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10:00h - | Heidegger
e a questão do pensamento como ética original
Edgar Lyra |
O trabalho a ser apresentado
é uma espécie de sinopse da dissertação de
mestrado defendida em março de 1999 com o título de O Pensamento
de Heidegger – a questão do pensamento como ética original.
Indagado por Jean Beaufret, na Carta sobre o Humanismo (1947), sobre se
o que até então tentara fazer era uma aproximação
entre ética e ontologia, Heidegger responde que “o pensamento que
pensa a verdade do ser enquanto elemento original do homem ek-sistente
é, já em si mesmo, a ética original”. Partindo da
análise das noções de “verdade do ser” e “ek-sistência
do homem”, a dissertação procura explicar em que sentido
se pode entender o pensamento como sendo, já em si mesmo, a ética
original.
O que se observa é um forte tensionamento da noção de ética, pela associação a um pensamento que não se propõe exatamente a construir referências para o agir, mas que se pretende ação em si mesmo. De fato, Heidegger fala, na obra citada, de um pensamento que “age enquanto pensa”. Entendida a partir do radical ethos, que o autor traduz por “habitação”, a ética original se encontra relacionada a um pensamento que assume o estofo do mundo, em suas dimensões física, histórica, filosófica e lingüística, como contexto no qual já sempre se encontra inserido, no qual deve sempre e de novo encontrar seus caminhos, sem lograr instituir-se de uma vez por todas. Em outras palavras, a verdade do Ser que se configura objeto desse pensamento, faz-se acompanhar sempre de alguma forma de não-verdade ou velamento, negando-se como referência absoluta ou pontual. Ainda, o homem, cuja ek-sistência se reporta a essa verdade, é redefinido como lugar onde essa recusa à apreensão absoluta é compreendida como constitutiva da própria diversidade dos entes, no seu movimento, pluralidade e liberdade. Mais ainda, o acolhimento dessa impossibilidade de garantia plena é posto como condição para a experiência da própria doação originária, da permanência apenas concedida que, segundo Heidegger, está na base de tudo aquilo que “é”. Justo a experiência dessa concessão, quer dizer, do próprio mundo na sua espessura, na sua transparência sempre incompleta, é que pode instituir o homem como lugar de um acontecimento sem par. Em suma, é na dignidade e no gosto desse acontecimento, que é a lembrança do co-pertencimento entre homem e mundo, que se instaura a possibilidade de qualquer cuidado verdadeiro, consigo mesmo, com o outro, que igualmente é lugar, e com o mundo, impressionante e apenas concedido. Donde a possibilidade de se falar de uma ética original. |
Programação:
Quarta-feira, 20 de setembro
Quinta-feira, 21 de setembro
Sexta-feira, 22 de setembro