Poucos mistérios
desafiam tanto a argúcia dos sábios como a morte dos mamutes
da Sibéria. E, embora a ciência admite apenas algumas "teorias
bem-educadas" para explicar aquela hecatombe , ela reconhece também
que a solução do seu enigma pode ajudar a desvendar um capitulo
ainda nebuloso da história do nosso planeta.
Foi no ano de 1900
, nas margens do rio Beresovska , na Sibéria Setentrional , que
se encontrou o primeiro exemplar conservado de mamute em meio à
lama congelada. o fato em si não era inteiramente novo, já
que antes tinham sido encontrados restos congelados de outros animais antigos.
Mas nunca um exemplar tão grande , e em tão bom estado de
conservação . Além disso, aquele mamute morrera de
pé e tinha ainda restos de capim entre os dentes . Se morrera comendo,
como ficara de pé? E por que não cuspira o alimento nos extetores
de sua agonia?
Naquela época
a ciência já sabia que os mautes tinham desaparecido da face
da Terra há, pelo menos, 10 mil anos e, logo , diversas expediçòes
acorreram ao local para examinar o estranho achado. Descobriram que , apesar
da idade, a carne do mamute estava ainda tào bem conservada que
cães e lobos disputavam seus pedaços.
A primeira explicação apresentada
pelos cientistas foi de que o animal afundara no gelo , morrendo assim
quase instantaneamente. Mas não havia nem jamais houvera geleiras
naquela região da Sibéria : apenas neve durante o inverno.
Neve que se derrete na estação quente . A outra teoria
--- de que o animal morrera afogado ---
também não foi aceita. Se tivesse se afogado , ele,
certamente , cuspiria os ramos encontrados na sua boca e nunca teria ficado
de pé.
Finalmente , outros cientistas levantaram
a teoria de que aquele mamute ficara presono barro pegajoso e afundara
lentamente de pé, até ser coberto pela neve e pela lama gelada.
Mas um exame mais detalhado do solo provou que naquela região jamais
houvera camadas de lama elástica , capazes de prender , até
a morte , um gigantesco mamute de quase dez toneladas ( 10.000 kilos ).
Havia ainda outro problema : o alimento encontrado
na boca do animal incluia delicados carriços, capim e ranúculos
, que só vicejam , hoje em dia , muito mais ao sul. Tudo aquilo
junto formava um respeitável quebra-cabeça cientifico , para
o qual durante muitos anos , os sábios não conseguiram nenhuma
explicação satisfatória. Afinal , seria ilógico
admitir que o pesado animal interrompera sua refeição e correra
depois centenas de quilometros para o Norte, com o capim na boca, para
morrer de repente , de pé.
A Ciencia Oficial se apóia em fatos provados
, mas quando eles não existem , ela costuma montar teorias completas
sobre frágeis indicios indiretos , e sobre a lógica também.
Seria mais lógico admitir , por exemplo , que aquele tipo de capim
crescera outrora naquela mesma região , e que o mamute morrera e
fora congelado de repente, enquanto pastava.
Os anos foram passando e outros animais foram
encontrados na Sibéria , congelados e mostrando sinais claros de
morte instantanea , mas sem sinais visiveis de violencia. Todos eles haviam
sido congelados. O problema era saber como.
Um processo de congelamento de carne envolve
sérios problemas:
é preciso que a queda de temperatura seja
acentuada e muito rápida , ou se formam grandes cristais de água
nas células , e a carne se desidrata, estragando com o tempo.
A - 40 ºC são necessários 20 minutos para congelar
uma galinha ou um peru e , pelo menos meia hora , para congelar meio boi.
Um animal do porte de um mamute , quase duas vezes o tamanho de um
elefante atual, teria que ser congelado a -100 ºC , em poucos minutos
, para que sua carne ainda pudesse ser comida pelos cães , 10 mil
anos depois .
Só havia um problema O exame do
exemplar congelado do rio Beresovka mostrou que o animal comera pequenos
ramos de floridos , pouco antes de morrer. Grande quantidade de vegetal
foi encontrada intacta , ainda não digerida em seu estomago. E sabe-se
que tais plantas não crescem onde a temperatura é inferior
a -5 º Celsius . A unica explicação satisfatória
seria a morte instantanea dos animais , devido a morte instantanea dos
animais , devida a um subito abaixamento da temperatura da Sibéria.
E tanto o exame da carne do mamute como a analise dos vegetais que comera
provou , sem sombra de duvidas, que tal catastrofe ocorrera há 10.000
anos.
Nos ultimos trinta anos , numerosos sábios
russos viajaram até a região do rio Beresovska, em busca
de novos indicios. E hoje se aceita , como a mais provável , a tese
levantada por Imanuel Velikovski de que somente uma súbita mudança
na inclinação do eixo de rotação da Terra poderia
causar fenomenos meteorológicos capazes de explicar a repentina
morte dos mamutes siberianos.
"Algo" , que segundo alguns astronomos
deve ter sido um astro errante, um grande planeta ou uma pequena estrela
, passou naquela época suficientemente próximoda Terra para,
com sua atração , mudar o eixo de rotação terrestre.
Isso certamente , provocou marés no magma
interno da Terra , e abalou a fina crostra sólida do nosso mundo
( de 30 a 90 km de espessura ) . Os vulcões , situados quase todos
na zona equatorial entraram em erupção, arremessando lava
e pedras e, principalmente , grandes quantidades de poeira superaquecida
que se elevou até a estratofera. Depois, seguindo o movimento normal
dos ventos , essa poeira dirigiu-se espiralando rumo aos polos. O frio
das grandes altitudes congelou-a e quando ela atingiu a Sibéria
e mergulhou rumo ao solo , podia perfeitamente estar a - 100º Celsius
.
O quadro
fica, então mais fácil de imaginar . Chegando às regiões
setentrionais do planeta a poeira subitamente escurece o sol . Os animais
, que naquela época pastavam nas planices verdejantes do Alasca,
do Norte do Canadá e da Sibéria, olham espantados para a
noite que chega de repente. E pouco depois são atingidos pelos ventos
supergelados provocados pelas poeiras vulcanicas que cai do céu.
Os animais sentem o ar frio queimar seus olhos e pulmões , e em
segundos estão mortos enrijecidos nas posições em
que estavam . Horas depois o vento diminui, mas durante semanas cais do
céu poeira e neve que, lentamente , recobre as estátuas
geladas acabando por cobri-las totalmente.
A mudança
do eixo da Terra alterou também o clima da Sibéria e isso
ajudou a conservar , praticamente intactos , os animais durante os milênios
seguintes. Velikovski aponta outros indicios dessa mesma catastrofe como
a subita mudança no clima do Alasca, o secamento do grande lago
que existe onde hoje é o deserto do Saara e a abertura do estrito
de Gilbratar, que provocou o alagamento da região mediterranea pelas
águas do Atlantico.
Tudo isso, acreditam
os cientistas , ocorreu mais ou menos há 10.000 anos . E o sábio
russo acha que todos esses fatos se explicam pelo mesmo fenomeno cataclismico.
Esses são os fatos . Essas são as hipóteses . Mesmo
com os recursos da ciencia moderna , não existem ainda meios para
unirtodos esses indicios numa teoria à prova de qualquer duvida.
Mas alguns cientistas acreditam que estão na pista certa. E outros
ainda mais ousados , chegam a levantar a hipotese de que se algum dia existiu
o continente da Atlantida , ele teria afundado naquela mesma época
e pela mesma razão . Assim , enquanto na Sibéria morriam
os derradeiros gigantes da pré-história terrestre , o Atlantico
afundava o continente onde, segundo Homero , existiu a mais brilhante das
antigas civilizações da Terra.
Extraido de um texto de Roberto Pereira
Bibliografia:
Mundos em Colisào de Manuel Velikovski
--- Edições Melhoramentos
Grandes Enigmas da Humanidade de Roberto
Pereira e Luiz Carlos Lisboa --- Editora Vozes de Petropolis
Sur la piste des Betes Ignorées , de
Bernard Heuvelmann --- Edição de librarie Plon
--- Paris