A teoria da Ortotenia,
formulada por Aimé Michel, baseada nas observações
de 1954. A referida teoria pode ser confirmada pela analise doutras observações
feitas noutros países e noutras épocas, e pode também
ser desmentida mesma maneira. Todavia,
esta possibilidade de desmentido não tem
valor algum de negação absoluta, porquanto as simulações
por meio de computadores, e outras provas por outros métodos,
não conseguiram senão reduzir uma "franja" incerta
e , na realidade , não fizeram mais do que endurecer o núcleo
da Ortotenia, ao ponto e o tornar agora praticamente "infrangível"
. Mas o que é a Ortotenia?
- Paul Misraki (1968) traça-nos com a sua ágil pena a história deste achado, que se tornou uma teoria (Des signes dans de ciel , pp 36-37 ):
"Coleccionando os recortes de jornais relativos
à aparição de "discos" , Aimé Michel
teve um dia a ideia de espetar punaises num mapa da França
(Michelin, projeção Bonne) , nos locais em que essas
aparições haviam sido consignadas .Teve, então,
a surpresa de verificar que as referêncas
não emanavam de lugares ao acaso , mas de localidades dispostas
(para um mesmo dia) ao longo de linhas rectas. Esses
alinhamentos não significavam (como alguns
acreditaram, sem razão) que os engenhos se propulsavam de maneira
retilínea e eram sucessivamente avistados em vários
pontos sua trajectória. Com efeito,
tratava-se geralmente de objetos que se prestavam
a descrições diferentes e evoluiam de maneira completamente
caprichosa. Achava-se, entretanto, os locais onde se tinha assinalado a
presença de objectos conhecidos se encontravam dispostos, muito
exactamente, ao longo de linhas rectas, afastadas cerca de um quilómetro.
Além do mais, esta regra aplicava-se práticamente à
quase totalidade das observações, comportando uma ínfima
percentagem de exceções.
Como a alucinação, o erro
ou a mistificação não tem por hábito
propagar-se em linhas rectas, Aimé Michel pôde considerar
esta disposição "ortoténica" como uma primeira
prova cientifica da realidade dos UF0. Como consequência,
estas analises foram retomadas um outro especialista do estudo dos "discos
voadores", o matemático Jacques Vallée, cujas
calculadoras efectrônicas revelaram que uma parte importante dos
alinhamentos descritos por Aimé Michel podia ser
imputada ao acaso. Mas, após discussão, tornou-se
claro que o cálculo electrônico tomava em conta os alinhamentos
mais notáveis, como o se
assemelhava, em 24 de Setembro de 1954, às
seis observações sobre uma mesma recta, nem os de 14 de Outubro
quais se conservavam irredutíveis ao sirnples acaso."
Michel Carrouges (196þ) diz-nos que (ob. cit., pp. 145 e 147):
"Por si só, a noção de ortotenia tem um efeito revolucionário. Descobrir que as observações de discos se encontram, pelo menos em certos dias, situadas em situadas em série sobre linhas retas é descobrir que os próprios discos se manifestam longo de linhas retas, o que nos dá uma prova imprevista , mas decisiva, da sua objectividade e uma confirmação geométrica do valor objectivo dos testemunhos ( p. 143 )."
"A própria testemunha ‚ constituída em prova material do fato que observou. Sai do seu isolamento subjectivo da sua coexistência puramente humana com outras testemunhas , para ser constituída, com elas, num elemento material de uma estrutura geométrica de que nenhuma dessas testemunhas podia estar consciente (p. 145).
Como Aímé Michel brilhantemente defendeu, a Ortotenia traz bem a prova da existência do "fenômeno disco". Resulta daí, pois, que a Ortotenia não é demonstrada como lei física , nem sequer como comportamento determinado. Basta, contudo, que a Ortotenia tenha sido estabelecida numa série de casos Para fundar em realidade objectiva a base dos testemunhos correspondentes.
Pode-se até tirar daí um argumento de verosimilhança geral para a base do conjunto dos outros testemunhos, anteriores e posteriores. É, aliás, notável que, inspirados pela descoberta de Aimé Michel, outros pesquisadores privados hajam chegado a conclusões anaáogas nos Estados Unidos (þ. 147) ."
--- Maurice Santos (1970) faz o comenário seguinte da Ortotenia (ob. cit., pp. 170-171), que corrobora a tese de Michel Carrouges e assinala o desenvolvimento dessa teoria no mundo :
"Aimé Michel, autor de várias obras sobre os OVNIs descobriu, aquando da vaga de aparições de 1954, uma relação geoométrica seguida no "fenômeno discos-voadores" esta relação criou um vocábulo particular para o designar: a Ortotenia.
De acordo com as suas teorias, parece que as observações de OVNI relatadas pelas testemunhas podem situar-se sobre linhas rectas no interior de um país e até de três países (Itália , França , Inglaterra ). Em seguida ao aparecimento do seu estudo Mystérieux Objets Célestes, vários países debruçaram-se sobre a questão, porquanto a finalidade de Aimé Míchel é descobrir uma motivação inteligente no seio do "fenomeno OVNI" , provar que o acaso não pode colocar fenômenos em linha recta.
Parece, com efeito, que uma vasta inteligencia se deixa adivinhar por detrás de inúmeras aparições. Aimé Michel pensa numa espécie de quadrícula de cada região do Globo. 0 autor conseguiu quebrar a couraça de indiferença de certos cientistas, e apaixonar a opinião pública. Tem o mérito de haver posto o problema em novas bases, porquanto certos organismos oficiais puseram meios modernos à disposição dos pesquisadores, nomeadamente a electrônica."
Considerando não apenas os locais e datas das observões, mas tamém a natureza dos OVNI observados, apercebemo-nos de que:
a) Os engenhos cuja observação se situa sobre uma recta são, em geral, do tipo lenticular ou esférico, a que se chama vulgarmente, "discos-voadores"
b) No local onde as rectas se cortam, formando
assim uma estrela, há a observação, não já
de "discos" , mas do tipo cilíndrico, o que se chama vulgarmente
um "charuto", geralmente em posição vertical e por vezes
estacionária, rodeado duma "nuvem" ou luminescente.
---- Charles A. Maney (1959), no decurso de uma conferencia realizada em Akron (Ohio), EUA, em 14 de Março e utilizando os mapas levantados por Aimé Michel, evocou a possibilidade seguinte:
"0 mapa n.º 7, levantado por Aimé Michel, que comporta trinta e um pontos de observação somente para o dia 2 de Outubro de 1954 , mostra-nos uma infinidade de linhas de facto, nove linhas ortoténicas se cruzam sobre Poncey , um pouco a nordeste do centro da França. E, uma vez mais , conforme Aimé Michel faz notar, um grande "charuto" luminoso foi observado na intersecção, em Poncey, na noite de 2 de Outubro. Um bem organizado programa de exploração por inteligências extraterrestres parece ser uma interpretação plausível de tão extraordinária circunstancia geométrica."
---- F. Lagarde (1972), numa carta que teve a amabilidade nos escrever, em 5 de Abril deste mesmo ano, frisava também:
"Chamo a sua atenção, se dispõe do tempo que não tive para rever os estudos de Saunders, para uma linha ortoténica que, partindo dos Estados Unidos, passaria por Le Vauriat, para cortar Bavic no Puy-de-Dôme, transformando este deparmento em vedeta pelas suas inúmeras observações (quarenta e três ) , sem levar em conta séries que apareceram no ultimo "Contact", e igualmente pela abundancia das suas fontes termais. Acontece o mesmo em relação a Mendoza (Argentina), cujos elementos publicarei um dia... "
Infelizmente, as tarefas estavam já distribuídas, e nenhum dos elementos da nossa equipe internacional pode estudar em pormenor e sintetizar este notável desenvolvimento. Mas justamente, é -o na realidade? Fazer a pergunta suscitava resposta, e precisamente da própria pena de Saunders, que F. Lagarde nos havia assinalado tão gentilmente.
--- David R. Saunders
(1971), num artigo intitulado "Is Bavic remarkable?"(publicado
em Flying Saucer Review , vol. XVII, n." 4, pp. 13, 16 e 25), analisa
a linha ortotécnica ‚ Bayonne-Vichy (Bavic). Após haver citado
os que discutiram a ortotenia --- E. U. Condon,
Michael Davis, Olavo Fontes , Paul Julian,
Charles A. Maney, A. D. Mebane, Donald
H. Menzel, o próprio Aimé Michel,
Antonio Ribeira , P. M. Seeviour, J. Vallée, C. Vogt
--- , o doutor Saunders põe o problema da definição
dum índice de linearidade que satisfaria
em certas condições e desfrutaria de certas propriedades
desejáveis:
1 ) deve poder calcular-se para qualquer número de pontos de observação;
2) deve variar de maneira contínua enquanto função do único dado, sem a intervenção de constantes arbitrárias, tal como a largura de um "corredor";
3) deve ser independente do tamanho absoluto da configuração a estudar;
4) deve também levar-se à verosimilhança relativa da obtenção de valores diferentes do indice, em condções aleatórias. E qual ‚ a resposta de Saunders à sua própria pergunta?
Resumo:
A nossa resposta à primeira pergunta é
: "Sim , Bavic é notável." . Este artigo desenvolve
a nossa analise racional desta resposta, que ‚ baseada unicamente nas propriedades
internas, intrinsecas, da "configuração Bavic" e nas
circunstancias da sua descoberta. Se tal não passou de exercício
metodológico foi porque o nosso intento científico foi saber
se uma pesquisa nova, pressupondo a realidade Bavic, seria
verdadeiramente frutuosa. Os resultados obtidos aqui são nitidamente
encorajadores para uma tal pesquisa.
(Bouder, Colorado, 23 de Janeiro de 1971.)
O que reduz a uma sátira duvidosa a declaração de J.B. sobre Aimé Michel "Ele descobriu a lei da propagação rétilinea das patranhas."
0 próprio Aimé Michel referiu que,
em consequencia do grande número de testemunhos que recolhera
no ano de 1954, foi levado a reconhecer que as suas linhas ortotécnicas
se tinharn prolongado para além da França e, por vez para
muito longe. Mas se, num dado país, as referências de observação
sobre um mapa de projecão plana (Lambert, por exemplo) permitem
traçar linhas retas, desde que se saia deste quadro nacional estreito,
a noção de recta caduca. E, como as linhas ortoténicas
"nacionais" são prolongamento de outras
linhas "nacionais" , pode então
ser interessante determinar qual é o arco de círculo,
ou grande círculo terrestre, que serve de suporte às diferentes
linhas ortoténicas "nacionais", que se prolongam mutuamente.
Jacques Vallée afirma que o conhecimento desse(s) grande(s) círculo(s) pode permitir revelar as relações possiveis entre alinhamentos, e "talvez até investigar se o fenómeno considerado na escala planetária, possui leis gerais acessíveis aos nossos métodos de pesquisa" (ob. cit., p. 95).
0 problema a resolver ‚ muito mais apaixonante
do cse pensa, porquanto a verdadeira pergunta é : até onde
pode ir "Bavic, a notável" ?
Donde surge imediatamente: que hipóteses se podem
formular a seu respeito?
Extraido do livro Os Estranhos Casos dos OVNIs
de Henry Durant - Editora Hemus