As Muralhas de Goiás



Ruínas de paredes colossais nas faldas de uma serra, uma muralha com cerca de 15 quilômetros , toda construída
com paralelepípedos de pedra-ferro, um sistema de túneis com seções de 4 metros de diâmetro, cavados no
interior de uma rocha, esculturas zoomorfas e antropomorfas e uma gruta repleta de símbolos das civilizações
clássicas do Oriente Médio de há quatro  ou cinco mil anos; por incrível que pareça , todas essas coisas existem
em Paraúna , no Sudeste de Goiás! O acervo arqueológico existente neste município , transcende toda e
qualquer formulação hipotética porque a complexidade dos seus elementos embaraça o observador que procure
situa-los no tempo ou no espaço.

O estilo da "grande muralha" possui conotações com alguns aspectos das edificações pré-incaicas do rio Santa
no litoral peruano . As esculturas da serra da Arnica lembra certas formas estilísticas, enquanto a gruta do rio
ribeirão Encanado apresenta desenhos e relevos que nada tem a ver com qualquer civilização pré-colombiana da
América, e sim , com a simbólica das tradições egípcias e judaica!

A muralha de Paraúna se encontra no vale da serra da Portaria , a 35 quilômetros da sede do município.
Construída com paralelepípedos de pedra-ferro, ela se desenvolve num alinhamento retilíneo, avançado do
paredão principal da serra até o altiplano situado no outro lado do vale. Em alguns pontos, apresenta uma média
de 4 a 4,5 m de altura , o que é coerente para a sua largura média que não ultrapassa 1,30 m. Nestes trechos ,
constata-se pela relação altura-largura que a edificação  se encontra intacta , o que não ocorre em outros
pontos onde só podemos observar o seu afloramento rente ao solo.

Como o terreno da região é arenoso, não se sabe se a superfície aflorada corresponde ao alicerce ou se se trata
do topo , onde o corpo da muralha se encontra soterrado pela sedimentação. Escavações sistemáticas
precisariam ser feitas para que se pudesse chegar a uma conclusão definitiva . Os blocos retangulares de pedra ,
empregados na construção , se apresentam nitidamente trabalhados com encaixes e entalhamentos que traduzem
com uma elevada técnica de arquitetura lítica , fato que vem derrubar frontalmente o conceito de que no Brasil
pré-histórico , nunca existiram povos construtores em pedra.

A serra da Portaria é um tabuleiro de arenito que apresenta paredões abruptos  de 100 ou 120 metros de altura
. Seu nome deriva justamente da presença de estranhos portais em vários pontos da escarpa que se encontram
como que lacrados com blocos de outros tipos de rocha .  Um desses portais , entretanto , não está bloqueado e
a sua forma oval se destaca no cenário com uma enorme janela. Aproximando do local , verificamos que se trata
de uma abertura de iluminação que converge para um túnel vertical que liga o topo da montanha a uma enorme
galeria cavada no interior do rochedo . Desta galeria , tem origem um terceiro túnel obliquo ( mais ou menos 60º
de inclinação zenital ) que vai terminar também no platô da grande elevação . Um notável portal , cerca de 25
metros abaixo da "janela de iluminação"  completa o conjunto que parece corresponder a um sistema de
corredores que suscita analogia com os que existem nas pirâmides egípcias.

Situada a mais ou menos 20 quilômetros do local onde se encontram a muralha e os túneis , existe a "cidadela da
serra da Arnica" , assim por nós denominada em face da incrível multiplicidade de remanescentes arquitetônicos
concentrados numa área inferior a um hectare.

Enormes blocos de pedra se acham sobrepostos dando a nítida impressão de ruínas de ciclônicas construções .
Numa delas , constatamos o delineamento de uma incrível figura zoomorfa, um grande felino ou talvez uma
esfinge. outras esculturas também surpreendem , como a "cabeça de touro" onde se notam detalhes como olhos e
orelha e que se encontram em um grande pedestal trabalhado. Uma cabeça humana em estilo maia domina o
panorama de um dos paredões, sugerindo mesmo uma possível relação entre as singularidades ali existentes e os
magníficos tesouros daquela civilização centro-americana.

Na serra da Arnica também existem curiosas colinas como que "feitas de escamas"  , muito parecidas com
formações encontradas em Sete Cidades no Piauí.
 
 

Nos contrafortes da serra dos Caiapós, na fronteira de Parauna com o município  de Ivolândia, existe um
monumento estranhíssimo que melhor do que sob um prisma arqueológico deve ser apreciado pelo angulo mágico.
Uma pequena caverna em um bloco de arenito . Uma pequena caverna em um bloco de arenito vermelho,
aparentemente sem nenhuma importância e que no entanto encerra um enigma colossal: toda uma simbologia
hermético-cabalistica em pleno sertão brasileiro!

Seria inútil a tentativa de qualquer explicação "racional" para o fato. As imagens ali registradas não oferecem a
mínima possibilidade de estarem relacionadas com qualquer índice cultural que se quisesse propor  para "um
possível povo que tivesse habitado a região". O conjunto simbólico agrupado num painel situado no teto da gruta
surpreende e intriga porque as imagens apresentam traços clássicos e o cinzelamento dos relevos retratam
elementos numismáticos do antigo Egito e símbolos cosmo lógicos da Alta Cabala hebraica!

Daí não se poder abordar o enigma com as armas habituais no nosso convencionalismo cultural. No "painel
mágico" de Paraúna estão desenhadas as quatro formas da esfinge, o homem , o leão , a águia e o touro e por
mais absurdo que possa parecer , todas as 22 figuras do Tarô, algumas exatamente de acordo com as descrições
de Eliphas Levy no seu Dogma e Ritual da Alta Magia. Mais do que isto : imagens da demonologia tal como
foram concebidas e classificadas pelos magistas da Idade Média.

Curiosamente , debaixo do teto onde se encontra o painel , existe um cavalo , uma espécie de pilão que
apresenta as paredes polidas , como que vitrificados e onde se pode anotar a presença dos "florões cabalísticos"
, semi-esferas simetricamente em seu interior.

Os elementos existentes nesta gruta podem , com toda a certeza ,  representar indícios experimentais de uma
realidade  supranormal, um ponto de partida para uma revisão supranormal, um ponto de partida para uma revisão
conceptual sobre o comportamento da natureza em certos locais , pois nos parece , sinceramente, que as figuras
desta caverna são naturais , frutos de um processo fenomenal que escapa ao entendimento da ciência moderna e
que no entanto se constituía na remota antigüidade como fato sobejamente conhecido e destrinçado pelos
iniciados.

 A força do conjunto de imagens não possibilita de modo algum qualquer juízo em que se faça um apelo para o
termo "coincidência". Não se pode considerar a existência  de dezenas de figuras conhecidas simbolicamente ,
todas agrupadas num mesmo sistema, como o capricho de uma casualidade . . .  Concordamos que é mais
provável que os desenhos e os relevos não tenham sido elaborados por mãos humanas, porém , se o fenômeno é
natural , não o é num sentido em que a natureza se comportou de maneira exaltada , revelando particularidades
insólitas pertencentes a um outro angulo da sua realidade , "criações" não cogitadas pela chamada "Ciência
Oficial", porém , perfeitamente conceptíveis pelos que estão familiarizados com os temas do naturalismo esotérico.

As referencias do ocultismo sobre "o trabalho dos espíritos elementais" muito tem a ver com os traços e o cinzela
mento da gruta de Paraúna , mas é provável que em virtude do fantástico simbolismo ali existente , haja algo
mais profundo e mais importante.

 
Depois de observar , comparar e constatar minuciosamente as relações de cada símbolo com as representações
hieráticas e mitológicas da antigüidade , nos ocorreu a idéia de que os pentáculos mágicos , tão zelosamente
ocultados pelos responsáveis do Santuário da Certeza , talvez tenham sido compilados diretamente de certas
revelações espontâneas da natureza , tal como ocorre em Paraúna.

Neste caso , não seria absurdo estabelecer-se também uma relação entre estes símbolos naturais e os "símbolos
inerentes" da concepção de Carl Jung sobre as imagens do inconsciente coletivo e os seus afloramentos nos
estados oníricos.

Quem sabe se a natureza em sua sabedoria e em seu mutismo não se coloca em intima relação com a
subconsciencia humana através de um "método " ideográfico, atualmente perdido , e que no remoto passado se
estabelecia como ponto de partida de todos os oráculos?

Quem sabe se o simbolismo clássico das tradições mágicas outra coisa não é senão as próprias formas criadoras
de uma ponte entre a inteligência humana e a inteligência das causas segundas?

Em meados do século 18 , um ocultista francês chamado Oswaldo Crólio lançou a obra O Livro das Assinaturas
, em que, com  rara originalidade, desenvolveu a tese  de que em todos os aspectos da criação , desde as formas
de uma constelação às reentrâncias do mais singelo calhau , o principio  criador deixou os traços indeléveis do seu
pensamento; em outras palavras : interpretando toda a sabedoria da ciência dos magos , Oswaldo Crólio admitia
que nada escapa a um sentido teleológico ( de finalidade ) e que em todos os objetos e em todas as formas ,
existem os sinais de uma correspondência cosmotelúrica.

De acordo com as suas observações ,toda a realidade seria absolutamente clara e precisa para o entendimento
humano e o que hoje consideramos como mistério não seria mais do que a conseqüência de uma ausência : a
perda da linguagem espontânea da natureza  que fez com que o homem precisasse trilhar os caminhos da
especulação dedutiva, para , de outro modo , reencontrar a luz.

A natureza não se comportaria segundo as conceituações mecanicistas da nossa cosmovisão "racional" ; para
Crólio , nem mesmo uma folha que cai ou uma lasca de pedra , que se desprende do bloco rochoso , teria um
sentido arbitrário : tudo acontece de forma integrada e em todos os acontecimentos existe a revelação do
aspecto sensível e inteligente da natureza , para ele o "egrégoro planetário" ou "o espirito da Terra",

Gaffarel , célebre astrólogo , também francês desenvolveu por sua vez a mesma questão com outra obra notável
: De Como Observar o Oculto , em que , com uma linguagem menos clara porém mais profunda do que a de
entre as formas de certas constelações e os traços de certas rochas e as nervuras de certas folhas com
caracteres ideográficos e fonéticos do antigo alfabeto hebraico , base simbológica da cabala clássica.

Para Gaffarel , a origem das letras sagradas teria sido a compilação de sinais da natureza por parte de mestres
de incomparável intuição , mestres que teriam visto naqueles sinais os fundamentos de uma linguagem que
facultava ao homem o dialogo com a natureza em nível consciente ; da inteligência para inteligência , de ente
sensível para ente sensível .

 E Gaffarel completou afirmando que "uma vez de posse da compreensão sintética desses sinais e com o
consequente alargamento da clarividência simbológica , tudo deixa de ser oculto e incompreensível ; a natureza
se abre como o botão que se transforma em flor e se identifica com o iniciado na mesma proporção com que
está identificado com o pensamento divino".
 
 

Extraído de um texto de  Alódio Továr  -  cartógrafo, escritor e jornalista  - 1976
 

 

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