CAPITULO IV - HIDRELÉTRICAS
Em 1859, D. Pedro II visitou a Cachoeira de Paulo Afonso, segundo a história, ficou solenemente maravilhado, contemplando simplesmente aquela beleza jamais vista. Em 1903, Delmiro Gouveia olhava a mesma cachoeira com idéias quentes diante do encanto do pequeno arco-iris que se formava sobre as águas. Ex-rei do comércio de peles, no Recife, ele ainda não era o grande coronel das águas e das terras de Paulo Afonso. (...) Comprou, então, uma fazenda por dezenove bois de um tal de Zé da Pedra, a vinte e quatro quilômetros da cachoeira, perto da estrada-de-ferro. De saída, represou dois riachos e fez dois açudes para combater a seca. Água potável pensou em importar, de Piranhas, pela estrada-de-ferro. Os sertanejos festejaram. - Anda aí um coronel diferente. Enquanto isso, em Santana do Ipanema Delmiro Gouveia dizia ao seu amigo Manuel Rodrigues: - Água vai custar, mas a luz da cachoeira eu boto logo aquí em Santana. - Manuel, o seu descaroçador de algodão vai ser eletrificado. Com essa, o coronel Rodrigues riu e foi acender o que conhecia até o momento: um lampiãozinho a querosene. Todo mundo já sabia do novo caso amoroso do “playboy” Delmiro Gouveia, com a Cachoeira de Paulo Afonso, cuja margem esquerda comprou em 1910. Aí já não tinha dúvida sobre o destino de sua paixão: hidrelétrica e fabrica de linha. Para isso, convocou uma espécie de liga das nações: de Londres e Berlim, comprou material para a parte hidráulica; na Suíça para a parte elétrica; da Inglaterra vieram às máquinas para a fábrica de linhas, da Itália trouxe o engenheiro Luigi Barela, que logo iniciou a montagem. 26 de janeiro de 1913, a turbina é montada na cachoeira. A recém-construída vila operária estava em festa. E o povo viu, as linhas transmissoras e os canais adutores levando luz e água até a Vila da Pedra. Nem Recife nessa época tinha iluminação elétrica. Os sertanejos não queriam nem saber de explicações e passaram a ver em Delmiro o grande feiticeiro, o Antonio Conselheiro de uma jagunçada nova Em 1947 saíram as primeiras verbas para a construção da Usina Hidrelétrica de Paulo Afonso, as primeiras obras só começaram dois anos mais tarde. Primeiro, foi a construção das usinas Paulo Afonsa I, II e III que estão instaladas em cavernas independentes, porém, interligadas e aproveitam cerca de oitenta metros do desnível natural criado pela cachoeira. A capacidade da PA-I (1955) é de 180. 001 KW; PA-II (1961) é de 443.000 KW; A PA-III (1971) é de 794.200KW. Depois foi instalada a última usina no complexo Paulo Afonso: A PA-IV, considerada uma das mais extraordinárias obras de engenharia hidrelétrica na categoria de usinas subterrâneas. Sua casa de máquinas foi instalada numa caverna com 210 metros de extensão 24 (vinte e quatro) metros de largura e 55 metros de altura. O complexo das cavernas tem capacidade para gerar 1.417.201 KW de energia simultaneamente. Quando começou a produção comercial em 1979 duplicou a potência disponível nas PA-I, II e III. Em 1961 o presidente Juscelino Kubitsheck inaugurou a represa Três Marias, no estado de Minas Gerais, represando as águas do Alto São Francisco, sendo administrada pela Cemig, enquanto as outras usinas hidrelétricas existentes na Bacia do São Francisco são administradas pela Chesf. Empresa idealizada pelo então ministro Apolônio Sales e fundada pelo presidente Getúlio Vargas no dia 03 de outubro, de 1945 através de um decreto governamental e constituída formalmente no dia 15 de março de 1948. Hoje a Chesf é responsável pelo maior complexo energético do País. Em 1980 foi inaugurada a barragem de Sobradinho-BA, cobrindo uma área de mais de quatro mil quilômetros quadrados, com capacidade para armazenar 34,1 bilhões de metros cúbicos de água e gerar 1.050.300 KW de energia. A barragem Apolônio Sales (Moxotó), contando com potência total de 400.000KW, cujo reservatório acumula cerca de um bilhão de metros cúbicos de água e tem como principal finalidade a regularização do rio São Francisco. Luiz Gonzaga (Itaparica), a potência total dessa usina é de 1.479.600 KW de energia, ocupa uma área de 834 quilômetros quadrados, com acumulação de 10,8 bilhões de metros cúbicos de água. Na área hoje inundada moravam em torno de cinqüenta mil pessoas, nos municípios pertencentes a Pernambuco, que foram reassentadas em novas cidades e projetos implantados pela Chesf. Xingó, o último grande aproveitamento energético do São Francisco, uma das mais modernas hidrelétricas do Brasil e a maior do sistema Chesf. Construída no sertão, entre Alagoas e Sergipe. Xingó produz mais de 25% da eletricidade que o Nordeste consome, chegando a capacidade de 3.162.000 KW. Sua construção contou com condições topográficas e geológicas extremamente favoráveis, beneficiando-se com a formação de um reservatório totalmente encaixado no canyon, com o mínimo de impacto ambiental e reassentamento de apenas 17 famílias. A usina de Xingó é totalmente automatizada e do seu moderno centro de controle são operadas as unidades geradoras e a subestação elevatória de 500KV. A barragem de Xingó foi cheia pela primeira vez em 1994, operação executada pela Chesf. (2)
Potencialidade energética:
O rio São Francisco além do potencial energético por meio da forca hídrica, dispõe também das possibilidades para gerar energia através da queima do bagaço de cana-de-açucar, lenha, petróleo, turfa, energia eólica e solar. Sendo que a principal fonte é mesmo a forca de suas águas. O potencial hidrelétrico do Vale do São Francisco, segundo dados da Annel, Eletrobrás e Cemig é da ordem de 26.435.000 KW. (1) O potencial instalado já é de 10.433.300 KW somando os 20 grandes e pequenos centros de geração energética existentes na bacia (2). Outros 1.500.000 KW podem ser gerados se forem aproveitados os cerca de 16 milhões de hectares disponíveis no vale, recomendáveis para a silvicultura destinada ao setor energético. As usinas hidrelétricas em operação na bacia atualmente são as seguintes:
Pequenos Centros Hidrelétricos
PCH João de Deus
Características:
Bacia hidrográfica: São Francisco; Rio: Lambari; Estado: Minas Gerais; Capacidade para geração de energia: 1,6 MW.
PCH Cachoeira Bento Lopes
Características:
Bacia hidrográfica: São Francisco; Rio: Pará; Estado: Minas Gerais; Capacidade instalada para geração de energia: 1,4 MW;
PCH Gafanhoto
Características:
Bacia hidrográfica: São Francisco; Rio: Pará; Estado: Minas Gerais; Capacidade instalada para geração de energia.12,9 MW.
PCH Cajuru
Características:
Bacia hidrográfica: São Francisco; Rio: Pará; Estado: Minas Gerais; Capacidade instalada para geração de energia: 7,2 MW.
PCH Dorneles
Características:
Bacia hidrográfica: São Francisco; Rio: Pará; Estado: Minas Gerais; Capacidade instalada para geração de energia: 1,2 MW.
PCH Salto do Paraopeba
Características:
Bacia hidrográfica: São Francisco; Rio: Paraopeba; Estado: Minas Gerais; Capacidade instalada para geração de energia: 2,5 KW.
PCH Rio de Pedras
Características:
Bacia hidrográfica: São Francisco; Rio: das Velhas; Estado: Minas Gerais; Capacidade instalada para geração de energia: 9,3 MW.
PCH Paraúna
Características:
Bacia hidrográfica: São Francisco; Rio: Paraúna; Estado: Minas Gerais; Capacidade instalada para geração de energia: 4,1 MW.
PCH Pandeiros
Características:
Bacia hidrográfica: São Francisco; Rio: Pandeiros; Estado: Minas Gerais; Capacidade instalada para geração de energia: 4,2 MW.
PCH Correntina
Características:
Bacia hidrográfica: São Francisco; Rio: Correntina; Estado: Minas Gerais; Capacidade instalada para geração de energia: 9,0 MW.
PCH Alto Fêmeas
Características:
Bacia hidrográfica: São Francisco; Rio: das Fêmeas; Estado: Minas Gerais; Capacidade instalada para geração de energia: 10,0 MW. (1)
UHE Usina Hidrelétrica de Três Marias
Características Técnicas:
Bacia Hidrográfica: São Francisco; Rio: São Francisco; Estado: Minas Gerais; Localização: Três Marias; Volume: 21.000.000 de metros cúbicos de água; Área inundada: 1.042 quilômetros quadrados; Potência para geração de energia: 396.000 KW; Conclusão da obra: 1956; Início da operação: 1ª turbina em 1962 e uma em cada ano até 1969, num total de 08 máquinas. (2)
UHE Usina Hidrelétrica de Sobradinho
Características Técnicas:
UHE Usina Hidrelétrica Luiz Gonzaga - Itaparica
Características Técnicas:
UHE Usinas Hidrelétricas de Moxotó e PA IV
Características Técnicas:
UHE Usinas Hidrelétricas PA I, PA II e PA III.
Características Técnicas:
HE Usina Hidrelétrica de Xingo.
Características técnicas:
Impactos Ambientais Diretos:
Construções do porte das hidrelétricas do rio São Francisco causam impactos muito grandes, tanto no meio físico, quanto no meio biótico e no antrópico. Como deu para perceber, a barragem de Xingó por ser encravada no cânyon, sua área inundada é relativamente pequena. Por isso, só houve o deslocamento de 17 famílias, o que foi diferente com as outras barragens que causaram enormes remanejamentos de pessoas e muitas perdas tanto de elementos da fauna quanto da flora.
Meio Físico:
· Modificação climática · Sismicidade induzida · Inundação das jazidas minerais · Inundação em áreas férteis · Modificação no uso do solo · Processo erosivo das margens · Alteração na qualidade da água · Eutrofizacão.
Meio biótico:
· Desaparecimento de espécies endêmicas ou ameaçadas de xtinção · Proliferação de plantas aquáticas · Interrupção da migração dos peixes para o ciclo de piracema · Alteração na composição da fauna aquática.
Meio Antrópico:
· Transferência compulsória de população · Modificação nas atividades socioeconômicas · Modificação na infraestrura regional · Disseminação de moléstias endêmicas · Perda do patrimônio histórico, cultural, arqueológico e paisagístico. · Modificação nas condições de navegabilidade e mais uma infinidade de outros · prejuízos à natureza que dificilmente são computados. (3)
1. 1.Relatório Final da Comissão de Acompanhamento do projeto de Revitalização do Rio São Francisco/2002. Pág 15, 17 e 18; Almanaque Vale do São Francisco/2001 pg 162. 2.Revista Velho Chico, junho/2002. Publicação Rede Marketing e Comunicações-Belo Horizonte-MG. Pág 313. 3.Relatório da Oficina do Rio São Francisco/1992– Recife PE, Revista Velho Chico, junho/2002 pg 29 e Relatório final da comissão de Acompanhamento do projeto de Revitalização do Rio São Francisco, pg. 17 e 18.
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