CAPITULO X - FAUNA ICTIOLÓGICA
A ictiofauna ou fauna ictilógica é formada pelas diversas espécies de peixes de um rio, um mar, um lago, um açude ou simplesmente de uma lagoa. A ictiofauna do rio São Francisco está perigosamente ameaçada, com o desaparecimento das matas ciliares das suas próprias margens e dos seus afluentes. As inundações ocasionadas pelas grandes represas fizeram desaparecer quase todas as lagoas marginais do médio e Submédio São Francisco, era nelas, que os peixes de piracema procriavam, durante as enchentes naturais eles subiam rio-acima, entravam nas lagoas, desovavam e no ano seguinte na ocorrência de uma nova enchente retornavam com seus alevinos repovoando com milhares de novos peixinhos as águas do Velho Francisco para o sustento das famílias ribeirinhas que vivem ou viviam da pesca. Em nome das necessidades pela sobrevivência o homem pratica crimes bárbaros contra a natureza mesmo sabendo que, no futuro, essas ações criminosas terão seus efeitos direcionados para ele mesmo e pagará muito caro por isso. A Lei nº 7.679/88 estabelece no seu Artigo 1º o seguinte: “Fica proibido pescar em cursos d‘água nos períodos em que ocorrem fenômenos migratórios para a reprodução e, em água parada ou mar territorial nos períodos de desova, de reprodução ou defeso”. É proibido pescar sem licença, utilizar métodos que caracterizem pesca predatória, tais como explosivos e substancias tóxicas. Capturar peixes abaixo do tamanho permitido (Orientação IBAMA). A pesca predatória é um dos maiores crimes contra a ictiofauna de qualquer manancial. Na Bacia do São Francisco os peixes mais comuns só são autorizados para pesca depois que atingem as seguintes medidas:
Tamanho mínimo para pesca
Infelizmente as normas do IBAMA não são respeitadas e a prova pode ser encontrada em qualquer feira das cidades ribeirinhas, é um verdadeiro massacre aos filhotes de peixe que poderiam mais tarde saciar a fome dos próprios agressores. Os berçários também foram destruídos em nome do progresso com a construção das sucessivas barragens no leito do rio para gerar energia e riqueza para a região. Eram 220 lagoas marginais só nos 300 quilometros acima e abaixo de Bom Jesus da lapa pelo menos até 1971, a maior delas era conhecida como “Ipoeira de Carinha”, tinha 50 quilometros de comprimento por 30 de largura, segundo Patriota (1995). Com o enchimento da barragem de Sobradinho a represa engoliu quase todas, das 220 só restaram 05 e a “Ipoeira de Carinha”, hoje só mede 500 metros. Alem disso os peixes também não conseguem mais subir para desovar por causa dos paredões que atravessam o rio. Além dos problemas que já apontamos, ainda temos que suportar mais de 90 cidades jogando seus dejetos de esgotos, a maioria inatura, na calha do rio São Francisco e outras mais de 400 degradando seus afluentes, como por exemplo, o rio das Velhas que recebe os esgotos da grande Belo Horizonte e outras cidades menores, e em seguida os despeja no Velho Francisco, comprometendo a qualidade de suas águas. O principal afluente, o rio das Velhas, virou o maior esgoto do “Chico”. Os projetos de irrigação contaminam os lençóis freáticos impiedosamente e mandam resíduos de agrotóxicos, via superfície, para dentro da calha do rio, pois a maioria dos produtores usam os defensivos de maneira indiscriminada, sem acompanhamento técnico, causando danos ao rio e à saúde das pessoas. Quem duvidar confira, se puder provar ao contrario fique a vontade. Vamos enumerar alguns fatores responsáveis pela redução das espécies de peixes do rio são Francisco:
Segundo registro histórico do Museu Regional do São Francisco, em Juazeiro, pesquisado pelo Jornal do Comercio em 2000, a fauna ictilógica da bacia do São Francisco já chegou a ser composta por cerca de 360 espécies de peixes nativos. O engenheiro de pesca, e professor de ecologia, alagoano, Fábio Castelo Branco, sustenta que, embora não haja um inventário concluído a respeito dos peixes, seguramente, nos dias de hoje, o número de espécies não chega à metade. O Almanaque do vale do são Francisco (2001) afirma que são 139 espécies catalogadas no âmbito da bacia. O pirá é um exemplo de perda irreparável, embora não tenha sido extinto, mas reduziu vertiginosamente, esse peixe durante muitos anos foi considerado o símbolo da região do Baixo São Francisco, mas não há registro dele nas redes ha pelo menos 20 anos. O peixe mais conhecido e mais famoso do São Francisco, o surubim, também está rareando nas águas após, a Barragem de Xingó. (1) Para completar apareceu um tipo de peixe predador, vindo provavelmente do Pantanal Mato-grossense, chamado “Tucunaré” que é o bicho papão dos nossos peixes nativos, devorando todos os alevinos que encontra pela frente e outros mais. É o único peixe pequeno que conhecemos, que a piranha tem medo, ou seja, ele passa metade de sua vida correndo com medo dela e a outra metade correndo atrás para devorá-la. O tucunaré é um peixe superprotetor dos seus filhotes, nada chega perto, mas para ele os filhotes dos outros são sempre uma boa refeição para os seus, e o único que consegue se livrar de sua voracidade é o pacamã, tão esperto quanto ele, se esconde com a ninhada debaixo da areia para se livrar do predador. A televisão brasileira já fez várias matérias sobre a degradação do rio São Francisco, entre outras coisas têm mostrado a redução da vazão na foz no Oceano Atlântico, e, por conta disso, os vários desequilíbrios estão ocorrendo, entre eles o avanço do mar rio-acima, onde já destruiu o povoado do Cabeço fazendo desaparecer 150 casas, uma escola, uma igreja e outras edificações. Só a torre do farol persiste em continuar de pé, mas mesmo assim, se encontra inclinada como a Torre de Babel. Antes, essa torre era na praia, com avanço do mar, agora está a dezenas de metros mar-a-dentro. (2) Outro fenômeno constatado com o avanço do oceano é a “cunha d‘água” que é formada pela água do oceano, por ser mais pesada por causa do sal, aproveita a fragilidade e entra por baixo da lamina d‘água formando uma cunha rio-acima, e com ela, sobem também os peixes predadores do oceano que impiedosamente transformam nossos peixes nativos em almoço, jantar e café da manhã. Ë um verdadeiro desequilíbrio ecológico, hoje o único berçário natural em segurança na Bacia do rio são Francisco é o Rio Pandeiro que continua abastecendo com alevinos, as águas do Compadre Chico. Das 139 espécies de peixes identificadas na bacia do São Francisco (Almanaque do Vale do São Francisco/2001), o manual de identificação de Peixes na Região de Três Marias (com chaves de identificação para peixes da bacia do são Francisco) descreve as seguintes espécies:
As espécies mais comuns da bacia
___________________________________ 1. Jornal do Comercio – Recife no período de 27 de agosto a 03 de setembro/2000; 2. Globo Repórter sobre o rio São Francisco/1999 e 2001; 3. Site www.codevasf.gov.br.
|