CAPITULO V - AGRICULTURA IRRIGADA NO SUBMÉDIO 

Moradia dentro do lote

 

           Em 1948 o governo criou a CVSF - Comissão do Vale do São Francisco" Em 1948 o governo criou a CVSF - Comissão do Vale do São Francisco" (1) que em 1967 virou SUVALE – Superintendência de Vale do São Francisco e em 1974, CODEVASF – Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco. Mas tudo começou mesmo, quando em 1959, o governo federal criou a SUDENE – Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste, que iniciou suas primeiras ações contratando com o Fundo Especial das Nações Unidas (hoje, Programa das Nações Unidas      para o Desenvolvimento – PNUD), um estudo de viabilidade técnico– econômico para a implantação da agricultura irrigada em larga escala, no Submédio São Francisco no trecho entre Sobradinho e Paulo Afonso – BA. O projeto foi executado pela Organização das Nações Unidas para a agricultura e alimentação – FAO, com duração de cinco anos prorrogáveis contando com auxilio financeiro norte-americano de cinco milhões de dólares norte – americanos e uma contrapartida igual do governo brasileiro, além de uma doação da Ford Foundation não valor  de 132 mil dólares, para financiar bolsas de estudo aos técnicos brasileiros no exterior que foram fazer pós – graduação e mestrado, a titulo de capacitação para o desenvolvimento do projeto.

          Para garantir a contrapartida do Brasil em cursos de pós-graduaçao e mestrado, no exterior, para o desenvolvimento do projeto, a SUDENE, ainda em 1959, resolveu criar o Grupo de Irrigação do São Francisco – GISF, e logo no inicio do projeto implantado como escola de treinamento profissional para os interessados em várias atividades ligadas a irrigação como: levantamento topográfico e de solo, pesquisa agropecuária, formulação de projetos, sua execução e operação. Vinte e cinco jovens da área de agronomia e 05 técnicos foram contratados nas duas fases do projeto, sendo que a primeira foi de 1960 a 1965 e a segunda de 1967 a 1971. A primeira etapa foi responsável pelos seguintes trabalhos:

Levantamento de solos a nível de reconhecimento;

Levantamento de solos a nível de semi-detalhes;

Pesquisa agropecuária com irrigação;

Estudos hidrológicos e agrometeorologicos;

Elaboração de antiprojetos de irrigação nas áreas escolhidas e

Estudos econômicos e sociais. Para a execução desse trabalho da primeira etapa foram utilizadas as cartas e fotografias aéreas feitas em 1954 pela Cruzeiro do Sul de propriedade da CVSF. O levantamento de solos a nível de reconhecimento abrangeu uma área de 26.000 km2, revelando um potencial favorável a pratica de agricultura irrigada de cerca de 160.000 ha, dos quais 99.000 ha, de latossolos (terrenos arenosos) e 61.000 ha, de grumossolos (terrenos argilosos) de origem calcaria. 

No levantamento de semi – detalhes,  feito em 11 áreas, revelou uma área irrigável de 89.478 ha, dos quais, 45.071 situados nos grumossolos, onde se localizam os projetos Tourão e Salitre;  44.407 ha nos latossolos, onde se localizam os projetos Bebedouro, Senador Nilo Coelho, Maniçoba, Curaçá, Caraíbas, Pedra Branca e áreas  (pd), (pf) e (pe) no município de Santa Maria da Boa Vista – PE. 

Área para plantio de uva                                     Enquanto os trabalhos de levantamentos de solos eram desenvolvidos, foram implantadas duas estações experimentais, sendo uma na fazenda Barra do Bebedouro, no município de Petrolina – PE e outra na Fazenda Mandacaru, no município de Juazeiro-BA. As duas áreas receberam estações agrometeorológicas e foi estudado o potencial produtivo de várias culturas de clima tropical e temperado, em alguns casos. 

Os estudos giravam em torno dos experimentos com aplicação de fertilizantes combinados com níveis de água no solo, competição de variedades, época de plantio, métodos de irrigação, determinação das constantes hídricas dos solos, controle de pragas, de doenças, e ainda, foram realizados estudos com pecuária, com base em pastos irrigados. 

A irrigação não chegou ao Vale já tecnologicamente avançada como  nos dias de hoje. As primeiras experiências foram feitas de maneira bem rudimentar, com o auxilio de carro – tanque para irrigar a lavoura experimental. Mesmo assim, foi possível detectar os indicadores de altos rendimentos na produção de mandioca, feijão, milho e algodão. Mesmo com as pequenas parcelas irrigadas, já se revelava naquela época o grande potencial produtivo dos solos da caatinga, quando irrigados, e adequadamente adunados, principalmente nas áreas de latossolos (solos arenosos). 

Os experimentos com grumossolos (terrenos argilosos), também foram feitos no antigo Horto Florestal de Juazeiro – BA, onde hoje é a Faculdade de Agronomia. Esses experimentos marcaram o início do avanço da irrigação caatinga-a-dentro, pois, só a partir daí ficou comprovada a viabilidade de investir nos solos mais altos do vale na região do Submédio São Francisco. Até então a irrigação só era praticada nos solos aluviais próximo ao rio, com culturas restritas à cebola e o melão em escala comercial. Estima-se que nos anos sessenta as áreas irrigadas do Submédio São Francisco somavam no Máximo 4.000 ha. 

Os campos experimentais deram resultados elevados a ponto de chamar a atenção de todos que os visitavam, mas não foram considerados suficientes para se chegar a uma Bconclusão definitiva da viabilidade econômica do cultivo da agricultura irrigada em larga escala no vale submédio São Francisco. Para se certificar da confiabilidade do projeto e sensibilizar os agentes de financiamento internacionais com informações mais precisas sobre o sucesso do projeto, foram implantados dois projetos – pilotos onde além da rentabilidade econômica das culturas irrigadas, do comportamento temporal dos solos sob irrigação, se observaria a capacidade do homem do sertão habituado a lidar com outros tipos de atividade como: a pecuária extensiva de caprinos, ovinos e bovinos e uma agricultura de sequeiro de subsistência, a se adaptar a nova realidade de uma agricultura mais produtiva e mais rentável que ocuparia lugar nos mercados dos grandes centros consumidores nacionais e internacionais. 

Plantio de banana e manga, lado a lado

Com essa perspectiva foram criados em 1968 os projetos de irrigação de Bebedouro no município de Petrolina – PE com 2.240 ha, e Mandacaru no município de Juazeiro – BA, bem como 400 ha, hoje pertencentes a Codevasf. As estações experimentais de Bebedouro e Mandacaru foram as grandes responsáveis pela revelação do potencial econômica no cultivo da uva, da manga, da banana, da melancia, do coco, do capim elefante e outros que compõem a riqueza do vale no semi-árido. Essas estações foram criadas pela SUDENE, depois foram transferidos para a SUVALE, depois para o CPATSA - Centro de Pesquisa Agropecuária do Tropico Semi-árido da EMBRAPA. 

 

Em 1967 foi iniciada a primeira 2ª etapa do projeto, cujo objetivo era:

1º detalhar os estudos econômicos dos projetos pilotos de Bebedouro e Mandacaru;

2º elaborar os projetos de engenharia e implantação das obras referentes aos dois projetos pilotos e,

3º Construção de um laboratório de solo e águia, além de continuar com o treinamento e preparação do pessoal. O projeto piloto de Bebedouro ainda foi implantado pelo Grupo de Irrigação do São Francisco, como parte da primeira fase do projeto. A área ocupada na implantação foi de 130 ha abastecida por três motobombas de 133 HP, e nessa área foram assentados 17 colonos, que se juntaram depois e formaram a CAMPIB – Cooperativa Agrícola Mista do Projeto de Irrigação de Bebedouro que assumiu a administração do projeto em 1986. Hoje, DIPIB – Distrito do projeto de Irrigação de Bebedouro. O Projeto bebedouro agora ocupa uma área de 2.418 ha, sua principal atividade é o cultivo da uva itália. 

A SUVALE foi criada em 1967 assumindo o lugar da CVSF, recebeu o acervo patrimonial do GISF, que teve suas atividades encerradas gradativamente. De imediato a SUVALE assumiu a Estação Experimental de Bebedouro, a implantação da 1ª etapa do projeto piloto de Bebedouro com 1.600 ha, e a operação e manutenção dos 130 ha, implantados em caráter experimental.  O GISF entre suas atividades desenvolvidas, também foi responsável pela elaboração do projeto piloto de Mandacaru, para 400 ha, chegando a iniciar a implantação. Mas em 1971 o projeto foi também transferido para a SUVALE, e o GISF desativado definitivamente. 

Casa de bomba

Em 1974 o governo federal instituiu a CODEVASF, substituindo a SUVALE, que já era sucessora da CVSF. Hoje a CODEVASF é a grande responsável não só pela herança dos projetos iniciados pela SUDENE, GISF, CVSF e SUVALE, mas por seus próprios seus próprios projetos tanto do Vale do São Francisco, quanto os do Vale do Parnaíba.  

Os projetos do Vale do São Francisco constituem-se de milhares de hectares irrigados, estando a maioria sub a responsabilidade da CODEVASF e outros da CHESF. São eles: Projeto senador Nilo Coelho, no município de Petrolina – PE com 20.877 ha;

Projeto Bebedouro, no município de Petrolina – PE com 2.418 ha;

Projeto Curaçá, no município de Curaçá – BA com 4.350 ha;

Projeto Maniçoba no município de Juazeiro – BA com 4.293 ha;

Projeto Mandacaru, no município de Juazeiro – BA 368 ha;

Projeto Tourão, no município de Juazeiro – BA com 10.454 ha. Estes são os projetos de irrigação de responsabilidade da CODEVASF, mas a CHESF – Companhia Hidrelétrica do São Francisco também é responsável por alguns projetos. São eles:

Projeto Pedra Branca , no município de Abaré – BA com 2.363 ha;

Projeto Caraíbas, no município de Santa Maria da Boa Vista – PE com 5.230 ha;

Projeto Brígida, no município de Orocó – PE com 1.436 ha.

Plantio de manga

Foram esses projetos que elevaram Petrolina, Juazeiro e os demais municípios ao cenário nacional e internacional, como o novo pólo produtor de frutas do país, o que faz a região ser apontada como o “Brasil que deu certo”. Nos dias de hoje, de cada 100 kg de manga que o Brasil exporta 80 kg saem dessa região, de cada 100 kg de uva exportados, 97 saem do mesmo pólo. São milhões de dólares que vêm para a região. Hoje já são mais de 100.000 ha, irrigados quando somados os projetos governamentais e os projetos particulares e ainda se encontra em fase de implantação o Projeto Pontal no município de Petrolina que aumentará ainda mais a produção agrícola irrigada da região do Vale do são Francisco. (04) 

É pena que todo esse progresso custe tão caro ao meio ambiente, pois não se teve ainda a preocupação de harmonizar o progresso com um ambiente equilibrado por meio de projetos de desenvolvimento sustentável, para que o homem possa produzir seus bens de consumo sem degradar tanto a natureza a ponto de exterminar a biodiversidade, podendo levar o planeta ao “leito de morte”. Só com a sensibilização buscando a consciência de todos os seres humanos é que teremos a garantia da vida continuar existindo na Terra. A foto ao lado, mostra a irresponsabilidade de quem não respeita o ambiente em que vive. No alto o verde que anuncia a existencia da vida e do propgresso. Abaixo, a queimada que denuncia a matança do resto que sobrou. É lamentável.

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3.Jornal do Comercio, Recife – PE matérias publicadas de 27/08 a 03/09/2000.

4.Revista COM VOCÊ, Petrolina – PE Setembro/outubro/2002 (Antonio Simões). Pgs, 23 e 23. 

 

SUMÁRIO

 
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