CAPITULO XIII - EFEITOS DA DEGRADAÇÃO

Largo e raso

Área erodida no Porto do salitre

      Com a retirada da mata nativa das margens dos rios e adjacências acarretam a provocação de alguns fenômenos como, aprofundamento dos lençóis freáticos e escassez de chuvas. No caso do rio São Francisco, tudo começou com a chegada dos portugueses comandados por Garcia D’ Ávila por volta de 1561, quando ganhou as primeiras terras da Coroa Portuguesa no Vale do São Francisco. Daí começou a criação de gado e junto com ele, os desmatamentos para dar lugar às pastagens, depois chegaram os bandeirantes que descobriram a existência de ouro e diamante nas cabeceiras do São Francisco, em 1675  mais degradação chegou ao seu vale. E desta feita, muito mais violenta, além de mais desmatamento e escavações para encontrar os minérios, houve também derramamento de sangue, deixando como resultado o desaparecimento da tribo de índios “Cataguar” que habitavam o Alto São Francisco, todos foram mortos pela Bandeira de Lourenço de Castanho.

            A navegação a vapor também foi outro “progresso” danoso para as matas ciliares do rio São Francisco, introduzida na bacia na segunda metade do Século XVIII e inaugurada oficialmente no Velho Chico em 1902. O problema estava em seu combustível que era à base de lenha retirada das matas ribeirinhas; cada vapor queimava em uma viagem de Pirapora/Juazeiro e vice-versa, nada menos que três caminhões de lenha. Isso multiplicado pelos vários deles que faziam esse trajeto, resultou no estrago que se encontra hoje. Depois o cerrado no Alto São Francisco passou a receber mais agressões em suas matas com extração de lenha para fazer carvão (combustível para as siderúrgicas), desmataram para o cultivo da agricultura de subsistência desordenadamente, desmataram para a implantação de projetos de irrigação sem os critérios básicos de preservação e conservação do ambiente. Como se não bastasse, continuam desmatando para dar lugar aos balneários e às manções. Onde retiram a vegetação, fazem casas quase dentro do rio com enormes paredões de pedras e ainda dizem que estão “preservando”. Do jeito que estamos tratando nossos rios não há planeta que agüente.

Área degradada em Caatinguinha

Quando se tira as matas de um rio ou de outro manancial, estamos deixando suas margens desprotegidas, vulneráveis às intempéries. Com as terras desprovidas de vegetação, pelo menos três tipos de erosão ocorrem com facilidade: A erosão eólica (pelos ventos), pluvial (pelas chuvas) e fluvial (pelo próprio rio). A erosão eólica ocorre com a força dos ventos que vão arrastando as camadas do solo e levando para dentro dos rios causando principalmente a erosão do tipo laminar. A erosão pluvial é causada pela força das chuvas que, ao encontrar o solo sem as copas e raízes das árvores e arbustos para amortecer o impacto dos pingos que caem repetidamente batendo diretamente na terra desprotegida, vão escavando e a água vai arrastando todo o material escavado para dentro dos rios, riachos e córregos causando erosão dos tipos laminar e voçoroca. A voçoroca ocorre nas veias de terrenos menos resistentes onde as águas vão formando pequenas torrentes, vão rasgando o chão e levando o material para os canais naturais, e as vezes chegam a formar crateras horizontais com quilômetros de extensão e vários metros de profundidade. A erosão fluvial é provocada pelas enchentes, em contato com as ribanceiras, desprovidas de vegetação vão erodindo as bases dos barrancos que desmoronam com facilidade, principalmente onde o solo é arenoso.

 

         Quem protege as margens dos rios contra a erosão é a cobertura vegetal (foto ao lado) através de suas copas e do sistema radicular. Não havendo vegetação nas margens os agentes erosivos fazem a festa, arrastam tudo que encontram pela frente e levam para a calha do rio causando o assoreamento. O rio São Francisco quase não tem mais defesa contra o assoreamento, essa defesa seria as matas ciliares que o homem continua arrasando o resto que sobrou e por isso, o Velho Francisco vem sendo atacado por todos os tipos de agressão, ficando largo e raso.: largo porque a cada subida de nível ou ocorrência de chuvas e ventos fortes em sua calha e adjacências, perde dezenas de metros de suas margens, por conta dos desmoronamentos das ribanceiras e a erosão laminar; raso, porque todos esses materiais que se desprendem das margens e oriundos de outras erosões, somados aos milhares de toneladas que vêm dos seus afluentes, são levados pelas águas do próprio rio, através do processo de  transporte de carga por suspensão, onde o solo dissolvido torna a água “barrenta”, quando cessam as chuvas nas cabeceiras a correnteza diminui, e aí começa o processo de decantação, os materiais levados em suspensão, descem e se acumulam no fundo do rio, deixando a água clara e o leito assoreado. Outro tipo comum de transporte de carga que causa assoreamento no rio São Francisco e nos demais rios de planalto é a carga por “arrasto”, esse é exercido pelas águas  mais profundas, que se encarregam de levar os materiais mais pesados, como por exemplo, a areia grossa, que é levada em forma de grandes bancos movediços que normalmente ficam nos lugares onde a correnteza não tem força suficiente para arrastá-los.  Assim a capacidade de armazenamento é reduzida drasticamente, sem falar no aumento da perda de água por evaporação, pois com o raseamento a lamina d‘água fica mais fina e aquece com mais intensidade pela ação dos raios solares evaporando maior quantidade em menos tempo. O Rio São Francisco hoje é uma preocupação do Brasil, mas infelizmente ainda não o é, ainda, dos seus principais interessados, os ribeirinhos.      

Outros danos causados pelos desmatamentos são: a redução dos índices pluviométricos (chuvas), que, sem a vegetação, perdem a capacidade do fenômeno “evapotranspiração” que ajuda na formação das nuvens; aprofundamento dos lençóis freáticos, responsáveis também pela sustentação do nível do rio; pisoteio de animais, no caso de sobrepastoreio, o que impede a regeneração espontânea da vegetação, porque o solo fica pilado e ressecado e quando chove, a água não desce para abastecer o lençol subterrâneo.

As matas ciliares são também responsáveis pela detenção dos agrotóxicos que são arrastados pelas chuvas vindo das partes mais altas, sem elas os resíduos passam direto para o rio contaminando suas águas. São as matas ciliares responsáveis por quase todas as espécies de animais da fauna aquática, assim como sua reprodução, inclusive varias espécies de peixes que se reproduzem sob o abrigo da mata que cobre a água da margem.

Retirada da cobertura nativa para plantio de banana

A devastação da cobertura vegetal nas margens do São Francisco tem sido monstruosa e pouco se tem feito para corrigir, apenas muitos discursos, muitas festas, enquanto isso, ações concretas são poucas. Uma das ações que marcou o inicio de um trabalho de recuperação das margens do Velho Chico se deu no município de Petrolina-PE, na região do Submédio, mas tudo começou no município de Sobradinho-BA, quando o Sr. Celito Kespering tentou fazer o reflorestamento da margem do “rio Chico” abaixo da parede da barragem, naquele município, utilizando árvores nativas como: Ingazeira, Mangue, Muquém e outras. Infelizmente o projeto do Sr. Kespering não vingou por conta talvez da falta de recurso. Na época, ao tomar conhecimento da iniciativa fizemos uma visita à área experimentada e copiamos a idéia, daí começamos a produzir pequenas quantidades de mudas e doávamos às associações ribeirinhas como Ilha do Rodeador e Massangano. Depois de algum tempo mudamos nossa produção para a FFPP-Faculdade de Formação de Professores de Petrolina, onde estávamos cursando Licenciatura Plena em Geografia. Fundamos o Grupo GEOVIDA que deu apoio a nossa pequena ação. Pequena, mas que marcou muito, embora tenha durado tão pouco, pois logo que terminamos o curso, o grupo se desfez.

Mas enquanto fazíamos esse trabalho, já em 1997, fizemos também um vídeo mostrando o estado de degradação do trecho entre Sobradinho e Lagoa Grande. Nesse vídeo entrevistamos varias pessoas, entre elas o então Secretário de Agricultura do Município de Petrolina, Ronaldo Carvalho que anunciou seu pensamento de enviar a Brasília um Projeto para reflorestar o trecho de margem do São Francisco dentro do território do município, um total de 165 km. Confesso que não acreditei muito que o tal projeto se tornasse realidade. Tempos depois, descobrir que quem estava à frente do assunto era o Dr. Paulo Cezar Farias Gomes, na época, diretor da área de planejamento do município, depois assumindo a pasta da Secretaria de Agricultura com a saída do Sr. Ronaldo Carvalho. Assim, entre 1999 e 2000 a verba foi chegando aos poucos do Ministério do Meio Ambiente e cerca de 21.000 mudas de plantas nativas e exóticas foram plantadas pelo projeto que recebeu o nome de “Projeto Mata ciliar”. O aproveitamento foi em torno de 20 a 30% por causa de vários fatores contra a este tipo de trabalho: animais soltos nas margens e nas ilhas, altas temperaturas, erosões profundas e muita falta de educação ambiental. Mas de qualquer forma, consideramos um bom resultado, por conta desse projeto muitos outros estão surgindo, vamos torcer para que todos dêem bons resultados.

Desertificação

            Desde quando o homem branco “achou” o Brasil começou a destruição das matas, tudo começou quando um deles, ninguém sabe quem, mas talvez por ordem do D. Henrique de Coimbra, resolveu cortar a primeira árvore para fazer uma cruz e colocá-la próximo altar para a celebração da primeira missa no Brasil. Isso é o que diz a história, o que provavelmente aconteceu e ninguém conta é que há uma grande possibilidade das mesmas embarcações que trouxeram os cerca de 1.200 homens da comitiva de Cabral inclusive o “santo homem” que veio realizar o primeiro ato religioso do homem branco na terra descoberta tenham voltado para Portugal carregadas de contrabando de Pau-brasil adquirido dos nativos, em troca de bijuterias de pouco valor, “espalhando a corrupção na terra” dos Tupis-guaranis, Tupinambás, Tapuias, Cataguás, Tabajaras e muitos outros. De lá para cá o Brasil vem ficando cada vez mais desnudo, perdendo sua cobertura vegetal para a ganância econômica dos grandes madeireiros, para grandes e pequenos agricultores, pecuaristas e para os incêndios acidentais que ocorrem nas épocas de estiagens prolongadas. Um grande exemplo de devastação é a Mata Atlântica que hoje resta apenas um pouco mais de 5% em toda sua extensão. Os outros biomas como: O Cerrado, a Caatinga e a Floresta Amazônica estão no mesmo caminho, num processo de devastação bastante avançado. Por conta disso o nordeste já experimenta conviver com mais um grande problema, a desertificação. Vamos falar um pouco além da bacia do São Francisco.(1)

O sertanejo nordestino, castigado pelas secas sucessivas, passa agora por mais uma provação, um mal muito maior vem se espalhando pelo semi-árido, deixando seu rastro de destruição transformando terras férteis em solos esturricados, onde nem a vegetação rasteira da caatinga sobrevive. A desertificação avança como uma verdadeira praga pelo nordeste, com efeitos mais devastadores que a própria seca. Tira do solo a capacidade de produzir, de gerar riquezas, é um fenômeno influenciado pelo clima seco das regiões semi-áridas mas provocado pela ação desastrosa do homem no contato com a terra. A grande mancha de terra morta que se espalha pelo sertão já corresponde a 18.000 km2, quase o tamanho do Estado de Sergipe. Uma área dez vezes maior segue pelo mesmo caminho, o risco de o nordeste virar um grande deserto assusta, mas a ameaça é ainda pior. As populações atingidas pelo fenômeno impressiona mais do que a paisagem. Castigados pelo fenômeno os moradores de Gilboés no Piauí, Irauçuba no Ceará e da região do Seridó no Rio Grande do Norte e Paraíba já perderam a esperança de ver a terra seca voltar a germinar. A Ilha de Assunção no município de Cabrobó-PE é o retrato da desertificação em Pernambuco. Com solos ricos em nutrientes o que fazia dela uma das áreas mais férteis da região, a Ilha localizada no Rio São Francisco, hoje já possui um terço dos seus cinco mil hectares imprestáveis para agricultura. Diferente de outros locais onde a erosão é a maior vilã do processo de degradação dos solos.

            Segundo uma pesquisa feita pelo Jornal do Comércio – Recife, divulgada no dia 14 de novembro de 1999, a Ilha de Assunção é a área mais afetada em Pernambuco e já se estende para o Município de Petrolândia onde grandes quantidades de terra foram tiradas para a construção de rodovias e a barragem de Itaparica e nenhuma arvore foi plantada para compensar o estrago, as crateras estão se expandindo em direção às terras férteis usadas para a agricultura. A matéria foi publicada com o titulo de “A DESERTIFICAÇÃO NO BRASIL”. Reproduzimos aqui, um trecho na íntegra:

            “No nordeste, uma área maior do que a do estada do Ceará já foi atingida pela desertificação de forma grave ou muito grave. São 180.000 mil quilômetros quadrados de terras degradadas e, em muitos locais imprestáveis para a agricultura. Somando-se as áreas onde a desertificação ocorre ainda de forma moderada, o total de terrenos atingidos pelo fenômeno sobe para 574.362 quilômetros quadrados, cerca de 1/3 de todo o território nordestino. Ceará e Pernambuco são os mais castigados, embora, proporcionalmente a Paraíba seja o estado com maior extensão de área comprometida: 71% do seu território já sofre com os efeitos da desertificação. O semi-árido nordestino é o mais populoso do mundo, com quase 18.000.000 de habitantes. Veja quais são os quatro núcleos de desertificação do nordeste e suas características”. (Jornal do Comercio 14/11/99)

   Núcleo do Seridó (RN/PB).

Área: 2.341 km2

Total de habitantes: 244.000 mil

Principais causas: Desmatamento da caatinga para extração de lenha e argila, uso intensivo dos recursos naturais e sobrepastoreio (superpopulação de animais numa área muita restrita).

Municípios incluídos: Currais Novos, Cruzeta, Equador Carnaúba dos Dantas, Acarai e Parelhas.

Características: Solos rasos e pedregosos, com baixa capacidade de retenção de água. Em muitos locais, o desgaste da terra provocou o afloramento das rochas, tornando impossível o cultivo agrícola. Para alimentar os fornos das mais de 80 fabricas de cerâmica que se espalham pela região, a vegetação nativa é desmatada sem o controle do IBAMA.

 

Núcleo de Irauçuba (CE)

 

Área: 4.000 km2

Total de habitantes: 34.250

Principais causas da desertificação: Intensos desmatamentos, prática de queimadas e ocupação desordenada do solo.

Municipios incluídos: Irauçuba, Forquilha e Sobral.

Características: Solos rasos e pedregosos, as camadas de terra foram retiradas em grandes quantidades e de forma uniforme, provocando o afloramento das rochas. É o que os técnicos chamam de erosão laminar. Muitas dessas áreas estão localizadas em terrenos altos e inclinados, o que aumenta o processo de degradação. A monocultura do algodão nas décadas de 50 e 60, contribuiu para o desgaste do solo, que também sofreu com os desmatamentos nos anos 70, quando a madeira foi usada indiscriminadamente para a produção de energia.

Núcleo de Gilbués (PI).

Área: 6.131 km2

Total de habitantes: 10.000 mil

Municipios incluídos: Gilbués e Monte Alegre

Características: Solos arenosos com formação de grandes dunas e voçorocas

(crateras) provocada por uma grave erosão eólica e hidráulica que avança em direção a parte urbana da cidade. Pelo nível acelerado da erosão, Gilbués apresenta um dos quadros mais graves do mundo. O problema é agravado tanto no inverno (quando as chuvas arrastam grande quantidade de terra), quanto na seca, época em que os solos ficam esturricados e a ação do vento acentua ainda mais o processo erosivo. Os brejos e leitos dos rios estão sendo soterrados pelos solos erodidos. Por causa disso, a temperatura da região já aumentou cerca de dois graus nos últimos anos.

 

Núcleo de Cabrobó (PE) 

 

Imagem de satélite mostrando parte da área desertificada na Ilha Assunção am Cabrobó-PE

 

Área afetada: 6.960 km2

Total de habitantes: 24.000 mil

Principais causas: Sobrepastoreio, desmatamentos e salinização dos solos

Municipios incluídos: Cabrobó, Belém do São Francisco e Floresta

Características: A erosão abriu grandes crateras na terra, é grave o processo de salinização do solo em conseqüência principalmente, da implantação desastrosa de projetos de irrigação. O município de Rodelas, no norte da Bahia, está se transformando num grande areal, com formação de dunas de até cinco metros de altura. O núcleo de Cabrobó foi o primeiro a ser identificado na década de 70, pelo ecólogo Vasconcelos Sobrinho”.

            Apesar de todos esses problemas, o Dr. Antonio Felix Domingues da ANA – Agência Nacional de Águas disse durante sua palestra no seminário sobre as matas ciliares do rio São Francisco realizado pela EMBRAPA SEMI - ÄRIDO e SOS VELHO CHICO no dia 07 de fevereiro de 2003 em Juazeiro Bahia, afirmou categoricamente que não há desertificação no Vale do São Francisco em lugar nenhum. O que há é muita devastação a caminho da desertificação, pois segundo ele, para uma área ser considerada desertificada precisam ser analisados todos os elementos químicos e biológicos da área. Bem, desertificação ou devastação, o fato é real e as áreas em epígrafe estão ficando cada vez mais impróprias para agricultura.

            Esta pesquisa foi feita em 1999, mas os problemas continuam crescendo a cada dia que passa, as agressões à Natureza não param de acontecer de maneira bastante acelerada e as ações concretas para corrigir os danos causados aos solos nordestinos não acontecem com freqüência e quando acontecem é a passos de tartaruga, com três patas amputadas.

            A Convenção das Nações Unidas sobre Desertificação, seguindo a Agenda 21, define a desertificação como sendo “degradação da terra nas zonas áridas, semi-áridas e sub-úmidas secas, resultantes de fatores diversos tais como as variações climáticas e as atividades humanas”. (2)                

Poluição 

O rio São Francisco sofre com o processo de poluição desde o Século XVII, quando foi descoberto que havia ouro e diamante na região do alto rio. Foi naquela época que os garimpeiros começaram a esbroncar suas margens e poluir suas águas com a utilização de metais pesados na limpeza do ouro coletado. Junto com tudo isso vieram as povoações, as indústrias e depois a agricultura irrigada que jogam toneladas de dejetos poluidores diariamente no pobre Chico. Em Petrolina A Assessoria de Planejamento e Meio Ambiente – ASPLAM, em parceria com a Agencia Estadual de Recursos Hídricos e Meio Ambiente – CPRH. Fazem o monitoramento das áreas de banho a cerca de quatro anos. Quinzenalmente as amostras são coletadas e enviadas para o laboratório em Recife para análise e depois disponibilizados os resultados na internet (www.cprh.pe.gov.br) e a maioria desses resultados têm dado impróprio para banho, chegando a mais de 16.000 coliformes fecais por cada 100 ml de água. Quando o aceitável é de até mil, de acordo com o Conselho Nacional de Meio Ambiente - CONAMA. Os pontos monitorados são: atrás da Escola José Fernandes Coelho em Tapera, Caatinguinha, Ilha do Rodeador (lado de Petrolina), Ilha do fogo (lado de Petrolina), Porta do Rio (atrás da ASPLAM), Serrote do Urubu e balneário de Pedrinhas. Até se prove ao contrário, atribui-se essa poluição ao despeja de milhares e milhares de litros de água de esgoto doméstico sem tratamento em toda a extensão do rio. Só em Petrolina, oriundos da parte central da cidade são cerca de 300 litros por segundo. Se considerarmos que essa é uma das cidades que possui melhor equipamento para essa finalidade, imaginemos o que as demais cidades estão fazendo com o Velho Francisco. Veja a Metodologia utilizada.

Coleta de amostras e método de análise

A seleção das praias e os pontos de amostragem monitorados foram escolhidos em função da freqüência do público e do adensamento urbano próximo.

O monitoramento consta de coleta de amostras de água do mar e dos rios em frascos esterilizados de 250 ml, realizada na isóbata de 1(um) metro, que representa o local mais utilizado pelos banhistas, com uma periodicidade semanal e conseqüente análise de laboratório.

O método de análise utilizado é a Determinação do Número mais Provável (NMP) de Coliformes Fecais pela Técnica dos Tubos Múltiplos, especificado no Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater.

O NMP é a estimativa da densidade de bactérias em uma amostra, calculada a partir da combinação de resultados positivos e negativos.

Para se avaliar as condições sanitárias de uma água, utilizam-se bactérias do grupo coliforme, que atuam como indicadores de poluição fecal, pois ocorrem em grande número na flora intestinal humana e de animais de sangue quente (homeotérmicos), sendo eliminadas em grande quantidade pelas fezes. Neste grupo estão incluídos todos os bacilos aeróbios facultativos, gram-negativos, não esporulados, que fermentam a lactose com produção de gás dentro de 48 horas a 35°C. Sua presença na água indica contaminação fecal, com o risco potencial de presença de organismos patogênicos.

Classificação das praias

A classificação das praias está baseada nas normas estabelecidas na Resolução CONAMA nº20/86, em seus artigos 26 e 27, que define padrões de qualidade da água destinada à balneabilidade, ou seja, à recreação de contato primário, que se entende como um contato direto e prolongado com a água para prática de mergulho, natação, esqui-aquático, etc, onde existe a possibilidade de ingestão de quantidades consideráveis de água.

Segundo a Resolução, as águas doces, salobras e salinas, destinadas à recreação de contato primário, podem ser classificadas em quatro categorias: EXCELENTE, MUITO BOA, SATISFATÓRIA OU IMPRÓPRIA. O critério de enquadramento, nessas categorias, baseia-se nas concentrações de coliformes fecais ou totais, em um conjunto de amostras de cinco semanas consecutivas. As categorias EXCELENTE, MUITO BOA e SATISFATÓRIA podem ser reunidas em uma única categoria denominada PRÓPRIA, conforme quadro a seguir:

Categoria

Limite de NMP de Coliformes Fecais / 100ml

Execelente

Máximo de 250 em 80% ou mais das amostras

Muito boa

Máximo de 500 em 80% ou mais das amostras

Satisfatória

Máximo de 1000 em 80% ou mais das amostras

Imprópria

Acima de 1000 em mais de 20% das amostras

             Mesmo apresentando valores de coliformes fecais inferiores a 1000, uma praia poderá ser classificada como IMPRÓPRIA quando:

houver incidência relativamente elevada ou anormal de doenças por veiculação hídrica;

apresentar sinais de poluição por esgotos, perceptíveis pelo olfato ou visão;

acusar recebimento regular intermitente ou esporádico de esgotos por intermédio de valas, corpos de água ou canalizações, inclusive galerias de águas pluviais;

indicar presença de resíduos ou despejos, sólidos ou líquidos, inclusive óleos, graxas e outras substâncias capazes de oferecer riscos à saúde ou tornar desagradável a recreação;

apresentar pH menor que 5 ou maior do que 8,5;

acusar, na água, presença de parasitas que afetem o homem ou a constatação da existência de seus hospedeiros intermediários infectados; e

outros fatores que contra-indiquem, temporária ou permanentemente o exercício de recreação de contato primário. 

1.Cartilha do seminario Técnico de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável – BNB 1999 – Fortaleza CE.

2.Jornal do Comercio – Recife 14/11/99 em matéria sobre desertificação do Vale do São Francisco; 

 

SUMÁRIO

 
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