Lá Fora , em Algum Lugar



Numerosos ciclos da natureza parecem ocorrer no mesmo comprimento de onda dos ciclos referentes a assuntos
humanos, e alguns deles, encontrados na terra , têm  aparentemente o mesmo comprimento de outros que ocorrem no
Sol. Os demais planetas podem mesmo estar envolvidos e são fortes as implicações de que a solução do mistério da
causa dos ciclos será descoberta em alguma parte do universo   ---  "lá fora, em algum lugar."

São de arrepiar as dimensões do palco onde será realizada essa busca. Em qualquer parte da Terra , numa noite clara ,
vocês provavelmente verá cerca de 2.500 estrelas . imagine por um momento que cada uma delas , que são na realidade
bolas flamejantes como o nosso Sol , foi transformada num grão de arroz . Se assim fosse, você poderia segurar numa
única mão todas as 2.500 estrelas visíveis.

Mas, só em nossa galáxia , há mais de 100 bilhões de estrelas   ---   e se cada uma delas fosse um grão de arroz , você
precisaria de 40 vagões ferroviários para guarda-los!  E nossa galáxia é apenas uma, entre 100 milhões , todas girando
lentamente num ciclo particular , todas seguindo uma trajetória própria no universo.

Da mesma maneira que grãos de arroz ajudam-nos a visualizar a população estelar , tomemos emprestados alguns frutos
e verduras  para reduzir distâncias celestiais  a uma escala que possamos compreender . Comecemos com uma grande
ervilhas , de 6,4 mm de diâmetro , considerando-a como a nossa Terra.  Uma pequena semente , de um quarto de seu
tamanho , colocada a 23 cm de distancia , é a nossa Lua . Utilizando essa mesma  escala de tamanho , o Sol seria um
melão gigante de 75 cm de diâmetro , a uma distancia equivalente ao tamanho  de um campo de futebol. Mercúrio e
Vênus seriam ervilhas girando em torno do Sol , entre ele e a Terra . A 126 metros do Sol , coloquemos outra ervilha,
Marte . Em seguida , vamos andar 400 metros e deixar uma laranja, Júpiter . Mais 400 metros  e soltamos mais uma
laranja, Saturno. A 1.600 metros (1,6 quilômetros  )  do Sol, pingamos uma ameixa , Urano ; Netuno , outra ameixa , é
posto em posição  a 2.400 metros ( 2,4 km ) ; Plutão , outra ervilha , a 3.200 metros (3,2 km) .

Simplesmente para situar nosso sistema solar ( lembre-se que o tamanho da Terra , nesta escala é o de uma ervilha)
precisaríamos de um campo de seis mil metros quadrados ( 6.000 m^2 = 77,46 de largura  x 77,46   metros de
comprimento ). Depois , é claro , para completar as coisas , teríamos que acrescentar poeira , uns , uns 1.500 asteróides ,
os cometas ( mais mil ) e várias luas , todas elas com seus ciclos de rotação e revolução.

Mas agora é que se delineia a verdadeira imensidão de nossa tarefa , pois para posicionar exatamente a estrela mais
próxima da Terra ( Alfa Centauro)  teríamos que deixar o nosso campo de  6.000 metros quadrados  e viajar 22.400
quilômetros ( 22.400.000 metros)!!!  Se quiséssemos continuar até abranger apenas as estrelas pertencentes à nossa
galáxia, teríamos que viajar 3 1/2  vezes a distancia real que nos separa do Sol !

Não obstante , cresce a evidencia de que há "alguma coisa lá fora, em algum lugar"  ---    uma força , ou forças que afetam todos os seres vivos na Terra e que faz com ritmos que já levaram o homem através de ciclos de paz e guerra ,
prosperidade e depressão , otimismo e desespero , descoberta e isolamento , moralidade e degradação , criatividade e
ignorância , fome e abundância.
 

Enquanto você tenta ainda relacionar o tamanho de sua vizinhança com a vastidão do espaço, consideremos tempo e
idade.

Em todos os casos , medimos a repetição dos ciclos  pelo tempo   ---   frações de segundo , segundos , minutos , horas ,
dias semanas, meses , anos , séculos , milênios. Algumas ondas eletromagnéticas tem ciclos tão rápidas que são medidas
em bilionésimos de segundo. O Sol , por outro lado , faz seu circuito em nossa galáxia num ciclo de 230 milhões de
anos.

No inicio do século , um bom número de pessoas acreditava que o mundo fora criado no ano 4.004 a.C. . Hoje , a idade
em geral aceita do universo é aproximadamente 15 bilhões de anos. A Terra , no entanto , é mais jovem , com apenas
uns 5 bilhões de anos de idade.

Você sabe o que são 5 bilhões de anos em termos de tempo?

Vamos tentar compreender a idade deste planeta através de outra escala simples , com proporções que todos podemos
entender. um método eficaz , que usei anos atrás , na época em que lecionava, consistia em encher meu carro com os
alunos e dizer:

"Agora , vamos fazer um passeio de 32 quilômetros ( 32.000 metros ou 32 milhões de centímetros ) , até o monumento tal e tal. Vamos convencionar que esses 32 quilômetros representam o tempo de criação da terra até o presente . A medida que formos andando , direi quando  várias coisas aconteceram   ---   tais como a solidificação da crosta terrestre, o começo da vida , o aparecimento dos primeiros mamíferos , o início da história documentada, a época do desembarque de Colombo , a revolução francesa, etc."

Em nossa escala de 32 quilômetros ( baseados no odômetro do carro ) , equivalente a 5 bilhões de anos, qual não foi a
surpresa dos alunos ao descobrirem quantos quilômetros tivemos que viajar antes de chegar à primeira forma de vida na
Terra   ---   cerca de 24 quilômetros , se me recordo bem. O homem , contudo , só apareceu 12 metros do fim de nossa
jornada. A história documentada só começou a 2,5 cm antes do "agora"; e a América só surgiu apenas nos últimos 2,5
mm !

Ervilhas , ameixas , laranjas , arroz , melões   ---   e um passeio de 32 quilômetros pelo campo . Contribuíram eles acaso
para ajuda-lo , por menos que seja , a compreender  a grandiosidade Daquilo que criou e mantém o universo   ---
chame-o de Deus , Cósmico , Natureza, Vida, ou o que preferir ?

O que você conseguiu aprender nestes últimos momentos exigiu milhares de anos dos nossos predecessores . Revisar
nossa estimativa do momento da criação da Terra , de seis mil anos passados para 5 bilhões   ---    de nove centímetros
para 32 quilômetros   ---   constituiu , talvez , a maior revisão jamais feita em nosso conhecimento da história humana .

Essa mudança mental aplica-se também a nossos conceitos de massa e espaço . Há 300 anos , as pessoas pensavam que
nosso pequeno planeta era todo o universo , exceto por um par de lanternas , penduradas no céu por Deus para nos dar
a luz do dia e da noite , e um punhado de vaga-lumes dispersos lá em cima, sem nenhum motivo especial. Desde então ,
mudou o "universo" do homem , em primeiro lugar , da concepção de nosso planeta para nosso sistema solar , em
seguida , deste último para a nossa galáxia , e dela para todo o universo.
 

A ampliação de nossos horizontes mentais fez-se acompanhar de progressos revolucionários, em conhecimentos e
tecnologia , que são ainda mais espantosos. Há 25 anos tudo o que se sabia sobre a química dos asteróides podia caber
numa fina caderneta de notas. Hoje , as quatro paredes de uma grande sala, do chão ao teto , são necessárias para
guardar os livros e trabalhos que registram nossos conhecimentos sobre o assunto .

No tempo de nossos avós ( 1/50 de uma polegada em nossa escala de 32 quilômetros ) eram necessários seis semanas ,
mais ou menos , para uma carta viajar de Nova York a São Francisco . Hoje , podemos ver atletas competindo nas
Olimpíadas na outra metade do mundo no momento exato em questão ocorrendo . A menos de 1/100 de polegada atrás
estávamos aprisionados à terra. Hoje , não só voamos mais alto do que qualquer ave , mas rompemos os laços com a
terra e a gravidade e, confiantes , encaramos um futuro de  vôos espaciais interplanetários.

Mais exemplos seriam supérfluos. O argumento , acho , foi convincente . O presente   --- o último 1/ 100 de polegada
---  é o tempo mais emocionante e maravilhoso para viver ( o aqui , agora ) de todas a idades , desde a aurora do mundo.

Ainda assim , à medida que afasta as teias da ignorância , que adquire novos conhecimentos sobre si esmo e o universo ,
o homem rapidamente se aproxima de um momento no tempo em que enfrentará o que , talvez , seja o segredo
fundamental da natureza , pois cresce  a evidencia que vivemos em meio a forças cíclicas , sobre as quais quase nada
sabemos. Essas forças nos sacodem como se fossemos marionetes presas a um barbante . Fazem-nos lutar ; fazem-nos
amar! E , durante todo o tempo , pensamos que assim agimos apenas por motivos racionais .

Trata-se de um inquietante conceito. Equipara-se à descoberta de que a Terra não é o centro do universo, que o homem
não é uma criatura especial, mas que tem raízes no reino animal , do qual se desenvolveu, ou que um bom número de
seus atos resulta de amores e ódios subconscientes , que em geral ignora.

Por ser degradante para a sua auto estima ( vaidade ) , é perfeitamente compreensível que o homem resista a qualquer
hipótese que sustente que a sua vida e seu universo vibram em ritmos regulares e pelo menos parcialmente previsíveis
, e que possivelmente não poderá controlar.

Não obstante , a evidencia de que o homem não está um passo abaixo dos anjos , em sublime comando de si mesmo e
do mundo , continua acumular-se. Ele se assemelha mais a um personagem num espetáculo de marionetes, puxado de lá
para cá por forças ambientais. E continua a ser assim manipulado até que solucione o mistério dessas forças. Somente
então poderá cortar o barbante e tornar-se ele mesmo.
 

Extraído do livro  Ciclos de  Mandino e Ewey   -  Editora Record  -  1970

 

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