Babalorixás se questionam. As armadilhas, os "caça-fugitivos" estão instalados. São os congressos, a TV - é a mídia - os livros, a 'web', em certo sentido. Tudo isto é transformado, por nós, em pinças para separar o joio do trigo, por isso estamos aqui. Dizendo o que somos, damos condição para que se perceba o que está posto e se entenda o suposto, o oposto e o aposto. Diferenciação é conhecimento, candomblé é religião, não é seita. As Iyalorixás organizam as cabeças. O processo de organização do ori é awo (segredo). O candomblé é uma religião que trabalha com o segredo, o lado mudo do ser, o que a Olorum pertence. O candomblé organiza o fragmentado, abrindo canais de expressão para o ser humano.

FONTE: Site do Ilê Axé Opô Afonjá, Salvador/BA: http://www.geocities.com/Athens/Acropolis/1322/introvp.html  

LITERATURA 2 – CADERNOS 25 ANOS: UM JUBILEU DE PRATA QUE VALE OURO

2002 – Este volume é um marco. Vinte e cinco anos, um quarto de século, longevidade conquistada com garra e na marra. O significado é maior porque poucas iniciativas afro-descendentes têm a oportunidade de chegar a tanto. A série Cadernos Negros, porém, vem atravessando o tempo sem perder a vitalidade, mantendo sua capacidade de inspirar  e motivar. Literatura afro para todos. Literatura universal com a nossa vivência, com as nossas emoções, com o nosso raciocínio, com a nossa sensualidade, com o nosso sangue e as nossas lágrimas. Literatura para todos os que gostam de boa leitura, que se interessam por textos que trazem a cara e a cor dos homens e mulheres que constroem o Brasil diariamente. Quando foi lançado, em 1978, o primeiro volume da série Cadernos Negros, que também era de poemas, trazia o projeto de uma nova identidade nacional a partir da literatura. A identidade, no entanto, é um processo, e seu projeto vai se modificando ao longo do tempo. Os textos deste volume 25, de certa forma, atualizam aquele projeto inicial. Aqui está em foco não só a experiência individual, mas também a coletiva, o fato de a maioria dos afro-descendentes estarem sujeitos a viver certas situações em virtude de sua origem. Mas o mundo que esses poemas retratam é bem diferente daquele de 78. Em termos políticos, o país se democratizou e o discurso libertário negro contaminou a sociedade. No campo da escrita, nossa literatura atingiu público e universidades. Ao longo da existência da série Cadernos Negros, alguns poetas ficaram pelo caminho e outros continuam editando até hoje. A série está alicerçada em todas essas contribuições, que enriqueceram e continuam enriquecendo o campo da literatura negra. Além disso, há a colaboração dos que não escrevem, mas que ajudam com trabalho e incentivo. Nos Cadernos, alguns temas foram se firmando: a religiosidade, a reflexão sobre a estética do corpo negro, o protesto contra a discriminação e, de uma forma cada vez mais constante, o tom mais intimista, o olhar para dentro de cada um, para várias faces do sentir e do existir. Terreno privilegiado de significados, a poesia transborda das páginas para a vida. Cruz e Souza, Lino Guedes e Solano Trindade foram poetas que se preocuparam com a questão racial. Cada um, na sua época, era uma voz isolada. Cadernos Negros ajuda a espantar a solidão do escritor e do leitor com sua existência calcada no esforço coletivo. É o espírito guerreiro dos ancestrais que está em cada poema, em cada autor deste livro: Al Eleazar Fun, Andréia Lisboa de Souza, Atiely Santos, Conceição Evaristo, Cristiane Sobral, Cuti, Domingos Moreira, Edson Robson dos Santos, Esmeralda Ribeiro, Jamu Minka, José Carlos Limeira, Luis Carlos de Oliveira, Márcio Barbosa, Miriam Alves, Oliveira Silveira, Oubí Inaê Kibuko, Ruth Souza Saleme, Sebastião JS, Sidney de Paula Oliveira, Thyko de Souza e Zula Gibi. Axé!

FONTE: Apresentação CADERNOS NEGROS volume 25, poemas afro-brasileiros, Esmeralda Ribeiro e Márcio Barbosa, organizadores, 22 autores, 210 páginas, São Paulo/2002,  [email protected]  

SERVIÇOS

·         ROSANGELA & VANDERLI Afro-cabeleireiros - Rua Igarapé Água Azul nº 688/11-B, Cidade Tiradentes, São Paulo/SP, (011) 6964-8529/6964-5268/6964-3187.

·         OUBÍ INAÊ KIBUKO - fotógrafo - [email protected] - (011) 9750-1542.

·         JUAREZ - Serviços de Funilaria, Rua Sóter de Araújo, 72, Cidade Tiradentes, (011) 6285-1701.

·         ÂNGELA - Serviços Contábeis - [email protected] - (011) 6523-2797 e/ou 276-9952. 

·         ORLANDO - Serviço de manutenção residencial e predial - (011) 6282-0329.

·         PENSÃO DA TIA ÁUREA - somente para rapazes estudantes. Rua Dr. Raul de Carvalho nº 1463, Bairro Boa Vista, São José do Rio Preto/SP, CEP 15025-300 - (017) 231-6362.

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Ano 2 – Edição nº 12 – Janeiro/Fevereiro/2003 – Nosso Atabaque Virtual - Leia e Divulgue

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EDITORIAL

Amigo Leitor, saudações! Janeiro/Fevereiro/2003: devido a problemas técnicos e divergências internas esta edição chega à sua tela atrasada. O importante é comemorarmos um ano (16/02/2002 – 16/02/2003) de comunicação virtual. Nosso trabalho permanece. Mesmo que seja sozinho, falando no plural, expressando a grande maioria sem voz no dia a dia... Os incentivos, merecedores do nosso sincero agradecimento, vieram por parte daqueles que nos enviaram congratulações estimulantes via e-mail ou as escreveram no Guestbook (Livro de Visitas – www.cabecasfalantes.hpg.com.br). E, sobretudo, por parte de uma mensagem, cujo remetente, por questões de respeito, transformamos seu nome na sigla C.R.S.: “Eu até poderia ajudar como colaborador. Mas meu problema é tempo. Estou correndo atrás de um grande prejuízo: nasci preto, pobre e feio”. Esta baixa auto-estima, contendo uma possível falta de perspectiva não é um fato isolado. Se começarmos pela Cidade Tiradentes, encontraremos outros exemplos pró e contra. Por aqui há irmãos e irmãs que estão trilhando caminhos que superem barreiras... Somados, apenas reforçam nosso compromisso conjunto, de A à Z, na busca de equações e direitos para a coletividade afro-brasileira. Tanto racial quanto social.  A luta continua. Se outros se achegarem sem estrelismos e  interesses estritamente lucrativos: Cabeças Falantes Online renovará suas forças, ampliará espaços e terá vida longa. O ano inicia-se com novo presidente, novas expectativas. Propostas e esperanças reacendidas. Atenções voltadas para o campo social. Além do Programa Fome Zero, há outros projetos esperando serem saciados: inclusão digital, emprego, salário digno, ampliação de espaços culturais populares, respeito à diversidade religiosa, erradicação de enchentes, moradia em lugar seguro, habitação para os milhares que ainda alimentam o sonho da casa própria, educação qualitativa, etc. Somos contribuintes diretos e indiretos. Merecemos e cobramos direitos constitucionais que ainda nos são negados. E quando atendidos, vem em porções de quirelas. Se 10% do bilionário orçamento mundial para fins militares fosse aplicado em ações afirmativas, o mundo seguiria rumos menos caóticos. Porém, ficarmos apenas reclamando de braços cruzados, aguardando vontade política não basta. No editorial da edição nº 11 indagamos: “Qual será a sua atitude?” A resposta encontra-se dentro de você, a começar pelo meio em que vive. Cabeças Falantes, céptico à utópica união (em 99,99% das famílias ela inexiste) e crente na solidariedade, continua disposto a colaborar naquilo que for possível para o avanço da coletividade afro-brasileira, do país, da humanidade. Como o progresso caminha junto com a tradição, abrimos este número 12 com um texto circular enviado pela iyalorixá Sandra Epega, movidos pelo conteúdo universal que ele contém. Esperamos que ele lhe seja útil e de alguma forma sirva de guia neste ano. Lembrando Max Freedom Long: “A natureza está pronta a nos ajudar, desde que façamos a nossa parte”. As notas tristes são: o assassinato do rapper Sabotage, o falecimento de José Craveirinha, escritor moçambicano e a eminente guerra EUA x Iraque! Um absurdo brutal. “Cidade de Deus”, indicado ao Oscar, não vai concorrer na categoria melhor filme estrangeiro, por ter sido considerado “muito violento” pela academia de Hollywood. Vejo você na edição especial de março – mês internacional da mulher de todo dia!

Oubí Inaê Kibuko – editor responsável: [email protected]    

O ANO DE 2003 NA CONCEPÇÃO DO CANDOMBLÉ

O odu do ano é Ose-Obará. Quem rege o ano é Sàngó. Quem ama Sàngó não fuma e não mente. É um ano quente, o calor vem da terra, do céu, dos montes, das plantas. Muitos raios, muitos trovões, muito fogo, que trarão tanto destruição como recomeço. Casamentos futuros devem ser reconsiderados, é perigoso fazer vida com quem já tem família instituída e ciumenta. Ano em que famílias se reestruturarão e se unirão de novo ou se separarão. Ano de prestigiar as famílias constituídas, equilibradas, de cuidar das crianças, de fazer com que enxerguem o lado bom da vida, através do esforço e do trabalho. Necessidade de dar responsabilidade aos jovens e às crianças. Ninguém é tão fraco que não possa trabalhar. Todos têm o que ensinar e o que aprender. Ensinar o que se sabe e aprender tudo o que é possível. Os que mentirem ou enganarem durante este ano estarão sujeitos à ira de Sàngó. O devedor, o traiçoeiro, o mentiroso, todos estão sob os olhos de Sàngó. Traição e mentira atrairão a ira de Sàngó. Só Sàngó queima.  Ele é o poder do fogo, ele é o calor, ele é a fumaça. Não queimar, não incinerar, não fumar. A única fumaça boa e aceitável é a proveniente da comida, da defumação e aquela que é feita em homenagem a Sàngó. Grandes cataclismas, grandes brigas entre fogo e água, terra e fogo. O vento está solto. O fogo está solto. O céu mostra-se perigoso e dele virão problemas e soluções. Trabalho árduo, intenso, pouco dinheiro e muita atividade e esforço. Sàngó tem o dom de resolver problemas encruados de negócios, de justiça, de famílias. Apelar para ele nesses casos. Bons amigos, e recomenda-se interagir com sócios, familiares, parceiros. Doenças ressurgem, curas aparecem. O próprio corpo se cura. Há que descobrir o poder de cura que o ser humano tem em suas mãos e em suas bocas (palavras). As cobras ensinarão os caminhos de cura. Bem como as plantas e muitos animais. Evitar inimizades porque é melhor abater um pouco o orgulho e viver em paz. Ano bom de vestir vermelho, de reformar casas com criatividade e pouco gasto, de mudar de emprego, de montar negócios, de beber pouco e de ser alegre. Comer com tempero, com dendê e muita pimenta. Chamar amigos para comer, louvar ancestrais, louvar Orisa em grandes comemorações. Invocações e grandes ebó aos ancestrais serão necessários neste ano. Religião só une. O que separa é o mau gênio, a inveja, o desejo de poder, a intolerância, a ganância, o dinheiro mal distribuído.  O cabelo tem força física, a palavra tem força vital. Os gestos são a demonstração do poder da família. Conhecer sempre novos caminhos e novas possibilidades. Por vezes, a morte vem para corrigir, para consertar. Tem muita gente que, enquanto viva, impede a vida de fluir e de resolver por si mesma as questões. Quem se baseia na violência não chega ao fim do caminho. Não entrar em guerra, não fazer guerra, não apoiar guerra. Se a guerra for desencadeada, não haverá prazo certo para que termine, e poderá envolver muita desgraça para todos os seres humanos que moram em Ilu Aiye. Há que coibir muito poder para um homem só. Seja ele, rei, chefe ou sacerdote. Grandes amigos brigam. Pais, filhos, irmãos, cunhados, inimigos brigarão ainda mais. Mesmo dentro do mercado, do trabalho, da família, da multidão, o ser humano pode ficar só e em paz consigo mesmo. Basta propiciar seu Ori. Todos precisam se sentir importantes, se distinguir, ser pessoas prósperas na comunidade, mas com honradez e dignidade. Dinheiro sem honra é lama. Descendência é essencial ao ser humano. Quem não tiver filhos, que adote. Pagar dívidas até com o próprio sangue, com o trabalho de toda a família, mas pagar. Quem fala demais gasta a língua. Quem dá tudo que tem, a pedir vem. O impossível acontece, o possível é mais fácil. Tolerância é essencial. Não se meter no que não é chamado. Cada um resolve os seus problemas. Aconselhar só se for solicitado. Quem vive cercado de muita gente, pensa pouco. 2003 será um ano em que será necessário pensar por si mesmo, consultar Ifá nas dúvidas, respeitar os amigos e os inimigos, se isolar de vez em quando para pensar melhor, ter paciência com os menos capazes. 2003 será um ano em que cada ser humano vai plantar para a próxima década, vai repassar aos filhos e aos discípulos parâmetros morais e religiosos, vai ensinar aquilo que gostaria que fizessem para si próprio. É um ano de ser bom, generoso, trabalhador, honesto, esperto e equilibrado. Ilu Aiye depende de cada um de seus habitantes para ser melhor a cada dia. É como um ileke (colar de contas). Se uma conta se quebrar e cair, as restantes quebram e o ileke se desmancha. Sandra Epega - Ilê Leuiwyato: www.sandraepega.com.br  

CONVITE RELIGIOSO

Padre Luiz Fernando de Oliveira convida os amigos e amigas quilombolas, para participar do aniversário da sua Ordenação Sacerdotal. Foi Ordenado no ano do Centenário da Abolição em 1988, pelo Bispo negro Dom Zumbi da Paraíba. A igreja católica refletiu na Campanha da Fraternidade o tema do negro. Portanto são 15 anos, a serviço do povo de Deus, a partir da causa do Povo Negro. Dia 30 de março/03. Paróquia Santo André Apóstolo, Jardim Santo André, São Mateus. Rua Dias Moréia nº 18, às 16hs00. Informações: (011) 6751-3100, Beep 5508-0737 - código 437-0637, e-mail: [email protected]  

MENSAGENS DOS LEITORES

·         Por ventura tem dúvidas acerca da necessidade vital que temos de ler o seu trabalho? E não se deixe intimidar por eventuais detractores à qualidade do seu trabalho, pois há um dito popular moçambicano que diz que só não erra quem nada faz. E há aquele outro que diz a caravana passa e outros falam... Parabéns e continue a esforçar-se para melhorar a qualidade daquilo que tem feito. Abraços. António Matabele, Maputo, Moçambique.

·         Parabéns, manooo!!! Só você sabe o quanto foi embaçado fazer 1 ano de e-mail pro povo. *.¤SanÐru HiLL™¤.*, São Paulo/SP, Brasil.  

·         Parabéns Companheiros Quilombolas pelo importante  trabalho desenvolvido para denunciar as injustiças e desigualdades que contribuem para um mundo excludente e racista. A informação é fundamental para o nosso povo. Faremos Palmares de Novo!!! Benilda Regina Paiva de Brito, coordenadora do N'zinga - Coletivo de Mulheres Negras de Belo Horizonte. Rua Nair Pentag'na Guimarães nº 300/203, Heliopólis, BH/MG, Brasil, CEP. 31760 –100.  

·         Congratulações pela contribuição social que este veículo tem desempenhado. Parabéns a todos que direta ou indiretamente, envolvem-se na  veiculação  de Cabeças Falantes Online. Dimas Saldanha, fotógrafo, São Paulo/SP, Brasil.  

·         Parabéns pelo aniversário. Continue com este trabalho importante de divulgar noticias de interesse para as comunidades afro-descendentes. Abração! Vera L. Benedito.  

·         Que este seja o 1º de muitos anos que virão Axé Bi Axé! Roza Dêkàó, São Paulo/SP, Brasil.  

·         Cabeças Falantes é uma grande contribuição para a afirmação do povo negro, que se concretizará com o respeito às diferenças. Axé! Cláudio Melo, Grupo Ìfaradá/UFPI – Teresina/PI.  

·         O Brasil precisa de mais iniciativas como esta. (...) somos mais de 50% da população, merecemos estarmos informados sobre o que ocorre na nossa comunidade. A educação é o ponto fundamental para mudarmos a situação do negro no Brasil e através deste informativo e de outras iniciativas como essa, com certeza estamos caminhando para um futuro melhor e mais digno. Veridiana Mattoso Serpa, produtora, Firma Produções.

·         Preservar a cultura é preservar a memória. É resgatar a nobreza deste povo sagrado que passa e passou toda espécie de sacrifícios, que tudo fez por esta nossa nação. Deu sua vida, suor e sangue... (...) não percamos o espírito e luta, haveremos de tentar toda forma de comunicação, para assim alcançarmos o resultado que esperamos, até nossa voz ecoar por todos os cantos possíveis. Vamos a luta! Felix Augusto Sechin, Didet, Prodam, São Paulo/SP, Brasil.  

·         Longa vida ao informativo eletrônico Cabeças Falantes. Que ele seja lido por mais e mais internautas de todas as cores e credos. Ítalo Cardoso, deputado estadual, PT/SP.  

·         Caros irmãos continuem na luta, a imprensa negra é fundamental.  Carlos Medeiros, Rio de Janeiro/RJ.  

·         Parabéns Cabeças Falantes pela manifestação contínua deste Axé durante o ano que se passou. Por ele permanecem vivas as nossas raízes. Sueli Chan.  

·      Caros guerreiros continue mantendo contato a luta tem que continuar. Forte abraço - Zulu King Nino Brown.  

MEMORIAL DE JANEIRO – TEODORO SAMPAIO

Aqueles que passam diariamente por uma rua situada em cerca de seis bairros e municípios da capital paulista, talvez não sabem que Teodoro Fernandes Sampaio, mais conhecido como Teodoro Sampaio, nascido em Santo Amaro/BA, em 1855, foi um grande negro a que a historiografia não dá muito destaque, em razão de sua origem negro-africana. Foi geógrafo, historiador e engenheiro civil. É nessa condição que participou de uma comissão de engenheiros incumbida, por Cansanção de Sinimbú, de estudar quais as formas para melhorar os portos brasileiros e a navegação no interior dos rios que desaguavam no Oceano Atlântico. O seu trabalho “O Rio São Francisco e a Chapada Diamantina” despertou, na ocasião, tanto interesse, que o mesmo acabou sendo reimpresso mais tarde para a Revista do Instituto Histórico e Geográfico, no Rio de Janeiro, em 1937. Teodoro Sampaio publicou diversos livros, entre os quais, “O Tupi na Geografia Nacional” – 1901, o “Atlas dos Estados Unidos do Brasil” – 1908. Em 1922, ano do primeiro centenário da Independência do Brasil, “escreve para a introdução geral, do “1º Volume do Dicionário Histórico, Geográfico e Etnográfico do Brasil”, os capítulos segundo, terceiro e sétimo (Geografia do Brasil, hidrografia, cachoeiras, saltos, lagos, minerais e constituição geológica)”.  Os préstimos profissionais de Teodoro Sampaio encontram-se também em São Paulo, que como chefe da Companhia Cantareira, quer como sanitarista e consultor para as áreas técnicas ligadas ao serviço de águas e esgoto, além de ser um dos organizadores da Escola Técnica de São Paulo.

FONTE: Quem é quem na negritude brasileira, volume I, Prof. Eduardo de Oliveira, escritor e organizador, CNAB/SNDHMJ, 1998.   

LITERATURA – POESIA NEGRA BRASILEIRA  

A antologia (...) objetiva reunir, em um período de cem anos de história literária brasileira, a construção e a evolução de uma consciência negra e sua expressão através do texto poético. O projeto desta antologia se fundamentou: no interesse em resgatar a participação de uma identidade negra expressa através do discurso poético, (...) a partir de uma perspectiva crítica; na preocupação em recuperar textos poéticos que, apesar de seu valor estético e de se constituírem no espaço privilegiado da emergência de uma consciência de ser negro no panorama da literatura brasileira, são muito pouco valorizados pela história literária “oficial”, não fazendo portanto, parte dos currículos das escolas; na quase inexistência de antologias e de bibliografias sobre literatura negra no Brasil, ao contrário de outros países com grande população de descendência africana, onde abundam as obras antológicas, elemento indispensável não apenas para nortear futuras pesquisas como para divulgar esta vertente da literatura brasileira em escolas e universidades, alargando assim, o horizonte dos alunos e provendo-os dos subsídios necessários à sua tomada de consciência de integrarem um país multiétnico e plurirracial.

FONTE: Apresentação do livro Poesia Negra Brasileira, Zilá Bernd, organizadora, Editora Age, 1992.   

É NÓIS NA FITA

A COHAB Cidade Tiradentes, situada na periferia do extremo leste de São Paulo, está na tela. “DEFINA-SE”, selecionado para o Festival Internacional de Curtas Metragens, está sendo exibido nas tvs universitárias de 40 países. O trabalho surgiu a partir de uma oficina de cinema, que envolveu 25 jovens da comunidade local.

 

INDICAÇÃO DE FILMES

 

Faça a coisa certa; Uma amizade colorida; Ao mestre com carinho 2; Os donos da rua; Uma amizade proibida.

 

SAÚDE - A PERSONALIDADE

 

A personalidade é múltipla e acomoda muita coisa. Nela ficam depositados o karma das existências anteriores e o karma em vias de cumprimento ou a cristalização dele. As impressões não digeridas convertem-se em novos agregados psíquicos e o que é mais grave, em várias personalidades. A personalidade não é homogênea e sim heterogênea e plural. Devemos selecionar as impressões da mesma forma como se escolhe as diversas coisas da vida. Se alguém se esquece de si mesmo em um dado instante, diante de um novo acontecer, formam-se novos eus e, se são muito fortes, novas personalidades dentro da personalidade. Eis aqui a causa de muitos traumas, complexos e conflitos psicológicos. Uma impressão não digerida que chegue a formar uma personalidade dentro da personalidade e que não for aceita, converte-se numa fonte de espantosos conflitos. Nem todas as personalidades que se carrega na personalidade são aceitas, dando isto origem a muitos traumas, complexos, fobias, etc. Antes de tudo, é necessário se compreender a multiplicidade da personalidade, a qual é múltipla em si mesma. De maneira que pode haver alguém que tenha desintegrado os agregados psíquicos, porém se não desintegrar também a personalidade, não poderá conseguir a autêntica iluminação e a alegria de viver. Quando alguém conhece mais e mais a si mesmo, conhece cada vez mais aos outros. O indivíduo com Ego não vê claramente as coisas e se equivoca. Os que têm Ego falham porque lhes falta juízo, ainda que haja uma tremenda lógica em sua análise. Se as impressões não forem digeridas, criam-se novos eus. Há que se aprender a selecionar as impressões. Não se trata de ser melhor! O que interessa é mudar. O Ser surge quando alguém mudou e deixou de existir. Os elementos indesejáveis que carregamos em nosso interior são os que controlam nossas percepções, impedindo-nos de ter uma percepção integral que nos traga sorte e felicidade. Fonte: FRAGMENTOS GNÓSTICOS, Samael Aun Weor, enviado por Moína Braga, para http://groups.yahoo.com/group/literaturaindigena

 

RESGATANDO A MEMÓRIA DO MESTRE SOLANO TRINDADE

 

O Centro de Documentação e Biblioteca Comunitária “Solano Trindade”, em homenagem ao grande poeta e folclorista  pernambucano (1908-1974), criado pelo Núcleo Cultural Força Ativa e gerenciado em conjunto com os Jovens Agentes Comunitários de Direitos Humanos, está solicitando doações de livros e documentos sobre o seu patrono. Aceitam-se temas e obras de outros autores para ampliar o acervo, que atende a população local e adjacente, principalmente estudantil, por falta de biblioteca municipal. Informações no próprio CDBCST: Avenida dos Têxteis n.º 1.050, Cidade Tiradentes, São Paulo/SP, CEP 08490-600, fone (011) 6964-0401,  ou através do e-mail: [email protected] 

 

EDUCAÇÃO – APROVADOS!

 

Aprovados é uma lição de como parar de falar e começar a agir. A obra é pioneira em publicações a respeito dos cursinhos “pré-vestibulares” sobre os quais há raros registros. O acesso da população negra à universidade é a perspectiva das análises. No circuito que envolve professores, donos de cursinho e alunos a presença negra é o foco. O exame de redações sobre o tema racial, as questões racistas de vestibular, a invisibilidade da imagem negra na sedução à faculdade, a estratégia dos cursinhos para “negros”, os índices nessa particularidade, o debate no cotidiano das disciplinas são alguns dos aspectos que discutem a peculiar condição universitária do alunado negro nesse momento de passagem. Organizada por professores de cursinho, a reunião de especialistas (Antonio Carlos Pezzi, Benedito Carlos dos Santos, Clayton Wenceslau Borges, Eduardo F. Fonseca, Eduardo Silva, Frei Davi, Geraldo José Covre, Heloisa Pires Lima, Henrique Cunha Junior, Joel Rufino dos Santos, Rachel de Oliveira, Rosa Maria T. Andrade, Rosângela de Santa Bárbara, Wilson Silva) dessa história articulada com depoimentos sinceros certamente irá enriquecer a reflexão a respeito da sociedade brasileira.

FONTE: Quarta capa do livro “Aprovados! Cursinho pré-vestibular e população negra”, Rosa Maria T. Andrade, Eduardo F. Fonseca (organizadores) editora Selo Negro, São Paulo/2002: [email protected]

 

INDICAÇÃO DE LIVROS

 Cadernos Negros 25 – antologia de poemas afro-brasileiros, Quilombhoje; Longo caminho para a liberdade (uma autobiografia) – Nelson Mandela, Editora Siciliano; Filho nativo – romance; Richard Wright, Companhia Editora Nacional; O negro brasileiro e o cinema, João Carlos Rodrigues, Editora Globo; Consciência negra no Brasil: os principais livros, Cuti e Maria das Dores, Mazza Edições.  

MOMENTO DE REFLEXÃO – AS COISAS SEMPRE FORAM ASSIM POR AQUI

Um grupo de cientistas colocou cinco macacos numa jaula, em cujo centro puseram uma escada e, sobre ela, um cacho de bananas. Quando um macaco subia a escada para apanhar as bananas, os cientistas lançavam um jato de água fria nos que estavam no chão. Depois de certo tempo, quando um macaco ia subir a escada, os outros enchiam-no de pancadas. Passado mais algum tempo, nenhum macaco subia mais a escada, apesar da tentação das bananas. Então, os cientistas substituíram um dos cinco macacos. A primeira coisa que ele fez foi subir a escada, dela sendo rapidamente retirado pelos outros, que o surraram. Depois de algumas surras, o novo integrante do grupo não mais subia a escada. Um segundo foi substituído, e o mesmo ocorreu, tendo o primeiro substituto participado, com entusiasmo, da surra ao novato. Um terceiro foi trocado, e repetiu-se o fato. Um quarto e, finalmente, o último dos veteranos foi substituído. Os cientistas ficaram, então, com um grupo de cinco macacos que, mesmo nunca tendo tomado um banho frio, continuavam batendo naquele que tentasse chegar às bananas. Se fosse possível perguntar a algum deles porque batiam em quem tentasse subir a escada, com certeza a resposta seria: "Não sei, as coisas sempre foram assim por aqui..." Você não deve perder a oportunidade de passar esta história para seus amigos, para que, vez por outra, questionem-se porque estão se batendo. Colaboração enviada por: Wellington – [email protected]

QUILOMBO VIRTUAL

CABEÇAS FALANTES ONLINE - edições publicadas: http://igspot.ig.com.br/arquivocf - www.olodum.uol.com.br   www.enraizados.cjb.net - www.forcativa.cjb.net - www.pr15.hpg.ig.com.br - www.militantehp.hpg.com.br  www.pvnc.hpg.ig.com.br - www.quilombhoje.com.br  www.falapreta.org.br  www.planetapreto.hpg.com.br www.okun.hpg.com.br  - www.firmaproducoes.com.br -  www.ileaiye.com.br http://br.groups.yahoo.com/group/negrosepoliticaspublicas/ - www.portalafro.com.br  www.redejovem.org.br  www.midiaindependente.org - www.quilombovirtual.hpg.ig.com.br   http://br.groups.yahoo.com/group/discriminacaoracial/messages  - http://membro.intemega.com.br/educafro/  http://www.romancecapoeira.hpg.ig.com.br/index.htm# - http://www.macua.com/localconversa/index.shtml  

  UM INCONFORMADO APELO MATERNO

 

Olho-me no espelho e vejo o espectro do que fui outrora. Sinto que os policiais que assassinaram meu filho, também me mataram. Não a carne, mas a alma. Pois respiro, mas não vejo motivação para viver. Por favor, seja solidário, preciso muito de sua ajuda. Reenvie o endereço desta página onde conto o ato covarde de uma companhia da Policia Militar do Estado de São Paulo: www.desistirjamaisjustica.hpg.com.br  

 

SERVIÇOS  

 

·         ANDRÉIA ANISKIEVICZ e ELIZABETE SANCHES – garrafas ornamentais, Rua Maria Vieira Ribeiro nº 86, Vila Carrão, São Paulo/SP, fone (011) 9806-1756.

·         ÂNGELA - Serviços Contábeis - [email protected] - (011) 6523-2797 e/ou 276-9952. 

·         CARMIM ESCOLA SOCIAL DE ARTE procura profissionais para trabalhar em sua nova unidade, nas seguintes disciplinas: metodologia de ensino, atelier e linguagens artísticas, história da arte, dinâmicas do terceiro setor e desenvolvimento de projetos. As aulas terão início em abril e o valor pago por hora/aula é de R$25,00. Info: [email protected] ou  Cláudio, fones (011) 3285-6601/3206-0547.

·         JUAREZ - Serviços de Funilaria, Rua Sóter de Araújo, 72, Cidade Tiradentes, (011) 6285-1701.

·         ORLANDO - Serviço de manutenção residencial e predial - (011) 6282-0329.

·         OUBÍ INAÊ KIBUKO - fotógrafo - [email protected] - (011) 9750-1542.

·         PENSÃO DA TIA ÁUREA - somente para rapazes estudantes. Rua Dr. Raul de Carvalho nº 1463, Bairro Boa Vista, São José do Rio Preto/SP, CEP 15025-300 - (017) 231-6362.

·         ROSANGELA & VANDERLI Afro-cabeleireiros - Rua Igarapé Água Azul nº 688/11-B, Cidade Tiradentes, São Paulo/SP, (011) 6964-8529/6964-5268/6964-3187.

CABEÇAS FALANTES Nº 13

  

Visando um trabalho interativo, solicitamos a sua colaboração para edição especial de Cabeças Falantes 13. Esta edição será dedicada ao mês internacional da mulher de todo dia e,   será colocada na rede a partir do dia 03/03/03. Se você dispõe de artigos de até 20 linhas (história, educação, arte, cultura, religião, saúde, memória, literatura, cidadania, reflexão), sites, associações, instituições e ong's femininas, agenda, notícias, serviços, etc, referentes ao tema, envie até o dia 28/02/2003. Caso conheça pessoas interessadas, repasse esta mensagem para a sua lista. Informações sobre a linha editorial de Cabeças Falantes Online estão na home page http://igspot.ig.com.br/orisfalantes, seção “AOS MALUNGOS, QUILOMBELAS E ALIADOS”.

CABEÇAS FALANTES ONLINE - Informativo afro-cultural brasileiro – edição mensal

Editor responsável: Oubí Inaê Kibuko – Caixa Postal 30255 – Cidade Tiradentes – SP/SP-BR – 08471-970

[email protected] - [email protected] - [email protected]  - Fone: (55-11) 9750-1542

Os artigos publicados em Cabeças Falantes Online são de inteira responsabilidade dos seus autores

Se você não mais quiser receber este informativo, clique em responder e escreva EXCLUIR no item Assunto.

 

 

 

CABEÇAS FALANTES ONLINE - Informativo afro-cultural brasileiro

 Nosso Atabaque Virtual

Ano II - Edição especial nº 02 - Março/2003 

MÊS INTERNACIONAL DA MULHER DE TODO DIA - LEIA E DIVULGUE

Formato e peso original enviado: 45KB - 08 páginas

http://igspot.ig.com.br/arquivocf - http://igspot.ig.com.br/orisfalantes - www.cabecasfalantes.hpg.com.br

EDITORIAL

Quilombela companheira,  aqui estamos novamente com mais uma edição especial de Cabeças Falantes Online, dedicada ao Mês Internacional da Mulher de Todo Dia. Quando nos propusemos em 2002, a realizar este projeto, tínhamos em mente a palavra solidariedade no seu termo literal: “Relação de responsabilidades entre pessoas unidas por interesses comuns, de maneira que cada elemento do grupo se sinta na obrigação moral de apoiar o outro”. Não estávamos errados. Lendo “Gostando mais de nós mesmos”, edição Quilombhoje – Literatura e AMMA – Psique e Negritude (www.quilombhoje.com.br ), vimos o quanto é preciso refletir, resgatar, reagir, e outros "re" para não ficarmos estagnados em gênero, número e grau, interior e exteriormente. A tarefa não é fácil. Nesses tempos difíceis, em busca de um lugar ao sol, a competição acirrada no mercado capitalista  empurra homens e mulheres para ringues fratricidas. Rever e mudar nossas atitudes, subvertendo a máxima "Dividir para governar" é necessário. Caso contrário permaneceremos como lucrativos inimigos de nós mesmos, à favor daqueles que ainda procuram meios de nos dominar. Não possuímos uma fórmula para fechar esta indústria de intrigas, produtora de conflitos. Nos propomos a procurar conjuntamente soluções para forçar sua falência. Visitando nossos arquivos, encontramos um cartão publicado por Edições Paulinas, onde se lê: “É preferível a angústia da busca do que a paz da acomodação”. Nesta edição, compilamos artigos publicados em sites e contamos com a colaboração de companheiros sensíveis à esta causa mais do que justa. Afinal, convivemos 365 dias. Não um nem trinta. Boa leitura!

 Oubí Inaê Kibuko – editor responsável

COMO SURGIU O DIA INTERNACIONAL DA MULHER?

Apesar de não haver registro histórico que comprove o fato, acredita-se que o Dia Internacional da Mulher tenha sido inspirado em um acontecimento do século XIX, nos Estados Unidos. Há 143 anos, no dia 8 de Março de 1857, numa mal ventilada indústria têxtil, em Nova York (EUA), um grande incêndio no terceiro andar envolveu 500 mulheres jovens, judias e italianas imigrantes, que trabalhavam precariamente, com o assoalho coberto de materiais e resíduos inflamáveis, lixo amontoado por todas as partes, sem saídas em caso de incêndio, nem mangueiras para água. Para impedir a interrupção do trabalho, a empresa trancava a porta de acesso à saída. Quando os bombeiros conseguiram chegar onde estavam as mulheres, 147 já tinham morrido, carbonizadas ou estateladas na calçada da rua, pois se jogavam das janelas em desespero. Após essa tragédia, nomeou-se a Comissão Investigadora de Fábricas de New York, que tinha sido solicitada 50 anos antes. Iniciaram-se, assim, as legislações de proteção à saúde e à vida das trabalhadoras. A referência histórica principal das origens do Dia Internacional da Mulher é a II Conferência Internacional das Mulheres Socialistas em 1910, em Copenhague, na Dinamarca, quando Clara Zetkin propôs uma resolução de instaurar oficialmente um dia internacional das mulheres. Nessa resolução, não se faz nenhuma alusão ao dia 8 de março. Clara apenas menciona seguir o exemplo das socialistas americanas. As comemorações começaram a ter um caráter internacional, expandindo-se pela Europa, a partir da organização e iniciativa das mulheres socialistas. Em 1975, a Organização das Nações Unidas instituiu, oficialmente, o dia 8 de como Dia Internacional da Mulher. Colaboração: Wellington. [email protected] 

 

DEUSA DA TRANSFORMAÇÃO

Ela oferece proteção especial para líderes femininas e dá força e vigor para as negociações que envolvem autoridades civis e julgamento de disputas. Podemos denominá-la, como a padroeira das mulheres que alcançaram um certo poder dentro de uma comunidade. Oiá representa o poder feminino, forte, corajoso e independente. Ela está sempre disposta a correr riscos. Invoque Oiá, sempre que necessite alguma manifestação de autoridade ou liderança. Também quando estiver às voltas com problemas de difícil solução, é a ela que devemos pedir proteção. Como Deusa da Transformação, guarda as portas da morte, cumprimentando os mortos. Os seus bosques sempre alcançam os arredores do cemitério. Quando nos referimos a Oiá como guardadora das portas do cemitério, estamos indicando simplesmente outras das mudanças repentinas da vida que são manifestadas pela energia deste orixá. Que mudança pode ser mais repentina do que a morte? Oiá era a segunda esposa de Xangô, Senhor do Trovão e da Fertilidade, juntos, lado a lado, criam o relâmpago e a destruição. Ela é o único orixá bravio o suficiente para confrontar a morte. Oiá é a paixão impetuosa interiorizada ma psique feminina. Se você a invocar, esteja preparada para as conseqüências, pois será lançada em suas tempestades, mas com certeza, se sentirá confortada com os conhecimentos que ela lhe passará. Mãe da Transformação, padroeira do sexo feminino, confie em Oiá para navegar nestes tempestuosos tempos. Dê boas-vindas à presença desta deusa e suas sábias lições. Ela lhe dirá, que é somente depois da chuva que visualiza-se o arco-íris (outro símbolo da deusa). Artigo de Admin, www.firmaproducoes.com, religião africana.

 

RECADINHO ALTO ASTRAL

Sabe aqueles dias que o corpo está cansado, que a vida está indo rápida demais e que tem horas que parece que suas pernas não agüentam tanta velocidade? Pois bem, numa hora dessas, o melhor que você tem a fazer é dar um tempo. só um tempinho para você mesma. Como? eleja algum momento de seu dia para você dedicar 10 minutos só a você. Se der, faça isto em casa. Se não faça em outro lugar. Mas é preciso que seja um lugar agradável, um lugar onde você pode ficar à vontade. Aí respire fundo. De olhos fechados, se puder. Fique em silêncio ou murmure uma canção que você goste. Deixe entrar pelo seu corpo e seguir bem fundo. Tente visualizar ele chegando a cada parte de você. Pense nele como uma energia revitalizadora que vai percorrendo seu corpo e relaxando cada parte. Vai removendo dores e apertos. O ar vai lá no fundo e, num movimento circular, retorna saindo lentamente através de sua boca. Respire desta forma por 5 minutos. Então, comece a pensar num projeto para você. Algo que seria bom, que lhe faria bem. Não precisa ser uma coisa enorme ou mudança drástica. Algo que lhe agrade: como por exemplo, poder dedicar alguns momentos de seu dia a cuidar de seu corpo, de sua alimentação. Ou fazer uma comida que você goste. Ou se dar algum presente. Comprometa-se com a idéia que teve e crie condições para que você possa realizá-la. Quando a hora chegar, saboreie o acontecimento como uma dádiva. Um presente para alguém muito especial: você mesma. Repita esta dinâmica sempre que puder. Ou sempre que precisar levantar o astral. Lentamente, algo em você estará se transformando. Te fortalecendo e te fazendo crescer. Segura. Preciosa. E eis que você se descobre: mulher, negra, lutadora sempre. E vitoriosa! Fonte: Boletim TOQUES nº 14, pg. 04/1998, www.criola.ong.org  

 

Duas histórias

Liberata e Bárbara Liberata, mulher negra presa à condição de escrava, viveu no Brasil do século XVIII. Sua história não começa com ela. O regime de escravidão implantada no período colonial da história do mundo inaugura o rosário das tragédias que vão acontecer. Keila Grinberg, pesquisadora que resgatou sua história ate nós, começa assim a retratá-la: “Por volta de 1790, José Vieira Rebello, morador na enseada das Garoupas, termo do Desterro, foi à Vila de Paranaguá comprar uma mulatinha de 10 anos, Liberata, que pertencia a Custódio Rodrigues. Feita a transação, Vieira levou-a para casa e, escondido da mulher e filhos, passou a perseguí-la pelos remotos e despovoados da região. Até que um dia ele conseguiu levá-la para os matos e, finalmente, a possuiu. A partir de então, o capricho virou hábito.” In Liberata - a lei da ambigüidade. Ações de liberdade da Corte de Apelação do Rio de Janeiro no século XIX. Rio de Janeiro, Relume Dumará. 1994. A partir de então imaginaremos Liberata vivendo os medos, os ódios, a repulsa e a dor cotidianas. E escrava perseguida, acuada pela servidão, violentada sempre. Teve um filho do senhor. Pensou em casar-se tentando livrar-se do assédio, o que não conseguiu. Teve outros filhos. Apelou então para a Justiça, na busca da liberdade e do fim de seus tormentos. O processo tem início em julho de 1813, quando Liberata contava com  aproximadamente 23 anos. Agora é 1998. Bárbara Danielle, secretária, 23 anos, é demitida da empresa que presta serviços para uma multinacional alemã na Usina Nuclear de Angra dos Reis. A razão? Confidencial, alegam os patrões. Bárbara recorre à Justiça e acusa: a demissão foi causada por suas freqüentes recusas ao assédio sexual de seu chefe. Dois processos estão na mão da justiça: contra o chefe (processo criminal) e contra a empresa (processo trabalhista) 185 anos separam estas duas mulheres que muito têm em comum. São mulheres. São negras. Vivenciaram a violência que atinge tantas outras mulheres como elas, negras como elas. Ambas não aceitaram a falsa naturalidade com que a(s) sociedade(s) encara o assédio sexual contra mulheres em condição de subordinação. Recusaram o lugar de objeto sexual em que os brancos tentaram e ainda tentam aprisionar as mulheres negras. Ambas buscaram justiça. Recusaram a violência de gênero e de raça. Gênero, segundo o dicionário, quer dizer, entre outros significados, o mesmo que sexo, definindo-o como masculino e feminino biologicamente falando. Quando as feministas passam a querer mudar o mundo e a condição de subordinação em que as  mulheres  vivem devido

ao poder dos homens, propõem uma mudança de termos. Ao invés de se falar de sexo masculino e feminino quando se está falando dos papéis sociais que homens e mulheres desempenham em sociedade, em determinada época, afirmam que o correto seria falar de relações de gênero. Assim rompendo com um certo ar de naturalidade que os papéis sexuais são distribuídos na sociedade patriarcal. Ou seja: o papel da mulher, sua condição de inferiorizada, subordinada, excluída, não é algo biologicamente dado. E sim construído historicamente em sociedade, a partir de relações de poder. E é o poder masculino que empurra a mulher para a condição de inferior. Falar de relações de gênero seria então uma forma de afirmar o tempo todo que a mulher não é naturalmente inferior, e sim que há diversas estruturas sociais e relações de poder que fazem com que a mulher seja inferiorizada. E isso não se faz sem violência. “Só há poucas décadas atrás o termo ‘violência familiar’ carecia de sentido: abuso de crianças, mulheres maltratadas e incesto podiam ser advertidos mas não reconhecidos como um problema social preocupante.” Wini Breines e Linda Gordon. Citado por Teresa de Laurentis,  Revista Travesías Año 2 n.º 2. Buenos Ayres.1994 Apenas em 1870 o mundo ocidental descobre que se maltratam crianças. Reconhecer o maltrato de mulheres, no entanto, é mais recente. Assassinatos, estupros, assédio sexual, incesto, ameaças, espancamentos, tráfico de mulheres, salários mais baixos, constrangimentos, difamações, desvalorizações são violências que no cotidiano de nós mulheres retratam o domínio masculino, a subordinação em que somos forçadas a viver não é de hoje. E quando vem junta com a questão racial, com o racismo, tudo fica muito pior.  O isolamento, a dor e a falta de apoio da sociedade crescem. Mas Liberata é o exemplo de que isto não foi, e não é, motivo para baixarmos a cabeça. Como ela, como muitas, passamos a retirar o véu de silêncio que a sociedade machista impõe. Passamos a denunciar coletivamente. No dia a dia, muitas mulheres têm tido a coragem de denunciar maridos, namorados, pais, irmãos e patrões - homens violentos - nas delegacias. A denunciar os racistas. E começamos a construir um novo lugar para as mulheres negras no mundo. Nosso horizonte: a liberdade, a solidariedade, a paz entre homens e mulheres. E entre as raças.  O exemplo de Liberata e de Bárbara  dão o caminho a seguir. Nossa responsabilidade é lutar sempre. E seguir de cabeça erguida. Fonte: Tambor de criola nº 03, Jurema Werneck, coordenadora de Criola, www.criola.ong.org 

 

CINEMA DA MULHER AFRICANA

As mulheres no cinema africano têm feito e continuam a fazer uma grande contribuição em uma arena dominada exclusivamente por homens. As africanas estão se empenhando em fazer filmes por todo o subcontinente, adicionando uma perspectiva das mulheres à história da África, à experiência colonial e à luta anti-colonial. As diretoras de cinema também têm se dedicado a explorar temas como mutilação genital feminina, poligamia, casamentos forçados, a opressão sobre mulheres solteiras, a exploração econômica, e os sexismos de cunho tradicional e religioso. Através de seus documentários e longas, estas diretoras ajudam a revelar a vida real da mulher africana e sua condição naquela sociedade. Artistas como Sarah Maldoror, Tsitsi Dangarembga e Anne-Laure Folly estão entre as muitas mulheres que trazem uma visão distinta ao cinema africano, onde produzir filmes permanece como um desafio para todos, mas especialmente para as mulheres. "Sambizanga" foi rodado durante a luta pela liberação de Angola no país vizinho, a República do Congo. A ação se passa em 1961, durante o tempo em que Mario de Andrade era o presidente do MPLA, e aborda as ações iniciais do movimento que estabeleceu a luta armada contra os portugueses na ex-colônia. O roteiro é uma adaptação de outra obra de Luandino Viera, o romance revolucionário "A Vida Verdadeira de  Domingos   Xavier" (1978).  A adaptação pôs

ênfase na experiência da personagem da esposa, Maria, e das mulheres a que cercam. Neste filme, Maldoror foi bem-sucedida ao capturar um momento particular na história da luta de liberação de Angola, criando um filme que ajudou a informar os espectadores ocidentais sobre a realidade do país. O filme também conta a história da revolução de um ponto de vista normalmente negligenciado no cinema - a perspectiva de uma mulher. Além de "Sambizanga", Maldoror também dirigu "Un dessert pour Constance" (1981), "Aimé Césaire" (1986) e "Léon G. Damas" (1995), entre outros. Mais recentemente, cineastas como Ingrid Sinclair ("Flame", 1996), Tsitsi Dangarembga ("Everyone's Child", 1996), Anne-Laure Folly ("Femmes Aux Yeux Ouverts", 1994), Flora M’mbugu-Schelling ("These Hands", 1992), e Trinh T. Minh-ha ("Reassemblage", 1982) têm provado que podem establecer novas linguagens em termos de expressividade na cinematografia africana. Estas diretoras de cinema redefiniram os limites de gênero em seus filmes e contribuíram para uma sofisticação que é uma das conseqüências do crescimento do cinema africano, que permanece ainda paradoxal e problemático. Elas continuam a perseguir suas aspirações dentro do ambiente extremamente tenso que é a economia política do continente africano, lidando com uma economia e mídia globais que estão em constante mudança. http://www.afirma.inf.br/cinemadamulherafricana.htm

 

INDICAÇÃO DE FILMES

A cor púrpura, Até as últimas conseqüências, Chica da Silva, Bossa Nova. 

 

O AMOR EM ESTADO BRUTO

O que é, o que é? Faz você ter olhos para uma única pessoa, faz você não precisar mais sair sozinho, faz você querer trocar de sobrenome, faz você querer morar sob o mesmo teto. Errou. Não é amor. Todo mundo se pergunta o que é o amor. Há quem diga que ele nem existe, que é na verdade uma necessidade supérflua criada por um estupendo planejamento de marketing: desde crianças, somos condicionados a eleger um príncipe ou princesa e com eles viver até que a morte nos separe. Assim, a sociedade se organiza, a economia prospera e o mundo não foge do controle. O parágrafo anterior responde o primeiro. Não é amor querer fundir uma vida na outra. Isso se chama associação: duas pessoas com metas comuns escolhem viver juntas para executar um projeto único, que quase sempre é o de constituir família. Absolutamente legítimo, e o amor pode estar incluído no pacote. Mas não é isso que define o amor. Seguramente, o amor existe. Mas, por não termos vontade ou capacidade para questionar certas convenções, acreditamos que dar amor a alguém é entregar a essa pessoa nossa vida. Não só nosso eu tangível, mas entregar também nosso tempo, nosso pensamento, nossas fantasias, nossa libido, nossa energia: tudo aquilo que não se pode pegar com as mãos, mas se pode tentar capturar através da possessão. O amor em estado bruto, o amor 100% puro, o amor desvinculado das regras sociais é o amor mais absoluto e o que maior felicidade deveria proporcionar. Não proporciona porque exigimos que ele venha com certificado de garantia, atestado de bons antecedentes e comprovante de renda e

 

residência. Queremos um amor ficha-limpa para que possamos contratá-lo para um cargo vitalício. Não nos agrada a idéia de um amor solteiro. Tratamos rapidamente de comprometê-lo, não com nosso amor, mas com nossas projeções. O amor, na essência, necessita de apenas três aditivos: correspondência, desejo físico e felicidade. Se alguém retribui seu sentimento, se o sexo é vigoroso e se ambos se sentem felizes na companhia um do outro, nada mais deveria importar. Por nada, entenda-se: não deveria importar se o outro sente atração por outras pessoas, se o outro gosta de fazer algumas coisas sozinho, se o outro tem preferências diferentes das suas, se o outro é mais moço ou mais velho, bonito ou feio, se vive em outro país ou no mesmo apartamento e quantas vezes telefona por dia. Tempo, pensamento, fantasia, libido e energia são solteiros e morrerão solteiros, mesmo contra a nossa vontade. Não podemos lutar contra a independência das coisas. Alianças de ouro e demais rituais de matrimônio não nos casam. O amor é e sempre será autônomo. Fácil de escrever, bonito de imaginar, porém dificilmente realizável. Não é assim que estruturamos a sociedade. Amor se captura, se domestica e se guarda em casa. Às vezes forçamos sua estada e quase sempre entregamos a ele os direitos autorais de nossa existência. Quando o perdemos, sofremos. Melhor nem pensar na possibilidade de que poderíamos sofrer menos. Martha Medeiros, escritora. Crônica publicada na revista "Época", 31/07/2000.

CHICA DA SILVA - A MULHER QUE INVENTOU O MAR

Os comentários já não podiam acompanhar o turbilhão de atividades que desafiavam a imaginação. Astuciosa naquilo que acreditava, Chica fez contratar os armadores portugueses, os melhores do mundo, que em muralhas de pedra fixaram um braço do rio. Era febril a engenhosidade em torno da obra faraônica, da magnitude do projeto. Era vida configurada na tela do artista. O êxtase da realização. Ninguém queria perder a cena da galeota harmonizando com a enseada em que fora transformado o rio. Lambaris, surubins, vermelhos, listrados e  

uma enorme variedade de peixes. Velas enfunadas, algas, estrelas do mar. Nau e proa. As exclamações subiam de todas as partes: - Iemanjá, Aioká, Mukinã, Dandalunda. Era o apogeu da Rainha Negra, que fez seu povo navegar com ela. Quando a noite iluminou as águas, ela sabia que não existiria em lugar nenhum do mundo, outro mar como aquele, no seu reinado o fascínio era tão grande como o poder.

Lia Vieira, [email protected], excerto obra homônima, O.R. Editorial, [email protected] RJ/2001. 

 

INDICAÇÃO DE LIVROS

A cor da ternura, Geni Guimarães, Ed. FTD; Zenzele, J. Nozipo Maraire, Ed. Mandarim; Cidadania em preto e branco, Maria Ap. S. Bento, Ed. Ática; Mito e espiritualidade - mulheres negras , Helena Teodoro, Ed. Pallas;   

EDITANDO LIVROS DE MULHERES

A Rede de Escritoras Brasileiras – REBRA  fechou  contrato com a Scortecci Editora  para oferecer às suas associadas a possibilidade de publicarem seus trabalhos a preços subsidiados através do Selo Editorial Rebra.

Informações através do e-mail: [email protected] 

 

QUILOMBO VIRTUAL

www.falapreta.org.brwww.geledes.com.br - www.pvnc.hpg.ig.com.br www.hostpublications.com - www.odeioaxe.kit.net  http://www.prossiga.br/bvmulher/cedim/ - http://www.macua.com/BOLETIM_EPARREI_ONLINE_Marco.htm  http://www.cantinho.com/ccmnegra/ - www.nomeafricano.hpg.ig.com.br - [email protected]  http://www.fazerhiphop.blogger.com.br/  

 

SERVIÇOS

  • Decoração artesanal: vidros, frascos, garrafas ornamentais - Elisabete Sanches e Andréia Aniskievicz, Rua Maria Vieira Ribeiro, 86, V. Carrão, SP/SP, Fone (011) 9806-1756,  [email protected]
  • Grupo Internacional de Contos Populares de Angola, Eugênia Chilombo - produtora, (011) 3060-0025, [email protected] 
  • Pensão da Tia Áurea - somente para rapazes estudantes. Rua Dr. Raul de Carvalho nº 1463, Bairro Boa Vista, São José do Rio Preto/SP, CEP 15025-300 - (017) 231-6362.

·         Rosangela e Vanderli: afro-cabeleireiras - Rua Igarapé Água Azul, 688/11-B, Cid. Tiradentes, SP/SP, Fones: (011) 6964-8529/6964-5268/6964-3187.  

 

MOMENTO DE REFLEXÃO

Clara Zetkin, uma ativista do movimento feminista alemão propôs, na Primeira Conferencia Internacional de Mulheres, realizada em Copenhagen, que o dia 8 de março fosse consagrado como o Dia Internacional da Mulher. Em todo o mundo, as mulheres são lembradas, neste dia, de forma especial, porém a maior parte das comemorações não interferem, de fato, na dura realidade dessas mulheres. Vejamos alguns exemplos aqui no Brasil: As mulheres constituem, hoje, 30% "dos" chefes de família, mas ganham, em média apenas 65% do valor dos salários dos homens. A situação das mulheres negras é ainda mais grave, pois chegam a receber salários que representam a metade do valor recebido pelas mulheres brancas.Além dessas condições a que estão submetidas, muitas mulheres enfrentam a dupla jornada de trabalho, porquanto assumem, além do emprego fora de casa, a responsabilidade integral pelas tarefas domésticas e o cuidado aos filhos. Ocorrem 4 milhões de abortos por ano, dos quais 10% das mulheres que o fazem,morrem em conseqüência das precárias condições nas quais os mesmos são realizados.A cada 4 minutos uma mulher é vitima de algum tipo de agressão em distintas classes sociais.São fatos como esses que fazem desse dia um dia de luta, para que a diferença biológica que distingue um homem de uma mulher não seja justificativa para a intolerância, a opressão, a desigualdade de direitos e diferentes formas de violência a que as mulheres são submetidas. PARABÉNS A TODAS AS MULHERES QUE PROCURAM FAZER DESSE MUNDO, UM LUGAR MELHOR... 

Fonte: excerto de Érica Thais (08/3/03) -  http://www.ericathais.blogger.com.br   

MENSAGEM DOS LEITORES

A FALA PRETA! Organização de Mulheres Negras parabeniza a toda a equipe do Cabeças Falantes Online por um ano de dedicação e trabalho dedicado à divulgação e valorização da cultura afro-brasileira. Parabéns!

 

Bom. Gostei. Um abraço e felicitações. Vai ai um artigo para divulgação e reflexões. Henrique Cunha Jr., Professor Titular da Universidade Federal do Ceará.

São poucas as pessoas que se dedicam com amor e despreendimento a um trabalho importante como o Cabeças Falantes Online. Pena, que a exemplo de outros, também referentes à cultura negra, não é muito conhecido e divulgado. Quando isto acontecer, calará a boca de muitos brancos que ainda duvidam da capacidade de vocês. Andréia Aniskievicz.

 

CABEÇAS FALANTES 13 - EDIÇÃO DE ABRIL

Visando um trabalho interativo, solicitamos sua colaboração para a  edição de Cabeças Falantes nº 13 - informativo afro-cultural brasileiro, que  será colocado na rede a partir do dia 01/04/03. Se você dispõe de artigos, máximo 20 linhas (história, educação, arte, cultura, religião, saúde, memória, literatura, cidadania, reflexão, sites, associações, instituições, ong's, agenda, notícias, serviços, etc), envie até o dia 23/03/2003. Caso conheça pessoas interessadas, repasse esta mensagem para a sua lista. Gratos pela atenção e contribuição. Maiores informações sobre a linha editorial de Cabeças Falantes Online estão na home page http://igspot.ig.com.br/orisfalantes

 

 

CABEÇAS FALANTES ONLINE - Informativo afro-cultural brasileiro – edição mensal

Redator e Editor responsável: Oubí Inaê Kibuko – Caixa Postal 30255 – Cid. Tiradentes – SP/SP-BR – 08471-970

[email protected] - [email protected] - [email protected]  - Fone: (55-11) 9750-1542

Os artigos publicados em Cabeças Falantes Online são de inteira responsabilidade dos seus autores

Se você não mais quiser receber este informativo, clique em responder e escreva EXCLUIR no item Assunto.

 

  

CABEÇAS FALANTES ONLINE

Informativo afro-cultural brasileiro – Nosso atabaque virtual

Ano II - edição nº 14 - maio/2003 - leia e divulgue

Este número encontra-se disponível em: http://igspot.ig.com.br/infocabecasfalantes

Home page: http://igspot.ig.com.br/orisfalantes - www.cabecasfalantes.hpg.com.br

 

EDITORIAL

Amigo Leitor, maio, 115 anos pós Enganação da Escravatura. Eventos e movimentos estão sendo realizados em todo país, braço erguido com punho cerrado na esquerda e prato vazio estendido na mão direita. Compilamos abaixo um conto que retrata esta comédia muita ainda comemorada nos dias atuais. Novembro, 20, é a data que reflete nossos avanços e vitórias. O direito a liberdade não se concede nem se mendiga... Conquista-se no dia a dia, através da consciência, seriedade e fortalecimento da nossa organização. Seja de forma coletiva ou ações individuais, que na essência confluem-se contribuindo afirmativa e solidariamente por melhores condições de vida à coletividade afro-brasileira.

Oubí Inaê Kibuko – Editor responsável – [email protected]         

 SOB A ALVURA DAS PALPEBRAS

 Meu avô me disse que matasse a princesa. Peguei de suas mãos as tripas do bisavô e com elas trucidei a Madame da Liberdada.

 - Criminoso! – vociferou Rebouças, pensando na última contradança. Tinha sido deixado num canto pela arianice aguda de todos os presentes, mas a Dona Treze viera na direção do engenheiro negro (“”””””maravilhado””””””) e tirara-o para dançar. Esta lembrança, um arco disparando réguas e compassos pontiagudos.

- Assassino! – gritou Patrocínio desesperado. Eu tinha a ele negado “a mão ao menos” quando enterrei o cadáver. Ele não conhecia o Cemitério da Indignação Profunda. Não pôde mais beijar aquela alvura principesca cheia de dedos e anéis.

- Traidor! Traidor! Traidor! – escravos, recém-libertos debaixo das flores, me perseguiram até a entrada do quilombo do meu avô: O Coração de Nós Todos, um pouco acima da Barriga, do lado esquerdo sempre.

- Lá entrando, não fui aplaudido nem censurado. Apenas o Conselho dos Ancestrais me disse, em coro:

- Bom sirviço, minino.

E Zumbi, sorrindo:

- Pod’scansá. Já é dia 14. Eles vão pensar.

Fonte: Quizila, contos, Cuti (Luis Silva), Edição Quilombhoje, 1987.   

MEMORIAL DE MAIO - ESCRAVA ANASTÁCIA

Nos meios em que militam as lideranças negras masculinas ou femininas, fala-se muito sobre quem foi e como teria sido a vida e a história da Escrava Anastácia, que muitas comunidades religiosas afro-brasileiras, gostariam de propor para que fosse santificada, dentro dos processos canônicos. Pelo pouco que se sabe, foi uma das inúmeras vitimas da escravidão no Brasil Pode-se dizer que o seu calvário teve início em 9 de abril de 1740, por ocasião da chegada de um navio negreiro, de nome Madalena, com carregamento de 112 negros bantos, originários do Congo. Delminda, mãe de Anastácia, era uma jovem formosa e muito atraente. Foi arrematada no cais por um mil réis. Indefesa, acabou sendo violentada por um homem branco, motivo pelo qual Anastácia, sua filha, possuía olhos azuis, cujo nascimento se verificou em Pompeu/MG, em 12 de maio. Antes do nascimento de Anastácia, Delminda teria vivido, algum tempo, no estado da Bahia, onde ajudou a muitos escravos, fugitivos da brutalidade, a irem em busca da liberdade. A história nefanda se repete: Anastácia, por ser muito bonita, terminou sendo, também, sacrificada pela paixão bestial de um dos filhos de um feitor, não sem antes resistir bravamente o quanto pôde a tais assédios; perseguida e torturada a violência sexual aconteceu. Apesar de toda circunstância adversa, Anastácia não deixou de sustentar a sua costumeira altivez e dignidade, o que provocou o ódio dos brancos dominadores, que resolvem castiga-la colocando-lhe no rosto uma máscara de ferro, só retirada na hora de se alimentar. As mulheres e as filhas de escravos eram as que mais incentivavam a manutenção de tal máscara, morriam de inveja e ciúmes da beleza da negra. Anastácia, já muito doente e debilitada, é levada para o Rio de Janeiro aonde vem a falecer, sendo que seus restos mortais foram sepultados na Igreja do Rosário que, destruída por um incêndio, não se teve como evitar a destruição também dos poucos documentos que poderiam nos oferecer maiores informações. “A Santa”, além da imagem  que a história ou a lenda deixou em volta de seu nome e na sua postura de mártir e heroína, ao mesmo tempo. FONTE: Quem é quem na negritude brasileira, biografias, volume 1, Prof. Eduardo de Oliveira, CNAB/SNDHMJ, 1998.          

POESIA HIP HOP

Na aridez do paredão de concreto

Alguém grafita o colorido sonho de uma negritude de esperanças.

São arvores e moleques imaginários

Que não  se deixaram morrer entre os mortos.

São caminhos das afro-descendências

Procurando demolir a solidez da injustiça num continuo gesto de paz.

E assim seguimos nós grafiteiros sem tintas

Presenças de outras inspirações

Marcando o lugar da posse de consciências livres e de esperanças negras.

Henrique Cunha Junior,  Professor Titular da Universidade Federal do Ceará, [email protected]

OXÓSSI – O GRANDE CAÇADOR

Garantir a alimentação ao seu povo é o grande atributo deste Orixá, que protege os caçadores e os animais, pois ambos são elementos do mesmo espaço, ou seja, a floresta, e preservar a mata, e conseqüentemente a natureza, é a principal missão de Oxóssi, rei e senhor de Kêto, reverenciado em todos os terreiros de Candomblé que pertencem a esta nação. As festas de Oxóssi são momentos de de muita fartura e atraem inúmeros adeptos. Oxóssi é também um Orixá avesso à morte, pois é expressão da própria vida. Para ele não importa o quanto se viva, desde que se viva intensamente. Os que querem contar com a proteção de Oxóssi podem evoca-lo com o seguinte oriqui: “Orixá, quando fecha, não abre caminho. Caçador que come cabeça de bicho. Caçador que come coco e milho. Mora em casa de barro. Mora em casa de folha. Quando entra na mata o mato se agita. Ofá – o seu fuzil. Um flecha contra o fogo e o fogo apagou. Um flecha contra o sol e o sol sumiu. Okê Aro!!!”   Fonte: revista Orixás, nº 02, Editora Minuano, [email protected]

VIVA O DIA 1º DE MAIO OU 1º DE ABRIL?

Quando eu era criança eu escutava da boca dos colegas e familiares que não acredite em nada que se fale no dia 1º de abril  porque tudo é mentira. Tudo bem, captei bem esta idéia só que quando ligo a TV e vejo a reportagem do 1º de maio em São Paulo Capital com um milhão e meio de pessoas atrás de prêmios que variam de cinco automóveis zero Km e 10 apartamentos e um shows(zinho) com uma dupla sertaneja que são artistas descompromissados com o social, alias não é só eles, os organizadores também . Perguntei-me: - que 1º de maio é esse? Passaram a borracha na historia do 1º de maio que é bem recente esta borracha. O 1º de maio foi selado pelo quarto congresso dos trabalhadores (as), que organizaram uma greve geral em Chicago, nos EUA, em 1886, com 110 mil trabalhadores (as) para a diminuição das horas de trabalho que era de 16 horas por dia para 8 horas diárias. Parece-me que não sensibilizou certos sindicatos ou se acharem melhor (cinicatos) e uma leva de trabalhadores (as) e desempregados (as) que são a maioria nesse país e nesse estado que é São Paulo  fazendo festa em velório porque a situação do trabalhador (a) é de morte e não de festa "Força Sindical". Pensando nessa situação já estou confuso com esta certa data, conseguiram transformar o 1º de maio em 1º de abril pelo fato dos trabalhadores (as) serem despolitizados, os sindicatos serem pelegos, submissos... Viva o dia 1º de abril! Dia nacional da verdade. Porque a verdade  no Brasil está difícil de achar e de acreditar. Colaboração de Agadabi, rapper do grupo Foco de Periferia, [email protected]

SERVIÇOS

ANDRÉIA ANISKIEVICZ e ELIZABETE SANCHES – garrafas ornamentais, Rua Maria Vieira Ribeiro nº 86, Vila Carrão, São Paulo/SP, fone (011) 9806-1756, http://igspot.ig.com.br/mulheresdinamicas 

ÂNGELA - Serviços Contábeis - [email protected] - (011) 6523-2797 e/ou 276-9952. 

JUAREZ - Serviços de Funilaria, Rua Sóter de Araújo, 72, Cidade Tiradentes, (011) 6285-1701.

ORLANDO - Serviço de manutenção residencial e predial - (011) 6282-0329.

OUBÍ INAÊ KIBUKO - fotógrafo – www.oubitelapretaprodu.hpg.com.br  - (011) 9750-1542.

PENSÃO DA TIA ÁUREA - somente para rapazes estudantes. Rua Ivete Gabriel Apiceque nº 305, Bairro Boa Vista, São José do Rio Preto/SP, CEP 15025-400 - (017) 3212-5143.

PODER PARA POVO NEGRO

Celso Pitta é um capitulo a ser estudado na historia do Movimento Social Negro. São correntes de pensamento que perceberam que na prática seja direita ou esquerda não há muitas praticas de ações em favor dos descendentes de escravos africanos. Claudete Alves, vereadora negra do PT de São Paulo, foi submetida a uma blitz policial suspeita de prática racista, mas não vimos os presidentes dos diretórios municipais, estaduais ou nacionais da legenda falar nada a respeito em defesa da filiada. Avançamos de FHC para cá na representação negra na cúpula do poder? Em parte. Não havia ministros negros em 8 anos de tucanato, mas o Gilberto Gil no Ministério da Cultura, Benedita da Silva no Ministério da Ação Social, Marina Silva no Ministério do Meio Ambiente e agora Matilde Ribeiro na Secretaria Nacional de Promoção de Igualdade Racial estão nas exatas pastas com pouco ou sem verba alguma. José do Patrocínio e André Rebouças – herói da Abolição dos Escravos freqüentavam a corte real, sem qualquer poder de decisão. Foi e é pouco para gente, que é 45% da população e 70% dos pobres. Voltando a Celso Pitta e Benedita da Silva. Pitta nunca participou do Movimento Negro, mas o Movimento Negro nunca o procurou antes de ser político. Lula é da mesma raiz – saiu correndo das influências tradicionais de esquerda, para se formar na prática. Mas o preconceito partidário também prejudicou Benedita da Silva. Colaboração: Marco Antonio dos Santos, CMPDCN, Bebedouro/SP, [email protected]

AFINAL, DO QUE É FEITO O RACISMO?

Novas pesquisas nas ciências humanas e biológicas mudam o conceito de raça e mostram os estragos que o racismo faz na sociedade. Finalmente os cientistas estão prontos para responder algumas das perguntas mais incômodas a respeito de nós mesmos

Poucas coisas mudaram no mundo nos últimos 100 mil anos. Naquela época, os primeiros seres humanos modernos surgiam na África e começavam a se espalhar por outros continentes. Eles eram praticamente idênticos aos mais de 6 bilhões de pessoas que habitam hoje o planeta. De lá para cá, os únicos retoques que a nossa espécie sofreu foram pequenas adaptações aos diferentes ambientes – mudanças exteriores para lidar melhor com lugares mais frios, secos ou com ventos mais fortes. O lado triste dessa incrível capacidade de adaptação é que as diferenças físicas foram usadas para avaliar pessoas à primeira vista e atribuir-lhes qualidades e defeitos. Milhões foram escravizados, mortos ou discriminados por causa da aparência física.Por que só agora os cientistas começam a entender as diferenças entre os seres humanos? Tanta demora em tratar do assunto tem um motivo: as primeiras tentativas científicas de analisar as raças humanas levaram quase sempre à conclusão de que algumas eram mais inteligentes e criativas – ou seja, superiores – às outras. Os resultados foram as tentativas de criar uma raça "pura" e as ideologias que levaram a genocídios. "As tragédias geradas por essas teorias fizeram a ciência aceitar que as raças não tinham nada de biológico e que eram apenas um produto da sociedade. O que vemos agora é a tendência de volta à biologia", diz o antropólogo João Baptista Borges Pereira, da Universidade de São Paulo (USP). Os cientistas estão confiantes que dessa vez o resultado será diferente. "Estudar as diferenças humanas é perigoso porque sempre existirão pessoas que distorcerão os estudos, mas acredito que os cientistas e o público amadureceram o suficiente para seguirmos com as pesquisas", diz a antropóloga Nina Joblonski, da Academia de Ciências da Califórnia, Estados Unidos. Ao mesmo tempo, as ciências humanas avaliam como o racismo é difundido e prejudicial. Nesse ponto, o Brasil está entre os piores países do mundo. O problema é complexo, mas podemos amenizá-lo. Só que, antes, é preciso saber como tudo começou. NA LIVRARIA: Classes, Raças e Democracia, Antonio Sérgio Alfredo Guimarães, Ed. 34, 2002; Genes, Povos e Línguas, Luigi Luca Cavalli-Sforza, Companhia das Letras, 2003; Homo Brasilis, Sérgio D.J. Pena (org.), Funpec-RP, 2002; Psicologia Social do Racismo, Maria Aparecida Silva Bento (org.), Vozes, 2002; A História da Humanidade, Steve Olson, Campus, 2002. NA INTERNET: www.ipea.gov.br - www.ceert.org.br - www.palmares.gov.br - www.afirma.inf.br/home.htm Fonte: Revista Superinteressante, abril/2003.

QUILOMBO VIRTUAL

CABEÇAS FALANTES ONLINE - edições publicadas, acesse e divulgue: http://igspot.ig.com.br/arquivocf

 www.olodum.uol.com.br - http://br.groups.yahoo.com/group/somosagrande_familia  - www.enraizados.cjb.net www.forcativa.cjb.net - www.pr15.hpg.ig.com.br - www.militantehp.hpg.com.br - www.pvnc.hpg.ig.com.br  -  www.falapreta.org.br - www.planetapreto.hpg.com.br - www.okun.hpg.com.br http://br.groups.yahoo.com/group/negrosepoliticaspublicas/ - www.firmaproducoes.com.br www.portalafro.com.br - www.redejovem.org.br - www.bocadaforte.com.br www.ileaiye.com.br www.midiaindependente.org - www.quilombovirtual.hpg.ig.com.br - http://br.groups.yahoo.com/group/discriminacaoracial/messages - http://membro.intemega.com.br/educafro/ http://www.romancecapoeira.hpg.ig.com.br/index.htm#  - http://www.macua.com/localconversa/index.shtml - www.asusm.hpg.com.br - www.cinemafeijoada.com.br

USP NA ZONA LESTE PARA QUEM?

Para os filhos e filhas dos trabalhadores  ou para os ricos? O governo do Estado de São Paulo está se apropriando da luta histórica dos movimentos populares da Zona Leste que há quase duas décadas lutam pela construção da Universidade Pública na região. Alckmin assinou o decreto de implantação da USP da Zona Leste, no entanto, à revelia da vontade da população, vem determinando um perfil de universidade que não atende às necessidades nem os anseios da população, mantendo a atual estrutura para a elite. Queremos a USP da Zona Leste voltada aos interesses da juventude e da comunidade. Os filhos e filhas dos trabalhadores/as devem ter o direito de entrar e permanecer na universidade em condições dignas de estudo e aprendizado. Defendemos: Imediata construção do campus para funcionamento pleno em 2004; Só mil vagas não dá, queremos muito mais; Rever o estatuto da USP, possibilitando a oferta dos cursos mais concorridos da FUVEST; Garantia de acesso e permanência de estudantes de escola pública; Garantia de acesso e permanência da população negra; Fim das taxas do vestibular; Assistência estudantil decente (moradia, habitação, bolsa- trabalho, transporte, bolsa-alimentação entre outras necessidades), para garantir a permanência dos filhos/as dos trabalhadores/as na universidade; Gestão democrática no novo campus, com a participação direta e efetiva da comunidade. Toda à luta por uma USP da Zona Leste aberta aos filhos e filhas dos trabalhadores e trabalhadoras! Assinam este documento: APEOESP- Subsede Itaquera, CADESC, CEDEMA, CMP, DANDARA, FORÇA ATIVA, FALA NEGÃO, MSE, PCO, PSTU, PT, PJMP, UPOGI, CABEÇAS FALANTES ONLINE.

AGENDE-SE – AGENDE-SE – AGENDE-SE – AGENDE-SE

DOMINGO NEGRO

A melhor festa black de todos os tempos. A iniciativa surgiu através da realidade vivenciada no dia-a-dia do povo afro-brasileiro: violência, drogas, inveja, maldade, injustiça, traição, exclusão, guerra... Enfim, perdemos os valores do ser humano, que é ter consigo mesmo o amor e a paz com seu próximo e lembrando que isso nos acompanha desde criança e no decorrer da caminhada vamos deixando de lado. Segundo os organizadores: “O objetivo é mostrar aos mercenários que produzem festas e eventos, sem se quer ao menos pensar nos irmãos e irmãs que vivem totalmente excluídos da sociedade e que precisam de muita consciência, cultura, auto-estima e infelizmente não oferecem nada disso. A preocupação é voltada para o quanto vão faturar na bilheteria. Estaremos organizando esta festa a preço popular (R$15 reais, convite antecipado), com muita positividade e sem esquecer de resgatar as nossas origens, existentes desde que o mundo é mundo, mas sempre tratada como sub-raça. Temos certeza de uma coisa, se 10% dos organizadores  destas festas tomasse esse tipo de atitude, a realidade da nossa juventude negra e pobre totalmente diferente. Pretendemos realizar o  “Domingo Negro” de três em três meses, fazendo Hip-Hop original e resgatando a cultura negra”.  LOCAL: Chalé 7 Praia (chácara), Estrada do Alvarenga nº 5013, 7 Praia. Informações: (011) 9262-2281/5615-5012, [email protected] 
       

SITE DE ESCRITORES AFRO-DESCENDENTES

O Quilombhoje, com o propósito de proporcionar maior visibilidade a autores e autoras afro-descendentes, está organizando um novo site na internet. A proposta desse site é possibilitar um mapeamento dos afro-descendentes que escrevem e publicam, ou têm o desejo de publicar, textos que proporcionem reflexões sobre a experiência afro-brasileira, em todos os seus aspectos: íntimos, psicológicos, filosóficos, sociais, culturais etc. Cada autor(a) terá uma página. O foco do site será os autores, um pouco de sua biografia e de suas idéias, e não textos ou livros, embora as obras obviamente tenham de ser citadas. O que estamos procurando é oferecer a leitores, professores, pesquisadores e interessados em geral a possibilidade de conhecer escritores afro-descendentes, através de um meio que vem sendo cada vez mais utilizado: a Internet. No site estarão os dados dos autores, fotos e informações relevantes. O nosso desejo é de que aqueles que se expressam através da criação literária participem desse site. Por isso esse site será dedicado aos que se ocupam da ficção (contos, poemas, romances, peças de teatro) de qualquer estilo. No Brasil, tal iniciativa é necessária. Nos Estados Unidos, por exemplo, podem ser encontrados mais de 50 sites dedicados aos autores afro-americanos na internet. Sites dedicados à literatura afro em nosso país ainda são poucos. Por isso, esperamos que você também ajude a construir essa obra. O site faz parte de um projeto do Quilombhoje aprovado pelo CERIS (Ação Durban). A inserção dos dados dos escritores no site será gratuita. Mesmo escritores inéditos e rappers que ainda não têm nada publicado até o momento terão a oportunidade de participar., desde que publiquem conforme especificado abaixo. Não haverá processo de seleção para a inclusão, que será feita a partir dos seguintes critérios: 1. Os autores deverão ter trabalho publicado em livro (individual ou coletânea) ou em site literário na internet (é preciso indicar o nome do site; o trabalho deverá estar acessível). 1a. Autores que nunca publicaram nada até o momento poderão publicar texto (conto ou poema) em jornal, revista ou site até o prazo de 13 de maio (data de nascimento do escritor Lima Barreto). O site do Quilombhoje é uma das alternativas, e a publicação é gratuita no: www.quilombhoje.com.br. 2. Os textos devem mostrar, de alguma maneira (explícita ou não), a preocupação do autor em refletir sobre algum aspecto da vivência afro no Brasil. 3. O autor deve enviar ao Quilombhoje a  Ficha de Adesão que pode ser encontrada para download ou preenchimento on-line (Devolver até o dia 31 de maio de 2003) no site do Quilombhoje acima especificado. O Quilombhoje salienta que os autores que participarem do site não serão remunerados e as despesas de xerox, fotos e envio de materiais pelo correio ou internet não serão cobertas pelo grupo, cabendo a cada um a responsabilidade pelo envio de seu próprio material.

VEJO-ME NO QUE VEJO

Agentes Comunitários de Saúde e representantes de entidades locais governamentais e não governamentais da Cidade Tiradentes, com apoio do Instituto Brasileiro de Estudos e Apoio Comunitário – IBEAC, estão organizando a mostra fotográfica “Olhos da Cidade”.  O objetivo é contrapor-se à imagem negativa que se tem da região e resgatar a auto-estima dos moradores, destacando e divulgando ações construtivas que têm sido desenvolvidas historicamente no bairro e que são reveladoras de valores positivos, que devem ser assumidos e vividos por todos. O trabalho teve início em 2001, quando o IBEAC com apoio do Programa Paz nas Escolas do Ministério da Justiça e em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo,  implementou o Programa de Formação de Agentes Comunitários de Saúde em Direitos Humanos. Cidade Tiradentes é um dos seis Distritos de Saúde onde, estão sendo construídos Planos de Promoção e Ações de Cidadania – PPAC. A mostra “Olhos da Cidade” pretende envolver moradores, escolas e entidades. Os moradores podem participar emprestando fotos de seus melhores momentos em Cidade Tiradentes; os estudantes serão envolvidos como entrevistadores e desenhando o que pensam e o que desejam para seu bairro; alguns grupos estão organizando painéis temáticos, como o de “imagens de mulheres que fizeram Cidade Tiradentes”; organizações estão recuperando a memória de suas conquistas; uma outra ação será a de recuperar matérias de jornais, revistas, vídeos etc que tragam boas notícias de Cidade Tiradentes. Assim, o que o bairro oferece, as ações que vêm sendo desenvolvidas, sua história e de seus protagonistas serão reunidos na montagem da Mostra. Os Agentes Comunitários de Saúde estão recolhendo as fotos, e as reportagens sobre Cidade Tiradentes podem ser entregues na Biblioteca Comunitária Solano Trindade, localizada na R. dos Têxteis 1050.  Participe você também! Informações: 38643133, Bruna, Nil ou Niela, e-mail: [email protected]

Assembléia Estadual do Movimento Negro – MNU/SP – dia 18/05/2003, das 10 às 17 horas, Rua Silveira Martins nº 147, Metrô Sé. 

PROJETO CINEMA NA RUA. Toda última quinta-feira do mês, 19 horas. As exibições fazem parte de um pacote cultural criado pelo MOCUTI (Movimento Cultural Cidade Tiradentes) em parceria com o MAM (Museu de Arte Moderna), escolas e entidades do bairro. Local: Av. dos Metalúrgicos nº 1.111,  Cidade Tiradentes/SP. Informações com Ana Rita Eduardo: (011) 6282-9429/6282-0320, [email protected]    

 

CABEÇAS FALANTES ONLINE - informativo afro-cultural brasileiro - edição mensal

Editor responsável: Oubí Inaê Kibuko - Caixa Postal 30255 - São Paulo/SP-Brasil - CEP 08471-970  

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CABEÇAS FALANTES ONLINE

Informativo Afro-cultural Brasileiro - Nosso Atabaque Virtual - Leia e Divulgue

Ano 2 – Edição nº 15 – junho/novembro/2003 – www.cabecasfalantes.hpg.com.br

Esta edição encontra-se disponível no http://geocities.yahoo.com.br/tamboresfalantes/

EDITORIAL

Amigo Leitor estamos voltando, após um jejum de quase seis meses, devido a problemas técnicos e internos.  Não era nosso propósito esta pausa forçada. Ela se deu por razões extremas. A partir desta, as edições de Cabeças Falantes passarão a ser bimensais. Se dependesse da nossa vontade, este informativo seria diário. Assunto é o que não falta e ainda temos muito a fazer. Somos redatores e editores da nossa própria e contínua história. Felizmente, a coletividade afro-brasileira ao soltar a voz, gradativamente está conquistando espaço e ganhando visibilidade. Fato que apenas aumenta a nossa responsabilidade. Seja individual ou coletiva. Tanto para negros quanto para brancos. Queiramos ou não, vivemos num país multirracial e é dever de todos, independente de cor, sexo, credo, posição, seja por qual meio for, contribuir no empreendimento de uma identidade brasileira construtiva; solidamente alicerçada pelo sentimento, respeito, solidariedade, companheirismo. Lembrando a escritora e professora Geni Mariano Guimarães: “Não há necessidade de passadas longas. É necessário sim, que não fiquemos parados.” Agradecemos aos e-mails recebidos, cobrando a ausência de Cabeças Falantes na rede. Contamos com a compreensão de todos, que direta e indiretamente têm contribuído neste projeto de imprensa cultural, alternativa e virtual. Não vamos dizer até janeiro de 2004, porque certamente nos veremos em dezembro, trocando mensagens positivas para fecharmos este ano, com as chaves de ouro que merecemos. Um abraço-amigo e um beijo no seu coração, com muito Axé! Que o 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra, comece a ser cotidiano...    

Oubí Inaê Kibuko – editor responsável – [email protected]

MEMORIAL DE NOVEMBRO – CANDEIA

 Antonio Candeia Filho nasceu em 1935, no subúrbio carioca de Oswaldo Cruz. Filho de um compositor muito respeitado, costumava ter música no quintal de casa, nas rodas de samba e choro promovidas por seu pai. Essas ocasiões que duravam até altas madrugadas, ficaram gravadas em sua memória (...).  A militância de Candeia por um samba autêntico levou-o em 1975, a desligar-se da Portela e fundar, ao lado de gente como Martinho da Vila e Élton Medeiros, o Grêmio Recreativo de Arte Negra Escola de Samba Quilombo, dedicado a retomar a tradição carnavalesca mais antiga do Rio de Janeiro. Foi um empreendimento ousado, pois abria mão de todo o dinheiro e estrutura do Carnaval “comercial” para realizar um desfile baseado apenas em alegria e espontaneidade. No Quilombo foram compostos e cantados sambas geniais, mas, infelizmente, a idéia durou pouco, pois com a morte de seu fundador, em 16 de novembro de 1978, faltou liderança para a manutenção do grêmio. Hoje, 25 anos depois da morte de Candeia, sua música continua viva, trazendo ensinamentos de inestimável valor. Luiz Carlos da Vila, um discípulo fiel, resumiu a eternidade do mestre na homenagem O sonho não acabou: “A chama não se apagou/Nem se apagará/És luz de eterno fulgor, Candeia/O tempo que o samba viver/O sonho não vai acabar/E ninguém irá esquecer Candeia”. Valeu Zumbi. Valeu Candeia!

Fonte: Revista Raça Brasil, nº 71, edição novembro/dezembro 2003, pgs. 64 e 66.  

LITERATURA – CADERNOS NEGROS 26 NO PRELO

Leitores, militantes e colecionadores da série Cadernos Negros, podem ir reservando dezembro, dia 12, em local a confirmar, nas suas agendas. O Quilombhoje, grupo de escritores negros paulistas, capitaneado por Esmeralda Ribeiro e Márcio Barbosa, está colocando no prelo o volume 26, dedicado a contos. Os textos presentes nesta edição estão com ótima qualidade e reitera a diversidade temática e de estilo. E como reza a tradição que já se repete a 25 anos, o lançamento do vigésimo sexto Cadernos promete uma grande festa à literatura afro-brasileira contemporânea, fruto de esforço coletivo, iniciado em 1978. Cadastre-se no site para receber convites e informes: www.quilombhoje.com.br Se preferir, envie e-mail para [email protected]  Sua presença é imprescindível. Portanto vá preparando aquele traje que você adora vestir em noites especiais, convide familiares, amigos, vizinhos, enfim a turma toda para participar de mais esta celebração literária, onde o axé vai rolar solto e com muitas histórias a serem contadas depois.

PORQUE SER A FAVOR OU CONTRA AS COTAS PARA NEGROS

Muitas pessoas se colocam contra cotas, inclusive muitos negros. O mais ilustre deles é o Ministro do Supremo Tribunal Federal, o Dr. Joaquim Gomes Barbosa. Na verdade, essas pessoas mudariam de opinião se, em vez de cotas, se falasse em ações afirmativas. Ora, cota nada mais é do que um dos itens das ações afirmativas. Há vários itens que devem ser reparados dentro das ações afirmativas, e um deles se chama: cota no ensino superior.

Muitas pessoas são contra esse dispositivo, e muitos a favor também. Porém, eu pergunto: qual o conhecimento histórico que temos da comunidade negra, para tecer comentário? Devido ao assunto “moda”, qualquer pessoa se sente apta a emitir uma opinião, seja ela positiva ou negativa. O problema é que essa opinião, na maior parte das vezes, não é suficientemente fundamentada. Eu gostaria de indicar para essas pessoas, uma “pequena” grande biografia. Para começar, sugiro NAVIO NEGREIRO, de Castro Alves, A ESCRAVIDÃO, de Joaquim Nabuco, CASA GRANDE E SENZALA, de Gilberto Freire, O NEGRO NO BRASIL – com subtítulo “Da senzala à Guerra do Paraguai”, de Júlio Chiavenato, e por fim, A BUSCA DE UM CAMINHO PARA O BRASIL, do Prof. Dr. Helio Santos. Depois de ler esses livros, a pessoa com certeza terá sua opinião fundamentada, a favor ou contra, acerca das ações afirmativas.

Lendo essas obras, vocês vão vislumbrar o massacre, o genocídio e a aniquilação de uma etnia. A estratégia desumana usada contra o povo negro foi tão eficaz, que até hoje sentimos o efeito, e não sabemos até quando vai perdurar. A ação dissolveu a família negra: destruiu a dignidade do pai, violou a honra da mãe, tentando apagar o amor a sua vida. A filha, ainda na impuberdade, era usada como objeto de prazer de senhores, e mais tarde geravam filhos dos quais só era mãe por tê-los dado à luz.

Aliás, a mulher foi especialmente oprimida nesse contexto: as negras e mulatas forras não tinham outro recurso de sobrevivência senão a venda do próprio corpo. Quem não se lembra das chamadas “negras de tabuleiro”, constantemente retratadas nas gravuras de Rugendas, como partes do cenário das Minas Gerais no ciclo do ouro? Mulheres que, reprimidas e oprimidas, não vendiam somente os quitutes e refrescos de seus tabuleiros, mas acabavam por se prostituir, muitas vezes arrastando atrás de si as filhas... E assim perpetuando uma história de trágica desigualdade.

As pessoas não querem, de forma alguma, abrir mão de suas conquistas pessoais. Ninguém quer se lembrar da importância do processo histórico, e muito menos sobrepor a reparação histórica às vitórias individuais. Elas não estão erradas – porém, não podemos admitir que esses anseios suplantem às lutas pelas imprescindíveis reparações sociais a que têm direito os descendentes de todos aqueles que foram objetos de opressão.

Por fim, gostaria de assinalar que o Estado alemão está hoje procedendo à reparação social a que tem direito o povo judeu. Mas os descendentes das vitimas do holocausto não está se satisfazendo com as propostas do governo (5 milhões de euros por família!) – eles sentem que merecem muito mais. Nós também merecemos, mas nossa reparação não vir de forma de compensação financeira, porém, no campo das oportunidades. As cotas universitárias de hoje podem fazer toda diferença na inclusão social do negro de amanhã. Devemos questionar o que desejamos para os nossos filhos, para nossos netos. Claro que há ajustes a serem feitos na forma de distribuição das chamadas cotas. Assim, concordamos que sejam necessárias inúmeras melhoras no programa de cotas, mas elas devem ser asseguradas por lei. 

EUFRATE ALMEIDA – repórter fotográfico e pesquisador cultural: [email protected]              

LINGUAGEM DE CINEMA AJUDARÁ EM SALAS DE AULA NA ZONA LESTE

A idéia surgiu para contribuir com o acesso da população dos bairros da periferia da cidade à produção audiovisual brasileira: filmes e vídeos produzidos em diferentes épocas e regiões do país e em geral ausentes da programação da TV, dos cinemas dos shoppings centers e das locadoras de vídeo. Este acervo é destinado às comunidades escolares em seu trabalho educativo, bem como pelos moradores do entorno em seu tempo livre. Os recursos foram capitados com a venda dos produtos “Crer Para Ver” Humberto Mauro, Gláuber Rocha, Antunes Filho e Cacá Diegues – alguns dos cineastas brasileiros neste projeto – destinados na ajuda de 24 mil crianças e de adolescentes matriculadas em 11 escolas públicas da zona leste de São Paulo e para melhor entender melhor a cultura brasileira. Com recursos financeiros do Programa “Crer para Ver” – iniciativa da Fundação ABRINQ e da Natura Cosméticos – e parcerias com a Ação Educativa e a TV USP (Canal Universitário), o desenvolvimento do projeto começou a partir de 2001, na EMEF Antonio Carlos de Andrada e Silva, em São Miguel Paulista e na EE Madre Paulina, no Itaim Paulista. Participação: Neste período, as videotecas realizaram 3.272 empréstimos para 267 pessoas inscritas. O curso de leitura da linguagem Audiovisual contou com a participação de 81 professores. Filmes do acervo também foram exibidos e discutidos em eventos como a “Semana do Cinema Brasileiro” – com 296 diretores, coordenadores pedagógicos e professores de escolas do Núcleo de Ação Educativa (NAE–10) – e, em encontros de cineastas com as comunidades escolares. Agora o projeto tem duração de quatro anos, abrangendo 11 escolas e quatro órgãos administrativos da rede escolar – dois municipais e dois estaduais. Isso surgiu de um grupo de 30 pessoas, incluindo nove instituições: equipe do projeto, professores e diretores das três escolas, cineastas, representantes dos órgãos administrativos da rede escolar, da Fundação ABRINQ e da Ação Educativa. Os novos desafios são: ampliar o repertório cultural de educadores, alunos e comunidade; promover a articulação intra-escolar, das escolas entre si e com as comunidades de seu entorno. Para tanto, outras ações foram previstas: mostras de vídeos organizadas pelas escolas e grupos locais; visita de professores e alunos às salas especiais e festivais de cinema; implantação de equipamento de filmagem e edição digital para a produção local de vídeos iniciada nos cursos.   Fonte:http://portal.prefeitura.sp.gov.br/noticias/sec/educacao/2003/06/0015

PARA AS NEGRAS, POR QUÊ UMA "DUPLA PROTEÇÃO"?

Todos nós sabemos que os últimos anos trouxeram ao negro, novos caminhos, momentos de reflexão, ação e principalmente, a força de luta contra o preconceito e o racismo. Surgiram várias formas de expressão e de busca dos objetivos, formas essas que trouxeram ao homem, ao mundo, um pouco mais de liberdade e razão de viver.

O movimento Hip Hop, por exemplo, que manifestado nas periferias traz ao jovem marginalizado e quase sempre esquecido uma esperança demonstrada através da sua voz, de suas rimas, de sua dança, dos seus grafites. Mostrando que o jovem da periferia, na maioria negro, é um artista, um artista das ruas, que faz de sua cultura um grito de apelo à sociedade. Um grito que todos precisam parar pra ouvir.

Além disso, sabemos que o negro precisa de oportunidades, meios e instrumentos que o ajudem a crescer cada vez mais. Não podemos negar que o negro precisa sim, de produtos, acessórios, cosméticos (xampu, cremes, maquilagem) que realce sua beleza, mas que acima de tudo reforce, mantenha e faça ser reconhecidos e admirados a sua raça, a sua cultura e o seu privilégio de ser negro.

Mas um fato muito me indignou nessa última semana: quando folheava uma revista e vi uma propaganda de um desodorante de uma linha já conhecida. Esse desodorante era lançamento, a propaganda dava uma página inteira, uma foto chamativa e bonita. Era um desodorante para negros! A linha de desodorantes da Rexona, desenvolveu um desodorante pra negros, chamado Rexona EBONY. Na revista dois modelos negros, uma mulher e um homem juntos, abraçados "ilustrava" a página, que não apresentava nenhum detalhe quanto aquele "novo" produto, o ápice da propaganda era mesmo o casal.

Não gostei muito da idéia, porque várias dúvidas me vieram à cabeça: porque um desodorante específico pra negros? Os demais desodorantes que já tinha usado ou que uso, inclusive alguns da mesma linha, não mais serviriam para mim? A intenção é de que o perfume desse novo desodorante seja o cheiro que todos nós negros deveremos ter de agora em diante? Bom, meio "encucada" e aflita fechei a revista e comentei com algumas colegas a minha inquietação, que também se incomodaram e dividiram as mesmas dúvidas comigo.

Qual foi minha indignação maior, quando no dia seguinte, ao ver em uma farmácia o tal "Rexona EBONY", tampa marrom escura, meio metálica, com um perfume extremamente forte ao meu gosto e ao de minhas amigas que me acompanhavam e o pior é que em seu rótulo, meio inclinada uma tarja azul, anuncia: DUPLA PROTEÇÃO.

Pronto, minha revolta estava completa, além de todos aqueles meus questionamentos, de desodorante exclusivo e específico pra negros, agora uma "dupla proteção" me intriga. Considero o desodorante um produto de higiene pessoal. Porque o desodorante "criado" para a raça negra teria que ter dupla proteção? A necessidade de proteção quanto aos odores da transpiração ou suor do negro requerem uma proteção reforçada? Duas vezes maior que os desodorantes comuns? Atentei-me aos outros desodorantes dessa mesma linha e num outro apresentava essa "DUPLA PROTEÇÃO". Será que os negros transpiram, ou seu suor é mais forte que o dos brancos?

Vejo os produtos de higiene pessoal, como produtos que atendam às necessidades de todo e qualquer ser humano normal, que necessite de todas as rotinas de higiene pra seu dia-a-dia, sendo eles negros ou brancos, pobres ou ricos. O branco toma banho, escova os dentes, o negro também! É igual! A criação desse desodorante foi como se eles tivessem criado um papel higiênico para negros, um fio dental para negros, uma escova de dente para negros ou até um absorvente específico para mulheres negras.

Reforço que o negro precise sim de produtos voltados para sua raça, mas produtos que ajude na manutenção de sua beleza, de seus traços de seu estereotipo (como sabonetes para peles ressecadas - como sabemos, que isso é comum à pele negra, cremes de pentear - para cabelos crespos, batons – que realce a cor escura de seus lábios, etc).

Não sei até onde chegou o meu grau de interpretação da criação desse novo desodorante Rexona Ebony (para negros). Sei que fiquei muito indignada, quanto ao sentido de seletividade e segregação que ele atribui ao negro. Vi nessa especificidade, ou nesta forma de agradar aos negros, com aquela idéia de que "estamos criando produtos pra vocês...", um ato de segregar o negro ou excluí-lo ainda mais da sociedade. Temos que pensar em integração, em tomar parte, em participar. Não é criando produtos pros negros do Brasil e fazendo-os participar do desenvolvimento econômico do país como meros consumidores que se deixará pra traz a consciência de muitos anos de humilhação e racismo que sofremos.

O negro não pode deixar-se diminuir, dividir, separar, selecionar, rotular, extinguir... O negro tem que ser reconhecido como protagonista da construção histórica brasileira, como agente principal e significativo de sua cultura, de sua evolução social e principalmente como transformador de toda essa realidade medíocre que está permeando o nosso país. O negro não precisa de um desodorante com dupla proteção!

Estefânia Nazário de Souza - [email protected]

UM TRECHO DE ZENZELE*

(...) Muitos meses depois, quando viemos do mato parra a cidade a fim de difundir a pregação de Chimurenga, certa noite passamos por aquela loja. Vi o vestido e contei a história a um dos companheiros. Ele quis quebrar tudo e tocar fogo. Mas eu não deixei. Disse que devíamos poupar nossas energias e munições para a batalha maior. Eu não queria simplesmente comprar o vestido, queria que ele me pertencesse, assim como todas as outras coisas pelas quais ansiasse. Através da aprendizagem da luta, minhas ambições ultrapassaram aquela simples roupinha para abranger a nação. Isso se tornou minha obsessão, o verdadeiro sinal de meu progresso, dos sonhos de meu pai. E isso eu não permitia que ninguém me negasse. Eu não podia comprar a liberdade, soube disso já aos 15 anos, mas descobri que podia lutar por ela. Tomei consciência de que, quando possuíssemos o território, o resto viria junto, porque é da terra vermelha da savana que brotam a riqueza e a beleza do Zimbábue. Percebi que, se tomássemos o solo, se cultivássemos e fiássemos o algodão, se enchêssemos a bobina e cortássemos o molde, se costurássemos o tecido e fossemos os donos da loja, nunca mais teríamos que implorar.

*Romance de J. Nozipo Maraire, pg. 196, Editora Mandarim, 1996.

HAROLDO OLIVEIRA

Iniciou-se na música ainda adolescente compondo trilhas para os espetáculos do “Grutemon Amadores Teatrais”. Apresentando-se pela periferia de São Paulo, teve a oportunidade de musicar “Torturas de um Coração” de Ariano Suassuna, “A Arvore que Andava” de Oscar Von Pful, “A Rua do Mundo” criação coletiva, co-musicou “Morte e Vida Severina” de João Cabral de Melo Neto numa remontagem do grupo. Participou do primeiro grupo de musica Afro brasileira o ”Lwalaba”, dirigido pelo maestro Estevão Maia Maia. Autodidata, fez diversos cursos com diferentes professores dentre os quais: Félix Wagner, piano e harmonia, Cláudio Celso, guitarra e improvisação, Ná Ozzetti, canto e preparação vocal. Atua com destaque da cena da música paulistana, possui composições gravadas pelas cantoras Ana Luiza, “São Luís”, selo Dabliú, Juliana Amaral, “Dois Tempos” e “Bolero das estrelas” lançado pelo selo Lua e Ana Luiza, “Cajaíba” em disco com produção de Natan Marques que, dentre outras, já trabalhou com Elis Regina.

Singular em suas composições, busca elaborar o qualitativo e propor um diferencial.O compositor possui dois discos, “Saopunkpiripaqueindustrial”, elaborado com muito Afro beat, no qual mistura ritmos dançantes da M.P.B. ao Reggae, em composições como “Guerra Santa”, “Alô Moisés” e “Ficar”, gravado e lançado pela gravadora RGE em 98. Seu segundo disco, “Fruto” foi gravado em Liss na Suíça, é ainda inédito no Brasil, onde podemos destacar as composições “Céu da Manhã”, “Sereno” e “Fruta no Quintal”.

Na área tecnológica Haroldo Oliveira cursou Pró-Tools no Instituto de Áudio e Vídeo, software de ponta, utilizado em estúdios de gravação e work-stations de última geração, opera Cakewalk, software para gravação, edição e mixagem de Áudio e Midi, fala Inglês, Espanhol.

Contatos: [email protected]; [email protected] ou  (55-11)3865-9662 e 9354-3742

MOMENTO DE REFLEXÃO - NOSSOS MEDOS

Nosso medo mais profundo não é o de sermos inadequados. Nosso medo mais profundo é que somos poderosos além de qualquer medida. É a nossa luz, não as nossas trevas, o que mais nos apavora. Nós nos perguntamos:  Quem sou eu para ser Brilhante, maravilhoso, talentoso e fabuloso? Na realidade, quem é você para não ser? Você é filho do Universo. Você se fazer de pequeno não ajuda o mundo.Não há iluminação em se encolher, para que os outros não se sintam inseguros quando estão perto de você. Nascemos para manifestar a glória do Universo que está dentro de nós. Não está apenas em um de nós: está em todos nós. E conforme deixamos nossa própria luz brilhar, inconscientemente damos às outras pessoas permissão para fazer o mesmo. E conforme nos libertamos do nosso medo, nossa presença, automaticamente,  libera os outros.

Nelson Mandela, ex-presidente sul-africano. Texto compilado e enviado por Aflorisbela para [email protected]

DIÁLOGO COM PRODUTORES NEGROS

Artistas Negros participaram de encontro com a Secretaria Cláudia Costin. A reunião faz parte da política de maior inserção cultural de afro-descendentes.  O encontro realizado em  15/07/03, no auditório da Secretaria de Estado da Cultura contou com a participação de mais de 150 artistas negros entre atores, músicos, escritores, cineastas, dançarinos e pintores. A iniciativa faz parte das ações do grupo de trabalho para promoção da diversidade cultural. Criado no dia 13 de maio, em comemoração ao dia de libertação dos escravos esta comissão visa propor estudos e formular programas para uma maior participação do negro nos principais setores artísticos, como cinema, teatro, artes plásticas, dança e música em geral. Na ocasião da reunião foram debatidas várias questões entre elas a inclusão cultural, a adoção de uma política de cultura voltada para o cidadão. Fonte: http://www.cultura.sp.gov.br/ultimasnoticias/afrodescendentes.htm - [email protected]

NEGRA CINEMATOGRAFIA

Ver é ver-se, rever-se... Para os cinéfilos da coletividade afro-brasileira, estudantes e público interessado, uma relação de filmes com temática negra ou protagonizados por atores negros encontra-se disponível na Internet. Está sendo realizado um trabalho de pesquisa e em breve, cada filme terá sua ficha técnica. Acesse: http://www.portalafro.com.br/cinema/cinefilmes.htm 

UMA ONG EM DEFESA DOS TELESPECTADORES

O TVer nasceu de uma iniciativa de Marta Suplicy que, a partir da indignação manifestada pessoalmente ou através de carta, por distintas pessoas, propôs a especialistas em diversas áreas a constituição de um grupo de trabalho para refletir sobre a responsabilidade social e pública da televisão no Brasil. Formou-se, assim, em junho de 1997, um grupo de trabalho que se denominou TVer, cujo objetivo é contribuir com elementos de reflexão sobre esse difuso mal-estar gerado pela baixa qualidade da programação televisiva. É também objetivo do TVer analisar as conseqüências e responsabilidades da TV no desenvolvimento infanto-juvenil, na formação das mentalidades e nas questões da legislação brasileira, levando em conta a  regulamentação existente em países democráticos.  Para os participantes do TVer qualquer tentativa de conscientização sobre cidadania, problemas de violência, gravidez na adolescência, exploração sexual ou de trabalho das crianças, desrespeito à mulher, à população negra e às minorias sexuais tem que, necessariamente, levar em conta a atuação da TV. Principalmente porque as pesquisas indicam que as crianças brasileiras passam, em média, 3 horas diárias assistindo a televisão e isto representa quase o mesmo tempo que elas permanecem na escola. Num ajuste da proposta inicial, o TVer se transformou, em agosto de 1998, numa organização não-governamental (ONG), sem fins lucrativos. Essa decisão foi tomada para que o TVer possa implementar uma estratégia de responsabilidade social, pública e de valorização da cidadania e dos direitos dos telespectadores. O objetivo da criação da ONG foi facilitar ao TVer se pronunciar, sempre que sentir necessário, face ao incômodo da população frente a certos temas. Isso não significa que o TVer pretenda fazer uma "crítica televisiva", tal como é feita de maneira interessante e plural em diferentes meios de comunicação, mas que buscará aprofundar questões levantadas pela crítica, pelos telespectadores e pelas pesquisas. É importante ressaltar que o TVer não foi criado para defender a censura e esse não é o seu objetivo. O TVer se propõe a discutir a respeito das responsabilidades sociais e públicas em relação ao conteúdo das mensagens. Para o TVer, a censura real só pode ser efetivamente exercida antes da difusão do programa por televisão. Depois da exibição, as formas de censura ou de exigência de mudança de comportamento decorrem de negociações ou da formação de uma opinião pública influente. Nesse sentido, nenhuma organização não-governamental tem realmente o poder ou a atribuição para censurar a um meio como a televisão.  Entendemos, entretanto, que corresponde aos cidadãos e telespectadores e aos seus representantes políticos a tarefa de exigir responsabilidade daqueles que ocupam a esfera publica através da televisão. As concessões são propriedade pública entregues às emissoras na qualidade de serviço publico e este deve ser exercido com responsabilidade e em nome do bem comum. Por último, o TVer pretende estimular a criação de outros grupos similares para que, nos diferentes cantos do país, se discuta a televisão e os direitos dos telespectadores e, quem sabe, se ponha um fim ao monólogo que hoje está estabelecido entre TV e sociedade.  Fonte: compilação do site: www.tver.org.br

MOVIMENTO OU INÉRCIA?

Caros companheiros e militantes, aos longos dos meus treze anos de luta pela conscientização e militância afro, tenho notado que nada mudou até agora perante a organização dos militantes afros, isso sem falar da conduta. Moral ética de vários militantes que se dizem defensores do movimento negro, mas vamos as causas.

Noto que a desorganização com horário, tempo de falar, idéias sem fundamento, desinteresse, falta de ética são fatores preponderantes em nossa organização e precisam ser reavaliados, se queremos realmente caminhar com seriedade...

Vamos ao problema: quando se faz criticas a conduta de membros, eles já retrucam – “vocês estão nos desrespeitando, eu tenho anos e muito tempo a mais de movimento negro do que você”.  Ser um dinossauro da ignorância é um troféu. Dão a impressão que a cervejaria ou testilaria patrocinam os movimentos negros. A rapaziada sempre chega com uma latinha na mão e com um bafo de  cachaça deplorável.

Sou a favor do dinheiro de fundações filantrópicas, patrocinadoras de projetos. Que usem para desenvolver trabalhos assistenciais, mas com ética aos necessitados. Só não podemos é ficar na dependência doentia dessas fundações. Temos que ter criatividade e andar com nossas próprias pernas. Só bem organizados poderemos cobrar melhoria para nossa população nas áreas de educação, saúde, trabalho, laser, cultura.

Quando conseguirmos mobilizar e colocar um milhão de homens pretos como fez Fahakam, reunião realizada em New York, poderemos dizer que vencemos o primeiro round, e as elites que são a minoria, mas que causa um grande estrago na vida de milhões de pessoas desse país, irão tremer e vai nos respeitar. Seus dias de privilegio estão contados.

Falando em respeito, tem uma frase do líder afro-americano Malcom X que diz o seguinte: “As pessoas te respeitam porque gostam de você ou porque temem você?” Os afro-brasileiros têm que acordar para esta realidade. Precisamos ser temidos. Não como bandidos, que é péssimo passar por essa situação que os escravagistas e seus subordinados da ignorância fazem a população afro passar. Sou favorável ao temor psicológico, ou seja: as pessoas o temerem porque você faz terrorismo de idéias. Malcom X deu este exemplo aos afro-americanos. 

Quero me retratar com algumas organizações afros, sérias, inteligentes que realizam um trabalho amigável com outras organizações afros. Sei que vou ser criticado e odiado. Tenho compromisso com a verdade e não posso falhar.  Faço criticas construtivas porque quero ver a melhora das organizações e do meu povo.

Agadabi, Núcleo Cultural Força Ativa, [email protected]

SAÚDE - BANHOS DE ERVAS

Você chega em casa após um dia de trabalho estafante. Se não se cuidar bem, o cansaço, somado à poluição, pode lhe trazer sérias conseqüências. Reserve-se o direito de relaxar e de se cuidar. Dê-se de presente banhos relaxantes, revigorantes, grandes auxiliares nos cuidados da sua beleza. Banhos de erva são um grande aliado, mas que sejam de pelo menos uma hora, para que você aproveite ao máximo seus efeitos benéficos. As ervas são encontradas em farmácias ou em casas de produtos naturais. Faça uma infusão com 3 colheres (sopa) da erva escolhida em 2 copos de água. Coe e acrescente a infusão à água do banho. Camomila: os resultados desse banho você nota imediatamente, pois ele dá profunda sensação de repouso e faz uma limpeza completa em sua pele. Para aproveitá-lo ainda mais, umedeça dois chumaços de algodão na água do banho e coloque-os sobre os olhos; eles ficarão claros e brilhantes. Hortelã: perfeita para tonificar os músculos e renovar as energias. Além disso, a hortelã contribui para amaciar a pele e tem um excelente efeito desodorizante. Orégano: você conhece mais como tempero, mas ele também é ótimo para banhos. Indicado para aliviar dores musculares e reumáticas. Alfazema: o banho de alfazema tem uma grande vantagem, pois você já sai dele suavemente perfumada. Para hidratar o corpo, pingue na água do banho 5 ou 6 gotas de óleo de amêndoa doce. Sálvia: erva de efeito antiinflamatório, que ajuda a combater cravos e espinhas. O banho é recomendado especialmente para quem tem pele oleosa. Flor de laranjeira: o banho com esta erva dá uma gostosa sensação de frescor e descanso. A flor de laranjeira é também adstringente e fecha os poros excessivamente dilatados. Melissa: Também conhecida como erva-cidreira, proporciona um banho repousante e perfumado. Tomado antes de dormir, garante um sono tranqüilo. Compilação do e-mail de MÁRCIA TOSTO para [email protected]

O BRANCO DE ESQUERDA RACISTA É MAIS DISSIMULADO DO QUE O DE DIREITA

  O branco de esquerda adjetiva-se subversivo, revolucionário e acusa o branco de direita de conservador, reacionário. Esquerda e direita discordam na maioria dos itens sobre relação “racial” (étnica) suas opiniões, análises e reflexões são semelhantes. Como se explica o consenso de opinião sobre ação afirmativa?

 Como se explica o pacto entre esquerda e direita? A conformidade entre ex-ministro da educação Paulo Renato e do atual Cristóvão Buarque? Como se explica a avaliação semelhante do professor do ensino infantil ao universitário? Como se explica a unanimidade dos intelectuais?  Unanimidade que apenas diz: sou contra, e pouco propõe. Refiro-me excepcionalmente ao branco brasileiro.

No combate ao racismo tanto o branco de esquerda quanto de direita são conservadores. Maria Aparecida (...) O branco de direita não se aproxima do “negro militante”, negro que combate o racismo, quanto ao branco de esquerda ele vem com um “sorriso largo”, sempre acontece o que disse o “velho militante”: (...) quando um branco dava um sorriso para o negro, o negro tinha que aceitar aquilo como favor (...) Sobre questão “racial” o branco de direita é menos hipócrita, “mais safado” esta é a característica que podemos distinguir o branco de esquerda e direita. A branca Edith Piza (e outros estudiosos negros e brancos) que estuda relação “racial” problematizando o branco, chama-nos atenção que a discriminação “racial” não é um “problema do negro” e sim  “problema de relação ‘racial’”, o branco é igualmente responsável. Se o branco, independente de sua classe, não lutar contra os privilégios que possui na sociedade brasileira, simplesmente por ser branco.

LOURENÇO CARDOSO, escritor, poeta e dramaturgo, [email protected]

 

DESENVOLVIMENTO ETNOSUSTENTADO PARA QUILOMBOS 4

Dentre os apartados brasileiros, uma maioria afro-descendente originaria das comunidades remanescentes de quilombos, vive a margem da sociedade e da assistência pública. Essa população sobrevive do extrativismo, da pesca, da coleta e da agricultura tradicional, valendo-se de ferramentas e conhecimento ancestral. A falta de crédito, infra-estrutura, assistência técnica e acesso aos serviços públicos, torna as comunidades quilombolas, alvo permanente da fome e do êxodo rural.

É necessário criar condições para que os apartados da sociedade possam se descobrir merecedores de direitos e de sonhos, detentores de saberes e capacidades para produzir e participar da economia, e potentados para participar da política e transformar a sociedade.

Embora pobres e majoritariamente exclusos, os quilombolas constituem comunidades enraizadas e fortemente estruturadas culturalmente, haja visto a resistência mostrada ao longo da historia. Eles precisam apenas do suporte e apoio que acelere a compreensão do mundo e da sociedade que os rodeia, e ao mesmo tempo ofereça acesso as ferramentas e aos caminhos da inclusão. Lideranças informadas e suficientes nas diferentes áreas do conhecimento, preparadas para estimular, facilitar e multiplicar a organização social, e potencializar a mentalidade empreendedora quilombola.

Muitos segmentos do movimento social, como os deficientes, índios, homossexuais, mulheres e ambientalistas. já receberam apoio na formação e aprimoramento de suas lideranças, possibilitando visibilidade, reconhecimento, encaminhamento e avanços significativos na construção de direitos e cidadania.

A integração e a inclusão de 4 mil comunidades quilombolas à economia e à vida nacional, exigirá a formação de pelo menos 500 lideranças. A garantia da ação prática dos futuros lideres, exigirá que a formação seja em boa parte realizada nas comunidades, com a realização de seminários, reuniões e articulações que levem a formação de cooperativa/associação e ou empresa comunitária, e plano de negocio em cada comunidade. É importante que os planos de negócios de cada comunidade contemplem áreas da produção de interesse das mulheres e dos jovens, possibilitando o desenvolvimento de forma democrática, e aproveitamento e otimização de talentos dos diferentes grupos. Momentos presenciais serão importantes para o amadurecimento, fortalecimento e comprometimento do grupo com a missão e objetivos do programa.

A formação deve envolver a compreensão critica de diversas áreas, incluindo noções de historia e política da formação do estado brasileiro; história da resistência do povo negro; a importância política e econômica dos remanescentes de quilombos como patrimônio histórico e cultural do Brasil; leis que garantem direitos civis; titulação das terras e criminalização do racismo; leis ambientais e a limitação do direito de propriedade; representação das comunidades frente a ordem jurídica; órgãos públicos atuantes nas áreas de interesse quilombola; conceituação de desenvolvimento etnosustentado; mediação de conflitos; noções de agro silvo pastoreio ecológico, agro industrias, eco turismo e turismo etnocultural, verticalização e certificação da produção; planos de negócios; jogos e técnicas de dinâmicas de grupos populares.

É importante na formação do líder a concretização de projetos, concebidos coletivamente de baixo para cima nas comunidades. O futuro líder será o fermento permanente da animação, organização e capacitação das comunidades para articular parcerias e viabilizar os requisitos necessários para o desenvolvimento.

A formação de lideranças pode ser determinante para integração acelerada dos quilombolas a vida nacional, dando ferramentas concretas para que eles mesmos possam protagonizar a formatação e implementação do próprio desenvolvimento.    

 Valdo França é engenheiro agrônomo, consultor da ANCEABRA - Associação Nacional de Coletivos de Empresários e Empreendedores Afro Brasileiros, [email protected]

QUILOMBO VIRTUAL

Cabeças Falantes Online – edições publicadas: www.arquivocabecasfalantes.hpg.com.br

http://www.achiropita.org.br/afro.htm - http://geocities.yahoo.com.br/mirocalves

www.navionegreirobrasil.kit.net - http://www.aperteoplay.blogger.com.br

http://www.blacklibrary.hpg.com.br - http://www.cufa.com.br

http://www.redesaude.org.br  -  www.inaicyra.hpg.com.br

http://rebra.org - http://www.aprofe.hpg.com.br

http://geocities.yahoo.com.br/mirocalves

3 artigos sobre Desenvolvimento etnosustentado para quilombos:                    http://www.estacaovida.org.br/one_news.asp?IDNews=1157                      http://www.estacaovida.org.br/one_news.asp?IDNews=1243                                                http://www.estacaovida.org.br/one_news.asp?IDNews=1303

"Comunicação, prevenção, mediação e solução de conflitos" para ongs, cooperativas, escolas, sindicatos, clubes, grupos familiares e empresas  www.qemocional.eng.br

SERVIÇOS

ANDRÉIA ANISKIEVICZ e ELIZABETE SANCHES: garrafas ornamentais para presentes e decoração, www.garrafadecorativa.hpg.com.br   

ÂNGELA - Serviços Contábeis - [email protected] - (011) 6523-2797 e/ou 276-9952. 

DIMAS SALDANHA – fotógrafo, reportagens em geral, Cor e P&B (55-11) 9675-7998,  [email protected]   

JOANA BARAUNA – escultura e cerâmica. Aceita-se encomendas. (011)3105-0916/229-9844 ramal. 221

JUAREZ - Serviços de Funilaria, Rua Sóter de Araújo, 72, Cidade Tiradentes, (011) 6285-1701.

ORLANDO - Serviço de manutenção residencial e predial - (55-11) 6282-0329.

OUBÍ INAÊ KIBUKO - fotógrafo – www.oubitelapretaprodu.hpg.com.br  (55-11) 9750-1542.

PENSÃO DA TIA ÁUREA - somente para rapazes estudantes. Rua Ivete Gabriel Apiceque nº 305, Bairro Boa Vista, São José do Rio Preto/SP, CEP 15025-400 - (55-17) 3212-5143. 

CABEÇAS FALANTES ONLINE - Informativo afro-cultural brasileiro

Editor responsável: Oubí Inaê Kibuko – Caixa Postal 30255 – Cid. Tiradentes – SP/SP-BR – 08471-970

E-mail: [email protected] - [email protected]  – Fone: (55-11) 9750-1542

Edições publicadas encontram-se disponíveis no www.arquivocabecasfalantes.hpg.com.br

Colaboraram nesta edição: Agadabi, Estefânia Nazário de Souza, Eufrate Almeida, Lourenço Cardoso. Valdo França.

Os artigos publicados em Cabeças Falantes Online são de inteira responsabilidade dos seus autores.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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