CAPITULO IX- POTENCIALIDADES

            A exploração das terras em sequeiro é determinante para o crescimento das atividades agropecuárias no Vale, sobretudo considerando-se a relativa limitação dos recursos hídricos. Os levantamentos indicam a existência de 35,5 milhões de ha aptos à agricultura de sequeiro e 30,3 milhões de ha irrigáveis. Considerando uma distância máxima de 60 km da fonte de água e uma elevação de até 120 m, o potencial irrigável cai para 8,1 milhões de ha; para distâncias e elevações menores, o potencial se reduz a 3,0 milhões de ha e, aliando-se os fatores restritivos (distância e elevação de água) aos usos múltiplos dos recursos hídricos do São Francisco, as possibilidades não ultrapassam 1,5 milhões de ha irrigáveis. Esse montante representa 4,2% das terras aptas à produção agrícola de sequeiro e 4,9% das terras aptas à irrigação. Verifica-se, assim, que as possibilidades de expansão das áreas aptas à agricultura de sequeiro, não computando aquelas aptas à pecuária e silvicultura, superaram bastante as possibilidades de expansão das áreas irrigáveis. Nesse sentido, a análise do potencial agro-silvo-pastoril em sequeiro do Vale recomenda o manejo integrado das terras e do sistema hidrográfico da Bacia”. (Site:http://www.codevasf.gov.br)

Por outro lado, os grandes problemas financeiros que os investimentos em irrigação implicam e as dificuldades de recursos humanos para esta atividade, levam - sem menosprezar a evidente necessidade de irrigação, principalmente no centro e no norte do Vale - a reconhecer a prioridade no aproveitamento das potencialidades de crescimento em sequeiro, sobretudo nas áreas Alto São Francisco, Chapadões do Paracatu e Montes Claros-Januária, em Minas Gerais, e Guanambi-Paramirim, Oeste Baiano e Sobradinho, na Bahia.

Os estudos realizados pelo PLANVASF englobam uma área total de 691,0 mil km2 (69,1 milhões de ha). Tal área refere-se à totalidade do território dos municípios, mesmo daqueles parcialmente inseridos no Vale, não incluindo áreas do Distrito Federal e de Goiás. Para aquela área assim definida, tem-se os seguintes usos: área de proteção ambiental de Piassabuçu, reserva ecológica do Raso da Catarina, região metropolitana de Belo Horizonte, águas internas e terras. As áreas de preservação atingem 0,1 milhões de ha (0,1% da área estudada); a área metropolitana de Belo Horizonte ocupa 0,4 milhões de ha (0,6%); as águas internas ocupam 0,6 milhões de ha (0,9%) e as terras propriamente ditas ocupam 68,0 milhões de ha (98,4%).

Esses estudos, no que se refere à aptidão das terras para agricultura de sequeiro, concluem que 52% (35,5 milhões de ha) têm aptidão - ocorrem 0,1 milhões de ha do grupo 1 (aptidão boa), 25,5 milhões de ha do grupo 2 (aptidão regular) e 9,9 milhões de ha do grupo 3, de aptidão restrita para as lavouras); cerca de 0,7% (0,4 milhões de ha do grupo 4) indicam utilização como pastagens plantadas, e os restantes 47,3% (32,1 milhões de ha) são inaptos, podendo ser utilizados como pastagem natural, florestamento ou manutenção de vegetação natural - terras do grupo 5, com um total de 20,8 milhões de ha podem ser utilizadas das seguintes formas: 13,3 milhões de ha com pastagem natural; 4,7 milhões de ha com silvicultura ou pastagem natural e 2,8 milhões de ha somente com silvicultura, e terras do grupo 6, com total de 11,3 milhões de ha, devem ser destinadas para a preservação da flora e fauna.

O vale do São Francisco, com seus 64 milhões de ha, possui cerca de 35,5 milhões de ha agricultáveis e 456 mil ha indicados para pastagens. Da área agricultável, 19 milhões são mais favoráveis, sendo que apenas 8 milhões de ha têm fácil acesso à água.

Já no Semi-Árido, a pecuária poderá ser incrementada mediante a execução de um programa de pastagens nativas combinado com cultivos adaptados e adequado manejo dos rebanhos. A EMBRAPA realizou um trabalho demonstrando a viabilidade da criação de gado através da utilização de um sistema denominado CBL, que consiste em utilizar uma área de Caatinga, associada a uma área de capim Buffel (B) e de Leucena (1).

Pecuária       

A pecuária, tradicionalmente conhecida como atividade produtora de carne e leite, desempenha importante papel no apoio à agricultura irrigada, pela produção de esterco. Esse adubo orgânico constitui um dos elementos nutritivos mais importantes em relação ao processo de produção conduzido nas áreas irrigadas. Como a agricultura irrigada vem sendo conduzida em reduzida articulação com explorações pastoris, a demanda de esterco, especialmente no Vale, é suprida de outras áreas, a custos elevados.

"Em 1985, estavam sendo utilizados 4,5 milhões de ha com lavouras temporárias e permanentes (31,4% do Nordeste e 8,6% do Brasil); o rebanho bovino, ali existente, era de 11,2 milhões de cabeças (50,3% do Nordeste e 8,8% do Brasil). Ao nível tecnológico vigente, o rebanho do Vale pode crescer em mais 4,6 milhões de cabeças. Em função do uso potencial das terras e da lotação unitária foi quantificada a lotação potencial das pastagens do Vale. A estimativa é de uma lotação total de aproximadamente 20,8 milhões de bovinos. A área com maior potencial é o Oeste Baiano, com 31,5% do potencial total regional. Em segundo lugar está Montes Claros-Januária, em Minas Gerais, com 17,3%.” site:http://www.codevasf.gov.br

As culturas temporárias são mais freqüentes nos municípios de Irecê, João Dourado, América Dourada, Jussara, Várzea Nova e com destaque para o algodão, os municípios de Guanambí e Vale do Lulu. Em outros municípios como: Barra do Mendes, Sento sé, Paulo Afonso, Bom Jesus da Lapa, Urandi e Oliveira dos Brejinhos predominam as culturas temporárias, com pastagens ou vegetação natural com destaque para o feijão, milho e mandioca(3) 

As culturas permanentes, ocorrem nos municípios de Lages da Batata, Barragem, Jacobina, ao lado do Rio Salitre, destacando principalmente o sisal. Ocupando uma área de 27.000 hectares. Já, ao lado dos rios perenes, destacam-se as culturas irrigadas, hoje a direção é cada vez mais intensa para a fruticultura de exportação. Mas o crescimento da agricultura de sequeiro também é notável, Principalmente para a produção de milho e soja nas sub-bacias do Rio grande, Rio Corrente e oeste da Bahia.        

         Em 1985, o vale do ao Francisco tinha um rebanho bovino equivalente a 11.200.000 (onze milhões e duzentas mil) cabeças, representava 50,3% do rebanho do Nordeste e 8,8% do Brasil. O vale do Velho Chico dispõe de uma área de 1.765.500 (um milhão setecentos sessenta e cinco mil e quinhentos) hectares propícia para o desenvolvimento da caprinocultura e bovinocultura em áreas de pastagens extensiva de semi-árido e semi-intensiva nas margens do Rio São Francisco. 

         A pecuária no vale, tradicionalmente conhecida como atividade produtora de carne e leite, desempenha importante papel no apoio á agricultura irrigada, pela produção de esterco. Esse adubo orgânico constitui em um dos elementos nutritivos mais importantes em relação ao processo de produção conduzida nas áreas irrigadas. (4) 

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1.site:http://www.codevasf.gov.br

2.  Fonte: Recursos Hídricos na Bacia do rio São Francisco – Cartilha da Agencia Nacional de água/2002.

3.  Site: http://www.codevasf.gov.br

4.  Fonte: Cartilha da ANA e site http://www.codevasf.gov.br

 

Potencialidade hídrica

As águas superficiais na Bacia do São Francisco, formam um montante de 64,4 bilhões de m3/ano com vazão de 1.013 m3/s no Alto São Francisco; 1.773 m3/s no Médio São Francisco; 375 m3/s no Submédio São Francisco e 217 m3/s no Baixa São Francisco. Estas são as vazões médias por área. A evaporação chega aos seguintes índices: Alto São Francisco, 2.300 mm; médio São Francisco, 2.900 mm; Submédio São Francisco, 3.000mm e baixo São Francisco, 2.300 mm. As águas subterrâneas atingem a um montante de 8,7 bilhões de metros cúbicos acumulados em quatro províncias já identificadas como possíveis de serem exploradas de um total de nove existentes. (1) Encarar a água como um bem esgotável, dando-lhe o devido valor, é preservar nossas vidas que só existem em função dela. 

A bacia do São Francisco, tem 168 caminhos d’ água que enveredam para o seu leito. Destes, 90 estão na margem esquerda e 78 na margem direita. Entre pequenos e grandes caminhos d‘água, 99 são perenes, ou seja, corre água muita nos seus leitos o ano inteiro. É claro que nessa quantidade toda estão incluídos os grandes e pequenos rios, riachos e córregos que, somados aos outros 69, que são intermitentes (temporários), formam a malha hidráulica da bacia do Velho Chico, mas os afluentes diretos mesmo, só são cerca de 36, dos quais apenas 19, têm os seus leitos correndo água durante o ano todo, sendo que os que mais  contribuem são os rios: Paracatu, Urucuia, Carinhanha, Corrente, Paraopeba e rio Grande pela margem esquerda e pela margem direita os rios: O rio das Velhas, Jequitaí e Verde Grande. Estes rios são geograficamente localizados no alto e médio, fornecem cerca de 77% das águas para o rio São Francisco.  As águas que descem das cabeceiras, somadas às dos pequenos rios a montante de Pirapora formam 29% da contribuição. O rio das Velhas contribui com 18%, o Paracatu com 19%, o Urucuia 11% e todos os outros somados 23%.

Segundo estudos realizados dos 97,3 bilhões de metros cúbicos de água disponível por ano no Nordeste, o rio São Francisco guarda 64,4 bilhões de metros cúbicos/ano e o restante nos demais mananciais. Esta é a disponibilidade hídrica do Nordeste. (2)

As águas subterrâneas da bacia do São Francisco se escondem em reservatórios chamados de “províncias”. Nove delas já foram identificadas no Vale, nos diferentes tipos, desde as zonas fraturadas do substrato geológico pré-cambriano até depósitos quaternários recentes. Guardam milhões de metros cúbicos de água que podem ser explorados para suprir as necessidades de pessoas e animais sedentos. Desses reservatórios, quatro já foram identificadas as possibilidades de exploração e perfazem um montante de 8,7 bilhões de metros cúbicos de água. Em algum lugar debaixo da terra sempre existe água, rasa ou profunda, potável ou não potável, acessível ou não ao homem, muita ou pouca. Mas de uma coisa todos tenho certeza, a água é um bem esgotável que jamais desaparecerá da Terra, mas poderá deixar ser útil a muitas espécies de seres vivos inclusive ao homem por conta da contaminação, poluição, salinização e o aprofundamento dos lençóis freáticos por causa dos desmatamentos. E sem água não haverá mais vida no planeta.

“A humanidade já passou por diversas crises, como de epidemias, de alimentos e de petróleo. Provavelmente, as próximas serão de energia e de disponibilidade de água de boa qualidade. A crise de disponibilidade de água afetará a irrigação e será afetada por ela. Já surgem disputas pela água: o uso para irrigação, para hidrelétricas e para consumo humano e industrial. A implantação de vários projetos de irrigação, sem a prévia quantificação da vazão possível de ser usada, tem acarretado, em algumas bacias, falta de água para as áreas situadas à jusante. Tem-se chegado ao extremo da total falta de água para o consumo humano, animal, causando sérios impactos ambientais e conflitos entre os usuários”.

Com a crescente competição pela água, alguns setores da sociedade e os movimentos ecológicos vêm conscientizando a população sobre a importância da preservação do meio ambiente; a legislação, por sua vez, vem sendo aperfeiçoada. Com isso, deverá haver maior pressão para que a irrigação seja praticada com maior eficiência e com o mínimo possível de impacto no meio ambiente, notadamente no que diz respeito à disponibilidade e qualidade de água para as múltiplas atividades”. (3)

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1.Recursos Hídricos na Bacia do São Francisco - Cartilha da Agencia Nacional de Água/2002

2. Almanaque Vale do São Francisco 1ª ed. 2002. pg 14

3. Site: www.codevasf.gov.br.

Pesca:

    Até onde se sabe, não foi feito ainda um inventário oficial para indicar com precisão a quantidade de espécies de peixes que compõe a fauna etiológica da bacia do São Francisco. O que se sabe é que a maioria delas estão cada vez mais escassas. Pescadores como os que ainda hoje realizam pesca profissional ou amadora como meio de sobrevivência, eram muitos no passado. Atualmente se  apresentam em numero bastante reduzido por falta do que pescar. Os poucos estudos realizados na área dão conta de que muitas espécies, ainda existentes se encontram ameaçadas de extinção, e é claro que os senhores pescadores estão colhendo o que eles mesmos plantaram. Se hoje o potencial pesqueiro do Velho Chico está reduzido a quase zero, é resultado da ganância, falta de educação ambiental e da ignorância daqueles que, não respeitam o período de reprodução, e matam os peixes na época da piracema. E os filhotes que conseguem escapar desse massacre, são apanhados antes de atingirem o tamanho ideal para pesca. E ninguém venha dizer que mata por uma questão de sobrevivência, pois nós mesmos já presenciamos inúmeras vezes pescadores tirando de suas redes os filhotes de carí, por exemplo, e em seguida jogando-os fora d‘água sob a acusação de estarem atrapalhando a pescaria. Este e outros fatores como uso indiscriminado de agrotóxicos nas lavouras irrigadas e de sequeiro, lançamento de esgotos domésticos e industriais sem tratamento nos rios da bacia, desmatamentos e tantas outras desordens levaram o nosso Velho Chico á situação em que se encontra. Lamentamos profundamente.

         “O Brasil ainda é o campeão de espécies de peixes, ocupando o 1º lugar com cerca de 3.000 espécies, em 2º vem a Indonésia com 1.300. Mesmo assim o Brasil importa anualmente US$ 400 milhões em pescado e exporta menos da metade deste valor, segundo o (IBGE 1995). Bem, se em 1995 os números já eram esses podemos imaginar que agora deve está bem pior, uma vez que, mesmo o Brasil ocupando a posição confortável de campeão em espécies de peixes a potencialidade do Rio São Francisco não pára de cair. Até 1970 a produção média era de 25 quilos de peixes por pescador/dia, em 1999 essa produção média já era apenas de 11 quilos” (FMA – Landgraf pg.21).

          Hoje, já se fala em apenas 04 quilos por pescador/dia, e se continuarmos a tratar o Velho Francisco como uma grande lixeira a tendência é piorar. 

         Mas nem tudo está perdido. Segundo a Codevasf, o Vale do São Francisco tem aproximadamente 600.000 hectares de superfície líquida, contando com o rio principal e seus afluentes, somando-se aos lagos artificiais formados pelas represas das hidrelétricas e ainda as barragens públicas e privadas das áreas de sequeiro. Isso nos dá a idéia do potencial disponível na bacia para a produção de pescado natural ou artificial. Atualmente são 139 espécies identificadas, isso é um bom sinal, embora sabemos que um dia essa quantidade já foi de pelo menos cerca “360 espécies em toda a bacia”. (2) Houve aí uma redução vertiginosa.

 

1.  Folha do Meio Ambiente, março/2000 – Rachel Landgraf. pag 21.

2.  Fonte: Jornal do Comercio – Recife de 27/08 a 03/09/2000 em entrevista com o engenheiro de pesca alagoano Fábio Castelo Branco. 

Indústria: 

         As áreas industriais do vale do São Francisco se limitam à região metropolitana de Belo Horizonte no alto vale; à região de Barreiras no médio; à região de Petrolina e Juazeiro no submédio; à região de Jaguararí/BA e Arapiraca/AL, no Baixo São Francisco, onde os principais segmentos produtivos são: a metalúrgica e agroindústria; no submédio: agroindústria, vestuário, têxtil e calçados. No médio: minerais não metálicos, papel, gráfica, e eletrodomésticos.

 Turismo     

          Apesar de ser limitado por causa da concorrência com os grandes pólos turísticos do Norte, do Centro-Oeste e dos litorais, o Vale do São Francisco também tem seu potencial. Nos seus 640.000 km2, estão inseridos 504 municípios, entre os quais, alguns se destacam por oferecerem opções ecoturísticas espetaculares. Os destaque são para alguns municípios da bacia. (Ver paginaa dos municipios).

 

.SUMÁRIO

 

 

 
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