A Inscrição da Paraiba



Em 1872, na Paraiba , descobriu-se uma pedra que trazia uma inscrição de 8 linhas , cujos caracteres com
muita evidência não pertenciam às culturas conhecidas da América do Sul.

Em 1874 , a inscrição mereceu a atenção do professor Ladislau Neto , do Museu Nacional do Rio de
Janeiro . Nem o professor Neto nem qualquer outro sábio brasileiro parece ter-lhe concedido uma atenção
muito séria . Todavia ela veio a ser conhecida na Europa onde a analisaram infatigáveis eruditos alemães.
Foi inicialmente julgada de origem fenícia. Mais tarde , a filologia  alemã afastou-a como não-fenícia.

Aparentemente a pedra se perdeu

Mas a inscrição permanece em cópia. Agora a controvérsia reacendeu-se . Apareceu um novo protagonista
sustentando a origem fenícia da inscrição . ë o Dr. Cyrus H. Gordon da Universidade Brandeis ( de
Waltham , Massachusetts).

Dois fatores surgiram para reascender a controvérsia . Um provém de que novas descobertas na escrita
fenícia demonstram , segundo o Dr. Gordon, que o uso das palavras na inscrição da pedra da Paraíba está
correto , contráriamente aos juízos anteriores menos bem informados . O outro fato foi a descoberta , pelo Dr.
Jules Piccus , da Universidade de Massachusetts  , em Amberst , de uma caderneta de notas que
pertencera a Willbeforce Eames , um dos administradores ( ou conservadores-chefe) da New York Public
Library , do século XIX . Nesta caderneta encontrava-se uma carta de 31 de janeiro de 1874 , destinada a
Mr. Eames pelo professor Neto . O Dr. Piccus mostrou esta carta ao Dr. Gordon . Este concluiu daí que a
transcrição dos caracteres na carta era mais plausível que a versão "definitiva" precedente , publicada em
1899.

Enquanto que o professor Frank M. Cross de Harvard continua a estigmatizar a inscrição como uma
"falsificação" do século XIX", o Dr. Gordon sustenta que o uso de uma terminologia desconhecida dos
arqueólogos , no momento de sua descoberta , prova que esta não é uma prova forjada.

A controvérsia prosseguiu , portanto , até o momento , sem prestar atenção visível a outras inscrições tídas
por fenícios encontradas no Brasil. Num apanhado geral estas compreendem:

Igualmente em 1872 , um engenheiro chamado Francisco Pinto dizia ter descoberto inscrições em mais de
20 cavernas na selva brasileira;  ao todo cerca de 250 inscrições . A convite do governo brasileiro , ofilólogo
alemão , Ludwig Schoenhagen foi ao Brasil , estudou as inscrições durante 15 anos e declarou-as fenícias
. Nos anos de 1880 , o francês Ernest Renan afirma ter descoberto outras inscrições fenícias.

No início deste século , um industrial afastado de seus negócios , Bernardo da Silva Ramos , pretendeu ter
descoberto mais de 2.800 inscrições em pedras ao longo do curso do Amazonas . Um rabino de Manaus
declarou que, em sua opinião , estas inscrições eram fenícias. As obras ou artigos de ramos a respeito deste
assunto parecem , em verdade, ter sido ignoradas.

Considera-se, geralmente , que os fenícios atingiram os Açores . Em Corvo , a mais ocidental destas ilhas ,
afirma-se que se teriam descoberto moedas cartaginesas ( em 1749) ; rumores persistentes , embora
obscuros , da existencia de ruínas fenícias ; descoberta feita , quando os portugueses aí chegaram , de "uma
estátua equestre apontando para o Ocidente" a qual, sendo verdadeira , foi destruida após muito tempo.

Consideremos que conviria prestar atenção nestas possíveis confirmações da presença fenícia no Novo

Extratos de "Autenticidade do texto fenício da Paraíba" , pelo Dr. Cyrus H. Gordon da Universidade
Brandeis , nos Orientalis de Roma , vol. 37 ( 1968 ) pág. 75.

As singularidades lingüísticas que lançaram dúvidas sobre o texto vêm, pelo contrário, apoiar sua
autenticidade. Nenhum falsário conheceria suficientemente as línguas semíticas para compor tal documento,
não cometendo erros senão aparentes . Agora que um século se passou, é evidente que texto é autêntico,
porque   inscrições fenícias, ugaríticas e em outras línguas semíticas do noroeste, põe-nos frente aos mesmos
"erros".

Å demonstração  da  autenticidade  da  inscrição da Paraíba não significa que todos os problemas estejam
resolvidos e que todas palavras e  todas as construções de frases estejam definitiva e perfeitamente
interpretadas.  Todavia, o texto não é mais difícil nem mais anormal que o resto dos texto fenícios conhecidos.

A importáncia desta inscrição provém de sua significação histórica. Uma ilustre estudiosa de assuntos
colombianos declarou no começo deste século :

"[ . . . ] o papel dos fenícios como intermediários  da civilização antiga foi maior do que se supôs, e [ . . . ] a
América deve ter sido colonizada intermitentemente por interrnédio destes navegadores mediterrânicos ' '
(Zealia Nuttall, "Os princípios fundamentais das civilizações do Antigo e Novo Mundos" , Peabody
Museum, Cambridge, Massachusetts,  1901).  Em sua obra de mais de 600 página ela nem sequer
menciona o texto da Paraíba, que fora condenado como falso. Mas a crescente massa  de provas que
confirma esta tese, isolada no ostracismo, não deixa nenhuma dúvida quanto à justeza de sua conclusão,
como acabamos de expor.  Sua aceitação pelos americanistas e historiadores deverá preceder-se pelo
reconhecimento da autencidade da inscrição da Paraíba pelos semitista.  E tudo o mais qe ajustará.

(O Dr. Gordon talvez seja  otimista demais quanto a coisas que se ajustam por si mesmas, especialmente se
americanistas e historiadores imaginarem-se humilhados por um simples lingüista. . .   infelizmente os ciúmes
entre disciplinas diferentes não é desconhecido . . .  Em todo caso, aguardemo que se ajustem as partes.)

O boletim New  World Antiquity ( Marham House Press Ltd, Brighton , Inglaterra )  assinala em seu
número de setembro / outubro de 1971, a obra " The Parayba Phoenican Inscription, publicado por seu
autor, Mr. Joseph Ayoob  (Aliquippa, Pa LTSA, 1971) , qne é a tradução em inglês de seu livro intitulado
Sakhrat Barayba ,  publicado em Beirute em 1961. Encontra-se aí esta nova tradução da inscrição :

"Demos sepultura (ao) filho de Canaã vindo SRNM ( Surinam) , cidade em ruínas e um entreposto
abandonado.  Não eu, YZD (Yazid) , o gravador do meio-dia e os homens que procuram a melhor de todas
as coisas.  E assim os nono e décimo anos de HRMl (Hiram), nosso rei morreu. (Tínhamos ) deixado
alegremente  ASU  (Azion-Geber numa embarcação no Mar Vermelho e levantamos  vela com dez navios.
Aí todos desapareceram para mim.  De súbito, desapareceram : Hor e Chittim (nomes de navios) foram
lançados sobre esta terra maldita : calor ,  frio e tempestades de neve:  Mir , Baal e Lan (navios) que
vogavam em comboio, talvez tenham escapado às intempéries.  Morreram vindas KSHN, 6 pessoas de um
MBAYH (6 kuchitas de MBEYE), R (Rab, o capitão) e mais 10 pessoas pereceram.  As perdas por mim e
(mas) porque pelo (meu) camarada HNNA (Hanno)."

Acrescentamos que no número de abril de 1971 , o New World Antiquity já havia. publicado três outras
traduções diferentes da inscrição da Paraíba  vêem-se as numerosas  armadilhas que
espreitam mesmo os tradutores mais experimentados e, também, porque é difícil ter uma completa certeza.
 
 

Extraido do livro   O Livro do Inexplicável  -  Jacques Bergier  - Hemus  -  1973

             
 

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