I SAF
PUC
I Semana dos Alunos de Pós-Graduação em Filosofia da PUC-Rio
QUARTA
20
SETEMBRO
10:00h -  Heidegger e a questão do pensamento como ética original
Edgar Lyra
O trabalho a ser apresentado é uma espécie de sinopse da dissertação de mestrado defendida em março de 1999 com o título de O Pensamento de Heidegger – a questão do pensamento como ética original. Indagado por Jean Beaufret, na Carta sobre o Humanismo (1947), sobre se o que até então tentara fazer era uma aproximação entre ética e ontologia, Heidegger responde que “o pensamento que pensa a verdade do ser enquanto elemento original do homem ek-sistente é, já em si mesmo, a ética original”. Partindo da análise das noções de “verdade do ser” e “ek-sistência do homem”, a dissertação procura explicar em que sentido se pode entender o pensamento como sendo, já em si mesmo, a ética original.
O que se observa é um forte tensionamento da noção de ética, pela associação a um pensamento que não se propõe exatamente a construir referências para o agir, mas que se pretende ação em si mesmo. De fato, Heidegger fala, na obra citada, de um pensamento que “age enquanto pensa”. Entendida a partir do radical ethos, que o autor traduz por “habitação”, a ética original se encontra relacionada a um pensamento que assume o estofo do mundo, em suas dimensões física, histórica, filosófica e lingüística, como contexto no qual já sempre se encontra inserido, no qual deve sempre e de novo encontrar seus caminhos, sem lograr instituir-se de uma vez por todas.
Em outras palavras, a verdade do Ser que se configura objeto desse pensamento, faz-se acompanhar sempre de alguma forma de não-verdade ou velamento, negando-se como referência absoluta ou pontual. Ainda, o homem, cuja ek-sistência se reporta a essa verdade, é redefinido como lugar onde essa recusa à apreensão absoluta é compreendida como constitutiva da própria diversidade dos entes, no seu movimento, pluralidade e liberdade.
 Mais ainda, o acolhimento dessa impossibilidade de garantia plena é posto como condição para a experiência da própria doação originária, da permanência apenas concedida que, segundo Heidegger, está na base de tudo aquilo que “é”. Justo a experiência dessa concessão, quer dizer, do próprio mundo na sua espessura, na sua transparência sempre incompleta, é que pode instituir o homem como lugar de um acontecimento sem par. Em suma, é na dignidade e no gosto desse acontecimento, que é a lembrança do co-pertencimento entre homem e mundo, que se instaura a possibilidade de qualquer cuidado verdadeiro, consigo mesmo, com o outro, que igualmente é lugar, e com o mundo, impressionante e apenas concedido. Donde a possibilidade de se falar de uma ética original.

Programação:

                  Quarta-feira, 20 de setembro
                Quinta-feira, 21 de setembro
                Sexta-feira, 22 de setembro

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